História Destinos Cruzados - O Passado Volta a Assombrar

-Nam... namorado!? – perguntou Joang, pai de Hanah, estupefato, empurrando Tae de perto de si com violência. 

-Exatamente. – respondeu Tae abrindo um sorriso quadrado.

O velho alternava o olhar de Hanah para Kook, sem saber o que falar, sentia o rosto esquentar de raiva.

-Appa, se acalma. – disse Hanah estendendo as mãos para o senhor.

-Isso é verdade? – sussurrou o velho, porém gritou em seguida. – É VERDADE HANAH!?

A garota ficou assustada, tinha uma longa história de desentendimentos com o pai, mas era a primeira vez que ele agia daquela forma. Ela abriu a boca como se fosse responder, contudo nenhum som saiu.

-Vão embora... quero falar com a minha filha. – disse Joang encarando a garota.

-Não vamos deixar ela a sós com você! – disse Jin se colocando na frente da garota.

Joang se preparava para responder, não acreditando que aquele garoto ousou te enfrentar. Porém a voz baixa de Hanah soou:

-Vão... – a voz dela tremia. – Vai ficar tudo bem. Podem ir.

Kookie olhou a face do pai de Hanah com desconfiança, virou a garota de forma que ela ficasse de frente para ele e perguntou:

-Tem certeza disso?

A garota assentiu com a cabeça em confirmação, Jeon a abraçou beijando-lhe a testa, sendo fuzilado por Joang.

-Beija logo a boca dela para mostrar quem manda Kook! – gritou Tae para o casal. 

Joang andou ameaçadora mente até V, que o encarava de cabeça erguida. O velho levantou a mão pronto para acertar o rosto do garoto, porém foi parado por um grito.

-JÁ CHEGA! – disse Hanah. – Você não vai machucar ninguém, não na minha casa!

Joang se afastou de V bufando e sentou-se no sofá levando Jaenhun consigo. Hanah levou os garotos até a porta, dando adeus a um Kook relutante em ir embora. Quando todos se foram a garota encostou-se na porta fechada e encarou seu pai que a fitava.

-Podemos conversar agora. – disse ela. Jaenhun apenas os observava e não dizia uma palavra.

Hanah foi a cozinha acompanhada de seu pai, nenhum se sentou a mesa, ficaram um tempo em silêncio, a garota se recostou contra o balcão cruzando os braços e dizendo:

-Por favor, me diga que isso é uma piada.

O velho soltou uma risada e respondeu:

-Não. Jaenhun é realmente seu noivo.

-Eu não quero.

-Você não tem querer, esse foi um trato feito em ambas as famílias desde o dia que descobrimos que sua mãe estava grávida de uma menina.

-Quebre o trato. Eu não vou me casar com esse garoto. E você não tem o menor direito de me dizer o que fazer.

-Você vai sim! – o velho se aproximou da filha. – Eu sou seu pai, é seu dever me obedecer.

-Se você fosse realmente meu pai teria vindo me visitar quando eu sofri um acidente! Sabia que eu fiquei um mês em coma! – a garota dizia furiosa. – Você nunca me ligou desde o dia em que fui emancipada, você nunca se preocupou comigo! Desde o dia que Omma morreu, você deixou de ser meu pai.

-Ah Hanah, não venha dar uma de menina mimada, eu liguei para saber do seu estado e estava trabalhando. Você estava em coma, de qualquer forma eu não poderia fazer nada. – respondeu Joang indiferente.

-Claro... a única coisa que iria te interessar era o dinheiro que você gastaria com o funeral. – Hanah sentia as unhas perfurarem a palma da mão por causa da força com a qual cerrava os punhos. – A única coisa te importa é dinheiro. Então me diz, quanto você ganha com esse casamento?

-Você realmente me conhece... Jaenhun é filho de uma das famílias asiáticas mais influentes na Holanda, me mudei para lá justamente para acertar os detalhes do seu casamento. – a face do senhor era totalmente de desprezo, desprezo contra a filha.

-Então você só me conta assim!? Chega de e surpresa em Seul, nem pergunta se estou bem e me diz que vou casar com um cara de quem estou noiva antes mesmo de nascer. – a garota soltou uma risada irônica. – Não mesmo. Quero você fora da minha casa amanhã. Pode passar a noite aqui.

Ela deu as costas a Joang saindo da cozinha, porém sentiu um forte puxão em seu cabelo, ia gritar de dor, contudo o som foi abafado por uma mão que tapava-lhe a boca. O aperto no cabelo de sua nuca se intensificou, ela sentiu lágrimas ameaçarem escorrer pelo olhos, sentiu o corpo de seu pai grudar em suas costas e a voz dele em seu ouvido:

-Você vai fazer o que eu mandar.  Amanhã vai terminar com aquele garoto e vai se aproximar de Jaenhun. Ou eu vou dar um jeito naquele pirralho que você chama de namorado. – Joang soltou uma risada. – Estamos entendidos, querida?

Ele empurrou a garota soltando-a violentamente, Hanah ofegava e olhou assustada para o pai, após um segundo ela correu escada acima trancando-se no quarto, encostou-se contra a porta escorregando até o chão onde se encolheu e começou a chorar. Desde que o pai havia se mudado com a nova esposa e a irmã mais nova dela para Holanda, eles cortaram todos os contatos. Joang sempre foi um homem violento, mantinha a falecida mãe de Hanah perto dele através de ameaças, então ela ficou feliz quando ele partiu e a deixou em Seul. Tão inocente achando que iria viver em paz, porém ele voltou.

Hanah pegou o celular e escreveu uma mensagem para Kook:

“Por favor, me salva...”

Contudo não enviou, jogou o celular para o lado e continuou a chorar, até escutar batidas fracas em sua porta. Abriu e deu de cara com Jaenhun, os olhos azuis dele brilhavam no escuro do corredor, ele parecia nervoso, segurava as mãos firmemente em frente ao corpo e abaixou o olhar quando Hanah o encarou. Ela limpou o rosto rapidamente e falou rispidamente:

-Foi meu pai que te mandou aqui!?

-Não... – O garoto gaguejava. – Eu te vi subir de forma desesperada e vim ver se você estava bem, já que seu pai quis vir ver. Eu... eu só fiquei preocupado.

Na última frase o rosto do garoto corou violentamente, Hanah suspirou de forma cansada e disse:

-Tudo bem, eu estou bem. – Ela já ia fechando a porta quando foi impedida pela mão do Jaenhun que a manteve aberta.

-Desculpa. – disse o rapaz a fitando intensamente.

-Pelo quê?

-Eu não sabia que você desconhecia sobre o trato. Muito menos sabia que você já tinha alguém. Eu não queria vir aqui e bagunça sua vida.

A garota se surpreendeu com aquelas palavras, escancarou a porta do quarto e colocou a mão no ombro de Jaehun.

-Então, por favor, me ajuda a fazer meu pai desistir dessa ideia.

O rapaz olhou para o chão, pegou a mão de Hanah apoiada em seu ombro segurando-a entre as suas.

-Infelizmente não posso fazer isso.

-O quê!? Por quê!?

-Eu cresci tendo conhecimento do meu destino.  – O garoto fitou os olhos dela. – Sempre soube desde que me entendia por gente que era com você que iria me casar, fui treinado a te amar desde que nasci. Não tenho culpa se você não sabia, mas o fato é que eu sempre soube, e por mais que esse seja meu primeiro contato com você, é como se eu sempre te conhecesse. Então, eu não irei desistir.

A garota puxou a mão que estava entre as deles recuando, fechou a porta na cara de Jaenhun, contudo o escutou dizer:

-Eu irei fazer você sentir o mesmo...

A garota socou a porta fazendo um barulho imenso e soltando um grito, correu para onde deixou o celular, releu a mensagem que havia escrito e clicou em “ENVIAR”.