História Destino... - Uma pedra...

Fiquei cega por alguns momentos. A intensidade da luz parecia aumentar à medida que meu desespero crescia. Senti meu corpo ficar fraco e pendi para a inconsciência...

Acordei...

     Eu não sabia o que tinha acontecido. Minha cabeça doía fortemente e eu não conseguia enxergar nada, era como se estivesse em um estado de semiconsciência. Ouvi o que pareciam ser pássaros e vozes, eu não entendi muito do que falavam.

--...portal... – dizia a primeira voz.

--Não, ele estava selado – dizia a segunda.

--Calados! – gritou alguém que acabara de chegar.

--Miiko! Desculpe-nos...

     As vozes foram sumindo e eu abri os olhos. Folhas. Uma espessa camada de cobertura vegetal me escondia do ambiente. Cuidadosamente, tentei me sentar e quase desmaiei. Uma dor bastante aguda me atingiu a nuca e desceu até meu ombro esquerdo. Respirei fundo tentado me livrar da sensação de náusea. Lentamente, coloquei a mão sobre a área afetada, meus músculos se retraíram e mais um espasmo de dor percorreu meu corpo.

     Consegui me levantar. Mordi os lábios fortemente tentando reprimir a dor que sentia a cada passo que eu dava. Fui vagarosamente caminhando por entre as árvores incomuns. Eu vi muitas flores, ou pelo menos era o que me pareciam ser, tinham uma alta variedade de cores, vermelhas, amarelas, roxas, azuis... várias, até cores que eu nunca tinha visto antes. A grama crescia verde e macia sob meus pés.

     Olhei para o céu. Vi que estava claro, estimei ter mais duas ou três horas de luz e decidi encontrar um abrigo. Continuei andando até tropeçar nas raízes de uma planta estranha que cintilavam. Curiosa, abaixei-me cuidadosamente e toquei meu indicador na ponta das folhas, tinham uma textura estranha. Rapidamente minha vista foi atraída por alguma coisa que brilhava intensamente no meio da planta. Era uma espécie de pedra azul. Estendi a mão para pegá-la, no instante em que a toquei...

     Eu não me encontrava mais lá. A densa floresta parecia escurecer ainda mais, a lua se estreitou em um fio de prata e o vento soprava forte.

     Eu tinha a sensação de não me mover pelo meu corpo. Sentia-me mais pesada. Meu campo de visão se limitava ao que estava em minha frente. Tentei andar, porém não consegui. Olhos. Eram tudo o que eu tinha naquele momento.

     De repente, vozes vindas de longe se aproximavam. Eram as pessoas vestidas de maneira estranha que passaram e não notaram minha presença. Grata, soltei um suspiro de alívio ao perceber que estava prendendo a respiração.

     A imagem mudou. Sombras tomavam formas que eu não conseguia distinguir. Ruídos perturbadores tomavam encorajamento para se tornar mais alto e ensurdecedores.

     Parecia um ritual. As sombras começaram a se agitar e de certa forma a quilo me incomodou. Uma delas, a maior de todas, virou na minha direção e eu vi o corpo de uma criatura deformada. Ela se aproximou de mim.

     Senti medo. Os ruídos que ela emitia pareciam revelar a dor e o sofrimento de anos. Eu queria desesperadamente sair dali. A criatura saltou sobre mim e a escuridão tomou posse do meu corpo.

     Eu e as sombras erámos uma só coisa. Estávamos sobrevoando uma planície, próxima ao mar. Alguém gritou. O som era terrível, estridente, muito agudo. Senti dor. Comecei a cair e apaguei.