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História Destined (EM PAUSA) - Capítulo Quatro


Escrita por: poetyeeun

Notas do Autor


Hallo!
Peço perdão pela demora. Mas, cá está mais um capítulo da Destined.
Espero, de coração, que gostem. Boa leitura. MWAH!

● Capítulo sem revisão, perdoem-me se tiver erros.

Capítulo 5 - Capítulo Quatro


Fanfic / Fanfiction Destined (EM PAUSA) - Capítulo Quatro

[Receio]: sentimento de apreensão diante do que se julga perigoso; temor.

— Você vai acabar fazendo um buraco no piso, Ravenna. – sua voz ecoa, pegando-me de surpresa.

Olho para trás e vejo-o segurando algumas coisas em suas mãos.

Ele saiu por alguns minutos, subiu as escadas e dobrou alguns corredores. Eu não quis acompanhá-lo, e continuei insistindo em ligar para todos os que pudessem nos ajudar, mas ninguém recebeu as ligações e nem mesmo mandaram alguém para nos procurar.

— Trouxe comida. – ele diz tranquilo, dando a volta nos sofás e colocando sobre um deles salgadinhos, latas de refrigerantes, doces e outras coisas.

— Onde achou isso?

— Na máquina no corredor do almoxarifado. – ele diz e dá de ombros, sentando-se ao lado das guloseimas.

Eu não consigo compreender a sua serenidade em tal situação. Estamos presos, sem meios de nos comunicarmos com pessoas ou maneiras de retornarmos para casa antes do dia amanhecer. E ainda assim, ele não está tenso, nervoso ou bravo comigo.

Mas eu estou tensa, nervosa e, verdadeiramente, brava com ele.

— Como pode ficar calmo em uma situação como essa? – vocifero.

Ele me olha, erguendo as sobrancelhas.

— De que irá adiantar eu ficar soltando fogo pelas ventas? – ele diz enquanto abre um dos salgadinhos, ainda mantendo os olhos em mim. — Recomendo que você se acalme e espere amanhecer. Estamos presos aqui dentro, mas podemos ter uma noite tranquila.

Olho-o completamente incrédula.

Não havia maneiras de termos uma noite tranquila.

Eu não conseguiria ter, pois ele estava presente e meu corpo não correspondia bem a toda essa proximidade.

— Sente-se e coma. – Shawn replica. Olho-o de soslaio, mas não me atrevo a seguir suas palavras.

Eu estava faminta, não podia negar. Nos dias em que precisava vir até a empresa, passava todo o dia atarefada, revisando papéis, retornando ligações, lendo e redigindo contratos junto com advogados e muitas vezes não tenho tempo para almoçar ou encontrar-me com os colegas de trabalho. Quando preciso ir a faculdade, preciso me virar com um vidro de perfume, desodorante e uma blusa extra que sempre deixo em minha bolsa.

— Não, obrigada. – murmuro para Shawn que olha-me de forma avaliativa. — Depois eu irei comer. – corrijo-me.

Ele nada diz.

Olho ao redor da empresa e, pela primeira vez, percebo as mudanças feitas por minha mãe e suas amigas responsáveis por decorações de grandes ambientes. Havia quadros de artistas que eu não conhecia, mas sabia que deviam valer uma fortuna, também vasos de todos os tamanhos e cores, móveis lustrosos e modernos. As paredes eram em tom bege, contrastando com o ambiente voltado para o dourado. Em alguns cantos havia candelabros, cadeiras talhadas e outros objetos raros, um toque antigo em meio a tanta modernidade.

Meu pai nunca gostou do exagero, mas minha mãe sempre fora amante de tudo o que pudesse ser visto a metros de distância. Eles eram opostos e isso gerava brigas que, vez ou outra, acordavam-me durante a noite. Eventos eram dados frequentemente e eles não dispensavam o convite. Eu gostava de ver o meu pai se arrumar no espelho, sempre tendo problemas com suas gravatas, nunca sabendo qual escolher para combinar com seus ternos costurados perfeitamente para ele. Eu gostava de vê-lo com gravatas azuis, ajudava-o com o nó e colocava os fios de seu cabelo em ordem, admirando-o por ser bonito e o melhor pai do mundo. Minha mãe não gostava de me ver por perto quando estava se trocando e mesmo que tentasse ajudá-la a se decidir com o que vestir, ela sempre escolhia a roupa oposta a que eu escolhia. Mas, nunca deixava de estar bonita.

Quando eles saiam de casa, de mãos dadas e exalando seriedade, pensava que aquela noite poderia ser diferente das outras e eles não brigariam, novamente. Mas, quando retornavam, eu conseguia ouvir as palavras duras que direcionavam para o outro, batendo portas e reclamando sobre a maneira que se portaram em público. Eles não sabiam, mas eu ficava com medo. Ao fim de toda a discussão, meu pai abria, silenciosamente, a porta do meu quarto, curvava-se para frente e beijava o topo da minha cabeça, sussurrando baixinho que me amava. Eu não lhe respondia, pois não queria que ele soubesse que eu estava chorando ou que me sentia assustada por ouvi-lo gritar.

— Ravenna?

Meneio minha cabeça e olho para Shawn. Ele me olhava com certa preocupação.

— Sim?

— Você está bem?

— Estou. – limpo minha garganta. — Só estou pensando se alguém está atrás de nós.

— Devem estar. Eu disse a Chloe que chegaria tarde, pois tinha um jantar de negócios. – ele se explica, abrindo uma das latas de refrigerantes. — Seu namorado deve estar preocupado com você.

Franzo o cenho.

— Seth está em uma viagem fora da cidade. – desvio o meu olhar do seu, olhando para as guloseimas que estavam agitando o meu estômago.

A cabeça de Shawn tomba, levemente, para o seu ombro esquerdo, apoiando sobre o encosto do sofá.

— Vocês... Namoram há muito tempo?

— Faz algum tempo. – digo e estreito os olhos. — Por quê?

— Por nada. – ele responde, endireitando sua postura no sofá, pousando a lata de refrigerante na pequena mesa de centro em sua frente.

Mais nenhuma palavra é dita.

Estar próxima a Shawn não me permitia pensar com clareza.

O seu cheiro era algo bom, eu havia percebido isso desde a primeira vez que estivemos juntos. Seu sorriso era tão largo e, aparentemente, sincero que era uma tarefa difícil não desejar sorrir também. Seu rosto angelical me deixava um pouco desconfortável, pelo simples fato dele ter a postura de um homem e exalar tudo o que existe em um menino.

Pare de pensar essas coisas! Repreendo-me, mentalmente.

Dando-me por vencida, apanho um dos pacotes de salgadinho e devoro-o em poucos minutos. Shawn me estende uma das latas de refrigerante ao seu lado e eu abro-a, molhando minha garganta e tentando me livrar do nó apertado que pareceu se formar. O silêncio era algo que eu estava apreciando, mas ouvir o som da respiração do rapaz relaxado no outro sofá chamava minha atenção.

Após terminar de comer, ajeito-me na poltrona e relaxo meu corpo sobre ela, fechando meus olhos. O frescor do ar condicionado estava agradável, mas o ambiente já era frio e minhas vestimentas não eram confortáveis, tampouco propícias para uma noite embaixo do ar forte.

— Ei, você... – a voz de Shawn me faz abrir os olhos. — Sente-se aqui.

— Uh?

— Você está com frio e está desconfortável. Sente-se aqui, podemos trocar de lugar.

Engulo em seco e nego com a cabeça.

— Não acho que isso seja necessário, Shawn. Estou bem aqui.

— Claro que está. – ele resmunga.

— Estou bem, de verdade. Obrigada por sua gentileza.

Um breve silêncio volta a se instalar no grande hall da empresa.

 — Ravenna?

— O que? – meus olhos continuavam abertos, mas eu já não o olhava mais.

— Porque você foge de mim?

— Eu não fujo de você. – defendo-me.

— Você foge, sim. Basta eu me aproximar um passo, você recua dois.

Ele tinha razão.

— É apenas impressão sua, Shawn. – digo e olho para o teto, observando os detalhes, também em dourado, por toda a extensão que seguia. — Eu só quero evitar problemas.

— Que tipo de problemas você poderia causar?

O maior problema é sentir-me incomodada por vê-lo com a minha irmã.

— Eu não sei.

— Você não precisa, sabe... Ficar longe. – ele começa a dizer. — Quando nos conhecemos, nós falamos sobre muitas coisas, até mesmo de nossas manias. E eu sei que você não gosta de sentir frio, nem mesmo gosta de neve porque diz que a ponte de seu nariz fica vermelha e seu pai costumava apertá-la.

Um sorriso me escapa.

— Você se lembra disso...

— Como eu me esqueceria? – fecho meus olhos, com intuito de proteger-me de pensamentos que não poderiam se passar por minha cabeça. — Então, eu sei que você não está se sentindo bem ao estar embaixo do ar condicionado. Aceite minha oferta.

— Qual seria a sua oferta?

— Sente-se aqui, comigo.

— Por quê?

— Quero apenas que você descanse. – ele diz e meus olhos tornam a se abrir.

Ergo minha cabeça e olho-o. Ele está sentado, com as pernas e braços abertos, parecendo pouco confortável, mas, ao menos havia mais espaço no sofá que na poltrona que eu me sentei.

Eu não podia fazer isso.

Mas eu queria fazer isso.

Qual o problema comigo?

Levanto-me e ando até o sofá. Paro em frente ao mesmo, evito olhar para o rapaz que eu sabia estar logo ao lado, então, sento-me do lado contrário, mantendo-me o mais afastada possível.

Sem balbuciar nenhuma única palavra, Shawn arrasta-se sobre o sofá e para ao meu lado. Um de seus braços rodeiam meus ombros e o outro pousa em suas pernas. A respiração prende-se em meus pulmões e um nó apertado se forma em minha garganta.

Eu não conseguia respirar.

Meu coração batia tão forte, contra o meu peito.

— O que está fazendo? – pergunto em um sussurro quase doloroso.

Eu não olhei para o lado, mesmo desejando olhar para sua face e buscar encontrar vestígios ou respostas para explicar-me sua atitude; sua proximidade.

— Aquecendo você. – ele diz em mesmo tom. — Você não precisa ter medo de mim ou receio de estar ao meu lado, Ravenna.

Não era disso que eu tinha medo ou receio.

— Eu só... Você é o noivo da minha irmã. – como navalhas afiadas, as palavras me escaparam.

— Eu sei.

Meus lábios decolam-se, mas nenhuma palavra passa por eles.

Eu não sabia o que dizer.

Seu abraço acolhedor, era confortável. Seu corpo estava quente, e sua respiração também.

— Isso é errado. – sussurro, mais para mim do que para ele.

— Eu sei. – ele repete sua última fala. — Apenas durma. Pela manhã, tudo voltará ao normal.

Respiro fundo. Fecho meus olhos. Repouso minha cabeça sobre o seu ombro, seu cheiro embriaga-me, mas não me afasto.

Pela manhã, tudo voltará ao normal.

(...)

Aperto meus olhos ao sentir uma voz masculina chamando o meu nome.

— Senhorita Lerman? – abro meus olhos e encontro Charles, um dos seguranças da empresa.

— Charles? – pisco três vezes e olho ao redor. Tudo ainda estava como antes. Shawn tinha sua cabeça encostada no sofá, virada para o lado oposto ao que eu estava, mas seu braço ainda contornava meus ombros.

— O que aconteceu? – o homem pergunta, sentindo-se confuso.

— Ficamos presos aqui, por toda a noite. – respondo-lhe e seus olhos azulados se arregalam.

— Como? Porque a senhorita não ligou para que um dos guardas noturnos entrassem e os tirassem daqui?

— Eu não tinha o número de ninguém. – explico ao homem atordoado. — Não tínhamos o que fazer.

— Eu sinto muito, senhorita. Se soubesse que ainda havia alguém na empresa, teria esperado antes de fechar tudo. – ele diz depressa.

— A culpa não foi sua, Charles. – olho para Shawn. — Agora podemos ir para casa.

— Irei pedi para que alguém a leve para casa.

— Não precisa. Estou em meu carro. – desencosto-me do corpo de Shawn, sentindo um estranho vazio em meu peito.

Não sei como consegui dormir durante a noite, mas não me lembro de ter acordado e nem mesmo quando consegui dormir. Mas, sinto-me leve e, realmente, aquecida.

— Shawn! – chamo-o e ele resmunga algo que não compreendo. — Podemos ir embora. Já amanheceu.

Ele espreguiça e abre seus olhos, vagarosamente.

— Mas o que...

— Charles chegou cedo. Podemos ir agora. – digo já me colocando de pé.

Shawn faz um mesmo, ainda sonolento. Seu rosto está vermelho e com marcas, assim como sua camisa amassada. Ele esfrega seus olhos com seus dedos, como se seu ato fosse disfarçar sua expressão cansada.

— Mais uma vez, quero me desculpar, senhorita. – Charles diz e sorri, envergonhado.

— Está tudo bem. Não precisa se preocupar, falo sério, Charles. – digo e mostro-lhe um sorriso preguiçoso.

Despeço-me dele, apanho minha bolsa que deixei de qualquer jeito e espero-o abrir, completamente, as portas da empresa. Estreito meus olhos ao sentir a claridade da manhã iluminada pelo sol. As ruas já estavam movimentadas, mesmo não sendo mais que sete da manhã, eu deduzo.

— Quer uma carona? – Shawn pergunta, andando já ao meu lado.

Cesso meus passos e olho para os lados.

— Não. Estou com o meu carro.

— Nos vemos em sua casa então? – ele pergunta.

Eu não me sentia encorajada para olhá-lo.

— Claro. – digo e marcho em passos apressados até o estacionamento.

Tudo estava vazio, tinha apenas o meu carro estacionado, no mesmo lugar em que o deixei. Destravo o alarme e entro, jogando minha bolsa no banco ao lado. Encosto-me contra o banco e solto o meu corpo, com todo o peso que parecia estar sobre meus ombros.

Seguro o volante, com ambas as mãos, apertando o couro contra meus dedos.

Giro a chave na ignição e deixo para trás o estacionamento. Faço o meu trajeto diário, calmamente, respeitando todas as regras de trânsito e ouvindo uma música qualquer na estação de rádio que já estava ligada. Ao chegar em casa, passo pelo portão e aceno aos seguranças. Deixo meu carro na porta da garagem, suspirando ao ver um carro escuro já estacionado ao lado.

Shawn já havia chegado.

Desligo o carro, pego minha bolsa sobre o banco e abro a porta. Saindo do carro, sinto o frescor do dia. Fios do meu cabelo esvoaça em meu rosto, afasto-os com os dedos e ando até a entrada de casa. Empurro a porta e não tenho tempo de respirar, pois minha mãe anda apressada em minha direção, sendo acompanhada por Luce.

— Onde esteve, Ravenna? Sabe que ficamos a noite inteira procurando por você?

Eu estava assustada e surpresa por sua abordagem. Sua expressão estava abatida, era perceptível, apenas se olhasse bem, pois havia maquiagem em seu rosto.

Olho para o lado esquerdo da sala e encontro Chloe abraçada com Shawn. Ele parecia lhe falar algo. Seus olhos encontram os meus, ele continua falando com ela, mas sua atenção estava em mim.

— Responda-me! – minha mãe altera dois oitavos de sua voz. — Porque não atendeu o seu telefone? Seth está louco atrás de você, ele disse que volta essa tarde.

Praguejo-me, mentalmente.

— Eu... – olho para Shawn, ponderando o que eu poderia responder.

— Shawn esteve fora também, mas dormiu na casa de um amigo. Mas você, filha, porque continua com essa mania de desaparecer assim? – olho confusa para minha mãe. — Onde passou a noite?

— Você é tão irresponsável, Ravenna. Nós ficamos preocupados com você. – é a vez de Chloe se pronunciar, enquanto se afasta de seu noivo. Ela coloca as mãos na cintura e funga, baixinho. — Meu pai foi até a policia registrar seu desaparecimento. Não sei porque ele ainda insiste em seu preocupar, você sempre faz coisas assim.

Ergo a minha cabeça, olhando-a enraivecida.

— Eu estou bem. Quando eu não retornar para casa, não precisam se preocupar comigo. – olho para a minha mãe. — Se Seth vier, diga que não quero vê-lo.

— Ravenna... – meneio minha cabeça e passo por minha mãe e Luce que me olhava com tristeza.

Em passos rápidos, alcanço os degraus da escada. Subo de dois em dois.

Só consigo respirar como um ser humano deve, quando chego ao andar de cima. Empurro a porta do meu quarto e sinto as lágrimas picarem meus olhos.

Encosto-me contra porta e permito que meu corpo escorregue pela madeira fria. Sento-me no chão, abraço meus joelhos e fecho meus olhos.

Alguns minutos se passam, eu sei. Mas não consigo chorar. Eu não queria chorar.

Ouço duas batidas leves na porta.

Não respondo.

Uma respiração pesada alcança meus ouvidos.

— Ravenna, você está bem?

Era Shawn.

Não lhe respondo.

Mais uma vez, ouço sua respiração pesada, e um suspiro.

— Eu quero me desculpar. Não sabia o que dizer quando me perguntaram onde estivemos e imaginei que não quisesse que soubessem sobre nós... – ele pigarreia. — Sobre termos passado a noite na empresa.

Aperto meus olhos, com muita força.

— Só... Desculpa-me.

Ele não tinha que se desculpar.

Eu era a única que devia me desculpar por não ser forte o bastante para lidar com tudo.

Talvez eu devesse morar com Seth.

Eu não posso continuar vivendo embaixo do mesmo teto que ele


Notas Finais




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