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História Destinada ao trono - Choque de Realidade


Escrita por: Melouca

Capítulo 2 - Choque de Realidade


Fanfic / Fanfiction Destinada ao trono - Choque de Realidade

Acordei em um susto na minha cama. Foi um sonho? Concegui ver que a luz entrava pela janela e que Mel estava sentada na poltrona sendo consolada por Daniel, Estella estava sentada do meu lado e Steven no canto do quarto apoiado na parede.

–O que aconteceu?– Perguntei com a cabeça doendo.

–Graças a Deus!– Mel disse correndo até a mim. –Sabia que não precisavamos te levar a ala hospitalar.

–Não foi um pesadelo, né?– Perguntei, Mel abaixou a cabeça e fez que não com a cabeça, meus olhos se encheram de lágrimas. –Quem sabia disso?! Você sabia Estella?

Ela assentiu com a cabeça e eu me levantei mesmo com dificuldade.

–Você é a minha melhor amiga!– Ela disse pegando em meu braço. –Fizemos isso por você!

–Vocês fizeram por si mesmos!– Gritei tirando a mão dela do meu braço. –Eu confiava em você como nunca confiei em ninguém! Eu sempre te contei tudo e você não pode contar para mim nem mesmo meu futuro. 

–Por favor, Nicole...– Mel disse e eu olhei pra ela.

–E você, não tenho nem o que dizer. Você me prendeu a vida toda e me alienou aqui para que eu não pudesse saber. Eu nunca sai dessa floresta.– Falei com a voz tremula. –Tudo porque um dia vocês decidiram que queriam ficar comigo mesmo que isso custasse a minha liberdade. 

Eles ficaram em silêncio, olhei para Steven com nojo e corri para fora daquele quarto, esbarrei em uma criada no caminho e olhei para o rosto dela, era uma das meninas que costumavam ir para o quarto de Steven. Ela sabia que eu era noiva dele, e sabia que eu não sabia, por isso se aproveitava disso.

–Posso ajudar senhorita?– Ela perguntou, peguei a sobremesa que ela estava levando para algum lugar e derrumbei em seu cabelo, depois continuei minha corrida até o jardim, me joguei debaixo de uma árvore e deitei com o rosto virado para o chão. A vida inteira eles me prenderam aqui. Eu só podia imaginar como minha vida teria sido se minha mãe não tivesse morrido, ou se ao menos ela tentasse procurar meu pai e me entregar a ele. Será que ele ainda me procura? Será que ele sabe que eu sou eu? Nem eu sei quem sou direito! Me imagino numa escola, talvez a esse ponto namorando e planejando fazer faculdade para depois trabalhar e casar, viajar o mundo. Nada disso foi possível. Nada disso aconteceu porque minha mãe morreu.

–Acho que te entendo.– Ouvi alguém sentando do meu lado, olhei e era Steven, ele não olhava para mim e sim para a mata, eu enchuguei as lágrimas e fiz cara de nojo.

–Me entende?! Me entende?! Você tem sangue azul correndo em suas veias! É seu destino estar preso aqui! Você saia mesmo assim! Sua mãe só não escondeu isso de você porque geralmente você é tão distraido que nem deve ter notado.– Falei.

–Você acha que estou muito feliz em saber que estou preso a você a minha vida inteira?– Ele disse, eu franzi a testa.

–Eu preferia morrer!– Falei, foi a vez dele franzir a testa.

–Aé? Pois é isso que aconteceria se minha mãe não tivesse te pego!

–Nada disso teria acontecido se a MINHA MÃE não tivesse morrido.– Falei, a expressão dele se alíviou no mesmo instante e eu voltei a soluçar, ele me olhava chorar sem ter muito o que fazer e acabou me abraçando meio sem jeito, acabei correspondendo ao abraço e chorei em seus ombros.

–Quando foi a última vez que te abracei?–Ele perguntou, eu sorri mesmo em meio ao choro.

–Acho que foi quando você ainda era virgem.

–Faz tempo.– Ele disse e eu sedi a rir, me separei dele e ficamos sentados lado a lado sem ter o que falar, eu tinha nojo de Steven, ele tinha essa pinta de galã gato e metido que come a menina que quer e eu queria ser única para um homem. Eu queria ser amada, queria ter uma história daquelas que você houve e da vontade de vomitar arco-íris. A minha história dava vontade de vomitar de verdade.

–Éramos pequenos, estavamos naquela árvore ali.– Ele disse apontando para uma ávore que estava ao lado do lago. –Ela estava toda florida, eu peguei uma flor e botei em seu cabelo.

–"As estrelas devem ter inveja do brilho dos seus olhos".– Falei repetindo o que ele disse para mim, nos olhamos e ele sorriu de lado.

–Fazem quatro anos e lembro como se fosse ontem.– Ele disse. –Eu tinha quinze e você quatorze. "Nem todo o azul do mar e do céu se comparam ao castanho dos seus olhos.".

–Éramos poeticos.– Falei, ele riu ainda com seus olhos fixados na árvore.

–Queriamos mudar o mundo.– Ele disse e me olhou. –E o mundo acabou nos mudando.

Ficamos em silêncio e meus olhos se encheram de lágrimas, dessa vez ele as secou.

–Quer ficar irritada com alguém nesse palácio? Fique irritada comigo, porque eu te perdi. Mas aqueles que estão nesse momento desolados lá dentro sem saber o que fazer te amam mais do que o mundo pode oferecer. Eles tiraram sua liberdade para lhe dar amor. 

–E o que você sabe sobre amor?– Perguntei, ele olhou para o fundo dos meus olhos

–Muita coisa.– Ele se levantou e me estivou a mão para que eu me levantasse também. –Eles te amam. Dê uma chance a eles.

–Estaremos casados até final do ano que vem, ou até mesmo desse ano.– Falei.

–Esta fazendo um dia bonito no meio do inverno.– Ele disse, fiwuei confusa mas assenti com a cabeça, me levantei e entrei novamente no palácio, seguimos caminhos diferentes assim que entramos, ele provavelmente ia se encontra com mais uma de suas amantes, e assim seria o resto da minha vida.

Entrei no meu quarto e Estella estava sentada na minha cama nervosa, assim que entrei ela pulou para me abraçar.

–Por favor me perdoa.– Ela chorou, eu passei a mão por seus cachos loiros.

–Nunca tinha te visto chorar antes.– Falei rindo. –Você parece de pedra.

–Quando a questão é perder uma das pessoas mais iportantes da minha vida, eu acabo chorando.– Ela disse. –Por favor me entenda.

–Eu ainda estou chateada.– Falei, ela ficou com uma cara triste e eu suspirei. –Mas eu sei que você me ama, e amiga eu também amo vocês.

–E ira aprender a amar Steven também.– Ela disse, eu neguei com a cabeça.

–Acho que não terei a mesma sorte que a sua mãe que foi amor a primeira vista, e acho também que não serei como Sofia, que namorava escondida com o príncipe da Aústria e quando os dois souberam que eram noivos comemoraram.– Falei. –Isso nunca vai acontecer comigo. Eu nunca vou poder amar.

–Vocês já se amaram tanto...– Ela disse, eu neguei com a cabeça.

–Eu não sei o que é o amor.– Ela me abraçou de novo. –Nem nunca vou saber.

–Pode treinar tiro comigo hoje se quiser.– Ela disse, eu ri.

–Você e suas armas.

–Fazer o que se Rachel me ensinou tudo.– Ela disse. –Caso o outro grupo de rebeldes incadam o palácio, já tenho como me defender.

–Existem guardas pra isso.– Falei ironizando, ela negou com a cabeça.

–Nem sempre eles estão lá.– Ela disse. –Além disso fazer acrobacia é divertidíssimo. Você só fica querendo saber de balé clássico.

–Balé clássico é coisa de gente forte.– Eu disse. –Você sabe como meu pé fica depois dos treinos.

–Hoje no baile vamos ver a nova coreografia que você e Steven andaram ensaiando.– Ela disse, eu suspirei.

–Agora eu entendi porque dançávamos juntos em todos os meus aniversários mesmo tendo ensaiado com outra pessoas.– Eu disse. –Ele odeia essas danças.

–Mas o povo ama vocês dois.– Ela disse e sorriu. –E você ama dançar e ele...

–A professora é gata, né?

–É.– Ela disse, eu sabia. –Mas ele gosta de fazer as coisas que faz você sorrir.

–Seu irmão? Pensando em outra pessoa que não seja ele mesmo?

–Sim, e essa pessoa sem dúvida é você.– Ela disse.

–Você esta delirando.– Falei chamando as criadas para trocarem o vestido que estava sujo de lama e me ajudarem com as jóias. 

–Parabéns, senhorita.– A menina disse assim que tinha acabado de botar aquela aliança, que sempre esteve ali no meu dedo e no dedo de Steven, só que eu, que sempre fui bem observadora, nem liguei para aquele pequeno detalhe que nunca passou pela minha cabeça. Era um anel de noivado, de compromisso.

–Minha framboesa.– Minha mãe disse entrando assim que a criada saiu, eu sorri triste pra ela e a abracei. –Eu te amo, por favor entenda o meu lado.

Apenas fiquei em silêncio naquele abraço, sem fazer um ruido sequer.

–Estella, sei que deve estar doida pra sair correndo daqui e ir cavalgar.– Falei virando para Estella. –Pode ir.

–Eu te amo irmã.– Ela disse me dando um abraço e saindo feliz do meu quarto.

–Ela é tão parecida com sua avó. Tanto de aparencia quanto de jeito. Tanto que as vezes me assusta.– Nós rimos juntas e ela beijou minha testa. –Sei que meu filho não é o noivo que você queria. Sei que ele não é um menino muito decente. Sua avô fala que le,bra de quando ele era jovem com Steven, e isso não é nada bom. Mas se tem uma pessoa que pode muda-lo é você, Nick. O povo precisa de você, o país inteiro te ama, não desista porque um dia eu cometi um erro.

–Por Ruêmania eu não vou.– Falei, ela me abraçou mais uma vez e saiu do meu quarto me deixando pensar sozinha. O almoço já estava perto e eu não sentia nem um pingo de fome.

–É o último ensaio.– Ouvi alguém sussurrar, abri meus olhos devagar, Steven estava do meu lado me olhando dormir. –Vamos ter que ensaiar juntos para a coreografia de hoje a noite.

–Sua professora desistiu de você?

–Ainda não, mas mesmo assim temos que encaixar um ao outro, ensaiamos com os nosso professores agora vamos juntar.– Ele disse e me ajudou a levantar com calma, fui para o closet e botei uma legging e uma camisa preta e fiz uma trança improvisada, sai de lá.

–Não é balé dessa vez.– Falei me olhando no espelho e ajeitando a trança. –Você deve ter gostado.

–É um balé desfarçado de valsa.– Ele disse, eu sorri de lado. 

–Mas não é balé.

–Não sei se gosto do seu professor.– Ele disse enquanto andávamos em direção ao salão, franzi a testa e desci as escadas.

–Por que?

–Porque ele é...– Ele ficou pensando no que ia dizer, eu virei pra ele e sorri provocando.

–Bonito?– Perguntei botando a música, começamos a dançar, ele me girou e me derrubou em seus braços. –Não vou suportar você com ciumes.

Ele me levantou na hora e me desceu levemente, saltei três vezes para o lado no ristmo da música, ele veio atrás de mim e me girou novamente.

–Não estou com ciumes.– Ele disse enquanto dançavamos juntos. –Só não gosto da ideia dele dançando do jeito que eu estou dançando com você nesse momento.

–E posso saber o porquê?– Falei.

–Porque sei o que os homens pensam quando uma mulher com roupa colada fica tão perto assim.– Ele disse, nos olhamos e continuamos a dançar em silêncio.

–Não devo satisfação a você, mas meu professor de balé é casado.– Falei. –Com outro homem. E mesmo se fosse hetero quem seria o louco de chegar perto da noiva do herdeiro de Ruêmania? Deve ser por isso que...

Parei de falar, continuamos dançando em silêncio.

–Que?– Ele disse quebrando o silêncio.

–Nada.– Respondi, ele me inclinou novamente e parou nessa posição.

–Você nunca beijou outro homem?– Ele perguntou, não respondi, até que finalmente ele me soltou, parei de dançar e virei para outro lado para ele não ver que estava corada.

–Estou tonta.– Falei.

–Você nunca fica tonta quando dança.– Ele disse.

–Estou sem ar. Eu desmaiei essa manhã, não estou bem.– Eu sai do salão e ouvi que ele tinha desligado a música por trás de mim.



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