História Destinos Cruzados - O Outro Lado do Romance

Quando Kook chegou na casa de Hanah, foi V quem atendeu a porta, este apenas cumprimentou o amigo e observou Jeon subir as escadas correndo, agora que tinha cumprido sua tarefa de acompanhar Hanah até em casa, o garoto iria embora.

V suspirou e pegou a jaqueta que tinha jogado no balcão da cozinha da garota e saiu do apartamento silenciosamente, estava com o carro de Namjoon e girava a chave entre os dedos, ele foi embora pois estava cansado de ver o semblante desolado de Kook e as tentativas falhas dele, estava cansado de sorrir e dar apoio e fingir que torcia pela recuperação da memória de Hanah. Sim, ele estava feliz por ela ter se recuperado, e de forma egoísta que o fazia se sentir podre, ele também estava feliz por ela ter esquecido dele, pois desde que aquela garota surgiu em sua vida, ela levou o garoto que ele mais amava: Jungkook.

Por isso que o rapaz se sentia mal quando o escutava falar dela, por isso ele não queria seguir aquela garota naquele dia, por isso ele caiu do sofá na sala quando eles se reencontraram, e preparou aquele piquenique frustrante; tudo para afastar Jeon dela. Contudo, nada funcionou, ele não fazia aquilo por mal, aquela era sua forma de lutar, mas no fim era apenas um amigo e como tal, tinha que dar apoio, mas aquilo o magoava por dentro, era difícil sorrir e fazer piadinha quando tem que dar adeus a pessoa que ama e vê-la se afastar de você aos poucos. Contudo, era um destino que ele aceitava cada dia mais.

Entrou no carro e dirigiu lentamente pelas ruas de Seul, nuvens negras pairavam no céu, sinal de que logo cairia chuva. Mal seu pensamento se completou, pingos grossos de água batiam no vidro, fazendo um grande barulho ao se chocar no carro, por sua visão dificultada e por causa da pista molhada, ele levou o dobro de tempo para chegar em casa.

Ao estacionar, desceu do carro as pressas, correndo para a porta da moradia, tudo o que queria era deitar-se em sua cama embaixo das cobertas e se preparar para mais um dia de fingimento. Fighting. Porém um corpo bloqueava a porta, um rapaz inconsciente estava encolhido e tremia no frio.

-Jimin? – perguntou Tae encarando o garoto e parando em meio a chuva, reconheceria aquele cabelo loiro acinzentado em qualquer lugar. – Droga! Hyung, acorda!

Tae correu em direção ao corpo, balançando-o. Jimin estava encharcado, o frio penetrava-lhe os ossos, ele abriu os olhos lentamente e fitou a face de Tae.

-Tae... eu... eu esqueci... – tentava dizer tremendo. – a chave... esqueci...

-Tá, eu entendi. Você esqueceu a chave. – respondeu Tae ajudando Jimin a levantar.

V abriu a porta e entrou arrastando o corpo do hyung, sentou-o no sofá e ajudou-lhe a retirar as roupas encharcadas, a pele de Jimin estava completamente fria, Tae começou a ter medo que o amigo pudesse ter uma hipotermia. Deixando-o apenas de cueca, V arrastou o loiro até o chuveiro, deixando a água quente o suficiente apenas para não machucá-lo, molhando-se ainda mais no processo. Jimin tremia em seus braços, os lábios estavam roxos, porém aos poucos ele recobrava a cor.

-Nunca mais faça isso Hyung. Da próxima vez procure abrigo, por favor. – disse Tae ao terminar de dar-lhe banho e levar Jimin para o quarto.

-Desculpa... – respondeu o mais velho com a voz fraca.

Tae deitou-o em sua cama, pegando vários agasalhos e cobertores para mantê-lo aquecido e sentou-se ao lado dele acariciando seus cabelos, enquanto Jimin se encolhia cada vez mais na cama. V sorriu ao observar o quanto o hyung parecia apenas uma criança daquela forma indefesa e isso o fez lembrar de quando conheceu todos os membros, jogou a cabeça para trás e fitou o teto, sem perceber deixou escapar as seguintes palavras em meio a um suspiro.

-Você foi o que eu achei mais impressionante... desde a primeira vez que te vi.

-Você ainda gosta dele, não é? – pronunciou-se Jimin, surpreendendo Tae que parou de mexer em seu cabelo.

-O que? – perguntou V fingindo-se de desentendido.

-Kookie... você ainda gosta dele.

-Eu... eu não... está acreditando demais nas teorias das ARMY’s.

V estava nervoso, tentou disfarçar, mas era impossível, sabia que Jimin era bem perceptivo quando queria, e se ele estava dizendo isso, foi porque havia notado. Jimin sentou-se e Tae levantou-se pronto para sair do quarto, mas o mais velho agarrou seu pulso.

-Taetae, não é algo para se envergonhar.

-Eu não tenho vergonha. – disse V cedendo, ele precisava colocar pra fora. – Eu apenas quero esquecê-lo.

-Se quiser eu posso ajudar... – disse Jimin puxando o garoto de volta para a cama.

Tae caiu sentado, Jimin passou a mão por trás do pescoço do garoto e o puxou para si de modo que seus narizes quase se tocaram.

-Eu sempre te observei... Sua alegria me contagiava, mas você tinha apenas olhos para ele. Você nunca precisou dizer, mas era perceptível no seu olhar, todos notavam isso, menos Jungkook. – Jimin aproximou seus lábios da boca de Tae. – Da mesma forma que notava-se em meu olhar toda a dor que eu sentia por te ver sofrer por outro e você não percebia.

Tae estava muito surpreso, prendia a respiração, os lábios de Jimin roçaram de leve no seu, ele fechou os olhos a espera do contato, porém sentiu um peso sobre seu corpo, o hyung havia desmaiado em seus braços, ao tocar-lhe a face, Tae percebeu que este queimava em febre.

-Droga Jiminnie! – ralhou o mais novo começando a se desesperar.

●●●

Já se passava da meia noite, Tae estava sentado no chão, encostado em sua cama onde Jimin dormia. O mais velho tinha uma bolsa de água quente na testa, após perder a consciência Tae havia o medicado e ele acordou por um tempo até cair no sono. V não dormia, tinha medo que a situação do hyung piorasse, Jin e Namjoon haviam chego a algumas horas e já dormiam no quarto ao lado, Yoongi e Hobi ligaram para dizer que só voltavam na manhã seguinte, assim como Jeon.

Tae observou Jimin e pensou nas palavras dele, será que o mais velho realmente nutria sentimentos por ele ou foi algo causado pela febre. Como ele nunca notou isso!?

Uma coisa era certa, seus sentimentos por Kook já não eram os mesmos, ele queria que o maknae fosse feliz, sofria ao vê-lo se destruir por causa de Hanah, mas o amava o suficiente para querer sua felicidade e o deixar partir aos poucos. Então, será que poderia dar uma chance a Jimin, ter a chance de amar e ser amado na mesma medida?

O rapaz suspirou e subiu na cama deitando-se ao lado de Jimin, acariciou o rosto pálido do mais velho e o envolveu em seus braços.  Jimin se aconchegou de forma inconsciente contra o corpo do mais novo. Tae beijou-lhe o topo da cabeça e disse:

-É... vamos tentar.