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História Destiny - One


Escrita por: sonyeondream

Notas do Autor


OLÁ
QUEM É VIVO SEMPRE APARECE, NÉ?
Meio tarde, mas cheguei ♥ Espero que gostem ♥

Capítulo 2 - One


O calor era insuportável. As buzinas estridentes soavam de todos os lados, como sinos que anunciam o mau agouro. As chamas se fechavam pouco a pouco ao redor de Min Yoongi, criando uma barreira sólida e inescapável. Ele tentava gritar, mas sua voz parecia se perder no caminho até sua boca. Ele estava sozinho, e as chamas se aproximavam cada vez mais, sufocando-o, prendendo-o, amarrando-o. Ao longe, era possível ouvir uma voz baixa gritando algo indistinto, seguida por pancadas suaves e ininterruptas.

O barulho foi aumentando pouco a pouco, até tornar-se insuportável. As pancadas, antes suaves, agora soavam desesperadas e eram seguidas por gritos aflitos de “Hyung! Hyung!”. O fogo continuava a se aproximar, ameaçador. O círculo estava se fechando. Yoongi apertou os olhos, esperando as chamas ferozes lamberem sua pele, esperando a dor. Mas ela não veio.

 

Yoongi abriu os olhos de chofre. Aquele pesadelo já não o atormentava mais há anos. Ergueu as mãos à altura dos olhos, e viu que estavam trêmulas. Seu corpo inteiro estava recoberto por uma fina camada de suor frio, e seu peito desnudo subia e descia rapidamente, buscando recuperar o fôlego. Ergueu um dos braços e colocou-o sobre os olhos, apertando-o até ver estrelas explodirem sobre a imensidão negra de suas pálpebras cerradas, tentando afastar de si a imagem do fogo cada vez mais próximo.  De repente, tomou ciência de que sua porta estava sendo esmurrada com força, quase ao ponto de ser arrancada das dobradiças.

-QUE FOI, INFERNO? –Ele gritou, estressado. Não tinha a menor condição de ser educado naquele momento especifico.

-EU É QUE TE PERGUNTO! VOCÊ SABE QUE HORAS SÃO, FILHOTE DE DESGRAÇA?! A SUA REUNIÃO COM O APPA COMEÇA EM 15 MINUTOS!

Fo. Deu. Foi o único pensamento que passou pela cabeça de Yoongi. Ele se levantou de um salto, correndo em direção ao banheiro, retirando as calças de moletom no meio do caminho e tropeçando nos próprios pés. Tomou banho tão rápido que nem mesmo ele foi capaz de acreditar. Dez minutos depois, já estava correndo desabalado porta afora, tentando achatar os cabelos rebeldes com uma mão, enquanto na outra equilibrava precariamente sua pasta, o celular e os fones de ouvido. Passou como um tufão pelo corredor, e esbarrou em Jimin no topo da escada, derrubando-o no chão.

-Eu te avis... –Jimin começou a dizer.

-Cale a boca.

-Isso é pra você aprender a não ser tão irresponsável. Da próxima vez que não vou te acordar.

-Ah, vê se me deixa.

-Pare de ser resmungão. Pelo menos me dê uma carona até o colégio, seu ingrato. Eu estou tão atrasado quanto você. –Jimin disse se levantando, desistindo de esperar a ajuda do irmão. Desceu as escadas de dois em dois degraus e entrou num impulso dentro do carro, sendo seguido de perto pelo irmão mais velho.

Yoongi parecia nervoso. Apertava tanto as mãos no volante que os nós dos seus dedos chegavam a ficar brancos. Não era nenhuma novidade que não gostava de dirigir; era simplesmente muita responsabilidade para ele tentar não matar todas as pessoas que se metessem em seu caminho. Jimin sufocou uma risadinha com uma tosse mal disfarçada, recebendo um olhar de canto ameaçador por parte do irmão. Decidiu poupar comentários, já que estava realmente muito atrasado e não queria ser chutado para fora do carro.

Yoongi, porém, parecia estar testando a paciência de Jimin. Ele dirigia tão devagar que Jimin viu pelo menos três senhoras de idade os ultrapassarem rindo da cara deles. Ele tentou, realmente tentou, mas em dado momento não pode mais segurar a careta de indignação que ameaçava se formar em seu semblante. Olhou fixamente para Yoongi, esperando que este entendesse o recado: Se ele não parasse de ser medroso, os dois estariam muito, muito, ferrados.

-QUER ACELERAR ESSA MERDA, YOONGI?!

-SE EU MATAR ALGUÉM EU É QUE VOU SER PRESO, IDIOTA! E PRA VOCÊ É “HYUNG”, PIRRALHO!

Se olhares matassem, Yoongi estaria se contorcendo em agonia nesse exato momento. Jimin o olhava com tanta raiva que quase se podia ver sua alma ardendo em chamas através dos seus olhos. Yoongi, porém, continuava dirigindo à 20 por hora, enquanto Jimin continuava fuzilando-o com o olhar e ele fingia não perceber. Em suma, apenas um dia normal e feliz na família Park.

Jimin foi praticamente chutado para fora do carro quando este parou em frente ao colégio. Ele teria xingado Yoongi, mas não teve tempo, pois esse acelerou o carro novamente assim que Jimin pisou para fora, mal lhe dando tempo para fechar a porta. Decidiu armazenar sua raiva para quando chegasse em casa, já que não tinha muita escolha. Conformado, virou-se para o portão e desatou a correr, lembrando-se do quão atrasado estava.

Yoongi, por outro lado, continuava a dirigir, costurando com dificuldade os carros em seu caminho. Ele já estava vinte minutos atrasado, e levaria pelo menos mais dez para chegar ao seu destino. Ele estava muito, muito, muito ferrado.

Como que por um milagre o transito nesse dia estava estranhamente bom. Estacionou na primeira vaga que encontrou e desceu do carro, acionando a alarme e checando o próprio reflexo no espelho retrovisor; estava horrível, é claro; totalmente deplorável. Olhou para cima com desgosto, um esgar de aversão se formando em seu rosto ante a visão do prédio gigante e totalmente espelhado. Suspirando, direcionou-se para as portas automáticas e adentrou no hall luxuosamente decorado.

Direcionou-se para o balcão, onde uma secretária bonita estava sentada. Ela usava as roupas normais de uma secretária, saia preta e camisa branca. Seu cabelo estava preso num coque frouxo, que deixava alguns fios caídos, emoldurando seu rosto. Um par de óculos de aros finos equilibrando-se na ponte do seu nariz lhe conferia um ar agradavelmente intelectual.

-Senhor...? Senhor?

Yoongi voltou à realidade, sentindo as bochechas esquentarem. Sabe-se lá por quanto tempo estivera observando a moça descaradamente. Ela também estava com as bochechas um tanto coradas, e Yoongi sentiu-se imediatamente culpado.

-Eu... Ah... Eu... Eu tenho uma... Uma audiência marcada com o presidente Park. –Ele disse, coçando a nuca num claro sinal de constrangimento.

-Ah... É claro... Ele está lhe esperando, já pode subir. –Ela disse, desviando o olhar dele, claramente desconfortável.

-Tudo bem, eu vou... –Yoongi apontou em gestos desconexos para o elevador que acabara de chegar, dirigindo-se para ele de costas. Esbarrou em alguém, o que serviu para deixa-lo ainda mais constrangido. –E eu... ah... Me desculpe... –Ele sorriu minimamente, e viu a bela moça sorri-lhe de volta antes da porta do elevador se fechar, bloqueando sua visão.

Encostou-se na parede espelhada do elevador, refletindo. Talvez chamasse aquela garota para sair, se tivesse a oportunidade. Ela era realmente muito bonita, e seus pais já estavam começando a lhe fazer perguntas nada discretas do tipo “Mas quando é que você vai trazer a sua namorada para jantar conosco, Yoongi?”. Era absolutamente constrangedor.

Ele estava perdido entre esses e outros devaneios quando a campainha soou, anunciando o andar desejado. Yoongi revirou os olhos e seguiu, arrastando os pés, até as grandes portas de mogno, que por si só já pareciam suficiente caras. Parou com a mão no ar, prestes a bater, mas decidiu que não estava a fim de ser educado. Girou a maçaneta e entrou num rompante, pensando que talvez encontrasse o pai fazendo algo engraçado. O senhor Park, porém, estava apenas sentado em sua grande cadeira executiva lendo um maço de papéis que tinha praticamente a altura de Yoongi.

-Oh, Yoongi. Sente-se. –O homem falou, desviando fugazmente os olhos do papel à sua frente. Yoongi revirou os olhos e se sentou, encarando o pai fixamente enquanto este terminava de ler o que quer que fosse tão importante. Depois do que pareceu uma eternidade, o senhor Park finalmente largou os papéis sobre a mesa e dirigiu seu olhar para o filho mais velho, apoiando o queixo nas mãos.

-Então, o que tem a me dizer sobre esse atraso?

-Eu estava... Estudando. Sabe como é, preciso entrar na faculdade, não é? Então eu estava estudando. –Yoongi sempre mentiu mal, mas estava contando aquela mentira com tanta frequência que ela quase parecia convincente. Passara a madrugada toda compondo músicas, um hobbie secreto que ele jamais teria coragem de compartilhar com o pai.

-Hum... Tudo bem. Mas saiba que não vou tolerar isso outra vez.

-Tudo bem, appa. –Yoongi disse, suspirando.

-Presidente, Yoongi. Aqui eu sou o presidente.

Yoongi revirou os olhos pela segunda vez em menos de dez minutos. Se só o começo do seu dia já estava sendo assim, ele não queria nem imaginar como seria o resto. Observou o rosto do pai, desde os cabelos começando a ficar grisalhos até as rugas de expressão se formando em sua testa. Seu pai já fora mais divertido, mas aparentemente aquela empresa era um tipo de monstro sugador de energia e destruidor de pais legais. Yoongi morria de medo de acabar ficando igual seu appa se passasse muito tempo no mesmo ambiente que ele.

-Então... –O senhor Park começou, finalmente.

-Então... –Yoongi respondeu, uma ironia praticamente inidentificável permeando sua voz.

-Vou ser direto, já que não tenho muito tempo. Eu preciso que você assuma a empresa em algum momento, e para isso preciso que você saiba o que está fazendo. Já faz três anos que você não está mais estudando, e também foi uma guerra para conseguir que você começasse a frequentar a empresa. Está na hora de adquirir responsabilidades, Yoongi.

Yoongi olhava desanimado para o pai. Já imaginava que ele fosse dizer algo do tipo, mas por mais que pensasse estar preparado, não o estava. Odiava aquele lugar. Odiava as pessoas engomadas, as gravatas que apertavam o pescoço e as maçanetas excessivamente polidas. Odiava o jeito formal com que falavam. Odiava tudo que podia ser odiado naquele ambiente. Porém, prometera a si mesmo que assumiria aquela responsabilidade, em nome de seu dongsaeng.

Desde criança, Jimin demonstrou uma paixão gigante pelas artes. Quando cresceu, essa paixão apenas se fortaleceu e se focalizou em uma direção: a dança. Yoongi nunca contou para Jimin, mas quando o via dançar, sentia que poderia aguentar qualquer coisa, se fosse para o irmão mais novo continuar fazendo aquilo. Então ele prometeu, silenciosamente, que destruiria o próprio sonho para que o sonho de Jimin pudesse continuar vivo. E agora, aquela decisão não podia mais ser adiada.

-Tudo bem, appa. Quando eu começo?

Os olhos do senhor Park se arregalaram consideravelmente. Definitivamente, esperara um pouco mais de resistência por parte do filho, que nunca fora fácil. Então, foi pego de surpresa com o assentimento imediato de Yoongi. Recompôs-se o mais rápido que pode, e voltou a se dirigir a Yoongi.

-Você não precisará vir até aqui todos os dias, ao menos por enquanto. Eu lhe enviarei alguns relatórios por e-mail, e você pode analisá-los em casa e então apenas me repassar suas conclusões. O que acha?

Aquela proposta não foi tão ruim quanto Yoongi esperava, e ele até mesmo se permitiu ficar feliz com isso, embora soubesse que se tratava apenas de uma situação temporária.

-Tudo bem. Eu vou esperar os relatórios, então. Era só isso, app- presidente?

-Sim, era só isso. Você já pode ir.

Yoongi levantou-se e se curvou brevemente. Virou as costas mas, quando estava quase chegando à porta, ouviu um chamado.

-Filho... –Yoongi se virou automaticamente ao som da voz do pai. –Seja bem vindo à empresa. –O senhor lhe sorriu minimamente, numa demonstração de carinho no mínimo incomum. Yoongi estava um tanto surpreso, portanto apenas assentiu e rumou porta afora, embarcando no elevador ainda perdido em pensamentos.

Quando chegou novamente ao hall, virou-se à procura da recepcionista bonita. Quando encontrou os belos olhos castanhos dela lhe observando, acenou brevemente, recebendo um aceno sutil e delicado como resposta. Ela era realmente charmosa.

-Quem é a garota? –Yoongi esteve a um passo de gritar de susto. Alguém sussurrara ao pé do seu ouvido, e essa pessoa teve muita sorte por não ter levado um soco na cara. Ele respirou fundo, tentando se acalmar, enquanto ouvia a risada escandalosa do melhor amigo se espalhar pelo salão.

-Namjoon, não é só porque eu te conheço desde o útero que não vou te bater se você fizer isso outra vez. Quem foi que te ensinou etiqueta, hein, seu ogro?

Namjoon continuava a rir como uma hiena, enquanto seguia Yoongi para fora do prédio. Yoongi afrouxou a gravata e retirou o paletó, agradecendo a todos os deuses por não precisar usar aquilo todos os dias. Destravou o carro e entrou, o banco do carona sendo ocupado pelo amigo, que nunca tivera escrúpulos quanto à intimidade alheia.

-E então, o que foi dessa vez? Outra conversa com o seu pai?

-Sim... Parece que finalmente vou assumir um cargo nessa droga de empresa... –Yoongi disse, desanimado, enquanto girava a chave na ignição.

-Meus pêsames. Pelo menos a garota bonita também trabalha aqui. –Namjoon disse, num tom suspeito. Yoongi o olhou, e seus olhos brilhavam de malícia. –Ah, qual é, ela é realmente bonita e...

-Cale a boca, seu idiota. –Namjoon se limitou a rir alto e voltar a olhar para frente.

-Cara, você consegue dirigir pior que eu. Como foi que você conseguiu sua carteira, mesmo? –Namjoon caçoou. Aquilo era um exagero, óbvio. Se alguém entregasse um carro nas mãos de Namjoon, estaria criando uma maquina de destruição em massa.

-Ao menos eu consegui minha carteira, não é mesmo? –Yoongi rebateu, e sorriu triunfante ao ver a expressão do amigo desmoronar um pouquinho. –Aonde você quer almoçar, afinal? Vamos àquele restaurantezinho legal? Ou ao restaurante de comida estrangeira?

-Vamos ao de comida estrangeira. Não estou com vontade de comer kimchi de novo.

Yoongi, então, manobrou o carro cuidadosamente e se pôs a caminho do restaurante, sentindo sua paciência se esgotar pouco a pouco com Namjoon tagarelando sem parar ao seu lado. Agradeceu mentalmente quando finalmente estacionou o carro em frente ao restaurante e bateu a porta atrás de si, rumando para a portinha semiescondida sob o toldo de informações sobre todos os lugares do mundo.

Jogou-se sobre a primeira cadeira que encontrou, logo à beira da janela. De lá, tinha uma vista maravilhosa da ruazinha simpática onde o restaurante se localizava, à sombra de grandes árvores, longe de todo o movimento do centro da cidade.

-E então, eu disse a ele qu- Namjoon continuava a falar como se nunca tivesse sido interrompido, e a paciência de Yoongi finalmente se esgotou.

-Namjoon, se você não calar a boca eu vou enfiar esse celular num lugar muito pouco agradável, onde um celular com certeza não cabe.

Namjoon se calou imediatamente. Sabia que as ameaças de Yoongi nunca eram apenas ameaças, apesar de que talvez ele não se desse ao trabalho de cumpri-las pessoalmente. Depois de 20 anos, aprendera a conviver com o melhor amigo. Até mesmo aprendera a gostar dele, coisa que julgava ser impossível.

Yoongi estava distraído olhando pela janela para a rua ladrilhada de pedrinhas quadradas. Estavam numa parte antiga da cidade, da qual ele particularmente gostava muito. Ao longe era possível ver os arranha-céus, símbolos da modernidade, e a forma como eles contrastavam com as construções tradicionais do bairro onde estavam era linda. Estava prestes a abrir a boca para comentar isso com Namjoon, quando estacou. Seu olhar e fixou num ponto logo adiante, e suas feições passaram rapidamente de confusão para indignação, e desta para a raiva. Namjoon seguiu o olhar do amigo, e finalmente entendeu. Park Jimin estava correndo por aquela rua praticamente deserta o mais rápido que podia, e olhava vez ou outra para trás para checar se alguém havia lhe descoberto. Namjoon pensou que talvez devesse começar a preparar o funeral do mais novo, como medida de prevenção. A cara de Yoongi estava muito assustadora.

Yoongi bateu com uma das mãos na mesa, largando as chaves com as quais estivera brincando distraidamente. Andou como um tufão até a porta do estabelecimento, e de lá até o meio da rua, onde parou para gritar:

-PARK JIMIN!

O garoto mais novo que já corria bem à frente estacou. Conheceria aquela voz até no inferno. Ele estava muito, muito, muito ferrado. Fechou os olhos com força, esperando que a raiva do irmão recaísse sobre ele.

Namjoon, por outro lado, apenas observava a cena se desenrolar, praticamente rolando no chão de tanto rir, enquanto fazia uma anotação mental de agradecer aos seus pais por nunca terem tido outro filho. Ter um irmão é definitivamente muito complicado.


Notas Finais


Entãããão, o que acharam? Essa fic vai ter uma coisa um pouco mais cômica, espero que eu nao falhe miseravelmente ♥ Obrigada por lerem ♥


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