História Destino incerto - Rastros

O sábado amanheceu ensolarado e frio, não dava vontade nenhuma de sair da cama, principalmente porque tínhamos ido dormir muito tarde assistindo Desventuras em série. Assistimos metade da temporada antes de eu dormir no sofá e o Garfield me levar pra cama, eu já tinha lido os livros quando era mais nova e gostei da adaptação. Levantamos da cama no meio da manhã e eu decidi fazer um café pra despertar direito, ele quis fazer panquecas e eu deixei já que cozinhar não é algo que eu goste muito, era uma receita sem ovo nem leite e eu fiquei curiosa de ver como ficaria, no fim das contas era uma delícia, ele as cobriu com melado e foi um dos cafés da manhã mais gostosos que eu já comi.

Depois do café eu recebi uma mensagem do Robin dizendo que haviam novidades nas investigações do Batman e eu deveria ir agora até encontrar com eles. Falei pro Garfield que eu precisaria sair e ele disse que ira em casa resolver algumas coisas e marcamos de nos encontrar de novo à noite no meu apartamento. Me despedi dele e fui para o quarto me vestir de Ravena. Alguns minutos depois eu me encontrava na batcaverna olhando para o menino prodígio e esperando que o homem morcego contasse o que havia de novo. Eu não conseguia conter a esperança de que minha mãe tivesse sido encontrada bem e estivesse em segurança novamente na pacifica dimensão de Azarath.

- Eu estive mapeando a energia dos demônios que tem aparecido em Gotham, quando eles surgem acontece uma perturbação física no espaço e no tempo, é como se eles rasgassem a realidade para se materializar aqui, uma vez que eles vem de outra dimensão. – ele explicava com sua voz rouca e misteriosa. – Seus portais são semelhantes, mas causam uma perturbação menor, já que você está se deslocando dentro de uma mesma dimensão. O que eu esperava com esse mapeamento era talvez antever a aproximação deles e estar preparado toda vez que eles chegassem, e não saber apenas quando eles já estivessem aqui. Por enquanto eu apenas consigo rastreá-los, saber onde eles aparecem e quantos são, mas não prever a sua chegada.

- Isso já é uma coisa boa, saber quantos eles são antes ir até eles nos ajuda a não ser surpreendidos por um numero maior do que podemos enfrentar. – falei sincera. – Mas tem mais, não tem?

- Sim. Eu criei um programa para fazer o reconhecimento dessa energia através dos satélites da Liga e o coloquei pra funcionar essa semana, e ele encontrou rastros dessa energia em alguns lugares ao redor do globo. A principio eu acreditava que essas aparições estivessem acontecendo só aqui, já que não há nenhum relato desses seres em outros lugares, mas os rastros de energias são bem fortes, como se vários deles estivessem aparecido nesses lugares. O rastro de energia permanece por um tempo depois do surgimento da criatura, e permanece por mais tempo quando ela vai embora ao invés de ser dissipada, eu notei isso na ultima aparição aqui em Gotham. Quanto mais deles haverem maior será o rastro também. E pelos rastros muitos deles apareceram e cada um desses lugares, é como se eles estivessem seguindo algo.

- Você acha que tem algo ou alguém fugindo desses demônios? – falei sem conseguir conter a esperança na minha voz.

- Não tenho certeza, mas fui no ultimo lugar onde o rastro apareceu. Encontrei uma cabana parcialmente destruída em meio aos fiordes noruegueses, a porta havia sido arrombada, aparentemente com muito esforço, e havia indícios de que alguém estivera ali a pouco tempo. Encontrei também vestígios de um tipo diferente de energia e símbolos queimados sobre o chão de um dos cômodos.

- Que símbolos são esses? – perguntei ansiosa. – Talvez seja magia antiga.

Os dois me olharam interrogativos e eu continuei.

- O que eu faço não é exatamente magia, apesar de eu poder fazê-la, meus poderes se devem ao fato de eu ser meio demônio, a magia é diferente, ela precisa ser aprendida e funciona através de rituais, símbolos, cantos, etc. As bruxas da antiguidade faziam magia, e muito do conhecimento delas se perdeu, mas o poder das bruxas ainda existe em alguns dos seus descendentes e pode ser aprendida. Minha mãe sempre almejou esse conhecimento, foi assim que ela caiu na lábia de Trigon quando era adolescente, e pelo que eu sei ela nunca desistiu de tentar aprender magia.

- Você acredita que ela possa estar usando magia para fugir dos servos de Trigon? – Robin perguntou.

- Eu não tenho certeza se ela realmente consegue usar magia, mas segundo os monges de Azarath ela é descendente de uma bruxa poderosa e poderia muito bem aprender a usá-la. E se ela souber o que ela está fazendo pode muito bem estar fugindo e se escondendo de Trigon. – continuei. – Há locais de poder que favorecem a prática mágica, e com os ingredientes e símbolos certos ela poderia tanto viajar despercebida quanto se esconder a plena vista e não ser encontrada a menos que queira, claro que ele tem poder o bastante para encontrá-la, mas mesmo com os poderes dele ele precisaria de tempo para encontrá-la e quebrar as proteções que ela deve estar usando.

- Nesse caso existe uma chance, pequena, de termos encontrado o rastro da sua mãe. – Batman falou se voltando para os monitores a sua frente e buscando algo, abrindo uma imagem assim que encontrou o que procurava. – Esses são os símbolos que estavam no local, havia algumas substancias também que estão sendo analisadas agora. Quando tiver o resultado talvez seja possível mapear essa energia e incluí-la no rastreamento que já estou fazendo.

- Eu vou precisar procurar nos meus livros para ter certeza de que símbolos são esses, mas tenho certeza quase absoluta que é magia antiga. – falei pra eles.

- Já mandei essas imagens para o seu comunicador e avisarei quando a analise estiver pronta. – ele falou deixando claro que estava me dispensando.

Robin se aproximou como quem queria conversar e saímos de perto do homem morcego, já que mesmo trabalhando junto com ele ainda é intimidante estar perto dele.

- Ravena eu queria saber se está tudo bem entre a gente.

- Claro Robin, porque não estaria. – perguntei sem entender

- Eu percebi no treino de ontem que o Garfield ainda está de mal comigo, e eu entendo ele, eu fui muito babaca aquele dia. Quer dizer, eu sou muito babaca quase sempre. – ele disse rindo levemente. – Mas eu realmente sinto muito por aquilo, eu não devia ter tentado te beijar, eu estava bêbado e perdi completamente o controle. Eu juro que nunca mais algo assim vai se repetir.

- Olha Dick, por mim isso está esquecido, nunca aconteceu. E trabalhando com você eu percebi que você não é sempre um babaca, só não devia ficar bêbado. Então sim está tudo bem entre a gente. – falei sincera. – Talvez seja bom você conversar com o Garfield, pra vocês se entenderem. Eu sei que o problema dele não é só o que o vez pra mim, mas o que você fez com a Kori ao agir assim, eles são muito amigos e o Garfield é muito protetor. E a Kori é uma pessoa incrível e merece um namorado sincero ao lado dela, pensa nisso.

- Obrigado Rachel. Eu vou dar um jeito nisso. – ele disse colocando uma mão sobre meu ombro. – Posso te chamar se aparecer algo hoje?

- Claro. Qualquer coisa é só me avisar pelo comunicador. Eu vou pesquisar os símbolos agora e aviso se tiver alguma novidade.

 Sorri me despedindo dele e abri um portal para minha casa, coloquei uma roupa confortável e avisei ao Garfield que já estava em casa. Tirei os livros da estante e os espalhei sobre a mesa, com sorte eu encontraria os símbolos em algum deles, caso contrário precisaria entrar em contato com os monges em Azarath, a biblioteca deles era muito mais diversificada do que a minha.