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História Destinados...? - Instintos


Escrita por: mikakamya

Capítulo 23 - Instintos


Sangwoo abriu os olhos pesadamente, estava cansado, não dormira quase nada, o senhor idoso roncando no quarto ao lado não permitira. O que provava que Bum tinha razões para ficar preocupado.

“As paredes dessa casa são finas.” – deu um suspiro.

Olhou para o peito, onde Bum dormia tranquilamente. Provavelmente os avós dele tinham escutado...

Fitou seriamente o teto.

Delicadamente, retirou o moreno de seu peito, deitando-o melhor sobre a cama. Levantou e fitou ao redor, abrindo a janela.

“Isso deve arejar o local...” – cobriu melhor Bum para que o mesmo não passasse frio.

Vendo o colchonete que ele convencera ser desnecessário, colocou-o ao lado da cama, botando lençóis. Depois pegou um dos cobertores, e o pôs de qualquer forma por cima de tudo.

Mirou as roupas dobradas em cima da cômoda, com um suspiro profundo, vestiu o pijama. Depois foi até o pequeno, vestindo-o.

Era incrível como Bum sempre acordava primeiro, mas, quando dormia profundamente, não acordava por nada – lembrava-se do dia que teve de chamá-lo diversas vezes até o mesmo levantar.

Olhou ao redor e depois respirou profundamente. O ambiente cheirava basicamente a feromônios, por sorte, os avós de Bum eram betas, não sentiriam isso... Por fim, fitou a lixeira, tirou a sacola, amarrou, colocou dentro de outra sacola, amarrou novamente e então colocou na mochila. Por fim, mirou o relógio da cômoda.

“Quase na hora...” – sentou na cama, esperando um pouco.

Ouvira Bum conversando com a avó no dia anterior.

“Ele disse que a gente tinha aula... Então provavelmente...” – ouviu batidas suaves na porta.

“Bingo.”

Ficou sentado por mais um tempo, deixando as batidas soarem mais algumas vezes. Levantou, amassando bem as roupas e fazendo sua melhor cara de sono.

- Sim...?

- Desculpe acordá-lo, mas o Bum disse que teriam de ir estudar... – a senhora o fitava curiosamente, quase o analisando.

Sangwoo estrategicamente ficara com a porta aberta o suficiente para a senhora notar o colchonete, mas não escancarada para ela perceber que fazia isso propositalmente.

- Claro... Irei acordá-lo... – sorriu docemente.

Ela olhava curiosa e confusa para dentro do quarto.

“Desculpe... Mas ele realmente não quer que vocês pensem que a gente fez algo.” – refletiu o alpha.

-... – ela fitou séria Sangwoo e então deu um sorriso singelo.

Por alguma razão, o loiro teve certeza que não funcionara. Ela simplesmente sabia. Suspirou.

A senhora pegou algumas toalhas e entregou ao rapaz: - Aqui. Fique a vontade para tomar um banho. – ela se aproximou, falando baixo: - Foi uma bela tentativa. Mas as paredes são realmente finas...

-... – o loiro não sabia o que responder. Apenas pegou as toalhas, tentando evitar o próprio constrangimento.

- Não se preocupe. – ela botou a mão no rosto pensativa: - Meu marido não ouviu, ele bebeu demais ontem. E sei que o Bum é tímido... – fitou o rapaz nos olhos: - Mas, foi uma atitude fofa. – ela fez cafuné em Sangwoo.

O alpha não soube exatamente como agir: - Acho que irei primeiro tomar banho... Depois acordo ele.

- Faça como preferir querido. Só não se atrasem. – ela aumentou o sorriso e saiu dando risadinhas: - Esses jovens de hoje...

~*~*~*~*~

Bum acordou com um peso em cima de si. Abriu os olhos devagar porque, realmente, estava doendo. Olhou para o ponto de dor e se deparou com o grande e peludo gato de sua avó.

- Oi, Yellow... – resmungou sonolento.

O grande gato amarelo o fitou com extremo tédio. Tentou levantar, mas o bichano não movia um músculo para sair do local.

-... Por favor... – protestou o garoto.

Yellow o mirou seriamente, seu olhar expressava todo o contexto de “Como ousa mandar em mim, reles humano?”, mas Bum não se sentiu coagido. Simplesmente se moveu, forçando o felino a sair de cima de si após um miado de protesto.

O ômega olhou para os lados, percebendo estar sozinho, depois olhou para si, notando que estava de roupa. Levantou, estranhando a situação e saiu do quarto.

Acabou ouvindo risadas vindas da cozinha. Andou calmamente até o local.

- Então o Bum roubou o casaco! Acredita nisso? – sua avó ria enquanto cozinhava na bancada. Sangwoo a observava em pé, já estava de banho tomado e segurava toalhas.

O alpha ria junto: - Sério? Por que ele só não falou com ele e pediu?

“Do que eles estão falando...? Casaco roubado...?” – Bum parou pensativo, corando seriamente em seguida.

Quando um ômega está interessado em um alpha, o habitual é ele se declarar. Correndo o risco de levar um fora ou começar um relacionamento.

Caso o ômega leve um fora, é costume o alpha entregar um objeto pessoal para o ômega. Esse objeto normalmente é usado pelo ômega durante o cio.

Os alphas que deram o fora entregam apenas um objeto, uma única vez. O ômega tem até a dispersão total do cheiro daquele objeto, para esquecer o alpha em questão.

Ninguém realmente se importava com esse “ritual”, era quase como uma tradição. Todos estavam acostumados a ver esse tipo de cena. O estranho ficava por conta de alguns alphas que não entregavam objetos. Esses eram considerados, além de esquisitos, cruéis.

Contudo, a grande questão era: Nem todos os ômegas possuíam a coragem de se declarar.

E a necessidade do cheiro daqueles por quem tinham atração permanecia. Eles se declarando ou não. Um cio sem nenhum cheiro de um alpha tido como “alvo” era um cio agonizante. Por causa disso, aqueles que não conseguiam confessar seus sentimentos, acabavam seguindo dois caminhos.

O primeiro e mais comum, era comprar um objeto do alpha em questão. Muitos alphas populares tinham o costume de vender seus objetos – o vendedor encarregado normalmente era um beta, pois, ômegas que não se declaravam costumavam ter três razões para não fazê-lo, ou eram tímidos, ou não confiavam em alphas, ou tinham medo de alphas. Duas de três envolviam alphas. Sendo assim, um vendedor beta era mais bem cotado.

O segundo caminho, muito menos comum e mais arriscado, era o ômega roubar algo do alpha. Isso obviamente era um ato ilegal, mas, nesse tipo de situação, normalmente era visto como uma piada.

Bum sabia do que eles estavam falando.

“Por quê...? Por que logo sobre isso...?” – o garoto ainda estava corado, olhando em completo choque para a avó.

A senhora, como se sentisse a presença do neto, correspondeu o olhar: - Acordou querido? – ela sorriu: - O Sangwoo já ia te acordar e entregar toalhas para seu banho.

-... – o pequeno se aproximou, pegando as toalhas de Sangwoo.

- Sua vó estava me contando sobre um crush que você teve na universidade... Você roubou um casaco dele? – o loiro parecia se divertir com a situação.

- Ora, e não foi só um casaco! – a senhora riu: - Eu até fui ao templo pra tentar fazer esse menino esquecer esse rapaz, mas nada adiantava. Quando vi, eram diversas canetas, algumas borrachas, uma camisa, aliás, a camisa tinha uma estampa tão bonita, daquela cantora, como era o nome? – ela refletiu por alguns instantes: - Ella Fitzgerald! Isso! Fiquei surpresa por um jovem ter uma camisa com ela, e também teve um boné preto e...

- Vó! – Bum protestou em completo choque.

- Camisa da Ella Fitzgerald...? – Sangwoo parou de rir, pensativo.

Bum quis morrer: - Vou tomar o banho. – saiu correndo direto para o banheiro.

Não conseguia acreditar no que acabara de acontecer, estava muito envergonhado. Nunca achara que o alpha descobriria essas coisas...

Quando o ômega saiu do banho, já vestido, o café estava posto na mesa. Comeu em silêncio enquanto Sangwoo continuava conversando animadamente, sobre outros assuntos, com a senhora. Despediram-se da idosa assim que terminaram o café e escovaram os dentes.

- Se cuide meu querido. – disse ela abraçando o jovem ômega: - Você conseguiu um bom rapaz para si, espero que continuem felizes. – ela sorriu: - Ah! E não se esqueça de avisar caso engravide! Quero muito saber caso um bisnetinho ou bisnetinha esteja a caminho. – o sorriso dela ficou mais gentil.

Bum corou novamente. Sua avó sabia o que haviam feito na noite anterior. Quis se esconder e fugir imediatamente. Por sorte, Sangwoo já o esperava no carro. Apenas afirmou com a cabeça para sua avó e saiu correndo.

No carro pensou em conversar com o alpha sobre o que acabara de acontecer, mas, ao olhar Sangwoo, percebeu que o rapaz estava estranhamente sério. Ficou calado.

O trajeto até a casa deles foi passado em um silêncio mortal. Bum não entendia o que estava acontecendo, mas, o clima parecia pesado. Ao chegarem, desceram do carro ainda em silêncio e foram ao quarto trocar de roupa.

Sangwoo aproveitou para jogar a sacola que estava na mochila no lixo.

- Por que você não pede a Myung-Hee para anotar suas notas de hoje? – o alpha disse assim que se encontravam prontos para sair. Apesar de ser um pedido, sua voz soava séria.

Bum sentia que podia recusar, mas, não seria bom fazê-lo. Foi uma sensação estranha.

- Por quê? – questionou querendo entender melhor a situação e o motivo daquela tensão.

- Não vou conseguir esperar até de noite para conversar com você. – o alpha sentou no sofá: - Seria melhor agora...

O ômega permaneceu em silêncio por um tempo e então foi até a mochila, retirando o celular e enviando uma mensagem a amiga.

Você poderia anotar minha nota? Não irei hoje.

Esperou alguns instantes até receber uma resposta.

Lee Myung-Hee

Claro! Pode contar comigo.

Mas, aconteceu alguma coisa?

O ômega digitou rapidamente.

Não. Não aconteceu nada.

Obrigado, nos falamos amanhã.

Após enviar a mensagem, caminhou meio hesitante até o sofá e sentou ao lado do alpha.

-... – ficou alguns instantes em silêncio: - Conversar sobre o quê? – perguntou por fim.

-... O casaco você roubou, mas a camisa e o boné... Você comprou, não é? – o loiro o fitava sério.

Bum suspirou, desviando o olhar. Então aquele era o assunto: -... Sim.

- Eu vendi esses itens no meu terceiro e quinto semestre... Minha camisa da Ella Fitzgerald e meu boné preto com a estampa de uma fênix dourada. Sua avó descreveu como “uma ave dourada”, depois que você saiu. Foi só juntar os pontos... – ele fez uma pequena pausa: - O vendedor me disse que esses itens foram “venda imediata”, ou seja, compraram no meu segundo e terceiro ano de faculdade... Bum, conforme você, só nos conhecemos no semestre passado, então, por que comprou meus itens antes disso? Ou você mentiu? – o alpha soava entre confuso e incrédulo.

- Não disse isso... – murmurou o pequeno.

- Quê?

- Eu não disse que nos conhecemos semestre passado... Disse que nós estudamos juntos semestre passado... – o ômega evitava os olhos do alpha e ficava levemente frustrado pelo loiro ser tão bom bloqueando o vínculo.

“Não faço a mínima ideia do que ele está pensando... Isso é tão estranho, sinto que deveria saber, mas, não sei...” – o moreno fechou, chateado, as mãos.

O silêncio se alongou um pouco enquanto Sangwoo parecia refletir sobre o que acabara de ouvir.

- Há quanto tempo nos conhecemos?

-... – Bum sentia-se um pouco encurralado, mas foi honesto: - Eu te conheço desde o primeiro semestre... – murmurou.

- Estudamos juntos no primeiro semestre? – perguntou surpreso o alpha.

- Primeiro, terceiro, quinto e sétimo...

Novo silêncio.

- Desculpe.

Com surpresa o ômega se virou para o alpha: - Quê...? Por quê? – ficou ainda mais confuso ao perceber que o loiro estava desconcertado.

- Nós estudamos juntos por, praticamente, dois anos. E minha memória seletiva decidiu esquecer isso... – ele passava a mão no pescoço.

Bum sentiu um peso sair de seu peito, então, era por isso que ele estava estranho?

“Ele está se sentindo culpado por não lembrar?”. Acabou soltando uma risada baixa.

- Está tudo bem. Não é como se interagíssemos durante as aulas...

- A gente nem conversava? – o alpha era um misto de curiosidade e choque.

- Não. Eu evitava ao máximo falar com você. – Bum riu baixo com o olhar surpreso de Sangwoo.

- Você comprava os meus itens, mas me evitava...? – questionou o loiro com uma leve ironia no tom.

-... É. – confessou o ômega: - Sabe, tentei descobrir mais a seu respeito... Mas... – ele olhou fixamente os dedos das mãos: - Você era conhecido por dormir com os ômegas e não querer um relacionamento... Então...

- Entendi. – Sangwoo ficou novamente pensativo.

O alpha não conseguia acreditar. Dois anos... Como não se lembrava de nada?

“Isso é impossível... De alguma coisa devo lembrar...” – refletia o rapaz, esforçando-se para ver se algo vinha a sua mente.

De repente, como se as profundezas de sua mente lhe trouxessem algo, lembrou-se de um rapaz... Que lhe parou na saída do último período... O garoto estava com a cabeça baixa, levemente trêmulo e corado, usava óculos...

“Era o Bum...”.

- O fugitivo. – disse como se concluísse algo.

- Quê? – perguntou o moreno totalmente confuso.

- Eu e a Yangmi apelidamos um garoto que tentou falar comigo semestre passado de “o fugitivo”, porque, tirei os olhos dele por alguns segundos e ele sumiu. Era... Você, não?

Bum sentiu o rosto esquentar por completo, deveria estar muito vermelho.

- Vou considerar isso um sim. – Sangwoo sorriu: - O que queria falar comigo, daquela vez? – seu tom soou levemente malicioso.

O ômega desviou o olhar: -... Nada... – murmurou.

- Sei... – respondeu sorrindo o alpha.

Sangwoo se sentou melhor no sofá, estendendo a mão para Bum em seguida. Meio confuso, o moreno segurou a mão e foi calmamente puxado, ficando entre as pernas do namorado.

- Então você passou os cios com o meu cheiro... – disse o loiro, abraçando o ômega por trás.

-... – sem coragem de falar a resposta, o pequeno apenas concordou com a cabeça.

-... Acho que também devo ser honesto com você. – o alpha suspirou, encostando a cabeça na curva do pescoço do ômega: - Não querer filhos, não é minha única razão de não querer passar o cio com você.

Bum gelou.

“Como assim?” – pensou o moreno aflito, mas, os braços de Sangwoo o seguraram mais forte, mais carinhosamente, quase como se formassem um escudo ao redor dele. O vínculo do rapaz ficou vívido, transmitindo-o atenção, ternura, afeição... Preocupação.

- Calma. – sussurrou o loiro.

O ômega respirou fundo, se aconchegando mais naquele abraço. Concordou com a cabeça, enquanto o coração permanecia disparado.

Sangwoo não sabia como começar aquela conversa, mas, sentia que tinha de tê-la. Não era justo Bum passar um cio sozinho sem realmente entender suas razões. Na noite anterior vira uma insegurança no pequeno que nunca aparecera previamente. Não queria fazê-lo se sentir daquela maneira... Além disso, o garoto poderia ter desconversado ou mentido nessa última conversa. Já ouvira falar que esses itens, normalmente, eram um assunto muito delicado para os ômegas, e ele fora totalmente honesto.

“Apesar disso só ter me feito quere-lo mais...” – refletiu o loiro. Não conseguiria negar que foi um deleite a parte, para seu alpha interior, saber que era o objeto de desejo do pequeno durante todo aquele tempo.

Quando a avó do moreno iniciara aquela conversa sobre crush, admitia que só se aprofundou porque ficara com ciúmes. Contudo, o desenrolar fora extremamente agradável e a honestidade do pequeno surpreendente. Precisava ser verdadeiro também...

- Meu pai usou um treinamento, normalmente utilizado pela máfia, para que eu resistisse aos feromônios ômegas...

Bum refletiu por alguns instantes: - Você está falando... Daquele em que crianças são postas com ômegas em cio natural...? – o tom do moreno demonstrava seu choque.

- Sim. – respondeu o alpha sem pestanejar: - Meu pai contratava prostitutas ômegas... Sempre comprava o cio natural delas para que eu pudesse treinar...

- Isso foi cruel. – comentou Bum que já estudara sobre esse tipo de treinamento.

Alguns pedagogos afirmavam que não era um “treinamento” e sim um método de “tortura infantil e condicionamento”. Segurou mais firmemente a mão de Sangwoo... Não deveria ser fácil para o alpha lhe falar aquilo.

- Ele era um homem cruel. – disse calmamente o loiro: - A questão é, eu perdia totalmente o controle... Ao ponto de não ter consciência dos meus atos, foram anos de treinamento para chegar onde estou... Mas, você é diferente... – o tom do rapaz diminuiu, tornando-se um sussurro: - Não consigo me controlar com você. Tenho certeza que não controlarei ele.

- Ele? – perguntou muito confuso o ômega.

Sangwoo suspirou, sabia que soaria um tanto maluco, mas prosseguiu: - Meu instinto. Meu alpha interior.

Bum piscou algumas vezes, virando-se de frente para o loiro: - Mas ele é você.

- Eu sei disso. – respondeu o alpha desviando o olhar: - Mas não sinto dessa forma.

-... – o ômega ficou algum tempo em silêncio. Já lera algo sobre isso... Dissociação era comum em crianças que sofreram exatamente aquele tipo de tratamento. Contudo, o natural seria elas se aceitarem conforme cresciam...

“Ele disse que treinou... Se ele dissociou o instinto dele, dele próprio, explica o controle tão preciso na presença de ômegas no cio... Mas...”.

- Você disse que sou uma exceção? – o moreno estava um pouco confuso com essa informação.

- Sim... – suspirou o alpha, olhando para o moreno: - Você é minha única exceção. Na primeira vez... Quando te fiz perder o controle... Eu conseguia pensar, até certo limite... Mas, depois de um tempo, tudo o que eu queria era foder você.

Bum corou violentamente.

- Não conseguia pensar em mais nada. E aquele não foi seu cio natural. Sem contar... – Sangwoo voltou a desviar os olhos: - Que quando perco totalmente o controle, é como se minha mente ‘apagasse’. Não chegou nesse extremo quando te mordi, eu ainda estava lá, vendo o que acontecia, apesar de não conseguir evitar... Mas... Se for seu cio natural... Não garanto isso...

“Apagasse? Entendo... – pensou o moreno – A dissociação dele do instinto, acabou gerando a perda de memória como consequência. Assim ele poderia “esquecer” os episódios traumáticos... Pelo menos, isso é o mais provável. Ele está se protegendo... Entendo isso... Mas não sei como explicar...”.

- Você realmente acha que seu instinto alpha irá me machucar...? – o moreno tocou levemente o rosto do loiro, fazendo-o fitá-lo.

- Eu queria ter certeza que não. Mas, não sei. – seu tom era ferido e sincero: - Não queria machucar elas, e sempre as feri.

-... Isso... – o ômega respirou fundo: - Isso aconteceu porque você era muito jovem, seu instinto era imaturo, crianças alphas podem confundir os feromônios de um ômega no cio, pois não são sexualmente maduras. Elas acreditam se tratar de um agressor... Algumas fogem, enquanto outras lutam... O instinto reprodutor não está ativo... Forçá-lo é cruel.

- Na adolescência eu ainda as feria... – disse calmamente o alpha.

-... Você já estava condicionado a isso... – o pequeno suspirou: - Mas entendi. – ele deu um leve sorriso: - Obrigado por me contar. – entrelaçou os próprios dedos nos do alpha: - Não vou forçar você a passar o cio comigo, apesar de ter plena certeza de que não me machucaria.

O alpha riu: - Como pode ter tanta certeza?

- Porque é o seu instinto. É você. E você não me machucaria. – ele o fitou seriamente nos olhos: - Você só tem que se aceitar.

- Já disse que acho que vou te ferir... – retrucou o alpha.

- E eu já disse que tenho certeza que você ou seu instinto nunca me feririam. – o ômega não desviou nem por um instante os olhos.

O coração de Sangwoo acelerou. O olhar de Bum era extremamente intenso e confiante... Ele tinha plena certeza das palavras que dizia. O alpha queria conseguir confiar tanto em si.

“Ele confia mais em mim, do que eu mesmo...”.

Sangwoo ergueu a mão e passou-a delicadamente sobre o rosto do pequeno, que inclinou levemente a cabeça ao receber o carinho. Ao perceber o movimento repentino, o loiro ficou um pouco sem graça, desviando o olhar novamente.

Bum o fitou confuso, depois mirou os próprios pés, decidindo contar algo que sabia que o alpha já concluíra: - O terceiro circulo... Que não terminei de te contar, no domingo... – o pequeno mordeu o lábio inferior, nervosamente: - É feito com coisas suas... – murmurou.

Sangwoo voltou a observá-lo: - Ainda estou surpreso por você ter passado os cios pensando em mim. – ele deu um sorriso malicioso: - Desde quando?

-... Desde primeiro semestre. – Bum sentia seu rosto cada vez mais quente.

- Nossa...! – exclamou surpreso o alpha.

- Mas o ponto é... – ele voltou a mirar os olhos do loiro: - Está tudo bem eu ficar sozinho. Já passei por isso antes, não será um problema... Você não precisa se preocupar. Sem contar que só meu segundo dia é realmente ruim.

Sangwoo suspirou, tomando uma decisão. Não iria fugir completamente daquela situação, não passaria esse cio, mas...

- Já decidi que ficarei por perto. – disse seriamente o alpha: - Assim, sentirei parte dos feromônios, mas, não o suficiente para perder o controle... Com tempo e treino... – ele coçou o cabelo: - Talvez eu consiga.

- Você sabe que cios são basicamente para reprodução... Se nós não planejamos ter filhos, então, talvez seja melhor evitá-los. – murmurou baixo o ômega.

- Realmente não quero filhos. – o alpha passou a mão nos cabelos negros: - Acho que não seria bom pra qualquer criança... – o pequeno baixou ainda mais o olhar e o loiro sentiu uma pontada no peito: - Só que são apenas vinte por cento de chance. Não me importo de arriscar... – o moreno ergueu a mirada, fitando-o novamente.

- E se engravido?

- Há oitenta por cento de chance disso não acontecer... – desviou o loiro.

- E vinte de que possa acontecer... – insistiu o moreno.

- Você nunca quer passar o cio comigo, é isso? – perguntou abraçando mais forte o pequeno.

- Quero... Mas... – Bum sentiu Sangwoo começar a mover os dedos rapidamente por sua cintura provocando cócegas: - Para! – disse tentando se afastar.

- Não... Você vai ter que dizer “Sinto muito por não querer passar o cio com você...”. – falou seriamente o alpha.

- Eu não disse isso...! É você quem não quer...! – reclamou entre risos o ômega: - Quero passar o cio com você...! – protestou rindo o menor.

- Não, não, não... Você tem de dizer o que eu falei antes, ou não paro. – ameaçou o loiro, intensificando as cócegas enquanto o menor tentava desesperadamente fugir da situação.

- Para...! – implorava o pequeno gargalhando.

Em um movimento rápido, Sangwoo o virou de frente para si e parou as cócegas, ao mesmo tempo em que iniciava um beijo intenso e o prendia em seu colo, segurando-o com uma das mãos pela cintura, enquanto a outra deslizando pela nuca do ômega sentindo-o se arrepiar. Sem piedade, o alpha penetrou a língua, ouvindo o gemido baixo e sentindo o calor do suspiro quente que o pequeno soltou.

Bum explorava a textura da língua do alpha enquanto sentia o sabor daquele beijo roubado. Sua respiração descompassava ao mesmo tempo em que colocava os braços ao redor do pescoço de seu amado. Afastou-se sem ar.

Fitaram-se longamente.

- Tenho que controla-lo o tempo todo... – confessou o alpha.

O ômega piscou sem entender.

- Meu instinto grita que é apenas para eu te devorar todo, sem descanso. Esquecer de tudo e ficar apenas, o tempo todo, dentro de você.

Bum corou violentamente.

- Queria poder fazer isso... – sussurrou o loiro no ouvido do moreno: - Mas não dá. – ele apontou para o grande relógio da sala.

O ômega se surpreendeu com o horário: - Já...?

- Melhor sairmos. – o alpha sorriu: - Ou não conseguiremos almoçar antes de irmos para nossos compromissos à tarde.

Bum concordou sem vontade e saiu de cima de Sangwoo.

Almoçaram em um restaurante chinês próximo. A comida estava apimentada, para deleite de Sangwoo e enjoo de Bum – o pequeno detestava comida apimentada, o que, na concepção das pessoas que o conheciam, o tornava um “coreano estranho”.

Depois o alpha deixou Bum no serviço enquanto foi para o hospital.

Já no trabalho Bum leu uma mensagem de Myung-Hee em que ela dizia a nota – que fora razoável – e lhe lembrava de que no dia seguinte teriam a Prova de Togas. Às vezes o ômega esquecia de que iria se formar naquele ano...

“Não posso faltar amanhã...” – refletiu o moreno.

Sangwoo atendeu a tarde inteira. Não podia efetivamente receitar coisas, mas, podia diagnosticar e dar sugestões. E era particularmente, muito bom nisso. Apenas irritou-se com um dos médicos – que o tratava como empregado e não aluno. Detestava pessoas que quando possuíam algum tipo de poder, mesmo se mínimo, achavam que podiam abusar dele.

“É ridículo...” – refletia com suas anotações.

No fim do dia buscou Bum na creche.

Decidiram – para variar um pouco o fim da noite – assistirem juntos uma série da Netflix em que ambos estavam interessados. Se aconchegaram no sofá da sala e começaram uma minimaratona com pipoca.

~*~*~*~*~*~*~

Myung-Hee saiu do emprego apressada. Estava cansada e odiava clientes particularmente irritantes ou que não desviavam o olhar de seus peitos. No caso, aquele retardado que teve de atender a tarde inteira, supria ambas as características.

“Só quero chegar a casa e pular na cama...” – pensava a garota olhando as mensagens no celular.

Mozão <3

Você vai estar livre amanhã?

“Hmm... O que será?” – sorriu a garota, digitando rapidamente.

Amanhã tenho Prova de Togas de manhã, então, só estarei livre depois do serviço.

Como sempre...

Ela andava rapidamente quando sentiu alguém tocar seu ombro, virou-se.

- Sim? – perguntou confusa a baixinha.

- Ah! Olá... – uma senhora de feições cansadas a fitou: - Seu nome é Myung-Hee, não?

-... – um pouco confusa a garota concordou: - Sim... Por quê?

A senhora sorriu: - Meu nome é Yoon Jeong-Hui. Sou tia do Yoon Bum. Vocês são amigos, não?


Notas Finais


Um cap menor, contudo, necessário - do meu ponto de vista x.x'

Sim, um dia de atraso x.x', mas, tô na luta para a normalização <3

Já aviso aqui que mudei a data do extra, de quarta, para quinta <3


Quem quiser, pode participar do quiz ainda <3

Obrigada a todos que leram ^____^b


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