História Destino incerto - Beijo

A festa era na casa de um cara chamado Garth, ele morava sozinho em um casarão na praia, pelo que eu entendi os pais dele moram no exterior. Ele está no mesmo ano que o Dick e eu tenho quase certeza que não faço idéia de quem ele é. A música estava alta e quando chegamos já estava cheio de gente dentro e fora da casa. Entramos e a Kori foi procurar o Dick pela casa, Tara disse que precisava encontrar uma pessoa e saiu, e Karen e eu fomos procurar o que beber. Tinha muita bebida alcoólica, desde cerveja até uns drinks estranhos, Karen pegou uma cerveja pra ela e me alcançou uma, eu não gosto de cerveja, mas não quis parecer uma enjoada. Na cozinha Karen viu algumas amigas e me deixou sozinha. Voltei pra sala e procurei um lugar pra sentar.

Eu estava muito desconfortável, o barulho, a casa cheia, tudo estava me dando dor de cabeça. Decidi ir pra rua e tomar um ar, lá fora tinha uma brisa gostosa, caminhei até a areia e me sentei em um lugar afastado, a lua estava linda, o barulho da festa estava distante e não havia ninguém por perto. Larguei a lata de cerveja na areia e sentei em posição de lótus, se tivesse plena certeza que não levitaria ia aproveitar o momento para meditar. Fechei os olhos sentindo a brisa e me permiti relaxar por um momento.

Senti a presença de alguém por perto e abri os olhos, Dick chegou e se sentou na areia ao meu lado. Lá se vai o pouco de tranqüilidade que eu tinha conseguido.

- Oi. – ele falou com uma voz arrastada, acho que ele estava bêbado. – Porque você veio pra festa pra ficar aqui sozinha?

- Estava meio barulhento lá dentro. Achou a Kori? Ela estava te procurando.

- Achei sim. Mas ela foi buscar uma cerveja pra mim.

- Será que você já não bebeu demais? – olhei pra ele e senti um forte cheiro de álcool.

- Deixa de ser careta garota. Será que você tem algum problema com diversão? – ele falou debochado.

- Eu não preciso ficar bêbada pra me divertir. Temos conceitos diferentes de diversão. – falei começando a me levantar.

De repente ele segurou meu braço e me puxou pra cima dele, me derrubou na areia e se aproximou do meu rosto como se fosse me beijar. Entrei em pânico. Eu não podia usar minha magia para me libertar, se eu fizesse isso podia acabar matando ele. Tentava empurrá-lo, mas ele era mais forte do que eu. Desesperada minhas mãos começaram a acumular uma energia negra, seus lábios se chocaram com força sobre minha boca. Eu estava apavorada e sentia vontade de mandá-lo para uma dimensão infernal. Senti o peso dele sendo tirado de cima de mim, meus olhos estavam fechados e eu sentia lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

- Cara você tá bêbado! Tem noção do que tá fazendo? A Kori não merece um namorado babaca que nem você! – ouvi uma voz gritando perto dali.

- Ei, você tá legal?

Abri os olhos e o garoto loiro do primeiro dia estava com a mão estendida em minha direção. Peguei na mão dele para me ajudar a levantar enquanto enxugava as lágrimas dos meus olhos.

- Eu to bem. – minha voz era quase um sussurro.

- O Dick é um babaca, quando tá bêbado é ainda mais babaca.

- Obrigada. Eu não soube o que fazer, eu... eu me sinto uma idiota. – falei virando de costa e indo em direção a casa.

- Você não é uma idiota. Ele é capitão do time, é normal que seja mais forte que você. – ele disse me seguindo. – Vamos entrar e você pode tomar alguma coisa.

- Eu devo estar uma bagunça. Não quero entrar e ver as pessoas olhando estranho pra mim e pensando besteira do motivo por que eu estou uma bagunça.

- Ah. Claro. Eu te dou uma carona.

- Não precisa. Eu agradeço muito a sua ajuda, mas pode voltar pra festa. Não quero te atrapalhar mais.

- Imagina. Eu já estava a fim de ir pra casa.

- Obrigada de novo.

Segui ele até carro e ele abriu a porta pra mim.

- A propósito meu nome é Garfield Logan. Acho que eu não tinha me apresentado. Fazemos algumas aulas juntos. – ele disse enquanto começava a sair com o carro.

- Rachel Roth. Eu lembro de você. Acho que esbarrei em você no primeiro dia de aula. – falei encabulada. – Foi mal.

- Eu lembro. Tudo bem, você devia estar muito distraída. – ele riu. – Você mora perto da escola, né?

- Isso. Dois quarteirões pra baixo. – respondi.

Um silencio se instalou entre nós. Não era um silencio incomodo ou constrangedor. Eu me sentia segura ali com ele. Talvez ele não fosse como eu pensei a primeira vez que o vi.

- Pode parar ali na frente. – disse ao ver o prédio onde moro se aproximando.

O carro parou e eu abri a porta.

- Obrigada de novo Logan. Por me trazer e por me ajudar lá na festa.

- Me chame de Garfield, ou Gar se quiser. É assim que meus amigos me chamam. – ele disse com um sorriso. – E não precisa agradecer Rachel.

- Boa noite Garfield. – respondi com um sorriso

- Boa noite Rachel, nos vemos segunda.

Fui em direção ao prédio, abri a porta e quando me virei ele estava lá, me esperando entrar em casa. Acenei pra ele e ele acenou de volta, e só então saiu com o carro. Subi as escadas, entrei em casa e me escorei contra porta, comecei a chorar descontroladamente caindo no chão. Os moveis da sala começaram a flutuar e eu não conseguia parar de chorar. Comecei a soluçar e a mesinha de centro explodiu. Eu não conseguia acreditar que tinha entrado em pânico e deixado um babaca bêbado colocar a boca dele nos meus lábios. ‘Eu sou mais forte e poderosa do que aquele idiota jamais vai sonhar em ser, mas eu travei como uma inútil.’

Meu sofá estava encostando no teto. Precisava sair de casa antes que destruísse todos os meus móveis. Fui até o quarto e tirei aquele vestido ridículo, coloquei uma calça jeans, uma camiseta velha e meu casaco com capuz e me tele-transportei para o alto de um prédio no centro. Mandei uma mensagem pra Kori dizendo que já estava em casa e desliguei meu telefone, não estava a fim de conversar com ninguém. Precisava de um tempo só pra mim.