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História Destinos Cruzados - Pensamentos Caóticos.


Escrita por: IvyMingati

Notas do Autor


Eu juro que abri isso aqui hoje decidida a postar o último capítulo que tenho pronto e contar toda a história até o final. Não tô querendo assustar ninguém não (se é que alguém se importaria com isso), mas olha, tá difícil engolir essa insatisfação que tô viu.

Em todo caso, parando com o mimimi, venho lhes trazer mais um capítulo. Eles serão menores caso eu prossiga com a fic, assim não fica tão maçante para vocês e nem cansativo para mim.

Obrigada se você está aqui. <3

Capítulo 24 - Pensamentos Caóticos.


Fanfic / Fanfiction Destinos Cruzados - Pensamentos Caóticos.

Ivyin não havia dormido aquela noite. Ao menos não de forma proveitosa. Acabou cochilando sobre os joelhos depois de horas de confusão mental sobre aquilo que lhe afligia. Sentia dores por toda as suas costas, assim como nas juntas de suas pernas. Levantou-se da cama do loiro e passou pela porta, imaginando que talvez aquilo tudo tivesse sido um sonho e então estaria tudo bem entre os dois. Ele estaria lá na cozinha, preparando um delicioso café para eles. "Doce ilusão, babaca." Repreendeu-se mentalmente. Ao chegar no cômodo onde ontem comiam uma pizza e conversavam amigavelmente avistou um pedaço de papel sob um peso de gatinho de metal. Aquilo normalmente a faria rir por conhecer o gosto do amigo por felinos, mas no lugar da graça só sentiu angústia. Meneou negativamente com os sentimento de pesar dentro de si e seguiu em direção ao bilhete, abrindo-o assim que o alcançou.  

 

"Tive que sair mais cedo, desculpe. Deixei uma chave reserva na mesa de centro na sala, depois deixe na portaria.  

Espero que tenha dormido bem. 

Nathaniel." 

 

Deixou o bilhete sobre a mesa da cozinha e suspirou pesadamente. Mesmo depois de tudo que ela havia feito o garoto continuava a se preocupar com ela. Ainda por cima chegou a pedir desculpas! Como ele poderia continuar sendo tão atencioso? E por que ela não conseguia amá-lo da mesma forma como ele a amava? Por que era tão difícil para Ivyin retribuir aos sentimentos dos outros? Castiel... Era a única resposta possível para a sua pergunta, afinal tudo que a garota fizera desde sua partida fora projetar a personalidade do ruivo sobre a sua, perdendo-se completamente daquilo que é considerado certo. Não que ser taxada como uma mosca morta seja o certo, mas ao menos naquela época ela não feria ninguém.  

 

A jovem olhou para o bilhete pela última vez antes de se retirar da cozinha em direção ao quarto de Ambre. Aproveitou para arrumar a cama dos irmãos antes de se vestir, colocando posteriormente as roupas que usava no dia anterior, deixando sobre a cama da loira o pijama que pegara emprestado. Prendeu o cabelo em um rabo de cavalo alto e, logo após pegar a chave sobre a mesa da sala se retirou do apartamento, seguindo as instruções dada por Nathaniel em seu bilhete. Porém logo que Ivyin colocou os pés para fora do prédio se lembrou que havia chego ao apartamento de táxi, e quem havia bancado a corrida fora Nathaniel. Respirou fundo ao notar que teria que ir andando até alguma rua que lhe fosse familiar para só então seguir caminho para casa. "Está tudo bem, faz parte da sua penitência." Pensou, começando mais uma vez a se martirizar mentalmente pela cena de ontem. Esteve tão ocupada esse tempo todo xingando a si mesma que esquecera por alguns instantes do ocorrido no hospital com o homem desconhecido, mas não demorou a recuperar as lembranças ruins daquele momento. O ódio nos olhos do moreno, a prepotência em suas falas tão agressivas. Até mesmo o perfume forte que emanava da roupa do homem Ivyin conseguira sentir enquanto caminhava por algumas ruas menos movimentadas da cidade.  

 

Após pelo menos quarenta minutos caminhando sem direção, a jovem dos cabelos prateados acabou entrando em uma rua mais movimentada que lhe era familiar. Finalmente chegaria em casa em pouco mais de vinte minutos. No trajeto tentou distrair-se observando algumas casas que já começavam a instalar a decoração de Natal. Um pouco cedo demais, na visão da garota, mas ao menos era perceptível o quão ansiosas aquelas famílias estavam para uma das épocas mais bonitas do ano. Sentia falta da sua época de criança quando ficava super empolgada com qualquer tipo de festividade, desde as mais banais até as grandes comemorações, como o próprio Natal. Em todo caso, balançou a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos nostálgicos, por alguma razão aquilo também não estava lhe fazendo bem, ao menos não naquele momento. Por mais que tentasse, a visão do agressor sempre vinha a tona. Existia algo dentro dela que ansiava por descobrir quem era, pois a julgar pela fala dele havia uma conexão entre os dois. Ela estava muito próxima de descobrir quem era. Mas... O que ela faria depois? Denunciaria? Pediria proteção às autoridades? Não, não seria efetivo. Ela não tinha provas. Contaria para um de seus amigos, talvez? Quem? Quem ainda ela não havia decepcionado? Nathaniel, decepcionado. Lysandre, decepcionado. Castiel... Ken acabara de chegar, não teria motivos para envolvê-lo numa situação como aquela. Kevin, talvez. Por algum motivo Kevin parecia o mais propenso a resolver aquela situação, mas ela não tinha tanta intimidade assim para pedir-lhe algo do tipo. Bem, o jeito seria guardar para si e ficar atenta aos caminhos que tomava. 

 

— Senhorita Ivy? 

 

Uma voz masculina pronunciou o nome de Ivyin que, assustada, virou-se rapidamente para ver de quem se tratava. Deparou-se com Jade segurando uma pequena muda de flor, encarando-a curioso. Confusa a garota passou a olhar ao seu redor, só então notando que já estava em casa, inclusive subindo os degraus para abrir a porta. Esteve tão absorta em seus pensamentos que não prestou atenção em todo o caminho para casa, apenas entrou no automático. Quando se deu conta do risco que correu por não estar atenta ao caminho levou uma mão ao rosto, fechando os olhos por alguns instantes. Precisava colocar as ideias no lugar o quanto antes, senão era capaz de sofrer um acidente por pura distração. 

 

— Está tudo bem? — Jade questionou, preocupado, já tirando as luvas cheias de terra. 

 

— Sim! — a jovem respondeu com frenesi, balançando a cabeça logo em seguida — Eu só me distraí um pouco, não te vi aí. — sorriu fraco, descendo os degraus que levavam à porta — Meus pais estão em casa? 

 

Jade não se convenceu pela resposta dada por ela, afinal a julgar pela suas atitudes e até mesmo pelas suas vestes — totalmente inapropriadas para aquela época fria do ano —, Ivyin de fato não estava bem. Mas ele respeitaria o espaço da jovem, pelo menos naquele momento em que ela parecia tão fragilizada. 

 

— A senhora Caroline está aí, já o senhor Dan saiu há pouco tempo. 

 

— Ele disse para onde iria?  

 

— Não, apenas falou que demoraria a voltar e pediu para que eu a avisasse. — o rapaz hesitou por um tempo antes de prosseguir, apertando os lábios — Senhorita Ivy... 

 

— Eu sei, eles brigaram. — ela suspirou, decepcionada — Bem, não demore a ir embora, não esqueça que hoje é domingo e você tem que descansar em algum momento. 

 

O rapaz assentiu com um sorriso terno, Ivy retribuiu ao sorriso e segurou a mão de Jade por alguns instantes como se estivesse o agradecendo. Seguiu então seu caminho até a casa. Assim que entrou deparou-se com um cenário nada agradável: diversas garrafas de cerveja estavam sobre a mesa de centro e bitucas de cigarro transbordando do cinzeiro lotado. O cheiro de nicotina pelo ar era incômodo, porém o que mais a incomodou naquele ambiente fora a cena de sua mãe sentada no sofá com as mãos cobrindo o rosto. Ivyin relutava, não queria tomar a responsabilidade de mais um problema que sequer era seu. Na realidade o seu orgulho falava mais alto naquele momento pelo abandono sofrido por seus pais na época em que mais precisava do apoio deles, mas ela precisava amadurecer. Deixar de sentir rancor ou ressentimento fazia parte desse amadurecimento. Por essa razão, após respirar fundo, caminhou até sua mãe, sentando de frente para ela na mesa de centro. 

 

— Mãe. 

 

Assustada, Caroline levantou o rosto para fitar a figura a sua frente, suspirando assim que reconheceu Ivyin. — Não queria que me visse nesse estado. 

 

— O que aconteceu enquanto estiveram fora? — Ivyin olhava diretamente nos olhos da mãe, no intuito de lhe passar segurança. 

 

— Ah, minha filha... É complicado. — pronunciou, desanimada — Eu e seu pai não estamos mais dando certo há muito tempo, só estamos adiando o fim que já é certo.  

 

— E por que estão adiando? — no momento em que fez essa pergunta, Ivy notou que Caroline ficara desconfortável. Não demorou para a garota entender o recado — É por minha causa, não é? — Caroline relutou por um tempo, mas depois assentiu, olhando para as próprias mãos — Mãe, olha para mim. 

 

— É muito difícil ter que colocar a própria filha numa posição de culpada, sabia? Nós fugimos dos nossos próprios erros colocando a culpa em você, na mudança, em qualquer pessoa ou situação, assim a gente se exime de toda responsabilidade. Chegamos num ponto que não sabemos mais como assumir nossos próprios erros, Ivy. — enfim tomou coragem para voltar a olhar nos olhos de Ivyin — Mas sabemos de uma coisa. Inclusive temos certeza. Erramos, e muito, ao te deixar na época em que terminou com Castiel. Ficamos num impasse entre voltar ou não voltar. Seu pai, ainda muito rígido na época achava que você deveria lidar com os próprios problemas sozinha. Já eu compreendia que você precisava de nosso auxílio mais do que qualquer coisa. Porém, após um tempo comecei a adotar os costumes de seu pai, inclusive a sua ignorância e grosseria, desse modo eu passei a achar, assim como ele, que você poderia muito bem se virar sozinha, então ficamos por isso mesmo. 

 

Ivy não sabia o que dizer. Seus olhos estavam marejados, como de costume, por lembrar de todos os momentos ruins que passara desde a época citada por sua mãe até então. Caroline, notando a expressão abatida da filha, acabou tomando as dores que nunca tivera tempo ou interesse em tomar para si. Sua tão adorada filha passara por todos os problemas da adolescência sozinha, época em que a presença dos pais é primordial. Naquele momento ela entendeu o tamanho do problema que havia criado e enfim se deu conta da culpa que tinha naquela situação. 

 

— Me perdoe, minha filha. — a voz saiu falha e inevitavelmente lágrimas rolaram pelas maçãs de seu rosto.  

 

Assim que a jovem ouvira o pedido de desculpas acabou desabando. Chorava alto, soluçava, tentava esconder o rosto com as mãos. Estava liberando tudo aquilo que guardou durante tanto tempo. E Caroline, não podendo assistir àquela cena sem fazer nada, abraçou a filha com ternura, tentando tomar o controle da situação, assim como lutava contra a sua própria vontade de desabar.  

 

Quando as coisas se acalmaram, Caroline e Ivyin passaram a ter uma longa conversa sobre os problemas que as afligiam. A mais velha estava de fato se abrindo sobre tudo, pedia desculpas a cada falha e tentava aconselhar a filha conforme ela falava. Contudo Ivyin não queria contar ainda sobre o homem do hospital. Estava feliz pela relação que voltava a ter com sua mãe e esperava, do fundo do coração, que as coisas ficassem assim. Mas ainda levaria tempo até que se sentisse confortável para falar sobre todos os seus problemas. Decidiu também não falar sobre a sua indecisão em relação aos rapazes, sentia que aquilo era algo intimo demais para ser exposto a sua mãe. Em todo caso tudo que Ivy e seus pais precisavam era de uma boa conversa para colocar as cartas na mesa. De fato ainda faltava falar com seu pai, mas Caroline garantiu que conversaria com ele para tomarem a melhor decisão possível quanto ao relacionamento deles. 

 

Aliviada, a garota dos cabelos prateados subiu até seu quarto e se jogou na cama, virando o rosto para olhar o céu alaranjado pela janela. Acabou abrindo um contido sorriso.  

 

"Um problema a menos..." 

 

[...] 

 

— Você tem certeza?  

 

— Eu já disse que sim! Não teria motivo para eu mentir sobre isso. Só me passa o número dela, ela sabe quem eu sou. 

 

— Se ela sabe como é que você não tem o número dela? 

 

— Rosalya, só passa o número para ele. A situação é grave!  

 

A garota bufou, cedendo aos pedidos do jovem que dizia se chamar Kevin. Rosalya e as amigas ainda não haviam entrado na escola por terem chegado mais cedo, porém enquanto aguardavam pela abertura dos portões um rapaz as abordou. Kevin já havia encontrado Rosa uma outra vez no incidente do bar e a reconhecera pelos cabelos prateados. No entanto a garota não o reconheceu, apesar de naquele dia ter reparado bem em sua aparência. O moreno foi até a escola para encontrar Ivyin no intuito de avisá-la sobre um incidente desagradável, mas como não a achou pensou em pedir o número de seu telefone. O que pode ser considerado como uma tarefa difícil uma vez que era Rosalya quem tinha o número. Depois que conseguiu o que queria, avisou às garotas que estaria no hospital esperando por Ivyin e então partiu. 

 

Pouco tempo depois os portões se abriram e os alunos começaram a entrar. As meninas foram diretamente para sala conversando sobre aquilo revelado por Kevin durante as explicações. Kim e Rosa estavam perplexas, enquanto Violette se segurava para não chorar, por mais que não tivesse intimidade com Castiel.  

 

— Eu não estou acreditando que isso aconteceu com ele. — Kim comentou, olhando para um ponto fixo no chão. 

 

— Quem acreditaria? Ele sempre foi esperto, é difícil de acreditar. — Rosalya complementou — Ivy vai ficar devastada. Será que Kevin já ligou para ela? 

 

— Quem ligou para quem? — subitamente Ivyin apareceu, colocando sua mochila sobre a mesa e sentando na carteira, já virando para as amigas a fim de participar da conversa — De quem vocês estão falando?  

 

As garotas se entreolharam como se por telepatia estivessem tirando nos palitinhos quem iria contar a notícia, contudo Violette foi mais rápida e acabou arrumando uma desculpa. 

 

— Nós, ahn... Nós ouvimos a diretora falar sobre um passeio. — Vio apertou os lábios olhando para Kim e Rosa, como se aguardasse por uma aprovação. Imediatamente elas assentirem, indicando que ela poderia prosseguir — Ela disse que teria que falar com a responsável pelo lugar para fechar os convites. Algo assim.  

 

Kim e Rosalya soltaram o ar que guardavam, aliviadas. Não queriam esconder a situação de Ivyin, o ponto não era aquele. O maior problema é que elas não tinham muitas informações, afinal Kevin estava com pressa e Rosa não parou de questioná-lo sobre sua identidade. Então de qualquer forma a melhor pessoa para contar a Ivyin sobre o ocorrido era Kevin. 

 

— Hm, sei... — Ivy semicerrou os olhos, desconfiada. 

 

No instante seguinte o professor entrou na sala, pedindo a todos que cessassem com a conversa imediatamente. Dessa forma as meninas não mais puderam conversar e Ivyin não pôde questioná-las, mas acabou desencanando depois que o educador começou a ditar um texto, afinal precisava estar atenta. Contudo começou a sentir o seu celular vibrar no bolso da calça. Ignorou na primeira vez. Ignorou na segunda vez. Na terceira começou a se preocupar. Olhou de relance para trás para ver se Violette estava copiando e dessa forma pegaria o texto com ela depois. Retirou então o celular do bolso para checar quem estava ligando, mas constava número desconhecido na tela. Ivy franziu o cenho, afinal não era comum aquilo acontecer, porém uma mensagem chegou, fazendo o celular vibrar mais uma vez. Era daquele mesmo número que estava ligando. Imediatamente a garota abriu a caixa de mensagens. 

 

7:20 AM - 15/11 

De: Número desconhecido 

Ivyin, é o Kevin. Castiel sofreu um acidente, me encontre no hospital próximo ao seu colégio. 

 

A garota levantou bruscamente, chamando a atenção da sala e inclusive do professor devido ao barulho da cadeira arrastando sobre o chão. Soltou os braços ao lado do corpo e encarou o nada por alguns segundos, sua boca semiaberta. Sua respiração começou a ficar ofegante, fazendo com que as meninas começassem a se movimentar para ajudá-la, mas antes que pudessem ampará-la, Ivyin saiu em velocidade pela escola rumo a saída. Assim que pegou o caminho que levava ao hospital começou a chorar, as lágrimas rolavam pelo suas bochechas. Nada mais importava. Kevin, o maldito Kevin poderia ter sido mais detalhista, não ter deixado tão vaga uma mensagem de tamanha importância. Foda-se! Ela estava lá, ela faria por Castiel o que fosse necessário para vê-lo bem novamente. Se ainda fosse possível fazer algo.  

 

Ivyin estava quase alcançando a entrada do hospital, porém subitamente alguém a segurou pela cintura, impedindo a sua passagem. Graças a velocidade ela acabou projetando o corpo sobre aquele que a segurou, tendo assim seus pés tirados do chão. 

 

— Me solta! Me solta! — pronunciava enfurecida, balançando-se sobre o ombro do homem que a segurava. 

 

— Ivy, calma! — o rapaz pronunciou com a voz terna, colocando a garota que se debatia de volta ao chão, mas ainda a segurando pelos ombros para manter o controle — Sou eu, Kevin. Se acalme. 

 

Assim que Ivyin reconheceu Kevin, o abraçou fortemente tentando buscar consolo. Estava tão desnorteada que não havia notado a presença dele ali. 

 

— O-o que aconteceu? — a jovem perguntou ao se afastar, limpando com os dedos as lágrimas restantes em seu rosto — Ele está bem?  

 

— O que eu posso te dizer é que ele não corre risco de morte.  

 

— Então o que estamos esperando? Vamos entrar! — a garota estava impaciente, desejando vê-lo logo.  

 

— Nós não podemos, ele está no meio de um procedimento. Durante o acidente ele fraturou o braço. — Kevin respondeu, olhando para os próprios pés. 

 

— Ele vai ficar bem? Onde mais ele se machucou? Quando foi que aconteceu? 

 

— Eu vou te explicar tudo. 

 

Visando manter Ivyin tranquila, Kevin escolhia as palavras mais leves no intuito de amenizar a situação. Ele já sabia que ela ficaria abismada ao saber que o acidente ocorrera no sábado e que ela só ficara sabendo na segunda, mas por sorte a garota já estava bem mais calma do que quando havia chego ao hospital. Para conversar tranquilamente o acastanhado a levou para a sala de espera. Explicou que Castiel havia sofrido apenas algumas lesões leves e o braço fraturado fora a parte mais grave da situação. Disse que nas vezes que Debrah esteve lá ele sequer conseguia ficar na porta, afinal ela não queria que ninguém entrasse. Por essa razão aproveitou a deixa e decidiu chamar Ivyin para ter o conhecimento da situação. Ele não sabia qual era a relação dos dois, só sabia que ambos se conheciam e provavelmente tinham alguma ligação. Nesse instante Ivyin sentiu-se na obrigação de explicar a sua relação com Castiel. Não que aquilo fosse um estorvo para ela, afinal aquele para quem ela contava havia a ajudado diversas vezes. 

 

— Então... Ele simplesmente foi embora com a Debrah? — a jovem assentiu — Mas que droga! Por que Castiel é tão burro?  

 

— À época as prioridades de Castiel eram outras, eu acho. — suspirou, cabisbaixa. 

 

Ao notar a postura abatida da garota, Kevin pensou em desconversar no intuito de animá-la, mas logo em seguida o médico responsável pelo tratamento do ruivo chegou à sala de espera. 

 

— Com licença, o senhor é o acompanhante de Castiel Tailleur? 

 

— Sim. Ele está bem? — Kevin perguntou se levantando em sincronia com Ivyin.  

 

— Sim, deu tudo certo com o procedimento. — respondeu com um contido sorriso — No entanto ele ainda permanece inconsciente. 

 

— Inconsciente?! — Ivyin questionou, completamente surpresa com aquela informação — Desde quando ele está inconsciente? Kevin! Por que você não me falou? — o rapaz apenas olhou para baixo, evitando ser fuzilado pelas órbitas furiosas de Ivyin —  Doutor, quando ele vai acordar? 

 

— O coma tem resultados imprevisíveis. É esperado que ele volte rapidamente, no entanto não podemos dar o diagnóstico certeiro. — o médico observou a garota aflita e por um momento estranhou a situação, visto que Debrah já havia se apresentado à equipe como a namorada do paciente, contudo ele decidiu relevar, aquele assunto não era de sua competência — Bem, ele não poderá receber visitas por uma hora pelo menos. Peço para que aguardem mais alguns instantes. — pronunciou por fim, assentindo brevemente. 

 

Ivyin voltou a sentar na poltrona, levando uma das mãos ao rosto. Todo o trabalho que Kevin teve de tentar acalmá-la fora por água abaixo naquele instante. Ele pensou em voltar a usar da sua habilidade de amenizar o clima pesado em situações como aquelas, mas dessa vez parecia que não iria funcionar.  

 

— Eu quero ir lá. — a garota pronunciou em voz baixa — Kevin, eu quero vê-lo. — virou-se na cadeira de modo que ficasse de frente para o acastanhado. 

 

— Mas Ivyin, você ouviu o médico, ninguém pode entrar agora.  

 

— Nem que seja para olhar pelo vidro da porta, eu quero ir lá. — levantou-se decidida — Qual é o número do quarto? 

 

O rapaz suspirou, sabendo que não teria outra escolha. — Quarto 407. 

 

Rapidamente Ivyin saíra da sala de espera em busca do quarto citado localizado naquele andar. Xingou mentalmente quem quer que fosse responsável pelo hospital ao notar quão falho era o sistema de direcionamento pelas placas, mas por sorte sua intuição a levou para o lugar certo. Assim que chegou em frente ao quarto mencionado respirou fundo, tomando coragem para olhar pela pequena janela localizada na porta, porém notou que a tal janela era fosca, impedindo qualquer tentativa de visualizar o que havia dentro do cômodo. "Mas é óbvio! Como não pensei nisso?" Meneou negativamente pela falha cometida. Porém Ivyin não deixaria por isso mesmo, ela queria vê-lo a qualquer custo. Não sabia o porquê, sinceramente aquela situação a deixava mais confusa quanto aos seus sentimentos. Contudo, decidida a cumprir seu objetivo, olhou para os dois lados no intuito de verificar se havia algum médico ou enfermeira andando por aqueles corredores. Um profissional cruzou o corredor, porém não chegou a vê-la. Aproveitando a oportunidade a garota abriu a porta do quarto e adentrou rapidamente, fechando-a com delicadeza.  

 

Assim que virou-se para a direção da cama, se deparou com a imagem de Castiel completamente abatido. Um de seus olhos estava roxo e alguns machucados podiam ser notados próximos a sua boca, ainda com a coloração bem avermelhada. Seu braço esquerdo estava enfaixado e disposto sobre seu corpo reclinado sobre a maca. Ivyin apertou os lábios desgostosa com aquela cena. Era doloroso vê-lo daquele jeito, ainda mais ele que sempre fora tão disposto. Seus cabelos rubros pareciam até um pouco mais opacos, mas poderia ser apenas impressão. Em passos lentos a garota se aproximou do lado direito da maca. Acariciou delicadamente o braço bom de Castiel esticado ao lado de seu corpo, tomando a mão dele com a sua. Observou cada detalhe de seus dedos, como se aquele fosse o único momento que teria para matar a saudade que sentia do ruivo. Começou a lembrar de seus toques, suas carícias, seus abraços, seus beijos. Ela sempre soube que sentia saudade de tudo aquilo, mas se negava a aceitar qualquer sentimento que tivesse relação com o passado doloroso. No entanto se permitiu, naquele momento, perder-se nos sentimentos que tinha por Castiel aprisionados dentro de si.  

 

Ainda segurando a mão do ruivo, a garota passou a acariciar o rosto ferido dele com delicadeza. Ficava atenta a cada pequeno machucado, evitando passar a mão sobre eles como se aquilo fosse deixá-lo com dor. Mas assim que suas carícias chegaram ao queixo do rapaz, Ivyin passou o polegar sobre o lábio inferior dele notando que se encontrava um pouco ressecado, provavelmente pela estadia naquele hospital. Inclinou-se sobre ele ao se apoiar na barra da maca no intuito de não deixar com que seu peso o pressionasse. Parou a poucos centímetros de sua boca mantendo seus lábios semiabertos, relutante quanto ao que estava prestes a fazer. Mas no fim acabou concluindo que aquilo não era certo, sequer sabia se na situação atual que encontravam-se ele retribuiria se estivesse consciente. Acabou levando os lábios à testa do ruivo, dispondo um demorado beijo ali enquanto acariciava suas madeixas vermelhas. Enfim tomou coragem para deixá-lo antes que algum médico a encontrasse ali e dessa forma fosse impedida de voltar a visitá-lo. Olhou para trás pela última vez, saindo então do quarto em que ele estava. Assim que virou-se para frente, deparou-se com a figura de Kevin encostado na parede com as mãos no bolso da calça. Ele levantou o olhar para fitá-la, complacente com a postura da garota. 

 

— Então? — ele questionou brevemente.  

 

Ivyin abriu um quase imperceptível sorriso como agradecimento pelo apoio dele, voltando atrás no seu argumento de que Kevin era maldito por não ter lhe explicado antes. — Eu estou indo agora. — pronunciou com a voz baixa — Obrigada, Kevin.  

 

Ele assentiu retribuindo ao pequeno sorriso da garota com um ainda maior. Ivyin então partiu em direção a escola, pegaria seus materiais e voltaria para casa, precisava colocar as ideias no lugar. Era engraçado como um sentimento que por anos tentou apagar pudesse voltar a tona assim, tão subitamente. Talvez ela ainda estivesse confusa sobre Lysandre. E Nathaniel. Não, estava mais do que claro que Nathaniel não era possuidor do seu coração. Ela se confundiu com os gestos tão amorosos do amigo e pensou que talvez pudesse nutrir sentimentos por ele, mas ela só estava frágil, precisando de um amparo que o loiro pôde dá-la naquele momento. Ela não sabia se ele algum dia a perdoaria, mas desejava do fundo do seu coração que eles pudessem voltar ao que eram antes. Já Lysandre tomava conta de seus pensamentos a todo instante, talvez por ainda não terem reconciliado ou talvez ela de fato tenha sentimentos por ele. Mas não sabia decifrar a incógnita na sua caótica mente. Por hora decidiu que seguiria aquilo que seu coração mandasse, e o que mais desejava naquele momento, era se dedicar a recuperação de Castiel. 


Notas Finais


Eu não lembro se já citei o sobrenome de Castiel, se já o fiz e ficou diferente, me perdoem. Inclusive eu havia dado dois nomes diferentes aos pais de Ivyin, minha memória é péssima.

Anyway, se chegou até aqui, obrigada mais uma vez. <3


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