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História Destino... - Um lugar...


Escrita por: LillieMoon

Notas do Autor


Oi, gente! Desculpem-me novamente, passei muito tempo sem escrever, então resolvi fazer um capítulo maior pra vcs! :3

Capítulo 3 - Um lugar...


     Eu e as sombras erámos uma só coisa. Estávamos sobrevoando uma planície, próxima ao mar. Alguém gritou. O som era terrível, estridente, muito agudo. Senti dor. Comecei a cair e apaguei.

 

Abri os olhos assustada.

     Minha respiração ofegava e meu coração batia freneticamente. Tateei meu corpo, eu era... bem, ainda era “eu”. A sensação de náusea voltou quando lembrei das sombras. Toquei minha nuca e meu ferimento não doía, na verdade havia sumido.

     Senti fome. Procurei nos bolsos do casaco algo que pudesse comer. Meu corpo enrijeceu quando achei algo sólido e pontiagudo... a pedra. Olhei-a de relance e a cobri. Senti algo estranho quando a toquei pela primeira vez e o sentimento crescente e alarmante de perigo soava cada vez mais claro. Eu não podia me desfazer dela, não podia confiar em ninguém.

     Um farfalhar. Foi o suficiente para me fazer saltar de medo. O que saiu de trás do arbusto quase me fez ter uma crise de risos. Meu “monstro” era na verdade uma espécie de lebre com chifres. Tentei me aproximar e ela logo fugiu.

     Estava ficando mais escuro à medida que eu andava e a temperatura começou a cair. Me encolhi em meu casaco. De súbito, mais um ruído, subi numa árvore. O que vi foi um graveto atingir as raízes da planta e cair nas folhas que cobriam o chão. Algo me chamou a atenção, tinha um pedaço de papel preso a ele. Desci devagar e cuidadosamente peguei o papel. Puxei-o do galho e o abri. Não tinha nada escrito em um idioma que eu conseguisse reconhecer, exceto talvez, pelo signo que marcava a ponta do papel... mas onde eu o tinha visto...?

 

--Não deveria ler isso, sabia?

 

     Paralisada, fiquei onde estava. Virei a cabeça para trás para observar quem falava.

 

--Você, quem é? – Continuou ríspido.

--Eu...

 

     As palavras morreram na minha boca quando o vi. Era de uma beleza sobrenatural. Ele tinha longos cabelos azuis e olhos claros, uma mescla de verde ou azul...? Talvez os dois ou turquesa, seus olhos mudavam de cor com a luz, mas estavam determinados a cumprir o que quer que fosse. Impaciência se estampava em seu rosto e sua boca se curvou em um grande sorriso.

 

--Talvez você... prefira ser torturada até falar? – perguntou ele.

--E-Eu não...

--Você não o quê? – seu rosto tornou a ficar sério.

 

     Mordi meus lábios, nervosismo com certeza se mostrava em meu rosto e ele parecia não se importar com isso. Senti medo. Desabei sobre minhas pernas. Fraca. Era como eu me sentia naquele momento. Ele chegou mais perto e o desprezo que direcionava a mim era claro.

 

--Levante-se – falou autoritário.

 

     Continuei parada.

 

--Prefere passar a noite aqui fora? – perguntou sorrindo de modo maquiavélico – Talvez sirva de alimento para alguma criatura ou...

--Por favor... – falei com a voz fragilizada – pare.

 

     Levei minhas mãos ao rosto e senti lágrimas descendo. Minha frustração foi total. Eu estava perdida em lugar que nunca vi na vida, com certeza não era perto de casa e para piorar tinha um elfo sádico me amedrontando. Ri de escárnio por dentro. “Que sorte! Encontrei uma versão mais cruel do deus Loki! ” Pensei. Só então percebi que o lugar parecia ter saído de dentro de um livro...

 

--Desculpe-me interromper, Ezarel, mas não posso permitir que a trate assim.

 

     A voz que ouvi pertencia a um homem de cabelos negros e pele extremamente clara. O contraste era perfeito. Parecia uma mistura das personificações masculinas das deusas da discórdia e da beleza, porém mais jovem e infinitas vezes mais belo do que poderia se imaginar em ilustrações de estórias.

 

--Interromper? – o elfo a quem o homem chamara de Ezarel pareceu confuso por um instante – Não me faça rir, Nevra.

--Não? Oras... pensei que a estivesse incomodando.

--Talvez... – disse o tal Ezarel revirando os olhos.

--Que cruel, elfo!

--Seu... espere... Nevra, você estava à espreita esse tempo todo?

--Talvez... – respondeu Nevra dando de ombros.

--Oras seu...!

--Você está bem, senhorita? – perguntou-me cortando qualquer interação com o elfo.

 

     Não o respondi com palavras. Apenas me encolhi e balancei a cabeça. Ele se ajoelhou perante mim e tomou uma de minhas mãos nas suas.

 

--Desculpe a indelicadeza dele – continuou falando.

--Indelicadeza? – falou o elfo a me fuzilar com os olhos.

--Chamo-me Nevra e ele é Ezarel, também conhecido como: “Ranzinza”.

--Deveria lhe informar que ele acabou de inventar isso e que ele é um verdadeiro...

--Pode nos acompanhar? – perguntou Nevra interrompendo-o.

--Não – respondi.

--Por que não, senhorita? – continuou falando de maneira persuasiva – Há criaturas muito perigosas por aqui, não? – disse virando-se para Ezarel.

--Por favor, deixe-me – pedi sem forças.

--Pois bem, desculpe-me a indelicadeza, mas...

 

     No instante seguinte eu estava em seus braços sendo carregada.

 

--...não podemos deixá-la aqui, não é? – e sorriu para mim.

--Nevra, a Miiko vai reclamar – disse Ezarel com frieza.

--Não vai, você sabe que esse é o procedimento padrão.

--Não questiono sua obediência, apenas seus métodos.

 

     Eles começaram a discutir seriamente sobre protocolos de segurança, quebra de conduta e outras coisas enquanto passávamos por uma clareira.

     Aproximamo-nos de um muro. Por fim, quando pensei em perguntar algo para eles, um rapaz veio ao nosso encontro no grande portão que guardava a entrada para algum lugar.

     Tinha a pele bronzeada e cabelos brancos. Seu físico era bem desenvolvido e carregava consigo uma arma. Uma espada enorme de lâmina grande e pesada. Provavelmente eu nem conseguiria arrastá-la.

 

--Valkyon.

--Ezarel.

--Por favor, avise-me quando encontrar alguma Rocha de Vulcão Gelado.

--Achamos uma hoje à tarde, enquanto você foi procurar as instruções.

--Obrigado – disse Ezarel.

 

     Os dois se cumprimentaram de maneira breve e a curiosa expressão de Valkyon voltou-se para mim.

 

--Nevra, quem é ela? – perguntou.

--Boa pergunta, ainda não sabemos seu nome – disse ele para mim.

--Nem precisa. Como posso ir embora?

--Você ainda tem que ver a Miiko – falou o elfo um tanto aborrecido.

--Depois poderei ir, certo? – perguntei hesitante.

--Claro – sorriu a personificação de Loki ao me responder.

--Quando poderei vê-la?

--Em algumas horas – respondeu Valkyon.

--Obrigada – respondi sorrindo.

 

     Olhei para o grupo e achei engraçado a peculiaridade deles. Com certeza eram três grandes personalidades. Apesar de diferentes pareciam se dar bem. Valkyon logo se retirou e então percebi...

 

--N-Nevra, não? – perguntei envergonhada.

--Sim – sorriu e aproximou seu rosto.

--Poderia...

--Poderia...? – seu sorriso cresceu.

--Me colocar no chão, por favor?

--Incrível! – o elfo começou a rir – Acho que você não é tão tola.

--Desculpe-me – falou ele frustrado quando me pôs no chão.

--Acho que sua “donzela” acabou de te descartar – disse Ezarel.

--N-Não foi isso que eu quis dizer! – tentei corrigir.

--Não? – olhou para mim esperançoso.

--Não – disse eu.

--Então...

--Por favor – pedi – é constrangedor, apenas isso.

--Ela realmente não gosta de você, Nevra – falou “Loki”.

--Encurte sua língua, Ezarel – disse ele ríspido.

--Eu só queria descer, desculpe-me – falei abaixando a cabeça.

--Tímida? Interessante – voltou a sorrir Nevra.

 

     Corei. Minhas bochechas, senti-as queimar como nunca antes e meu coração acelerou. Ele passou a me olhar de maneira mais intensa e aproximou o rosto. Com uma das mãos afastou alguns fios de cabelo que estavam na minha cara e logo repousou a mão sobre minha bochecha. Seus dedos a acariciar-me a face e eu sem conseguir esboçar nenhuma reação. Ele sorriu.

 

--Eu ainda estou aqui! – anunciou Ezarel.

 

     Nevra olhou para ele irritado. Aproveitei a chance para poder me afastar. Foi o que fiz, dei dois passos para trás de modo rápido e bati minhas costas...

 

--Desculpe-me! – falei.

--Não tem problemas! – sorriu o rapaz que saiu de trás de mim – Recuperaram as instruções?

--Sim, Kero e como pode ver... não só isso – falou o elfo.

 

     O assunto em questão era algo fora de meu conhecimento, eles começaram a falar em um idioma que não me era comum e nem conhecido, pelo menos não o tinha visto em nenhuma das minhas aulas de línguas ou nas de história.

     O garoto que chegara depois era aparentemente calmo. Tinha cabelos escuros e parecia ser descendente de unicórnios. Seu chifre localizava-se no meio da testa e seus olhos eram gentis. Ele com certeza tinha o perfil de estudioso e seus óculos me atiçavam a curiosidade e minhas suspeitas. Carregava consigo uma pequena pilha de livros sob o braço e um pedaço de papel que se assemelhava a uma lista. Acordei do meu devaneio quando ele voltou a falar comigo.

 

--Então você não é daqui?

--Não – respondi depois de assimilar o que acontecia.

--Mas isso já não lhe era óbvio, Kero? – falou “Loki”.

--Apenas quis ter certeza, a propósito, bem vinda à Eldarya! – respondeu.

--Obrigada – falei imaginando que aquele seria o nome do local.

--A Miiko já retornou? – perguntou Nevra um tanto impaciente.

--Ainda não.

--Avise-nos – disse ele.

--Nevra, ela lhe designou uma tarefa para quando retornassem.

--Que seria?

--Aqui está a sua lista de deveres ainda inacabados – disse Kero lhe entregando o papel.

--Que pena, senhorita! – disse Nevra para mim – Terei de resolver isso primeiro. Voltaremos a nos ver em breve – e beijou-me a bochecha antes de sair.

 

     Ezarel pareceu um pouco mais aliviado e Kero um tanto surpreso.

 

--Ezarel, desculpe mas preciso analisar os estoques e verificar os itens que estão no relatório de suprimentos.

--Tudo bem – falou ele.

--Poderia se encarregar dela?

--E eu tenho escolha!?!? – Perguntou em tom irritadiço.

--N-Não! Desculpe-me! – falou Kero antes de sair.

 

     O elfo estava claramente aborrecido pela minha presença.

 

--Siga-me.

 

     Em silêncio, caminhei atrás dele. Ao longo do percurso fui observando o local. Passamos por um caminho com arcos e ele parou numa parte central que lembrava um coreto. O céu agora atingia uma coloração púrpura e as nuvens rosas e amarelas espalhadas no ar pareciam compor a tela de uma obra abstrata. Observei aquilo por um bom tempo. Olhei para Ezarel, que parecia perdido em pensamentos.

 

--Como você veio parar aqui? -  perguntou ele de costas para mim.

--E-Eu não sei! – respondi.

--Não minta... – seu tom parecia cansado e um tanto melancólico.

--E-Eu não me recordo muito, desculpe-me – disse eu.

--Terei que forçar você? – falou voltando-se para me encarar.

 

     Não tive coragem de falar com ele. Seu tom era agressivo. Ezarel me encarou com olhos cortantes. Aqueles olhos me deixavam aflita e me distanciei dele.

 

--O que está fazendo?

--Nada – respondi.

 

     Ele encurtou a distância e agarrou-me pelo pulso.

 

--Não tente fugir! – gritou.

--Mas eu não estava...

 

     Tropecei nos meus pés  por culpa dele e caí. Rasguei o decote do meu vestido em um arbusto, rapidamente puxei o vestido para cima e fechei o casaco sobre minha pele. Percebi uma fina linha de sangue se formar na mão que absorveu o impacto da queda. Ele havia largado meu pulso e me olhou confuso, um tanto espantado também.

 

--O que está olhando? – perguntei com raiva.

--Nada. – disse quando desviou a vista e cobriu a boca.

 

     Ele ficou parado naquela posição por alguns minutos.

 

-- Responda-me: como chegou aqui?

--Sinceramente não me recordo muito. Tentei ajudar uma pessoa.

--Uma pessoa? Quem?

--Eu não a conhecia, ela era como uma fada quando a vi de perto e...

--Uma fada? – disse ele – Não me faça rir...

--Então o que era? Ela tinha asas e estava sendo perseguida por três criaturas negras que pareciam lobos e tinham...

--Você está falando de cães?

--Não sei, eram três coisas grandes e pretas que emanavam sombra e...

--Três!?!? Você sabe do que está falando? – disse ele em tom de preocupação.

--É algo ruim? – perguntei sem saber.

--Significa que você realmente não sabe como veio parar aqui!?!? – perguntou incrédulo.

--Eu lembro que uma luz forte vinda de um círculo me envolveu e eu acordei aqui.

 

 

     Ele agora andava de um lado ao outro e balbuciava palavras. Cogitei perguntar o que significava tudo aquilo e logo mudei de ideia. Sua expressão era intrigante. Ele estava...

 

--Ezarel... – sussurrei e imediatamente cobri a boca.

--Você.

 

     Ele apontou para mim e seu rosto mais uma vez mostrava raiva. Ele veio na minha direção e me estendeu a mão, agarrei-a com a mão boa e ele com um movimento rápido me pôs de pé.

 

--Venha – disse ele sem largar minha mão, dessa vez, porém, parecia um pouco mais gentil.

--Por favor – pedi – ande mais devagar eu não...

--Talvez devesse considerar que é melhor ME ACOMPANHAR DO QUE RECLAMAR!

--Por favor... – pedi mais uma vez.

--O quão fraca você é? Vamos.

 

     Ele saiu me arrastando pela mão. Passamos por um “centro comercial”? Eu não sabia ao certo, era como uma cidade dentro das fronteiras delimitadas pelo muro. Coisas esquisitas estavam sendo vendidas e várias pessoas com trajes estranhos que transitavam o local olhavam em minha direção com curiosidade.

     Seguimos em frente e entramos em uma grande construção central de cor branca. Dentro era um enorme salão que conectava várias portas em distintos andares. Era bastante espaçoso e iluminado, as paredes eram decoradas com símbolos, assim como o piso que era bastante colorido. Havia ainda algumas plantas distribuídas pelo lugar de modo a formar um círculo perfeito. Distraída, não percebi quando...

 

--Ezarel, o que faz aqui com ela? – perguntou Nevra.

--Vim trazê-la para dar um depoimento – respondeu ele.

--Depoimento sobre...?

--Como ela veio parar aqui.

--Interessante e por que estão de mãos dadas?

--Por nada – falou o elfo que logo me soltou a mão.

--Sangue, como se feriu?

 

     Nevra direcionou a última pergunta a mim, seus olhos eram frios, mordi o lábio e abri a boca para responder, mas fui impedida por Ezarel que continuou a falar ignorando a interrupção das últimas perguntas.

 

--Ela provavelmente veio para cá por meio de um círculo de bruxa e “enfrentou” três Black dogs antes de atravessar.

--Ela o quê!?!? -  dessa vez a voz me era desconhecida e veio de cima das escadarias do salão em que estávamos.

 

     Todos se viraram para encarar a mulher raposa que ali se encontrava.

 

--Miiko.


Notas Finais


Obrigada por me acompanharem! Eu demorei muito pra postar o terceiro capítulo e peço que me desculpem! Demorei mais pq realmente queria mudar um pouco o meu estilo de abordagem e escrita. Fiz uma análise e achei o conteúdo dos outros capítulos um tanto "curtos e frios" nas descrições e principalmente na exposição das emoções das personagens. A partir de agora prometo postar capítulos maiores! Obrigada de verdade e por favor se quiserem sugerir qualquer coisa, sintam-se livres para isso, adoro analisar diferentes pontos de vista :3 Desculpem se essa nota ficou absurdamente longa, mas eu precisava dar satisfações a vocês! :3 beijos, nos vemos no próximo capítulo com talvez (e realmente SÓ talvez) algumas cenas provocantes... kkkkkkk byee!


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