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História Destinos Traçados - Lar


Escrita por: _pumpkinqueen

Notas do Autor


Oi pessoal, tudo bem?

Parece que o fim está muito próximo...

Capítulo 45 - Lar


Os dois outros dias que ficamos na Índia passaram rápido. Como de costume, dormia e acordava aconchegada ao peito de Ren, conversava horas com Anamika e Yesubai e lhes emprestava as minhas roupas, ouvia as histórias do sr. Kadam, treinava com Kishan no dojo, tinha uma vida normal ao lado dos meus amigos, ou, como eu preferiria chamar, família. Meus machucados já não doíam tanto, embora eu ainda tinha que tranquilizar Ren e dizer que não era sua culpa.
Já estava chegando a hora de ir embora, partiríamos à noite. Era de tarde e eu arrumava as minhas - muitas, muitas mesmo - malas, tentando colocar tudo o que havia no closet dentro delas. Infelizmente, não daria tempo nem compensaria mandar um carro antes para o aeroporto, então eu teria mesmo que arrumar um jeito de levar todas as roupas. Eu insistia, mas Ren e o sr. Kadam avisavam que eu poderia comprar outras depois. Eu queria sentir o cheiro tropical da Índia nas minhas roupas, então não deixei.
Primeiro, coloquei os trajes espaçosos em uma mala maior. Todos eles formavam uma linda pilha convidativa para colocá-los e sair andando pela selva, tal como as deusas hindus. Quando percebi que ficara muito tempo pensando nisso, voltei para o meu trabalho de transferir as coisas para as malas.
Coloquei o resto das roupas distribuídas em três malas tamanho gigante no total, e depois separei mais uma para colocar as almofadas, os cosméticos e outras coisas. Eu tinha certeza de que ainda voltaria para a Índia, mas ainda assim, levei as minhas coisas. Desci as escadas levando duas malas por vez. Ren passou pela porta e começou a dar risada, então me ajudou, colocando as malas dentro do carro. 
Iríamos em dois grupos: Um o sr. Kadam, Kishan e Yesubai e o outro eu, Ren e Anamika. Como nenhum dos meus acompanhantes tinha bagagem, eu fiquei com o porta malas só para mim. Já estava quase na hora de partir, e o aroma da Índia já causava saudades e tristeza.
Parecendo ver a minha aflição, Ren veio ao meu encontro e me abraçou. 
-Vamos voltar aqui sempre que você quiser. Não se preocupe.
Inspirei mais uma vez o doce cheiro tropical.
-Vou sentir muita falta daqui. Desse cheiro... - eu disse, mais para mim do que para Ren.
-Sempre que ficar com saudades - ele olhou em meus olhos com intensidade e um sorrisinho no rosto. - pode sentir o meu.
Acordei do meu devaneio, dei um tapa leve nele e comecei a rir. Realmente, o cheiro de Ren era característico e me lembrava totalmente a Índia: sândalo, cachoeira, e um lindo dia de verão. E de fato eu adorava sentir o cheiro maravilhoso daquele homem, mais conhecido como meu noivo. 
Me aconcheguei em seu abraço e fiquei observando a casa, lamentando ir embora ao mesmo tempo em que ansiava pelo Oregon. 
-Planejo trazer nossos filhos para brincar aqui sempre - disse ele.
Dei risada.
-Você já está pensando nisso?
-Mas é claro.
Fiquei ali por muito tempo, até que um chamado de Kishan me despertou. A noite já caíra e teríamos um longo caminho de trânsito pesado até chegarmos ao aeroporto, então definitivamente já era hora de largar aquela casa e tudo que havia ali. Por pelo menos um tempo.
Entramos no carro, eu na frente, Ren ao volante Anamika atrás. Eu havia a emprestado um shorts largo e uma camiseta, mas pelo jeito ela não gostou da roupa. Prometi que quando chegaríamos no Oregon, iria com ela em um shopping para comprar algo do gosto dela. 
Começamos a dirigir e eu resolvi ligar o rádio. Coloquei em uma estação de músicas muito conhecidas para mim e comecei a cantar alegremente ao som de Mariah Carey. Me virei, convidando Anamika para dançar comigo, mas ela tinha uma expressão muito engraçada de terror no rosto.
-O que é isso? - perguntou, me fazendo cair na risada.
-Música.
-Mas por que ela está gritanto?
-Chama-se falsete.
A música passou para Shakira e Anamika sorriu.
-Gosto dessa. 
-Eu também - disse Ren. 
Comecei a cantar e dançar no carro, rindo dos meus companheiros de viagem. Eu estava muito animada, quase entorepecida. Continuei assim pelo resto do caminho até chegarmos ao aeroporto, onde eu desci ainda dançando. Kishan deu risada.
-O que colocaram na sua comida? - perguntou ele, em tom de gozação.
-Não posso ficar feliz?
Ele deu de ombros, mas sorriu também, parecendo se contagiar. Segurei a mão de Ren e todos começamos a andar em direção ao avião. O sr. Kadam subiu primeiro, seguido por Kishan e Yesubai, então eu e Ren e Anamika por fim. 
Como já era de noite, bem na hora do jantar. Nos sentamos do mesmo jeito que havíamos feito na viagem de volta do Himalaia. Uma aeromoça diferente daquela outra veio nos servir hambúrguer e batata frita. Pulei de felicidade, agradecendo por finalmente poder comer algo americano. Em breve mataria as saudades dos hambúrgueres dos Estados Unidos - e das comidas veganas de Sarah. Mas eu estava feliz com isso. 
Anamika estava com algumas dificuldades para comer o hambúrguer. Estava hesitante, como se tivesse medo de provar a comida nova.
-É carne assada, pão, tomate, alface e queijo. É muito bom, deveria provar - incentivei.
-Ah - resmungou ela.  - Não sei como segurar.
-Assim - ensinei, pegando o meu e dando uma mordida. - Vamos lá. Quero ver a sua reação.
Ela assentiu, como se não houvesse outra opção, e então abocanhou o lanche. Seu olhar se abriu e ela soltou um gemido de aprovação.
-É bom! 
Dei risada.
-É sim. Pegue a batata também.
Depois de dar o saco de batatas para Anamika, comi o meu lanche como se não houvesse amanhã, e depois ainda pedi uma barra de chocolate à aeromoça. Mesmo enquanto comíamos e tínhamos o nosso "pós-janta" um pouco mais quietos por conta da barriga cheia, nunca deixávamos de conversar e puxar assunto. O clima estava tão bom que eu sentia que nada poderia me afetar.
Depois da refeição e de muita conversa, fomos para os bancos duplos para podermos dormir. Sentei do lado da janela, com Ren do outro.
Ele tocou a minha mão, roçando o anel com o seu dedo. Por meio daquele simples toque, tão executado todos os dias, eu me senti protegida de todo e qualquer perigo. Ren tinha aquela chama ardente que me deixava desesperada, ansiosa, mas ao mesmo tempo me reconfortava e me fazia sentir amada e segura como ninguém. 
Desde a morte dos meus pais, eu me perguntava se eu seria realmente capaz de me sentir inteira de novo. Depois que a minha base, o meu porto seguro se foi, eu tive certeza de que nunca mais encontraria descanso. Mesmo que fosse adotada, mesmo que arranjasse uma nova vida, os sonhos ainda me assombrariam. Eu não estava protegida de mim mesma. Eu tinha certeza de que não poderia ser capaz de amar novamente, não como eu amava os meus pais. Eu sabia que seria difícil fazer com que o meu coração fosse aberto e um sorriso verdadeiramente genuíno subisse às minhas faces.
Mas então aquele tão querido par de olhos azuis encontraram os meus. Desde o primeiro momento, desde o primeiro instante, o primeiro segundo, mesmo que eu não admitisse, eu sabia que o meu lugar era ali, dentro daquele coração. E também tive certeza de que o meu coração tão fechado se abrira totalmente, dando lugar a um amor tão grande e incondicional.
Passamos tantas coisas juntos. Não foi muito tempo, mas foi experiência suficiente para que aprendêssemos juntos, para que crescêssemos juntos. Ele me fazia bem. Ao mesmo tempo em que fazia eu me sentir tudo, me levantava o amor próprio e me enchia de elogios, ele fazia eu me sentir nada, leve como o vento, sem nenhuma impureza que eu me preocupasse. 
Estar com Ren era uma dádiva. Eu desejava essa dádiva de tê-lo comigo mais do que qualquer outra coisa. Queria vê-lo bem. A cada sorriso que surgia em seu rosto, meu coração gelava e também derretia. Cada toque era um deleite dos deuses. Cada olhar, cada palavra, cada momento, tudo. 
Nunca mais me sentira pior do que as outras garotas. Também de fato não me sentia melhor. Eu me sentia melhor do que eu, melhor do que eu era ou já fui em qualquer momento da minha vida. Me sentia amada e retribuída, com uma pessoa que tinha o poder de me contentar. 
Ele era luz, ele era o dia, a noite, o ar que eu respirava, ele era a moradia, ele era o quarto, a cama, o sofá. Ele era tudo o que eu precisava, ele sabia do que eu precisava, e também precisava de mim. Prometi a mim mesma que cada piscada de olho, cada sorriso, cada suspiro, cada sonho, seria em função dele. Cada uma dessas coisas seriam compartilhadas, pois o amor é um sentimento que com toda a certeza deveria ser compartilhado.
Mas éramos tão diferentes, pensaria eu em qualquer momento antes de conhecê-lo melhor. Hoje vemos que as diferenças em um eram o que faltava no outro. Juntos éramos um só, um único coração. Naquele momento, percebi que tudo valera a pena. Compensara os machucados, o cansaço, as buscas, o isolamento dos túneis, tudo, tudo isso compensara. E eu faria tudo de novo e de novo se o resultado fosse ter Ren sorrindo e esperando por mim do outro lado.
Afinal, ele era o meu lar.
Era óbvio que pessoas olhariam para mim e reconheceriam isso como interesse. Não seria difícil julgar assim. Mas, de nada interferia o dinheiro, a carreira, ou qualquer outra coisa. Quando eu estava ao lado de Ren, eu não era mais Kelsey, uma jovem órfã muito neurótica e preocupada, e Ren não era mais um milionário herdeiro de um grande negócio. Éramos uma parte só, um todo. Um todo que brilhava junto, sorria junto, chorava junto. Nossos corações eram os mesmos e tudo estava conectado para nós.  E, mais uma vez, de nada interferia as coisas mundanas. E como eram muitas! Nosso amor era no mínimo complicado. Tão cheio de detalhes, tão cheio de riscos e momentos difíceis, assim, tão cheio de impásseis, mas ao mesmo tempo tão simples. Era simplesmente amor, um sentimento puro e genuíno. Um sentimento leve, que fazia bem a cada canto da alma.
Simples assim.

 


Notas Finais


... mas não se preocupem com fim!!!

Algo muito novo está chegando!


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