História Destiny - Toda história tem um começo

POV Dy

Acordei bem cedo (nenhuma novidade até ai, já que estudo de manhã e acordo absurdamente cedo todo santo dia), mas hoje era diferente, entrei na fase de estágio na faculdade e tenho minha primeira entrevista de emprego.

Olhei o celular e ainda eram 6:30h, a entrevista é as 11h. Ai você vai achar que eu sou exagerada, mas é por que você não sabe o trabalho que dá pra me arrumar.

Levantei e já fui direto tomar banho, pra minha imensa felicidade estou tendo um excelente day after, então a etapa transformar um emaranhado de cabelo em cachos organizados seria pulada. Tomei um banho relativamente rápido e sai distraída do banheiro, tomei um susto quando vi minha sobrinha deitada na minha cama.

– bom dia tia mais linda! – ela sorriu e foi impossível não retribuir – mamãe me mandou ver se você já tinha acordado!

– Bom dia Lua, vai avisar ela que já tô de pé – disse fazendo cocegas nela, ela saiu rindo e saltitando do quarto.

Bom, vou falar um pouco de mim, eu moro com a minha irmã (Duda, 30), meu cunhado (Felipe, 35) e minha sobrinha (Lua, 5) – pra começar, meu nome é mesmo Didy e da minha irmã é mesmo Duda, de acordo com a minha mãe, é assim por que todo mundo chama por apelidos, então ela decidiu que apelidos eram bons nomes – tem dois anos que moro com eles (desde que minha mãe se casou com o Marcos, ele é dono de uma pousada em Florianópolis e foi morar lá).

Não conheci meu pai, ele foi embora logo depois de eu nascer, isso não me incomoda, afinal como posso sentir falta de algo que não tive? Tenho 21 anos e estudo Comunicação social/Relações públicas (tô no último ano, amém igreja!), sou morena, tenho 1,64 de altura, cabelo longo e cacheado, corpo bem normal (nada especial juro). Sou absolutamente louca pela minha sobrinha, ela me copia em tudo e me orgulho disso. Meu cunhado é dono de uma construtora e minha irmã não trabalha fora, eles tem uma condição bem legal de vida. No meu aniversario ano passado ganhei meu bebê (eles junto com a minha mãe me deram um carro, coisa mais fofa da vida).

But, voltando ao dia de hoje!

Comecei a procurar uma roupa já passava das 7h, a entrevista era uma agencia de publicidade, a galera lá era bem informal, e meus professores sempre dizem que estilo na nossa área é um enorme cartão de vistas, então caprichei no look.

Coloquei um vestido listrado justo (o comprimento era próximo ao joelho), uma camisa jeans clara por cima amarrada na frente e um allstar branco pra fechar. Arrumei o cabelo, fiz a make mais sóbria, só caprichei no delineado (olho bem marcado é minha marca registrada) e no batom vermelho ultra–matte. Com tudo pronto, olhei no espelho e aprovei o que estava vendo, parecia ser o suficiente pra alguém que queria muito um emprego.

Faltava pouco pras oito, então a casa já estava movimentada, desci as escadas, passei pela sala e deixei minha bolsa no sofá e fui em direção a cozinha, cheguei lá e eles três já estavam sentados tomando café.

– Bom dia família! Como estou? – disse me aproximando da mesa, dei um beijo no cabelo da minha irmã, um tapa na nuca do meu cunhado, sentei e puxei a Lua pro meu colo.

– Meu Deus, no meu tempo a gente usava roupa social pra fazer entrevista! – meu cunhado disse me zoando, nós rimos.

– Claro Fê, por que você é um senhor idoso – ele riu e levantou – Luazinha, pra onde vai hoje? – ela era muito engraçada, tentava parecer adulta e isso era um barato.

– O papai vai me levar pra aula de dança e depois vou pra escola – ela levantou do meu colo, mexeu no cabelo (que era muito parecido com o meu) – tinha que ter um jeito de fazer ballet sem aquela redinha, não gosto de prender o cabelo! – ela disse emburrada e eu ri

– Pois é filha, mas foi você que escolheu o ballet, agora sobe pega a mochila que jájá o papai está saindo – minha irmã disse rindo enquanto a Lua saia – e ai Dy, ta ansiosa?

– Nossa Duda, você não tem ideia do quanto! Tô com muito medo de não passar, vão ter mais cinco pessoas lá e são só duas vagas! – ela colocou a mão sobre a minha e sorriu.

– Seja você mesma que você vai conseguir! – sorri pra ela, e pra quebrar o momento fofo meu cunhado entrou na cozinha.

– Ah Duda, não diz isso, manda ela ser qualquer outra pessoa menos ela mesma – eles riram alto e eu mostrei o dedo pra ele – se nem a gente que é parente aguenta toda essa personalidade, imagina eles?

– Cala a boquinha Felipe, só cala!

Ele e a Lua saíram e me desejaram boa sorte, minha irmã foi se arrumar (ela ate me disse onde ia, mas não lembro) e eu continuei ali na mesa, tirei meu celular do modo avião e fui ver as mensagens. Tinha algumas do pessoal da faculdade e uma de um rolo.

Mensagem On

(09:13) Rick – bom dia linda, boa sorte hoje viu! Se você passar a gente comemora e se não passar eu te consolo!

Mensagem Off

Dei risada com a mensagem, ele era um fofo, mas queria coisa séria e vish, eu me arrepio só de pensar. Esse negócio de namorar não é pra mim. Gosto de sair, beber e bagunçar, que tipo de namorado topa tudo isso? Pois é, esse ser não existe.

Quando criei forças pra sair da mesa do café já era vinte pras dez, fui ate o meu quarto, escovei os dentes chequei o visual e sai.

***

Cheguei na empresa já eram quase 10:30, estacionei e entrei.

Me deram um crachá na recepção e quando vi o pessoal que trabalhava lá senti um alivio, tinha um povo de chinelo, umas meninas muito estilosas, então não me senti deslocada.

A moça da recepção me levou ate a sala de espera, mesmo sendo meia hora antes fui a ultima a chegar. Sentei ao lado de uma moça linda (não tenho problemas em dizer isso), ela tava com o cabelo solto, um vestido azul com uma camisa branca por dentro e um tênis branco, me identifiquei de primeira.

Nos cumprimentamos com um “oi” tímido e comecei a observar as outras pessoas, tinha três rapazes de terno e gravata (confesso que eram bem gatos) e uma outra moça de salto alto, saia e blusa social. Eles foram sendo chamado um a um e eu a e moça (que tinha os olhos azuis – percebi depois de alguns minutos) fomos ficando por ultimo.

Eu entrei e o entrevistador era nada menos que o DONO da empresa (o Fernando Misasi é só o cara mais foda da área), não vou mentir que tremi por dentro, mas vesti uma cara corajosa e fui lá.

***

Ele fez umas perguntas bem básicas, respondi tudo de primeira e sai, na sequencia a menina (que descobri agora que se chama Vanessa) entrou, foi bem rápido.

Ele nos levou pra outra sala e nos dividiu em duplas.

– Bom agora que já conheci vocês um pouco, vocês vão ter que me convencer a contrata–los – eita, agora tranquei – a melhor dupla fica com a vaga! Volto em dez minutos.

POV Vanessa

E finalmente o dia mais esperado chegou: minha entrevista de emprego! Chega a dar aquele frio na barriga só de pensar! Estudo Relações Públicas e estou no último ano, aquele que precisamos fazer o estágio e, bom, eu estou extremamente ansiosa! Fiquei sabendo que irei competir com mais 5 pessoas por 2 vagas e o coração tá a mil, mas estou bem confiante! Sempre amei lidar com pessoas, mesmo eu sendo muito tímida. Mas sempre me dei bem em relação a isso.

Peguei o celular para verificar as horas: 08:02. A entrevista seria as 11hrs e eu resolvi acordar relativamente cedo, apesar da empresa ficar bem perto da minha casa. Havia uma mensagem do Pedro, meu melhor amigo. Ele sabia que aquele emprego era muito importante pra mim. 

Mensagem on

(22:57) Pedrinho: Nessinha, fica calma, viu? Tô torcendo por vc, palhaça! Lembra de colocar os pés em cima da mesa e de soltar um catarrão no chão na frente da entrevistadora, hein? Ouvi dizer que funciona AHUSUAS amo vc <3

Mensagem off

Pedro, sempre ridículo! Ele é meu melhor amigo, desde quando tínhamos 10 anos de idade. Considero ele como um irmão! 

Bom, me apresentando, meu nome é Vanessa (geralmente me chamam de Van, Vavá, Nessa... É uma infinidade de apelidos, haha!), tenho 21 anos e, como disse, tô prestes a terminar a faculdade. Tenho a pele branca, os cabelos castanhos escuro bem escorridos e os olhos azuis. Pedro sempre implica comigo dizendo que é lente, mas por uma benção de Deus, eles são reais, haha! Tenho 1,63 de altura (sim, uma anã ambulante), mas amo ser baixinha. Não sou uma pessoa que sai muito. Sou bem caseira na verdade, mas sempre que posso, saio com o Pedrinho e a chatinha da namorada dele. Alguém explica pra ela que somos só amigos, por favor?! 

Levantei da cama, abri a janela e arrumei o quarto. Ouvi barulhos vindos da cozinha e deduzi que meus pais ainda não haviam saído de casa. Gustavo e Elisa. Eles são veterinários e possuem uma clínica no centro da cidade. 

– Bom dia! – cheguei sorridente na cozinha. 

– Bom dia, gatinha! – minha mãe me abraçou. 

– Preparada, filhota? – meu pai perguntou.

– Tô tentando me conter, mas tô bem nervosa. – respondi enquanto me sentava.

– Relaxa, essa vaga já é sua! – ele disse sorrindo e eu sorri também. 

Meus pais eram incríveis! Super apoiadores. Os melhores que eu poderia ter!

Tomei café rapidinho e me despedi dos meus pais, que já estavam saindo. Fui pro meu quarto e abri as portas do guarda–roupa com o intuito de encontrar uma roupa para ir. Eu não queria aparecer lá e chamar a atenção de todo mundo, mas vamos combinar que ir apagada não seria nada legal para a minha imagem. Revirando o armário acabei encontrando um vestido azul que eu nunca havia usado. Era uma ocasião especial, então por que não? Peguei uma camisa branca e vesti o vestido. Amei a combinação! Para fechar, calcei um tênis branco da Adidas. Look perfeito, só faltava a maquiagem. Sentei em frente à penteadeira e fiquei pensando. Acabei fazendo uma maquiagem bem clara, que destacava bastante os meus olhos. Estava ótimo! 

Peguei meu celular, bolsa, chaves do carro e fui. Cheguei na empresa por volta de 10:20. A moça da recepção me deu um crachá e me levou até uma salinha. Quando entrei, me deparei com dois caras e duas moças. Um dos caras estava de bermudas e chinelo e o outro estava de bermudas e tênis. Para uma ocasião assim, chinelos e bermudas não são bem vindos e por isso comemorei internamente. As outras duas meninas estavam lindas, bem vestidas. Cumprimentei todos com um “bom dia” e me sentei em uma fileira de cadeiras que estava vazia.

Uns dez minutos depois, uma moça morena de cabelos cacheados entrou na sala e se sentou ao meu lado, me cumprimentando com um tímido “oi”. Confesso que ela estava muito bonita e era uma forte adversária, digamos assim.

Nesse meio tempo, o cara que iria nos entrevistar, que era nada mais nada menos que o dono da empresa, foi chamando os participantes por ordem aleatória. Quando chegou a minha vez, meu estômago lutou capoeira com meu intestino e suei frio, mas fui. Fui bem educada e respondi tudo com a maior tranquilidade possível. Ele perguntou coisas fáceis e bem basiquinhas e rapidinho eu já estava voltando para a sala de espera.

Minutos depois ele voltou e meu coração disparou, pensando que já era o resultado.

– Bom, agora que já conheci vocês um pouco, terão que me convencer a contratá–los. – meu coração gosta de dar mortais, né? – Formem duplas e tentem me convencer. A melhor dupla fica com a vaga, simples assim! – ele deu um sorriso, como se aquilo fosse uma torturinha pra gente e ele estivesse feliz com aquilo – Volto em dez minutos!

Fiquei alheia a situação até que senti uma cutucada no braço.

– Vanessa, né? – a menina de cabelos cacheados perguntou, sorrindo.

– Isso mesmo! – sorri em resposta – E você é Didy, né? – perguntei um pouco na dúvida, porque não tinha conseguido ouvir o que o Fernando, o chefão, falou quando a chamou.

– Isso! Olha, eu tô decidida a conseguir essa vaga e vejo nos seus olhos que você também quer! Então acho que podemos fazer tipo uma apresentação, mas pra não parecer que somos convencidas, uma fala sobre a primeira impressão que teve da outra! O que acha? – fiquei boiando por um segundo porque ela fala tipo MUITO rápido! Ri com meus pensamentos.

– Ok, acho que entendi! – respondi rapidamente.

Começamos a conversar e falar sobre nossos gostos e sobre nós pra outra ter material pra usar. Do nada o Fernando volta e o frio na espinha sobe de novo. Confesso que ele é lindo e assustador!

– Bom, comecem! – ele se sentou em uma cadeira e pediu para primeira dupla, que eram os rapazes, começar.

Os caras foram muito sérios, bem corporativos, mas algo me dizia que não era isso que ele procurava. A segunda dupla foi meio tímida, e ficou na cara dele que pra lidar com gente aquele pessoal não ia funcionar! Chegou a nossa vez e me veio uma coragem repentina, guardei minha timidez na bolsa e levantamos.

– Bom dia! – a Dy, apelidinho que eu dei pra ela nesse meio tempo, começou – Bom, eu não quero convencê–lo a me contratar, quero convencê–lo a contratar a Vanessa! – ela sorriu, sem nenhum pingo de timidez – Acredito, pelo pouco que conversei com ela, que ela teria muito valor a agregar a empresa, pois tem notas exemplares nas aulas práticas da faculdade, se veste bem, é desenvolta e é o tipo de pessoa que sabe entrar e sair de qualquer situação! – ela terminou de falar e eu dei um passo à frente para começar a falar.

– Bom, e eu gostaria de te convencer que a Didy é a melhor pessoa para a vaga. Ela é dinâmica e, se me permite dizer, bem cara de pau! – eu e ela rimos fraco e pude perceber que o Senhor Fernando ameaçou a dar um sorriso – Ela é bem estilosa e é exatamente o tipo de pessoa que qualquer cliente gostaria que o representasse. Enfim, acredito que podemos formar uma boa dupla!

– Parabéns a todas as duplas! – ele se levantou – Volto em 5 minutos com o resultado. – ele deu um leve sorriso em nossa direção e voltou para sua sala.

– Acha que vamos conseguir? – perguntei num sussurro para a Dy.

– Linda, essa vaga já é nossa! – ela virou a mão dela pra mim pra que eu apertasse e assim eu fiz. Sorrimos juntas.

Ficamos na maior expectativa. Percebi que os dois meninos não paravam de bater os pés no chão e que as outras duas meninas estavam quase ficando sem unhas. Estranhamente eu estava bem. A Didy me passava uma confiança surreal!

– Então vamos com o resultado! – Fernando apareceu de supetão na sala – Bom, Eric e Matheus, eu percebi que vocês estavam bem confiantes e digamos que vocês mandaram muito bem na apresentação. Mas... – aquele mas... – Mas, infelizmente, não é esse tipo de perfil que nós estamos procurando no momento. Mas, deixem seus currículos com a secretária, pois daqui a dois meses abrirão novas vagas. – ele sorriu para os meninos e eles se levantaram, o cumprimentaram e saíram.

O coração estava quase saindo pela boca quando ele se virou para as outras duas meninas.

– Ana e Cíntia, eu também gostei muito da apresentação de vocês, mas pude notar que estavam muito tímidas e nervosas e, bom, quando o assunto trata–se de lidar com o público tanto interno quanto externo, eu consegui compreender que vocês, infelizmente, não possuem o perfil e a dinamicidade que a empresa almeja.

MEU DEUS! – pensei comigo mesma. A VAGA É NOSSA!

POV Dy

Jesus, a apresentação foi lacradora, sem falsa modéstia, fiquei conversando com a Nessa (sim, já dei apelido, afinal faço isso com todo mundo hehe), honestamente não estava com medo do resultado, estava ansiosa por que ele disse cinco minutos, e esse tempo parecia uma eternidade.

Ok, agora tô ficando ansiosas, essas meninas roendo as unhas e os meninos batendo o pé tão começando a me dar nos nervos. Fui retirada bruscamente dos meus pensamentos pela entrada do Fernando.

– Então vamos com o resultado! Bom, Eric e Matheus, eu percebi que vocês estavam bem confiantes e digamos que vocês mandaram muito bem na apresentação. Mas, – eita, odeio esse negócio de mas – infelizmente, não é esse tipo de perfil que nós estamos procurando no momento. Mas, deixem seus currículos com a secretária, pois daqui a dois meses abrirão novas vagas. – ele sorriu para os meninos e eles se levantaram, o cumprimentaram e saíram.

Meu coração tava acelerado, lembrei da Josi dizendo “amiga, você não tem coração, então para de frescura” e sorri mentalmente, voltei a prestar atenção no que o Fernando dizia

– Ana e Cíntia, eu também gostei muito da apresentação de vocês, mas pude notar que estavam muito tímidas e nervosas e, bom, quando o assunto trata–se de lidar com o público tanto interno quanto externo, eu consegui compreender que vocês, infelizmente, não possuem o perfil e a dinamicidade que a empresa almeja.

EITAAAAA CUZÃO, NÓS PASSAMOS!

Olhei pra Vanessa enquanto as meninas saiam visivelmente chateadas, sorrimos uma pra outra enquanto o Fernando puxava uma cadeira e sentava–se em frente a nós.

– Parabéns meninas, vocês foram aprovadas! – por dentro eu estava dançando single ladies, mas por fora passava a serenidade de um buda – vocês tem o perfil que nós procuramos a um bom tempo. Tenho poucas coisas pra dizer pra vocês. Bom, aqui nós não temos muitas regras, e vocês vão aprender as coisas no dia–a–dia ok? – nós duas assentimos – vocês começam amanha, alguns de nossos clientes mais importantes vão estar em um evento chamado Youtube Fanfest, preciso de vocês lá. Vocês serão responsáveis por assessorar dois grandes clientes. – eita, como assim já vamos “assessorar”? – estejam aqui amanhã as 11h de vestido preto na altura do joelho e salto alto, a Barbara vai ajudar vocês. – ele levantou e foi em direção a porta – até amanhã!

E saiu, simples assim!