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História Destinados...? - Recordações


Escrita por: mikakamya

Capítulo 21 - Recordações


Sangwoo observava Bum escolher um dos bichinhos de pelúcia das prateleiras onde estavam expostos. O ômega se assemelhava a uma criança olhando cada um deles e parecendo, definitivamente, muito indeciso. Sorriu.

Olhou em volta. Estavam no Lotte World Park em Seoul, o maior parque temático coberto do mundo. O local era grande e se assemelhava a um shopping, contudo era um parque de diversões com diversas atrações em cada andar e uma pista de patinação no térreo. Ele já estava completamente decorado com a temática natalina e extremamente lotado. Sendo seus principais visitantes famílias e casais.

Voltou a fitar o moreno.

O momento seria perfeito, se o dia anterior saísse de sua cabeça...

“Fui sincero...” – refletiu o loiro.

Contudo, a questão não era exatamente essa...

Quando falou para Bum que não queria passar o cio com ele, esperava alguma decepção por parte do ômega, ou uma discussão, ou pelo menos, um pedido de justificativa. Recebeu um “Já esperava por isso... Está tudo bem.” e um sorriso de compreensão.

Sangwoo estava na recuperação de seu choque. Depois daquele momento, arrumaram a casa juntos e decidiram ir ao parque no dia seguinte... Afinal, falara que o levaria a um encontro. Saíram cedo, passaram no dormitório ômega, pegaram trânsito até Seoul, chegaram ao local e Bum escolhia o ursinho...

“Ok. Por que ele reagiu daquela forma?” – suspirou, tentando entender o raciocínio do pequeno.

Aliás, Sangwoo queria entender o próprio raciocínio.

“Eu deveria estar feliz, não? Quer dizer... Ele entendeu o meu lado...” – refletia.

Por que era tão complicado? É que... Sentia que tinha algo errado... Não. O vínculo não passava nada, conforme o vínculo, o pequeno estava plenamente feliz naquele momento e nada lhe incomodava, mas mesmo assim...

“Devo lembrar que ele criou barreiras tão fortes quanto as minhas, será que tá me escondendo alguma coisa? Mas por que ele esconderia? Estou disposto a conversar...”.

Não era normal, era? Um ômega aceitar, simplesmente, que seu par não passasse seu cio consigo.

“Principalmente com a gente namorando... Isso não deveria ser normal... Quer dizer, ômegas sofrem com os cios, não? Ele deveria exigir uma justificativa, pelo menos.”.

Ou, Sangwoo deveria ficar feliz por seu namorado ser extremamente compreensivo.

“Eu não consigo.” – pensou, suspirado. Estava preocupado.

- Sangwoo... – ouviu o moreno, que em algum momento, parara na sua frente: - Você está bem?

- Hã? Claro. – disfarçou com um sorriso: - Escolheu?

- Sim... – disse entregando um urso de porte médio, que usava um coletinho, um chapeuzinho, era branco e fofo.

Sangwoo foi para a fila de pagamento.

 

Bum suspirou, chateado. Não sabia o que ocorria ao alpha, mas desde que aquele dia começara, ele estava estranho. Não parecia prestar atenção em nada do que acontecia ao seu redor. “Se ele não queria vir, deveria ter dito...” – pensou fitando o próprio pé.

Observou o alpha pagando o urso que escolhera. Desde que ele dissera que não queria passar o cio junto, não fora mais o mesmo. Parecia mais calado e distante.

“O que ele esperava?” – refletiu o pequeno, sem saber o que pensar.

Não seria o primeiro cio que passaria sozinho... Era doloroso, mas, já estava acostumado. Na verdade, as únicas vezes que passou o cio com alguém, suas recordações eram verdadeiros pesadelos. Preferia passar por aquilo sozinho... Quer dizer... Preferia passar com Sangwoo... Mas...

“Ele não quer filhos. O cio é essencialmente a constituição de uma família... Seria um milagre ele querer.”

Para não engravidar, um ômega deveria tomar uma pílula antes do cio e outra depois. E basicamente, ela cobria oitenta por cento da possibilidade... Era inumano um alpha se lembrar de pôr uma camisinha...

“Fica vinte por cento de chance de gravidez, querendo ou não...” – refletiu em um suspiro.

Contudo, o que o chateava verdadeiramente, era o fato desse ser o primeiro encontro deles e o loiro estar totalmente aéreo. Talvez devesse dizer alguma coisa...

 

 

Sangwoo retornou do pagamento e viu Bum fitando-o de braços cruzados. Parecia chateado.

“Ele provavelmente percebeu...?” – pensou vagamente, se aproximando.

- Aqui... – entregou o urso.

- Se você quer conversar sobre alguma coisa, fala... – o pequeno o fitou com um leve beicinho: - Quero que seja divertido pra nós dois... – murmurou: - Você parece estar em outro lugar... – ele pegou o urso abraçando-o.

Sangwoo suspirou: - Certo. – disse mais sério: - Quer ir comer algo?

“Assim podemos sentar e conversar...” – refletiu o alpha, além de que ambos não haviam comido desde a manhã.

Bum concordou e andaram até uma das praças de alimentação, normalmente o silêncio entre eles era agradável. Não estava assim dessa vez.

Pediram dois pratos de macarrão no Marco’s Kitchen e sentaram em um dos poucos lugares vagos. De frente um para o outro, Bum começou a comer enquanto Sangwoo continuava a fitá-lo.

“Bom, eu pedi para vir até aqui... Melhor falar...” – pegou o garfo e a colher, começando a enrolar o macarrão enquanto refletia.

- Não consigo parar de pensar sobre ontem. – disse enquanto iniciava a refeição.

Bum pareceu surpreso por poucos segundos: -... Mas eu disse que está tudo bem... – falou baixo, um pouco confuso.

- Eu sei. – o loiro respondeu: - É só... Você ao menos sabe por que não quero? - perguntou

Bum piscou: - Por que... Você não quer filhos... Não é? – o moreno soou incerto.

“Filhos... Certo... Tem isso também...”.

Sangwoo piscou: - É... – respondeu vagamente.

Talvez fosse melhor deixar o ômega pensar que era apenas isto.

“Não parece tão ruim e ele parece compreender dessa forma...”.

Seus olhos se perderam entre as linhas e curvas que o macarrão formava em seu prato.

A voz de seu pai em sua mente, vívida...

‘- Você deve entrar e aguentar. Não toque nela. ’ – ele dizia sério, fitando os olhos do alpha de apenas treze anos.

‘- Está bem pai. ’ – respondeu o menino.

A porta do porão de sua casa foi aberta, e um cheiro terrivelmente doce o atingiu. Desceu as escadas, temeroso.

Uma garota de cabelos castanhos até os ombros, mais velha – mas não tanto, deveria estar com seus dezesseis, dezessete anos, se encontrava amarrada contra um pilar, com as pernas abertas, amordaçada e de coleira.

Ela o fitava nebulosamente, as íris de seus olhos como fendas, líquido abundante saindo por entre suas pernas, seu corpo completamente nu e exposto da maneira mais sexual possível. Naquela época, Sangwoo não entendia, mas há duas formas de cio.

O natural – que acontece uma vez por mês, durante três dias. E o não natural, provocado por alphas ou pelo próprio ômega quando quer tirar um alpha do controle.

As íris dos olhos em formato de fenda, como um gato, eram a marca do cio natural. Pelo menos, a primeira a ser vista.

E naquele dia, Sangwoo, pela primeira vez na vida, ficou diante de uma ômega no cio. Seu descontrole foi tanto, que ele não se lembrava do que ocorrera, apenas recobrou a consciência tempos depois devido a voz desesperada de sua mãe...

Estava sobre a garota. Suas unhas, já como garras, cravadas no ombro delicado.

Parou.

Saiu de cima, observando-a... Ela tinha os braços e pernas cortados, sua boca sangrava, de seus ombros e seios desciam filetes de sangue que marcavam as mordidas dadas...

Fitou a cena diante de seus olhos, depois as próprias mãos sujas de sangue, suas unhas transformadas em garras com pedaços de pele, e o gosto de ferro na boca.

Ele fizera aquilo.

Ele nem se lembrava do que acontecera depois de descer as escadas... Ele vira a garota ômega... E fora isso... Sua memória parecia seletiva, nada dos últimos minutos lhe vinha à mente. Ouviu a voz de sua mãe vindo das escadas. Ela falava e tentava se desvencilhar do marido, que ria animado.

‘Deixa o menino se divertir... ’ – dizia ele.

‘Por favor...! Ele perdeu o controle...!’ – implorava a mãe.

‘É a primeira vez, logo ele se acostuma. ’

Engoliu a seco. Voltou a olhar a garota.

Ela tinha os olhos marejados, provavelmente devido à dor dos ferimentos causados, mas, estranhamente sorria. Ergueu a pélvis, e abriu mais as pernas, expondo ainda mais sua intimidade.

Como um convite.

Sangwoo sentia seu sangue ferver, queria fugir, mas não conseguia.

Queria correr, mas suas pernas não o obedeciam.

Sua cabeça começou a doer e algo que não era ele... Algo selvagem, terrível, que odiava, assumiu o controle... Seu alpha.

‘-Sangwoo...!’ – chamava a sua mãe, desesperada ao vê-lo perder novamente o equilíbrio.

‘-Sangwoo!’

- Sangwoo! – foi trazido de volta a realidade pela voz de Bum: - Você está bem? – o moreno o fitava preocupado: - Ficou pálido de repente...

Não fora uma, nem duas, nem três vezes que seu pai fizera aquele processo. Machucara muitas mulheres ômegas. Demorou anos até conseguir se controlar diante de um cio natural...

Contudo...

“Bum é uma exceção...” – respirou fundo.

O cio que o garoto teve, quando o marcara, era um não natural. Foi isso que percebeu ao refletir sobre o assunto... Ao relembrar...

O moreno não estava com as íris de fenda. E era um fato que o cio não natural, tinha um efeito muito menor, do que um natural.

Ou seja, se ele perdera o controle em um cio não natural, a ponto de marcá-lo... O que faria em um natural?

“Merda...” – pensou.

- Estou bem. – respondeu, tentando passar tranquilidade.

- Tem certeza? – perguntou preocupado o pequeno.

- Sim. – disse com um leve sorriso, convencendo enfim o menor.

Não sabia o que ocorrera para Bum entrar em um cio não natural. Sabia que ele não o fizera para provocá-lo, porque ele já havia entrado no cio ao entrar na enfermaria e não sabia que estava lá...

“Talvez alguém o tenha provocado...” – mas o moreno não aparentava ser fácil de provocar... Às vezes sentia vontade de questioná-lo... Contudo, provavelmente, nem o ômega sabia.

Coçou a nuca, refletindo: - Está realmente tudo bem?

Bum o fitou por alguns instantes, deu um leve suspiro e disse: - Sobre o cio? Você irá mudar de ideia?

Aquele tom, Sangwoo conhecia aquele tom... O pequeno acabara de fazer uma pergunta que já sabia a resposta e que considerava lógica. Era como se ele lhe dissesse ‘Você não vai mudar de ideia, o que quer que eu faça?’ – suspirou.

Ele tinha razão. Não iria mudar de ideia e aquela discussão era, basicamente, inútil.

- Não, não irei... – respondeu: - Mas não significa que você deve aceitar sem nem ao menos questionar. – disse seriamente.

O ômega ficou calado por alguns instantes, baixou o olhar: -... Eu gostaria... – disse receoso, corando suavemente: - Passar com você... Mas... Se não partir de você, não faz sentido pra mim. – voltou a fitar seus olhos: - Não vou forçar isso, e... Nós acabamos de começar, não? – deu um leve sorriso.

Sangwoo correspondeu o olhar. Bum parecia entendê-lo melhor que ele próprio. Isso era um pouco assustador, apesar de reconfortante.

- Está certo. – respondeu: - Vou parar com isso...

Como podia se sentir tão mal com a aceitação dele? Na real, sentia-se um monstro...

“Você realmente está tentando e estou sendo idiota, de novo. Vou parar e prestar atenção no nosso encontro.” – voltou a comer.

- Aonde você quer ir? – perguntou atenciosamente.

O ômega aumentou o sorriso: - No barco viking?

- Eh? Gosta dos brinquedos agitados?

- Na verdade não, achei que você ia gostar, por mim ia ao carrossel... – ele riu baixinho, cobrindo a boca com a mão.

- Carrossel? – Sangwoo fez uma careta e Bum aumentou o riso.

- Brincadeira! Meu voto é no barco viking mesmo... – ele sorria com o óbvio gracejo.

- Não! – o loiro ficou falsamente indignado: - Agora você já confessou querer ir ao carrossel, vamos ao carrossel! – falou com convicção.

- Quê? – Bum disse surpreso: - Não! Eu não quero ir lá! Foi uma piada, piada! – articulou tentando consertar a situação.

- Não acredito em você... – o loiro provocou, cerrando um pouco os olhos e o fitando analiticamente: - Hmmm, você tem jeito de quem curte o carrossel...

- Eu já disse que não! – se defendeu o moreno.

Sangwoo então pegou a mão de Bum, entrelaçou os dedos e sorriu, fitando-o nos olhos: - Desculpe. – fez uma pequena pausa: - Barco viking então...

O ômega corou, concordando com a cabeça, sabia que aquele pedido de desculpas não era pela brincadeira.

 

 

Apesar de Sangwoo ter comprado os ingressos vip, ainda assim, a fila do brinquedo – por se tratar de um final de semana – era um pouco longa. Tanto que já não se sentiam cheios pela comida ao chegarem ao final dela.

Bum se arrependeu de ter escolhido aquele brinquedo em particular, porque enquanto o loiro entrou e saiu como se nada tivesse ocorrido, ele entrou calmamente, e saiu sentindo que seu estômago – de alguma forma – havia sido deslocado devido ao movimento de subida e descida. O The Conquistador – nome da atração do barco viking, o fizera perceber que não era um rapaz propenso a aventuras radicais.

O pior de tudo, é que como escolhera o barco, obviamente, o próximo a escolher era Sangwoo e ele fora – de forma muito convicta – diretamente ao segundo andar, mais especificamente, ao French Revolution – uma belíssima montanha-russa.

- Acho que não vou conseguir... – murmurou o moreno diante dos carrinhos.

- Agora que já esperamos na fila e chegamos aqui? – o loiro disse entrando, estendendo a mão em seguida: - Eu seguro a sua mão, agora vem... – riu.

O moreno fechou os olhos e entrou, sentando na cadeira ao lado do alpha e sentindo seu coração a dois mil por hora. Se havia quase morrido no barco viking, ia infartar naquela montanha... Contudo, a mão de Sangwoo lhe dava algum conforto.

Entretanto, conforme aqueles carrinhos ganhavam velocidade, mais desesperado ficava. Principalmente porque aquela montanha-russa era dentro do parque, então sentia que a qualquer momento ia bater em uma parede, ou em outro brinquedo, ou nas pessoas que pareciam próximas e distantes ao mesmo tempo. Chegou a um ponto que fechou os olhos e só esperou terminar. Podia jurar ter ouvido Sangwoo rir nesse momento.

Ao saírem, o alpha comprou a foto onde apareciam. Estava de olhos fechados enquanto o loiro parecia fitá-lo e realmente ria.

- Você está rindo de mim... – murmurou, observando a foto, levemente indignado.

Bum sentiu o cheiro de seu alpha atrás de si, enquanto o mesmo o abraçava e falava próximo ao seu ouvido: - Quem mandou ficar tão engraçado?

Corou imediatamente: -... Você deveria estar nervoso com o brinquedo e não olhando as minhas reações... – disse já sem convicção, tímido.

- Suas reações eram mais divertidas que o brinquedo. – o loiro riu baixo e beijou de leve sua bochecha: - E agora? Aonde vamos?

Bum queria algo calmo, olhou para os lados e viu o Aeronauts Balloon Ride – um brinquedo em formato de balão que passeava sobre o teto do parque, dando uma visão do alto. Sorriu: - Aquele! – apontou.

Sangwoo fez uma careta devido ao óbvio tédio. Bum riu.

Foram até o quarto andar, sendo que o ômega comprou um chocolate quente no caminho e esperaram novamente na fila. O loiro já fingia tirar pequenos cochilos – em uma tentativa de fazer o moreno mudar de ideia – quando conseguiram entrar no brinquedo. Não foram sozinhos, na verdade, entraram junto com uma família, um homem, uma mulher e uma criança.

O brinquedo começou a mover-se e Bum fitou o local. Era realmente alto. Tirou sua câmera e começou a enquadrar algumas fotos. Ouviu a pequena criança resmungar que não conseguia ver e chamar seu pai, que gentilmente a ergueu – havia uma rede ao redor do cesto do balão, que dificultava as fotos, mas evitava acidentes.

O pequeno parecia fascinado pela paisagem, segurava seu pai com força e ria. Bum sorriu, adorava aquele som tipicamente infantil. Virou-se fitando Sangwoo e percebeu que tanto ele quanto a mulher, faziam a mesma cara de tédio supremo. Riu baixinho. O loiro notou e se aproximou mais...

- Do que você tanto ri?

- Nada... – murmurou o ômega.

A criança acabou puxando o cachecol de seu pai, deixando a mostra sua marca. O que confirmou o que Bum já imaginava...

“Eles são um par...” – pensou, fitando a cena.

A mulher então se aproximou, colocando o cachecol na criança e deixando a marca, que provavelmente fizera, visível no homem. Bum reparou no anel que usavam...

“Não... É um casal...” – refletiu.

O ômega observou a família. Será que um dia, Sangwoo iria desejar formar uma com ele...?

“Ou será que ele nunca...?” – baixou o olhar.

O moreno então se sentiu abraçado.

- O que você tanto vê neles? – o loiro resmungou em seu ouvido, levemente mal-humorado.

-... – Bum riu: - Só achei que eles são uma família bonita. – respondeu baixinho o moreno, voltando a tirar suas fotos do parque.

Sentiu então o alpha tocar em suas mãos, retirando a câmera e virando-a para eles: - Hm... – ele foi abraçado e teve o rosto beijado enquanto o loiro apertava o botão.

Sorriu timidamente.

Sangwoo olhou seriamente o resultado, não pareceu gostar. Repetiu o processo... Não gostou de novo.

Então, de repente, Bum se viu em um loop onde o loiro o beijava, tirava uma foto, olhava, voltava a beijá-lo – na outra bochecha, tirava outra foto, não gostava, voltava a beijá-lo – nos lábios, o que o deixou sem graça, refletia sobre o resultado e então repetia tudo novamente. Foi assim até o final do passeio.

Quando Bum percebeu que estavam prestes a descer do brinquedo, achou humanamente impossível todas as fotos terem ficado ruins e pediu para ver a câmera. No fim, estavam – a maioria – muito boas. Corou violentamente.

- Por quê?... – perguntou sem graça.

- Bom, você disse que queria que fosse divertido para os dois... – Sangwoo deu de ombros: - O brinquedo estava chato, então, resolvi me divertir. – Bum pode jurar que o rapaz pôs a língua levemente pra fora, lembrando, definitivamente, uma criança travessa.

O ômega respirou fundo em meio a um tímido sorriso e se preparou... Possivelmente Sangwoo sugeriria algo mais radical. Dito e feito, o rapaz queria sair e ir ver os brinquedos do lado de fora do parque. Especialmente um chamado Bungee Drop, onde sentariam em cadeiras, subiriam até uma altura gigantesca – do ponto de vista de Bum, e cairiam. Perfeito para ter um ataque cardíaco.

Já estavam quase na saída, quando o moreno avistou a coelhinha de pelúcia mais fofa de todos os tempos. Foi amor à primeira vista. Queria ela em seu ninho, mas a mesma estava presa em uma daquelas máquinas com uma garra, olhou Sangwoo. Seu olhar dizia absolutamente tudo.

O alpha suspirou resignado: - Você sabe que essa máquina é armada para tirar dinheiro, não?

Bum ficou um pouco chateado, normalmente não era de querer coisas... Pensou em pedir mais uma vez, talvez se oferecesse pagar... Era complicado quando sentia desejo por um objeto para seu ninho. Seu sentimento era que seria impossível terminar seu ninho sem aquilo... Raras coisas lhe davam isso...

A coelhinha era pequena e fofa, feita para crianças... Talvez fosse seu subconsciente dizendo que queria uma criança como aquela pelúcia. Suspirou. Quem sabe se explicasse ao alpha seu motivo...

Contudo foi interrompido pelo gritinho de uma garota que surgira correndo. Ela usava uma tiara com orelhinhas de gatinho e olhava animada para a máquina ao lado da que tinha a coelhinha. Estava totalmente focada em uma pelúcia de oncinha, ela fitou o namorado – que veio em seguida, e pediu para ele capturar o brinquedo. Mas o rapaz teve uma reação semelhante à de Sangwoo. Era perda de tempo e dinheiro. Ela então começou a ficar insuportavelmente insistente... O cara desistiu e se preparou para jogar.

O ômega fitou a cena, não queria ser como aquela garota... E ambos tinham razão, não valia a pena... Apesar de sua vontade, não era realmente impossível montar seu ninho sem aquilo, ela lhe despertara um desejo, mas, não era um objeto verdadeiramente significativo. Suspirou. Deu uma última olhada para a coelhinha e se afastou, aproximando-se de Sangwoo: - Você está certo... Melhor irmos...

- Depois desse eu quero aquela coelha da outra máquina, é uma gracinha também! – falou a voz manhosa da garota.

- Certo. Certo. – respondeu o rapaz se concentrando: - Não sei por que você pede essas coisas, seus gatos e cachorros sempre acabam destruindo tudo... – suspirou.

Bum sentiu um aperto no peito, a coelhinha teria um final trágico... Suspirou resignado, mas seguiu em frente. Sangwoo passou por ele indo até a máquina com garra.

- Quê? – o ômega fitou surpreso o loiro.

- Se você quer tanto, é só falar. – o alpha passou a mão no cabelo: - Não vou a deixar ser assassinada, não se preocupe. – ele riu.

O moreno corou: - Fiz alguma cara estranha? – perguntou sem graça.

- Praticamente um “Por favor... Não a deixe morrer...” – ele esganiçou um pouquinho a voz na última parte, ligando a máquina e começando a jogá-la, mirando diretamente a coelhinha.

- Ahhh! – eles ouviram a garota ao lado: - Amor, ele vai pegar a coelha...! – ela disse frustrada.

O rapaz olhou bem para Sangwoo, depois fitou para a posição que a coelhinha estava dentro da máquina e disse confiante: - Não se preocupe baby, vou pegar esse primeiro, e o máximo que ele vai conseguir, é amaciar a máquina. Depois que desistir, eu pego pra você.

Bum olhou para o alpha e sorriu. Sangwoo tinha um novo brilho em seu olhar, virara uma questão de honra. Teria a sua coelhinha... Estava feliz.

Voltaram a caminhar para a parte externa do parque depois que o loiro não apenas pegara a coelhinha de pelúcia, como fizera isso antes do outro rapaz conseguir a oncinha. Quando chegaram, sentiram um vento frio.

O ômega olhou a paisagem deslumbrado, tinha um longo caminho que terminava em um castelo e tudo parecia ainda mais belo, pois caía uma neve fininha.

Ouviu um muxoxo vindo do alpha e percebeu que ele olhava para uma placa que avisava que os brinquedos externos estavam temporariamente interditados devido à neve. Sentiu-se aliviado.

- Gostou da novidade, né? – falou o rapaz se aproximando.

Bum concordou timidamente com a cabeça, e percebeu que tremia um pouco. A neve fina tocava sua pele, e o gelo o deixava com ainda mais frio.

Sangwoo fitou a cena e tirou o cachecol.

- Aqui. – disse sério colocando a peça de tricô ao redor do pescoço do pequeno: - Vamos só tirar algumas fotos e voltar, que tal?

O moreno sorriu, sentindo o perfume de seu alpha e consentiu. O loiro então o abraçou, encontrando a melhor posição em que o castelo ficasse de fundo dos dois. Tirou algumas fotos e se virou, fitando-o nos olhos.

O ômega corou ainda mais o vendo se aproximar e encostar os lábios nos seus. Era um beijo gentil e gelado devido à neve. Separaram-se em silêncio e o alpha mostrou que tirara uma foto daquele momento também. Bum sorriu, nunca estivera mais feliz.

Voltaram para dentro do parque onde iniciava um desfile. O moreno pegou a câmera e imediatamente começou a tirar fotos das pessoas com roupas iluminadas, vestidas de duendes que abriam o desfile de patins. Depois tirou fotos dos carrinhos, das meninas com roupas de Mamãe Noel azul, que iam dançando a frente do carro maior aonde vinha o Papai Noel, das Mamães Noéis vestidas de vermelho, que iam logo atrás e também dos fogos de artifício, que logo iluminaram o local.

Sangwoo observou o pequeno e sorriu, há muito tempo não se divertia tanto em um dia. O abraçou sem avisar, deixando-o confortavelmente em seus braços.

Após o desfile, decidiram jantar alguma coisa e por fim, foram para a pista de patinação, onde Bum descobriu que era um patinador tão talentoso, quanto era corajoso. Ou seja, ele não patinava nada. Ficava o tempo todo escorregando e se apoiando em Sangwoo, quando o mesmo não o trollava e o deixava quase cair no chão segurando-o sempre no último segundo.

O alpha tentou ensiná-lo, mas, não era um professor com muita paciência, no fim, acabou fazendo o que o moreno considerou a parte mais divertida do dia, o ficou puxando, enquanto Bum apenas deslizava no gelo e sorria.

Chegaram ao carro estacionado satisfeitos com o dia. Entraram e Sangwoo começou a dirigir para casa.

 

 

Durante o percurso, o alpha fitou o moreno que parecia curtir os ursinhos que ganhara. Quatro, no total. O urso branco que escolhera, a coelhinha que desejara e os dois extras que havia pegado enquanto tentava alcançar a coelha. No caso, um sapo e um avestruz de pelúcia.

“Aliás... Nunca o vi querer tanto algo...” – pensou o rapaz.

- Bum... Por que você quis tanto a coelha? – perguntou, ainda em meio à reflexão.

- Hm... – o pequeno pareceu hesitar: - Eu gostei dela... – falou baixo: - Para meu ninho... – a última frase fora um sussurro.

Sangwoo tossiu. Qual era a relação de ursinhos de pelúcia e ninho? Foi obrigado a perguntar.

- Por quê? – não conseguia entender.

Bum pareceu pensar por alguns instantes antes de responder: - O ninho é algo simbólico e instintivo para um ômega. – disse sério: - Algumas coisas estão lá porque significam algo importante para nós... Outras porque nossos instintos mandam pegar e pôr lá...

- A coelha foi por causa dos instintos? – perguntou confuso o loiro.

- Sim. Ela... Me deixa com vontade de protege-la... – respondeu sem graça o pequeno.

Sangwoo fitou a coelhinha. Realmente, era pequena e fofa. Fazia sentido.

- Isso vale para aquele urso marrom também? – perguntou curioso o alpha.

- Não. – disse sério o pequeno, fitando-o: - Ele tem um significado pra mim...

Bum olhou pela janela para a neve que caía. Aquele dia, fora a primeira vez que gostara de neve... Ela normalmente lhe trazia lembranças ruins...

Como a vez que alguns garotos de seu bairro o prenderam em uma cabine de telefone quebrada. As cabines normalmente não são fechadas, mas aquela estava caída no chão. Eles o fizeram entrar e juntos a viraram ainda mais, trancando-o preso ao chão, dentro dela. Até conseguir sair e ir para casa, quase congelara. Depois daquilo, ficara doente por uma semana...

“Foi quando ganhei o ursinho dela...” – refletiu.

‘- Ele é meu amigo. ’ – ela disse com a voz suave enquanto colocava o urso ao lado da cama de Bum, que ainda criança, a observava: ‘- Irá cuidar de você até a mamãe voltar. ’

O único presente que sua mãe lhe deu...

- Ele representa minha mãe. – falou como resposta a Sangwoo.

- “Representa”? – questionou o rapaz.

Bum suspirou, não sabia exatamente como explicar: - Quando estou no cio, preciso me sentir seguro e preciso sentir que aquele é o local perfeito para se criar uma família. Se não for dessa forma, fico irritado, estressado e com dores. Por isso preciso de representações da minha família...

Sangwoo o fitou, um pouco pensativo.

- Não dentro do ninho. – o ômega disse rapidamente, ‘aliviando’ a expressão do alpha que provavelmente estava pensando besteira: - Ao redor dele. Não onde eu, efetivamente, entro no cio, mas ao redor. O ninho é formado por vários círculos... – ele explicou, fazendo um gesto com a mão: - O primeiro, mais distante, significa proteção. Normalmente uso algo do meu avô...

Por alguma razão que não conseguiu explicar, mas se assemelhava muito a raiva e ciúmes, Sangwoo não gostou de saber disso.

- O segundo círculo é a família. Uso coisas da minha avó materna e da minha mãe... Depois vem o terceiro círculo, que são objetos do... – ele corou: - Hã. Enfim, você entendeu que não uso os ursinhos no sentido sexual.

- O terceiro é feito com quais objetos? Você se interrompeu. – o alpha o fitou.

-... Ah! – o moreno se lembrou de algo: - Você pode colocar as suas garras dentro dos ursinhos que me deu?

Sangwoo o fitou seriamente, Bum, definitivamente, estava desviando de assunto.

“Bom, ele vai passar o cio em casa, então, provavelmente, verei o ninho.” – pensou sério.

De repente sua mente recordou que decidira não passar o cio com o rapaz, o que significava que era pouco provável que conheceria o ninho... Sentiu-se imensamente frustrado. Tentou não pensar nisso, focando no pedido do pequeno.

Todo o bichinho de pelúcia possui cinco pequenas aberturas nas costas para se colocar os dedos dentro. Ali se deve transformar as unhas em garras e esperar alguns minutos. O tecido interno da pelúcia absorve os feromônios e os mantem por tempo indeterminado. Sempre funciona. Suspirou.

- Assim que chegarmos a casa, ok? – disse calmamente.

Bum concordou com a cabeça.

Ao chegarem a casa, Sangwoo cumpriu sua promessa, impregnando cada um dos bichinhos com seu cheiro. Viu Bum subir as escadas e levá-los para o quarto de cima, onde estava sua sacola...

“Eu quero passar o cio com você.” – o pensamento do loiro foi involuntário.

Respirou fundo, sua mente lembrando-o da imagem da garota sangrando, o filete de sangue caindo de sua boca. Como se não bastasse, foi cruel consigo, trocando a imagem por Bum. Sangrando, arranhado, mordido, semimorto...

“Não posso. Não posso fazer isso.” – andou diretamente para o banheiro, começando a remover as roupas do passeio.

Começou a tomar o banho calado. Uma parte de si pensando que, se não conseguisse fazer isso agora, talvez nunca o fizesse.

“Talvez eu nunca passe um cio com ele...” – pensou, sentindo seu coração acelerar.

Aquilo era irritante. Odiava isso...

“Por isso eu não queria...” – encostou a cabeça contra os azulejos.

Por isso ele não queria estar apaixonado, por isso não queria um relacionamento. Como resolveria? Foram anos para conseguir chegar ao estágio de controle em que está e Bum simplesmente rompia...

“Isso não é justo com ele.” – fechou os olhos, ainda refletindo.

Não. Não era justo. Mas, também não o queria longe de si. Suspirou profundamente. Estava cansado, pensaria nisso outra hora.

Terminou o banho, saindo e secando-se. Vestiu uma cueca e uma calça larga – que usava para dormir.

Olhou para o lado ao ouvir a porta se abrindo, o pequeno vestia os próprios pijamas – finalmente buscaram suas roupas àquela manhã.

- Alguma coisa errada? – o pequeno perguntou incerto ao perceber seu semblante fechado.

- Não. – respondeu com um leve sorriso o alpha, tentando amenizar a situação. Deitou na cama: - Dormir? – perguntou, levemente malicioso.

- Com certeza. – falou o ômega baixinho, entrando para debaixo das cobertas: - Temos que acordar cedo amanhã. – disse corado.

Sangwoo sabia que era só apertar os botões certos, que provavelmente o ômega mudaria de ideia, mas, decidiu não fazê-lo. Ele tinha razão, precisavam acordar cedo e o passeio durara mais que o esperado – ficaram muito tempo na pista de patinação. Não que não valera a pena, estava feliz com aquele dia.

- Certo. – abraçou o pequeno, lhe dando um leve beijo sobre os lábios e sentindo-o se aninhar em seus braços: - Boa noite. – murmurou.

- Boa noite. – respondeu Bum em um bocejo.


Notas Finais


Por favor, leiam as notas até o final <3 Obrigada <3

1º Curiosidades:

O encontro deles aconteceu em um lugar real. O Lotte World Park existe, juntamente com todas as atrações (e o restaurante mencionado).

Na Coreia, há Papai Noel vestido de azul (o mesmo vale para a mamãe Noel). Eu não sei o porquê... Talvez seja devido a bandeira deles (que é meio azul e meio vermelha), eu não sei...

O desfile foi com base no que realmente acontece, então, sim <3 Eles atiram fogos de artifício em um local fechado <3

2º Sim, eu mudei a forma de escrita - comecei a variar os pontos de vista dentro do próprio cap, sem "voltar no tempo".
É mais rápido e simples <3
Acho que tbm flui melhor.
A maior parte das fanfic é assim \o\, mas, como ainda estou me descobrindo como escritora, se ficou confuso, por favor, me avisem.

3º Estou pensando em fazer um extra com curiosidades sobre o mundo que criei - essas que já mencionei em alguns comentários com perguntas e tals. Como a biologia deles, parte da história, fatos interessantes e outros.
Mas não sei se é do interesse de alguém... Por favor, falem se desejam isso, pq posso continuar só respondendo nos comentários conforme perguntam.

4º Há poucos cap atrás fiz um textão agradecendo a todos vc's que favoritaram a minha fic... Naquele cap eu tinha 149 favoritos, se não me engano, agora estou com 363 e o choque não me permite fazer novo textão...
Eu simplesmente amo vocês...
Muito, muito obrigada, de verdade <3
Não sei como agradecer...
Só... Obrigada <3 (sim, eu estou emocionada).

5º Esse cap foi mais curto e meio que saiu na trave HAUHAUHAUAHUAHAUAHUAHAUA

6º Ele ficou fluffy... Tô ligada... Sorry a quem detesta x.x''''....

7º Obrigada a todos que leram <3 <3 <3 <3 <3 Quem puder deixar comentário respondendo todas essas questões, terá um espaço especial no meu coração <3 <3 <3

P.S.: Sim, podem protestar sobre o cio................... u.u'.... Sei q a maioria tá me odiando XD


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