História Destinos de Areia - Jantar

Notou os olhares dos que caminhavam pela rua e tentou nem olhar o ruivo enquanto enlaçava os dedos sobre a pele úmida causada pelo nervosismo da inexperiência da situação, havia entendido o signifcado daquilo, mas era algo tão estranho, mesmo que fosse mentira, a mão dele era tão quente em comparação aos dedos frios dela. Quando ele deslizou o polegar sobre a mão dela, ela se virou para o seus olhos e retribuiu o sorriso timído.

 

Seu coração disparou quando entraram dentro de casa. Ela imediatamente soltou sua mão ao ver a irmã dele parada os olhando confusa, ainda nem tinham conversado sobre aquilo.

 

Ele apenas saiu para seu quarto e Temari nem o olhou, seu foco estava na rosada e ela sabia que precisavam conversar.

 

- Você é maluca - a loira apenas abaixou a cabeça - Não deveria tentar ajudar todo mundo assim.

 

- Eu sei - Mas simplesmente não consigo evitar, ele ia perder o cargo.

 

- Você perdeu o juízo, depois de se divorciar o que vai fazer? E Sasuke nessa história?

 

- Eu vou voltar para Konoha e seguir em frente, não irei esperar mais o Sasuke - Ela disse com os olhos brilhando.

 

****

 

Gaara trabalhava quando ouviu a porta abrir-se repentinamente, encontrou o casal de velhos e Kieme bastante intrigados, ele fez o sinal para que entrassem. A velha recusou o assento, arrumando o óculos e soltando um pigarro em seguida.

 

- Soubémos por sua irmã - ela deu enfase - Que arrumou uma noiva - Gaara não escondeu que já sabia que Temari seria de grande ajuda no casamento - Só me questiono por que não encontrou uma mulher de Suna.

 

- Sakura mora aqui, logo ela é de Suna.

 

- Ela não veio de Konoha? Me enganei - A velha foi sarcástica irritando o ruivo que bateu os relatórios na mesa.

 

- Cumpri as leis, estou noivo e vou me casar com a Sakura.

 

- Não é tão fácil assim senhor - Kieme disse - Ela precisa passar pelo conselho antes.

 

- Como?! - ele se fez de desentendido - Ela precisa agradar vocês e não eu?

 

- Não é isso - Yuyo respondeu - Ela precisa passar apenas por uma aprovação, você pode escolher quantas quiser e passar pelo conselho.

 

- Espero que isso não seja para implicar com ela.

 

- É um procedimento Kage - o velho disse - Todos passam por isso, sua mãe também passou. Gaara ficou triste ao lembrar de sua mãe. Ela obviamente fazia muita falta.

 

- Que seja, para quando?

 

- Não há uma data, mas adoraríamos jantar em sua casa amanhã para conversar com ela sobre alguns detalhes.

 

- Jantar?! - Ele se assustou, era apenas para aceitarem e agora já estavam demais, ele sentiu que havia desconfiança por parte dos conselheiros sobre a veracidade do seu casamento.

 

- Algum problema? - Yuyo questionou desconfiada.

 

- Nenhum - ele respondeu sério, vou esperar vocês com minha noiva.

- Será um prazer - Kieme sorriu divertida - Ela é uma médica excepcional.

 

- Sim.

 

- Amanhã às 19h, esperamos um banquete - Yuyo disse.

 

- Não se preocupe, até mais.

 

Ele enlaçou os dedos confuso, não esperava aquela situação, tentava entender o que realmente os conselheiros queriam.

 

- Que cara é essa? - Kankuro analisou o irmão que estava tão perdido que nem viu ele entrar de sopetão.

 

- O conselho diz que vai jantar amanhã lá em casa, querem conhecer melhor a Sakura.

 

- Que maravilha - ele deu ombros - É só uma desculpa esfarrapada.

 

- Eu sei bem disso, mas não sei o que fazer.

 

- Você esperava o que? Que os velhos aceitassem como se fosse algo totalmente esperado? É óbvio que querem saber se não é mentira, vai precisar conversar bem com a Sakura.

 

- Sim - Vou ir até o hospital agora.

 

****

 

Ao encontrar a porta do hospital notou o rosto conhecido de Tokeshi, ele parecia estar tentando disfarçar a raiva que estava sentindo do Kazekage. Era um homem bipolar? Expulsa Sakura e na semana seguinte está noivo dela. Tokeshi se julgava por não ser notado por Sakura da forma que ele queria.

- A Sakura não está - anunciou - Ela está há algumas horas fazendo uma cirurgia delicada.

 

- Pode pedir a ela que vá ao meu escritório? É importante.

 

- Claro - Tokeshi falou e saiu, enquanto estava de costas ele sorriu ironicamente. Se pudesse, manteria ele separado dela o máximo de tempo possível e em sua mente, causaria uma pequena discórdia ao faze-la esquecer-se de falar com ele.

 

Assim que Sakura saiu da sala de cirurgia, ela sentiu a falta de chackra lhe atingir e foi para sua sala, Tokeshi astuto entrou e a segurou pela mão, sentindo a rosada tremular, ela não percebeu o que acontecia bem até sentir o bolinho doce entrar em sua boca e ela recobrar um pouco da energia.

 

- Melhor descansar um pouco... - Tokeshi disse.

 

- Não posso parar, ainda tem muitos na cliníca - ela entortou a boca.

 

- Me traria um chá? - ela pediu sentindo o cansaço - Preto e com bastante menta.

 

- Claro - Volto já.

 

Tokeshi saiu da pequena cantina do hospital com a caneca transbordando, acima de suspeitas, ele abriu sua sala e em uma de suas gavetas, notando o frasco bem fechado. Colocou o remédio e mexeu com a colherinha usada para adoçar, fazendo o sabor desaparecer.

 

Encontrou Sakura deitada na poltrona e lhe entregou o chá o qual ela bebeu com gosto e levantou-se afim de continuar as consultas rotineiras que estavam por vir.

 

- Vou... - ela disse sem completar a frase sentou-se sentindo o esgotamento lhe abater. Tentou levantar, mas o médico a pressionou levemente na cadeira. As pálpebras aguçadas piscaram lentamente e se abaixaram, onde a rosada de Suna agora dormia profundamente na cadeira reclinável. Tokeshi sentiu seu corpo delgado nos braços, exalando o perfume doce e suave que ele tanto gostava. A colocou em uma cama dentro do hospital e a deixou no seu sono profundo.

 

****

 

A passos estressados, Gaara se perguntava se Sakura já havia saído do hospital, então retornou para lá verificar. Encontrou alguns enfermeiros que lhe disseram que há horas Sakura havia saído da cirurgia.

 

Encontrou a porta de Tokeshi aberta e a sala vazia, notou que o médico havia saído, indignado com ele, saiu procurando pelo complexo e grande conjunto de quartos. Notou ele perto de uma cama em um quarto escuro, com a porta entreaberta e as luzes apagadas, inclinado o suficiente para ele notar seus lábios quase tocarem os de Sakura adormecida. Pigarreou alto e notou que o médico havia tomado um susto.

 

- O que aconteceu? - Gaara questionou desconfiado.

 

- Ela adormeceu, estava muito cansada.

 

- Eu preciso muito falar com ela - ele fez um sinal para Tokeshi sair.

 

- Desculpe não posso permitir - Ela está cansada e precisa repousar.

 

- Ela é minha.

 

- Minha também - Tokeshi falou firme e depois percebeu que a expressão de Gaara havia mudado ele abaixou a cabeça - Amiga.

 

- Acho melhor mudar você de setor, te transferir para ala pediátrica - Gaara disse amargo - Gosta dela.

 

- Que mal há? - Não confia nela?

 

- Confio - Ele disse - Mas eu não quero que se aproveite da situação de trabalhar junto com ela, em momentos como esse.

 

- Do que está falando? - Tokeshi se fez de desentendido.

 

- Estou falando de beijá-la enquanto ela está desacordada.

 

- Eu não ia fazer isso com a noiva de meu líder.

 

- Eu sei bem o que você é, estarei de olho.

 

Tokeshi saiu amargargurado da sala, pensando que se Gaara não chegasse, os doces lábios seriam dele ali. Teve apenas aquela oportunidade de te-la tão perto e seu coração ignorava que ela tinha alguém, ela pertencia a ele, e demonstraria que ele era o homem perfeito pra ela. Mas agora por momento teria que se manter afastado, para não parecer um maluco, por ela.

 

Quando dormia, Gaara resolveu por aquela noite posar com ela, pois assim que ela acordasse eles tinham um assunto importante a tratar. O jantar que receberia os conselheiros era hoje e se havia algo que estava atormentando a mente do ruivo, eram as perguntas que iriam fazer a Sakura. Eles precisavam saber o minímo um do outro e era aquilo que se fazia necessário. A observou dormir e notou que seu rosto era bonito, as mãos pequenas e magras, que não mostravam a força brutal que a kunoichi tinha, seu coração palpitou quando a viu se remexer e sentiu-se estranho por estar ali. Voltou a si fora de seus pensamentos, sentiu que ela era uma pessoa boa demais, até para ele.

 

Ela acordou sentindo-se revigorada e espreguiçou-se sem notar a presença de Gaara ao lado, olhou a janela fechada e se espantou ao encontrar as orbes verdes claro a olhando, sentou-se na maca e notou que ele parecia preocupado.

 

- Está melhor? - ele disse em seu tom sério.

 

- Sim - respondeu envergonhada - Desculpe acabei dormindo demais.

 

- É tarde realmente, estava te procurando pois tenho algo urgente a tratar.

 

- É sobre o casamento? - ela perguntou curiosa voltando-se para ele, que ainda sentia-se desconfortável pela situação.

 

- Sim - disse - O conselho vai daqui a pouco jantar lá em casa, querem conhece-la.

 

- E-eu?! - Ela falou perplexa - O que eles querem de mim?

 

- Estão desconfiados provavelmente, por isso vim aqui para combinarmos que não podemos falar, o que podemos, tomar cuidado para não sermos notados.

- Claro - Ela disse - Que tipo de coisas podem perguntar?

 

- Acho que coisas simples, sobre relacionamentos, não acredito que vai ser algo além disso, ou sobre mim, e vice-versa.

 

- Tudo bem - Vamos ver, que horas são?

 

- 14:30 - O jantar é as 19h...

 

- Nossa! - A rosada levantou-se em um pulo - Eu dormi tudo isso?

 

- Não se preocupe,você folga hoje, precisamos lidar com isso.

 

- T-tá!

 

Ele fechou a porta do quarto ligando a luz, deixando os a sós na sala, ela não tinha ficado sozinha em algum lugar com alguém daquela maneira, seu coração disparou quando ele chegou perto dela.

 

- O que foi? - ele a olhou confuso.

 

- Melhor abrir a porta - ela disse.

 

- Não - Vão nos ouvir.

 

- Tudo bem - ela tentou acalmar suas mãos e notou que ele percebeu, sentindo o sangue lhe tocar as bochechas.

 

- É a primeira vez? - ele questionou curioso.

 

- Kya!!! - Ela pulou da cama - C-como? - Estava vermelha até os dedos dos pés, que raio de pergunta era aquela?

 

- É a primeira vez que janta com líderes políticos?

 

- Ah... - Ela arfou calma - Sim.

 

****

 

A noite chegou rápido e Sakura abriu o guarda roupa encucada com o que vestir, lembrou-se que Gaara disse que eles estavam vindo com tudo para perceber pequenos detalhes.

 

Apanhou o vestido vermelho vinho e um par de sandálias pretas, acho razoável para receber líderes políticos que estavam ali para definir o futuro de Suna, tanto que às vezes ela não sabia como havia se enfiado naquilo em tão pouco tempo morando ali.

 

Em um mês estava obcecada por Sasuke, no outro estava noiva de um líder político, e o pior, era uma grande farsa que parecia onde todos estavam dispostos a desmascará-la e faze-la voltar correndo para Konoha. Tentou não pensar muito no assunto enquanto arrumava o cabelo num coque e deixava alguns fios da franja solta. Sorriu para o espelho e depois desfez a risada, chateada pela situação constrangedora e totalmente inexperiente. Aquela situação de falso noivado já estava passando dos limites.

 

Ouviu a batida na porta informando que ela deveria descer. Apertou a pulseira grossa de argola para acalmar o nervosismo, ela não podia estragar nada aquela noite, tudo dependia dela.

 

Quando a porta se abriu, junto dela as bocas dos irmãos da areia abriram-se em conjunto, impressionados com a beleza da kunoichi naquela noite. Se havia algo a ser notado era que ela estava diferente de seu expediente no trabalho, estava realçada. Gaara não podia estar mais impressionado. Nos anos que conhecera ela, mesmo que vendo ocasioalmente, ela não era alguém que não se preocupava em realçar-se, nunca imaginou te-la visto assim, tão bonita. Parou com aquilo imediatamente, que pensamentos terríveis, pensou consigo, ela era bonita, mas era sua noiva de mentira. Mentira, farsa, fachada, palavras que fizeram ele se lembrar do que ela disse sobre casamento. Nem sabia por que ela estava ajudando.

 

Sentaram-se a mesa e aguardaram os líderes chegarem. Não demorou e os três conselheiros entraram na sala de jantar acompanhados por Matsuki.

 

- Ora - Yuyo falou - Então esta é a pequena de Konoha.

 

- Sim - ela disse envergonhada - É um prazer.

 

- O prazer é meu - disse a velha - É lindíssima, Gaara talvez nem seja bom o suficiente para você - ela brincou.

 

- C-claro que é! - Sakura tentou parecer calma, mas por dentro sentiu que Gaara estava errado sobre ser um jantar calmo.

 

- Estou bricando flor - retrucou - Vocês são lindos juntos. Mas por que não estão sentados perto um do outro? - Gaara estava sentado na cabeceira e a rosada no assento do meio da mesa. Eles se olharam e Gaara saiu de seu posto e trocou com Kankuro que sentava ao lado dela.

 

- Bem melhor! - A velha disse.

 

- Peça a Matsuki para servir o jantar - ele pediu.

 

- Sem pressa - Yuyo falou - Queremos ver bem a noiva.

 

- Como foi o primeiro encontro de vocês? Quero dizer... Como se conheceram? - Kieme a mais jovem disse audaciosa.

 

- Bem... - a rosada lembrou-se dos exames chunnin, claramente o primeiro encontro foi horrível, pelo fato dele ter tentado matar ela - Foi intenso e... - Ela o olhou timída - Bastante selvagem.

 

- Nossa - até a velha estava vermelha - Esses cabelos vermelhos não mentem.

 

- Não pensei que combinassem, como as coisas ficaram assim?

 

- Ela é muito inteligente e... Bonita - Sakura ficou boquiaberta ao receer aqueles elogios. Coisas da sua cabeça, mas ele não parecia estar mentindo - E eu sempre a admirei, nunca tinha falado para ela, mas eu gosto dos cabelos dela e o jeito que ela mexe neles, isso... Me encantou.

 

Ela agradeceu mentalmente pelo jantar ser servido naquele momento e o foco dela sumir, conversaram algumas trivialidades, mas o coração palpitava rápido e ela estava confusa aquele momento. O noivado de fachada estava começando ficar real demais para ela.

 

- Acho que Sakura se apaixonou pela comida da Matsuki - brincou Kieme.

 

- Estava delicioso, iremos marcar o reconhecimento formal - Yuyo disse.

 

- Obrigada - Sakura sorriu aliviada pelo jantar ter acabado bem.

 

- Sabe o que queríamos ver? - Kieme sorriu maliciosa - Um beijo.