História Destino - O início

- Então, o que você está fazendo aqui?
  Fala a garota que até 20 minutos atrás eu não sabia seu nome e nem tinha visto na vida. Uma amizade feita de uma "quase" tragédia, por pouco uma de nós não sobrevive para contar a história. 
- Você me contou toda a sua história, agora eu vou contar a minha. É tanta coisa que aconteceu nesses últimos meses, minha vida é praticamente uma fanfic.

CAPÍTULO UM - O início.

 Estou correndo, não sei exatamente do que. Só estou correndo. Rápido, como se fosse algo assustados. Não tenho coragem de olhar para trás. Até que chego no fim, uma parede enorme em minha frente. Tento escalar, mas quando eu olho, a parede continua, parece nunca acabar. Me meto a olhar para trás. Palhaços. Muitos deles. Me fitando com aquela cara de "eu vou te matar". Grito, até sentir minha garganta reclamar, mas não paro. Me encosto na parede e começo a chorar. Não posso fazer nada, vou provavelmente ser devorada viva por palhaços. Eles se aproximam, fecho os olhos para não ver. Quando abro, estou em um lugar diferente. Suspiro aliviada por não ter nenhum palhaço presente.

É um quarto, vazio. Caminho em direção a porta, que cada vez mais, parece mais distante. Caminho, corro, mas não chego na porta. O quarto começa a ficar pequeno. Consequentemente começo a ficar sem ar. Entendo tudo, são as minhas fobias. Entro em desespero pela segunda vez. Estou sem ar, desesperada e chorando. Até que escuto uma música, bem baixinha. Essa música está cada vez mais alta, me deixando com dor de cabeça. Não é uma música legal, é um barulho irritante e conhecido.

Acordo com o rosto inchado de choro e ofegante. Identifico a música como o som de meu despertador. Ver divergente antes de dormir não foi uma boa ideia. Sinto uma sensação péssima. O sonho era tão real que eu pude sentir de perto o medo que é. Realmente, alguns sonhos podem ser mais reais do que a própria vida real. 

Desligo o despertador com raiva da existência do mesmo. São 10:30, a melhor coisa das férias; acordar tarde. Me levanto indo em direção ao banheiro. Planejo me arrumar, comer alguma fruta e esperar até o horário que eu marquei com a Luiza. Vamos almoçar no nosso restaurante favorito. Botar os babados em dia, ela saiu bastante na viagem que fez, muitas coisas novas para me contar. A gente se falava por mensagem, mas não é a mesma coisa do que ficar cara a cara. Acabo tentando lembrar se tenho algo de bom para contar, bem, não diz nada as férias inteiras mesmo. As séries me consumiram, aposto que ela não vai querer saber sobre The Walking Dead, Chicago Fire, e algumas outras. Única coisa que eu fazia era sair pro clube, tá aí uma coisa que eu posso falar pra Luiza.

Saio de casa ouvindo Little Things, da One Direction. Adoro músicas que não são atuais. Repletas de histórias do passado, boas lembranças que dão aquela sensação nostálgica boa. Principalmente uma música da banda que eu já fui apaixonada. Ainda fico triste em saber que cada integrante seguiu seu próprio caminho, mas hoje em dia acompanho e admiro o trabalho de todos. Seleciono a playlist onde estão os 5 álbuns que eu mais gosto da banda. E cada música ali, é um sentimento, uma lembrança ou talvez mais de uma. Cada uma delas representa algo que eu senti. Isso me anima, chego ao restaurante feliz, pronta para passar toda a minha energia positiva. Luiza está me esperando, sua expressão é calma, costuma ser sempre assim. Não e a toa que ela parece uma mãe, sempre cuidando das amigas, sempre aconselhando, nunca vi sendo grossa com ninguém (só com quem realmente merece). Se levanta da mesa para me abraçar, sempre fomos assim, calorosas uma com a outra, nunca me importamos sobre o que os outros pensam,
provavelmente já acharam que éramos um casal. A saudades era grande.

 Ela começa a me falar, pode demorar um pouco para terminar. Peço uma água e me preparo psicologicamente para ouvir todas as histórias. Muitos momentos incríveis que ela deve ter passado, incríveis pode ser exagero, mas extremamente engraçado. Como eu imaginei, ela tinha muita coisa pra falar. Depois de um tempo que lembrou de mim (e que eu tinha uma vida também). Eu também imaginava que ela iria querer saber do garoto do clube. Aquele garoto. O garoto que me fez passar vergonha, ele que me fez parar de frequentar a piscina do clube.
Viver em um apartamento sem piscina é horrível. Eu dei a sorte de morar em um, só aumentava o nível da sorte quando o calor é enorme (como aconteceu no início das férias). Minha solução foi de começar a frequentar o clube perto da minha casa, lá tem uma piscina que sócios podem ir. Eu ia todos os dias de manhã, minha família as vezes me acompanhava. O problema começou quando eu comecei a encontrar um garoto, de vez em quando assim. O problema é que nem tudo que parece é, o tal garoto, parecia uma coisa, mas era completamente diferente.

Engraçado como na adolescência temos que passar por algum tipo de ilusão. Não consigo dizer muito bem se isso muda no decorrer da vida, mas de uma coisa eu sei, a primeira ilusão a gente nunca esquece. A mais famosa é você gostar de uma pessoa e ela não gostar de você, só do fato de você querer algo que não pode ter é extremamente sufocante. Bem, eu não sei se muda no decorrer da vida, o que muda é o nosso jeito de lidar. Isso é muito bom, acaba sendo mais leve, e nem ligamos mais. Faz sentido, eu diria.

Cada vez mais que lidamos com alguma decepção do tipo, aprendemos a resolver e a crescer. Se algum garoto te iludiu ou simplesmente foi um babaca, você pode agradecer a ele por te fazer crescer, pensar no lado bom sempre é melhor.