História Destino ou coincidência? - Capitulo 66 - (Continuação do capitulo 64 - parte 3)

P. O. V Bernardo on

     No caminho para a escola...

    O tempo continua muito frio, a neve ainda cobre um pouco das calçadas – porém não tanto quanto á algumas semanas antes. Depois de ter pegado o livro para Carol, tive que voltar novamente para meu quarto para buscar minhas luvas. Continuando a andar... Mesmo com algumas nuvens cobrindo o céu, ainda consigo ver o azul claro ao fundo. As árvores estão sem folhas, de certa forma, essa paisagem é muito bonita.

   “Mas aqui tem lugares muito mais bonitos que esse no inverno...”. Talvez ela goste.

   - Tem planos para hoje à tarde? – pergunto com um sorrisinho brincalhão.

   Carol finge estar pensativa

   - Talvez... Não sei – ela sorri – por quê?

   - Vamos sair depois da aula? – digo – estava pensando em irmos para o parque.

   - Pode ser – Carol responde – faz um bom tempo que não vamos lá.

  Após mais alguns minutos, chegamos ao colégio. Encontramos Bertie no corredor, ele parece um pouco estranho...

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   - Bom dia – comprimento Bertie, que está com um olhar um pouco ansioso.

  - Bom dia – ele responde com um leve sorriso – Feliz Dia de São Valentim.

 - Ah, pra você também – respondo – faz muito tempo que você chegou?

    O corredor não está tão movimentado, acho que chegamos mais cedo do que esperávamos.

 - Não muito – Bertie diz, percebo que ele reveza o olhar entre mim e o corredor – estava na biblioteca terminando um... trabalho. Não estava conseguindo me concentrar em casa.

  - Entendi...

 - Era pra hoje? Esse trabalho – Bernardo pergunta meio nervoso. “Estranho... Não lembro de nada que era pra entregar hoje” – Não era do Sr. Foster?

 - Ah, não – Bertie responde, tentando acalmar Bernardo – O relatório do Sr. Foster é pra próxima semana. É que... – ele parece um pouco relutante em dizer – era um desenho que eu estava fazendo, mas acho que ainda não está bom.

 - Tem certeza? – pergunto curiosa – você se importaria se eu visse?

 - Ah... – Bertie parece sem graça – quando eu terminar, te mostro.

- Ok – falo.

- Vou pegar uns cadernos que esqueci no armário – ele diz – já volto.

  Bertie sai andando um pouco apressado, me deixando sozinha com Bernardo. Por algum motivo, estou achando seu comportamento um pouco anormal. Como se Bertie estivesse ansioso por alguma coisa ou que estivesse escondendo algo.

 - Está pensando o mesmo que eu? – Bernardo pergunta.

- Bertie está um pouco... diferente, não está? – olho pra Bernardo que dá um sorrisinho de lado.

  - Acho que o comportamento estranho dele estava tão evidente que você percebeu mais rápido que o normal – Bernardo dá uma risada curta e finjo estar brava. Sei que sou um pouco lenta pra algumas coisas, mas nem tanto.

 - Será que aconteceu alguma coisa? – pergunto a Bernardo que é mais próximo a ele.

 - Acho que não – ele responde – ele esteve normal a semana inteira. Talvez ele queira muito terminar esse desenho, ou algo assim.

 - Talvez...

  Parece que faltam uns 20 minutos para o sinal tocar. Estou um pouco ansiosa para hoje à tarde, pensei em algumas coisas como presente para o dia de São Valentim, porém ainda tenho que terminar (na verdade, terminei, mas não sei se está bom o suficiente...). Bernardo fez aquele café pra mim, achei tão fofo... “Mas uma parte do seu plano já está em andamento, né?”. Bem... Acho que disso ele vai gostar.

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  - Ah – Carol parece ter lembrado alguma coisa – você trouxe o guarda-chuva?

 - Sim... – “Que estranho, não falaram que ia chover hoje” – depois daquele dia que pegamos chuva, sempre o deixei na mala.

      - Tem certeza? – ela pergunta com um sorrisinho estranho – talvez você tenha esquecido.

      - Tenho certeza – respondo, parece o mesmo sorrisinho de hoje de manhã – mas, mesmo que eu trouxesse, não vai chover hoje. Além disso, não há muita necessidade para guarda-chuvas quando neva.

     - Será? – Carol indaga. “Por que ela está estranha?” – ultimamente o clima está meio imprevisível. 

    - Verdade, é meio imprevisível – olho nos olhos dela, tentando entender o que está acontecendo – mas tenho certeza de que não vai chover e nem nevar. Você está bem?

    - Sim, mas e se chover?

    - Não vai chov-

   - Bom dia! – Emily diz animada – Feliz Dia de São Valentim!

   - Feliz Dia de São Valentim – respondemos.

  - Trouxe o livro – Carol entrega “Donnie Darko” á Emily.

  - Obrigada – ela diz, sorrindo – não via a hora de ler.

    Elas ficam conversando sobre a história, tanto do livro quanto do filme. Tive que assistir mais de uma vez, e ainda não entendi. Porém, é muito interessante. Gosto de Donnie. Mesmo achando que ele seja louco...

   - Hector vai vir hoje? – Carol pergunta.

   - Sim, mas acho que ele vai se atrasar – Emily diz – passou a noite assistindo “How To Get Away With a Murder”.

   - Ok.

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   O sinal toca. Despeço-me de Bernardo, e vou para a sala com Emily. Estou ansiosa, queria ver a reação de Bernardo quando vir o que fiz. Contei com a ajuda de Riley e Bonnie nesse plano. Acho que acertei em um ponto, pois foram elas que me deram a ideia do que fazer (e também como esconder).

   Entro na sala para a aula de História, o clima está agradável entre as pessoas. Sr. Wright acaba de entrar na sala e os alunos procuram suas mesas. Hoje está um pouco diferente, não sei se é por causa do meu humor ou por ser uma data comemorativa.  As pessoas ao redor parecem estar um pouco mais animadas do que o normal.

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    Chego á sala e procuro meu lugar. Bertie está á poucas carteiras ao lado. Como Sra. Griffith, professora de Literatura, não chegou. Decido ir até Bertie para conversar com ele. Quando me aproximo, Bertie guarda a folha que estava sobre sua mesa. “Acho que ele está inseguro em relação á esse desenho”.

   - Oi de novo – falo.

  - Olá – ele responde sorrindo um pouco – desculpe por ter saído com pressa mais cedo.

  - Tudo bem – digo – você parecia um pouco estranho. Está tudo bem?

  - Ah... – Bertie fica um pouco tímido – estou bem, é que eu estou tentando terminar um desenho. Mas... Bem... Acho que falta alguma coisa.

   - Entendi, ser-

  - Bom dia! Por favor, vão para seus lugares! – Sra. Griffith entra apressada na sala, ela não parece estar de bom humor (Pra variar...).

   - Até mais tarde – falo e volto ao meu lugar rapidamente.

   Vou para minha mesa e abro a mochila para pegar o livro. Quando puxo o zíper, vejo um pequeno embrulho de papel vermelho, amarrado com uma fitinha branca. Preso á fita, está um pequeno cartão que diz:

   “Prepare-se, pois essa é uma das surpresas que preparei pra hoje

   Segundo minhas fontes, isso é uma das coisas que você mais gosta.

      Feliz Dia de São Valentim! Te amo muito!!!

                                                                 - Carol”

   Sem perceber, estou sorrindo. “Ás vezes você é imprevisível, hein?”. Tento esconder meu sorriso. Tenho uma vontade enorme de sair dessa sala, procurar Carol e...

  - Sr. Berryblossom, algum problema? – a professora chama com um ar irritado – algo que deseja compartilhar com a classe?

  - Não, Sra. Griffith – sinto meu rosto enrubescer – n-não era nada, desculpa.

    Sra. Griffith me lança um olhar de advertência e inicia a aula. Apesar de ficar constrangido com essa situação, ainda estou muito feliz por causa dessa surpresa. “Mal vejo a hora para te encontrar, Carol”.

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     - Logo, os principais fatores que deram início á Revolução Russa... – Sr. Wright continua explicando a matéria.

     Tento me concentrar na aula, porém estou muito ansiosa. Ele deve ter encontrado o que deixei. “Será que gostou?”.  Dou uma rápida olhada no celular, não há nenhuma mensagem... “Então eu mando uma mensagem para ele?”. Não. Tenho que prestar atenção no professor. Respiro fundo e tento me acalmar.

    Estou inquieta.  “Concentre-se na aula!”. Começo a anotar tudo o que Sr. Wright diz, para me manter focada. Falta um tempo pra aula acabar... Quero muito saber o que Bernardo achou...

    No Intervalo...

   Pego na mochila os pacotinhos de biscoito que Bonnie me entregou hoje de manhã e ando apressada para o refeitório. “Espero que Bernardo já esteja lá”. Estou muito ansiosa para vê-lo... Durante as trocas de aula não o encontrei. Acabei não resistindo e mandei uma mensagem no meio da aula, mas ele não respondeu.

   Passo pelo corredor cheio de pessoas, desvio e tento ultrapassá-las. Sinto meu coração batendo mais rápido que o normal. “Cadê você...”. Alguém pega meu braço e olho, Bernardo não olha para mim, apenas me leva para um caminho contrário. Ele está estranho... Está apertando um pouco meu pulso.

   - Ei! – eu o chamo, ele para e olha para mim – está tudo bem? – Bernardo parece estar muito irritado – aconteceu alg- 

    Antes que consiga terminar de falar, Bernardo me beija. Isso me surpreende e, de certa forma, me deixa um pouco mais calma. Retribuo seu beijo, sentindo que estamos sorrindo...

  - Gente – uma menina diz e nos afastamos – acho que aqui não é lugar para isso – Emily diz um pouco sem graça.

   Sinto meu rosto ficar muito vermelho e tento pensar em alguma coisa para dizer. “Como foi que eu esqueci que as pessoas estavam por aqui?!”.

   - Ah... – falo sem jeito – ér... desculpa – tento mudar de assunto – acho melhor irmos logo para o refeitório.

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    Sim. O que fiz foi loucura, porém não consegui aguentar. Fiquei tão feliz que acabei agindo de uma forma irresponsável, se bem que, no máximo que levaríamos seria um aviso de algum professor ou algo assim. “De qualquer forma, isso teria prejudicado Carol de algum jeito”. Olho para ela, que está andando ao meu lado.

   Seu rosto ainda está um pouco vermelho. Carol olha para mim e dá um tímido sorrisinho e isso acaba me fazendo sorrir também. “Ok. Mesmo que tenha sido por um breve momento de loucura, não faça de novo”, penso perto do refeitório.

  Ao chegarmos lá, encontramos Bertie e Hector conversando. Pelo o que parece, Hector praticamente nem dormiu por causa das séries. Suas olheiras estão um pouco escuras e, pela voz, ele parece estar com sono. Sentamos á mesa com eles e Carol entrega os biscoitos.

  - Feliz Dia de São Valentim! – ela diz animada.

  - Obrigada! – Emily diz, sorrindo – adoro esse dia – ela sorri um pouco – os cartões são tão bonitos, e os poemas também.

  - Acho que você gosta mais desse dia só por causa dos doces – Hector ri e Emily lança um olhar irritado.

  - Para alguém que madrugou, você parece estar ótimo – ela responde rindo um pouco.

  - Madruguei por uma boa causa – ele responde – estou na metade da segunda temporada de “How To Get Away With A Murder”.

  - Finalmente, hein? – Emily diz – Ah! Vocês já assistiram?

  - Não – Bertie diz um pouco tímido – vou por na lista pra assistir...

  - Também não – Carol responde – essa série fala sobre o que?

   Emily e Hector se entreolham, como se achassem essa pergunta um pouco estranha. Mas logo eles parecem estar animados sobre esse assunto.

  - Então – Emily diz –essa série é sobre uma advogada que dá aulas em uma universidade. E por sinal, ela é muitooo boa e-

  - Claro – Hector a interrompe – ela é a Viola Davis, a atriz mais in-

  - Continuando – Emily volta e Hector parece querer contar mais sobre isso – Os melhores alunos da sala ganham uma vaga na “empresa” dela e com isso, eles aprendem muito trabalhando com ela. Ah, também tem casos muito interessantes também – Emily parece ter ficado mais empolgada – E alguns personagens muito legais e complexos.

  - Mas só para avisar – Hector diz – não aconselho a ver durante a semana, essa série é viciante. Em excesso pode trazer efeitos colaterais – ele indica seu próprio rosto e rimos um pouco.

  - Acho que vou assistir hoje à noite – falo, parece ser muito boa – mas ainda tenho que terminar “The 100”.

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   Depois de algumas aulas... 

 P. O. V Carol on

  Na troca de aulas, encontro Emily com um sorrisinho de lado, como se ela estivesse tentando contê-lo. Percebo que há uma folha em sua mão. “Talvez seja uma carta”.

  - Olá de novo – digo. Emily continua olhando para o papel – Emily...

  - Ah – ela olha para mim – desculpa – mesmo ela não percebendo, continua sorrindo.

 - É uma carta? – pergunto curiosa.

 - Não. Na verdade é um desenho – Emily me entrega a folha.

   A menina no desenho parece muito com Emily. Nele, a garota está com um delicado vestido verde e segura um gato preto em seus braços. Presto atenção nos traços, parece um desenho em aquarela. “Isso é tão lindo...”.

  - Quem desenhou? É incrível! – falo.

  - Ah... – ela parece um pouco sem graça – Bertie – Emily baixa um pouco a voz – ele acabou de me entregar.

  - Entendi – sorrio, noto que o corredor está quase vazio – é melhor nos apressarmos pra aula.

  - Sim.

     Chegamos á sala um pouco depois que a Sra. Bones entrou, porém a aula ainda não havia começado. “Será que era por isso que Bertie parecia tão agitado mais cedo?”. Penso ao abrir a apostila. Aquele desenho era tão perfeito... Mas ele dizia que ainda não estava bom. Será que estava com receio de que Emily não gostasse ou... “Eu desenho aquilo que gosto”. Lembro de que ele disse isso uma vez. Talvez... “Não, você não pode afirmar isso”.

     No fim das aulas...

   - Nossa, Emily! – Hector diz em tom brincalhão – conquistando corações...

   Emily tenta fingir não se importar, mas suas bochechas estão ficando um pouco vermelhas.

   - Falou a pessoa que recebeu umas cinco cartas hoje – ela dá uma leve cotovelada em Hector e ri um pouco.

   Fecho o armário e rio um pouco da conversa deles. Assim que Hector nos encontrou, percebeu que Emily estava muito feliz. É engraçada a maneira como eles se provocam... Ficam implicando um com outro, mas não se desgrudam. Bertie teve que sair mais cedo da aula, porém se visse essa conversa, acho que ficaria muito sem graça.

   Hector tenta agir como se isso fosse algo normal.

   - Acho que algumas meninas não conseguem resistir á minha beleza e o carisma – ele diz calmamente – e também á inteligência, é claro.

  - Uhum – Emily responde ironicamente – acho que isso acontece porque elas não te conhecem de verdade.

 - E seu admirador secreto apaixonou-se por sua delicadeza – Hector cutuca a bochecha de Emily.

  Ela afasta a mão de seu rosto e dá um leve empurrão em Hector.

 - Ah – Emily se abaixa e pega um envelope amassado – acho que você deixou cair – ela devolve á ele—É da Kimberly? – Emily diz baixinho.

 - Sim – Hector responde – é meio que uma carta de agradecimento. Trabalhei meio período durante as férias consertando computadores, daí um dia ela me chamou pra consertar o notebook dela.

 - Entendi...

 - Desculpa a demora – Bernardo para ao meu lado – o Sr. Wright atrasou um pouco para terminar a aula.

 - Ele parecia muito animado hoje – Emily sorri um pouco – provavelmente acabou se desconcentrando.

  - Bom... – Hector diz – é melhor eu ir andando. Até segunda – e ele vai embora.

 - Vou embora também – Emily fala, com um leve sorriso – Até!

   Ela anda apressada para alcançar Hector.

  - Vamos – Bernardo diz – tenho uma surpresa – ele me lança um sorrisinho travesso.

 - Não posso ter uma dica? – pergunto curiosa.

 - Não – ele responde – logo você descobrirá.

     P. O. V Carol off