História Destino incerto - Amigos

O domingo passou e eu fiquei atirada no sofá comendo sorvete e assistindo American Horror Story. Robin me avisou que Batman tinha voltado, avisei que iria até a Batcaverna a noite, eu precisava me focar em encontrar minha mãe e impedir a profecia, se eu conseguisse isso talvez eu pudesse ficar com o Garfield no final, isso se ele não me odiasse. Quando olhei para o relógio já era 10 da noite, tinha assistido toda a primeira temporada e mais metade da segunda, eu estava com dor de cabeça e enjoada de tanto sorvete que tinha comido. Tomei um banho vesti meu uniforme de Ravena e abri um portal para a Batcaverna.

- Boa noite Ravena. – eu ouvi Batman dizer quando coloquei os pés na caverna ampla. – Não sei se gosto da maneira como passa pelo meu sistema de segurança.

- Olá morcego. – respondi indiferente. – Você vai precisar de um sistema de segurança mágico se quiser me impedir de entrar.

- Eu sei, estou providenciando. – ele respondeu com um sorriso convencido.

- Então não vai precisar se preocupar com isso em breve. – falei. – Mas acho que não foi para ter essa conversa que eu me desloquei até aqui.

- Não. Eu encontrei algumas coisas sobre o culto que pode estar por trás do desaparecimento da sua mãe, Rachel.

Por um momento eu pensei que não tinha ouvido direito, meu coração parou e eu arregalei meus olhos.

- O que você disse? – perguntei tentando parecer indiferente.

- Eu sem quem você é Ravena, você não achou que conseguiria esconder isso, não é?

- Eu estava conseguindo até agora. Como foi que descobriu?

- Eu sou o Batman. E com certeza sou mais esperto que uma adolescente, mesmo que ela tenha ascendência demoníaca.

- E o que pretende fazer com essa informação? Me trancar em algum lugar para salvar a terra? Por que se você sabe quem eu sou sabe o que eu vou fazer, querendo ou não. – falei irritada. – Espero que o maravilhoso Batman que está sempre a um passo a frente de todos já tenha descoberto uma forma de me neutralizar caso eu seja uma ameaça, por que me matar não é uma opção. Eu já tentei.

- Eu ainda não descobri, mas eu vou. E pra isso você precisa ser honesta sobre tudo, porque você pode estar ocultando informações importantes para descobrirmos a localização da sua mãe e como impedir a profecia de se realizar.

- E se você não conseguir?

- Então, Ravena, eu descobrirei uma forma de impedir que você destrua o planeta.

Olhei para o homem a minha frente e sabia que ele estava falando a verdade, não importava qual fosse o preço, ele me impediria de destruir a terra. E eu me senti grata por isso, se nada mais desse certo haveria alguém para me deter.

Assenti e contei a ele tudo que eu sabia, sobre mim, sobre Trigon, sobre Azarath, sobre a profecia, sobre os meus poderes, sobre as pesquisas de Arella. Ele me falou do que havia descoberto no Egito, um templo antigo de culto a Trigon com símbolos estranhos que ele ira descobrir o que significava, alguns livros haviam sumido do lugar na época em que minha mãe tinha estado no Egito e isso era uma informação significativa, algumas coisas já tinham sido catalogadas antes de sumir e Batman tinha conseguido esses arquivos, mas algumas não, e agora estavam perdidas.

Já era madrugada quando finalmente voltei para casa e me joguei na cama, eu não ia conseguir dormir, minha cabeça estava fervilhando, havia tantas coisas em que pensar. Me senti culpada por ter sido descoberta, e se mais alguém conseguisse? E se Trigon me descobrisse? Os demônios dele já haviam aparecido em Gotham mais de uma vez. Será que eles sabiam onde eu estava ou tinham sido buscas aleatórias que só deram a sorte de topar comigo? Será que realmente Batman conseguiria descobrir uma forma de impedir a profecia ou mesmo de me deter se algo acontecesse? E se algo acontecesse a ele como aconteceu a minha mãe por ele estar pesquisando isso?

Quando finalmente senti meus olhos se fechando ouvi o despertador tocar, desliguei e levantei para tomar um banho. Tomei café e vesti qualquer coisa que tivesse um capuz para ninguém ver minha cara de quem tinha passado noite em claro. Quando eu já estava chegando na escola me lembrei que tinha que resolver as coisas com o Garfield, eu realmente não precisava disso agora. Entrei pelo portão e tentei passar despercebida, com sorte ele só me veria quando já estivesse na sala de aula e não teríamos tempo para conversar. Mas aparentemente a sorte não está do meu lado essa semana.

- Rae, a gente pode conversar? – disse uma voz atrás de mim.

- Tem que ser agora Logan. – respondi sem me virar.

- Eu não agüento esperar mais, eu esperei o fim de semana todo. – ele disse com a voz cansada.

- Tudo bem, mas não aqui no meio de todo mundo. – falei começando a andar, eu não estava com pressa para olhar para o rosto dele e me perder naqueles lindos olhos verdes, eu precisava reunir coragem para o que ia fazer a seguir. Acabamos parando em um canto afastado do jardim, não havia ninguém por perto.

- Rae, eu sei o que você viu aquele dia e sei o que pareceu, mas eu preciso que você me deixe explicar. – ele falou triste. – A Tara me beijou de surpresa, eu não queria que tivesse acontecido e nunca imaginei que ela faria isso, eu afastei ela porque não queria aquele beijo, eu gosto de você Rae e nunca faria nada para te magoar, eu preciso que você acredite em mim.

- Eu acredito, a Tara veio falar comigo e me explicou tudo. – falei me virando para olhá-lo.

- Ela falou? Que bom. – ele parecia aliviado, deu um passo em minha direção e eu me afastei.

- Mas eu pensei muito esse final de semana, no que aconteceu, em nós dois e em tudo que está acontecendo na minha vida agora. – falei sem conseguir olhar pra ele. – Fomos apressados ao começar um relacionamento sem nos conhecermos direito, e eu acho que a maneira que nos conhecemos contribuiu pra isso, você me salvou naquela festa e eu fiquei muito grata por isso, e depois disso nós começamos a sair a já começamos a namorar, foi precipitado e eu acho que preciso de um tempo.

- Mas Rae, eu te a... – ele começou e eu o interrompi.

- Não diga isso, por favor, eu não quero ouvir. – falei sentindo meu coração se quebrar. – Eu quero que continuemos amigos e talvez, quando nos conhecermos melhor, se ainda quisermos, podemos tentar... tentar ficar juntos de novo.

- Se você acha melhor assim Rae, mas eu não vou desistir de você, eu não vou desistir de nós. Se você precisa de tempo e acha que precisamos nos conhecer melhor eu vou respeitar e vou esperar. E quando você estiver pronta eu vou estar aqui pra você. – ele segurou minha mão e segurou meu rosto para olhar nos meus olhos, eu precisei resistir a vontade de beijar aqueles lábios, os olhos dele brilhavam.

- Obrigada. – falei sincera, eu não queria que ele desistisse de mim. – E não fique bravo com a Tara, eu não fiquei.

Ele assentiu sorrindo. Ouvimos o sinal de inicio das aulas tocar e fomos em direção a sala. Eu ainda preciso me afastar dele e de todos os amigos que fiz aqui, mas o primeiro passo já foi dado.