História Destiny (Larry Stylinson) - Zona de Guerra

16- Zona de Guerra

 Acordei meio assustado por um sonho, e senti os braços dele ainda em volta de mim, e pensei que ele já deveria estar acordado á um tempo, porém seus olhos eram vermelhos, e não sei dizer se era de sono ou choro, pois seu rosto estava vermelho também, e inchado. Não trocamos nenhuma palavra, apenas um olhar demorado, depois ele sorriu de canto, fraco. 

 Era umas oito da noite, eu havia dormido muito, e não tenho certeza se ele dormiu, mas não importa. Eu ia me lembrando da briga e meu coração despedaçava um pouco mais. 

 -Dormiu bem? -Perguntou ainda me fitando.

 -Não. -Tirei suas mãos da minha cintura e me levantei pegando uma toalha e indo em direção ao banheiro. 

 Tirei aquele pijama, liguei o chuveiro e sentir a água quente bater em minhas costas era uma sensação maravilhosa, mas eu não conseguia não chorar, e mais uma vez, aquela pergunta idiota vinha na minha mente: O que eu fiz á ele? Eu me culpava de várias formas diferentes, o que não servia pra nada, apenas pra fazer mais lágrimas caírem. 

 Enrolei minha toalha na cintura e saí procurando uma roupa qualquer, afinal, já era noite, mas certamente eu não iria dormir. 

 Pov. Harry.

 ***

 Peguei seu celular, que estava estranhamente sem senha, pois percebi que ele não parava de vibrar, e aquilo não estava me passando uma sensação boa, e estava me irritando. 

--x--

 Dani: Lou, você tem que vir aqui de novo, aquela noite foi a melhor de todas... 

 Louis: Oh, meu amor, eu sei... Eu pretendo despistar o Harry ainda hoje, e passaremos á noite inteira juntos. 

 Dani: Ah, ele é mesmo um idiota, acha que você o ama... Estou te esperando.

 Louis: Ele é um idiota mesmo kkkk se imaginasse que é traído por mim imagino o quanto choraria, isso é o melhor, mas é chato ficar fingindo o tempo inteiro. 

 Dani: Imagino como deve estar difícil pra você, meu amor, mas espero te recompensar essa noite da melhor forma possível, você vai ver. 

 Louis: O chato Styles está me chamando, tenho que ir, beijos meu amor, amo você! Xxx

 Dani: Ah, meu querido, eu amo mais! Até de noite. Xxx

---x---

 Com lágrimas nos olhos, eu largava o celular no chão sem forças, e quebrei alguma coisa que estava ao meu lado, de tanta raiva. 

 Não podia ser idiota, eu não iria chorar. Mas eu queria matar ele, e matar ela. 

***

 O sonho. O pior sonho da face da Terra. Foi tão real, mas tão real, que fiquei fora de mim, e demorei um dia inteiro pra perceber que não havia sido real. Fiquei fora de mim, e a raiva que eu estava sentindo foi tão grande, que mal conseguia olhar em seus olhos, fui perceber que havia sido coisa da minha cabeça, quando gritei, e ele pediu que eu ficasse longe dele. Foi como um transe. 

 Mas eu fui tolo, o que o Louis iria fazer? Eu fui tolo, me deixei mesmo levar por um sonho? Sim, deixei, me julguem. 

 Ele estava tomando banho á uns vinte minutos, e eu podia ouvir seus soluços, ele nem havia acordado direito e já estava chorando. Aquilo me despedaçada, ainda mais sabendo que a culpa era totalmente minha, e que o motivo era terrivelmente idiota. 

 Durante as seis horas diretas que ele dormiu, me culpei de todas as formas possíveis, pedindo perdão em todas as línguas que eu sabia falar, mas obviamente em vão, ele não escutaria. Não dormi nem por um segundo, ainda mais quando as lágrimas chegaram. Eu fazia carinho em seu cabelo, enquanto ele respirava devagar, já que sua respiração havia ficado calma. Isso é bom. Quando estamos tristes, dormir é um refúgio. 

 Abri a janela do nosso quarto, percebendo que a noite era nublada, sem nenhuma estrela á vista. Me apoiei na janela que era realmente alta, e uma rajada de vento caiu sobre meus cabelos, e fechei os olhos, e senti duas mãos envolverem minha cintura e um rosto encostar em minhas costas, e pelas suas mãozinhas, vi o quanto ele estava trêmulo. 

 -Eu não fiz nada... eu juro... ou se fiz... eu não sei o que foi... -Louis dizia com sua voz trêmula, junto com suas mãos, e me virei de frente pra ele, vendo o quanto seus olhos e seu rosto estavam inchados e vermelhos, não havia brilho mais em seus olhos. 

 -Lou, me desculpe, eu prometo explicar o que aconteceu, apenas fique aqui. -Pedi o abraçando forte, agora de frente, e ele soluçava em meu ombro. 

 Mais uma vez, aquela sensação horrível de culpa por estar fazendo quem eu mais amo chorar. 

 -Se eu fiz algo... me diga... porque eu juro que não sei... -Ele dizia, desfazendo o abraço e me olhando. Coloquei minhas mãos sobre seu rosto e sequei as lágrimas, e ele fechava os olhos de vez em quando por meu toque. 

 -Eu nem sei como te falar isso, porque é extremamente ridículo... -Coloquei uma das mãos na nuca, com vergonha até de falar. -Eu estou me sentindo realmente mal... eu sou um idiota... -Falei, sem encontrar palavras pra explicar aquilo. 

 -Só me diga, Harry... eu quero... eu quero concertar o meu erro. -Falou baixinho, e sua voz falhou. 

 -Não, Lou... -Coloquei meu dedo indicador sobre seus lábios. -A culpa é toda minha... -Abaixei a cabeça, mas percebi que ele franzia a testa. -Resumindo tudo, eu tive um sonho maluco que foi muito real, e cheguei á acreditar nisso, aí de manhã eu acordei sem você, você me escondeu aquele caderno, não saía do celular, tudo se juntou em uma grande bola de neve e eu estou me sentindo extremamente péssimo, eu sou um idiota... -Coloquei tudo pra fora, e ele me olhava confuso. 

 -É sério isso? -Perguntou me olhando no fundo dos olhos. 

 -É... -Voltei á mão na nuca, não sabia o que fazer. 

 -Oh, por Deus Harry... eu não acredito nisso! -Ele disse, e eu não sabia dizer se ele estava bravo ou apenas impressionado e com a intenção de me perdoar, possivelmente era a primeira opção. 

 -É, eu sei, me desculpe, eu sou um idiota... -Concordei. 

 -Realmente, você é. -Disse ele com um sorriso irônico no rosto. -Eu não acredito que eu chorei horas por causa de um sonho! -Exclamou. -Você acha muito que eu faria isso? Ou qualquer coisa daquele tipo? -Perguntou e neguei.

  -Com certeza não, ou bem, eu acho que não. -Falei.

 -Não, Harry, eu não faria nada disso com você. -Não sei dizer se ele estava sendo irônico ou verdadeiro mais uma vez, pois ele sorria. -E sobre o caderno... -Ele levantou seus pés o suficiente pra ficar com a boca colada na minha orelha. -Você vai saber o que é, mas não hoje, e não agora. -Falou baixinho no meu ouvido, me fazendo ter arrepios. 

 -Como assim? -Questionei. 

 -Já disse que você vai saber! -Exclamou novamente e o olhei confuso, mas concordei. 

 -Ok... Então... você perdoa eu? -Perguntei fazendo um biquinho, ele se aproximou e mordeu meu lábio inferior. 

 -Vou pensar no seu caso... -Respondeu, e abaixei minha cabeça, eu já deveria esperar por isso, não? -Você não presta, Harold. -Percebi a ironia em sua voz e só então percebi que ele estava brincando.

 -Ah, então estamos brincando? -Perguntei.

 -Na verdade não. De onde você tirou tudo isso? -Louis perguntou e suspirei. 

 -Olha, nem eu sei. Só sei que aquele sonho foi muito real e quando eu acordei sem você eu achei que você tinha dormido fora e... ah, sei lá, eu achei que tudo tinha sido verdade. -Falei. 

 -Eu não ia perguntar de novo, mas você acha mesmo que eu...

 -Não, Lou, não acho. -O interrompi, e ele sorriu fraco, e deixei um beijo de leve em seus lábios. 

 -E agora, eu dormi a tarde inteira e você não dormiu nada, não é? -Perguntou saindo da minha frente e fui atrás. 

 -Eu voto em maratona de filmes! -Exclamei. 

 -Mas você não dormiu! -Falou ele me olhando nos olhos. 

 -E o que importa? -Perguntei realmente não vendo problemas, mas eu sabia que dormiria em algum ponto da madrugada. 

 -Ok então. Você faz pipoca e brigadeiro e eu procuro os filmes. -Afirmou sorrindo, já descendo as escadas e balancei a cabeça soltando uma risada e fui até a cozinha. 

 Coloquei o brigadeiro no fogo enquanto colocava a pipoca em dois potes redondos, e dei uma pequena olhadinha pra sala, e vi Louis sentado no chão com dezenas de caixas de DVD em volta de si,  não pude deixar de sorrir ao ver aquela cena. 

 Por sorte, ele tinha aceitado melhor do que eu mesmo o que havia acontecido, eu ainda estava me culpando um pouco, porém bem menos do que antes. 

 Coloquei o brigadeiro em um prato e logo depois na geladeira, apesar de que estava frio, e fui até ele, o vendo ler a sinopse de uns cinco ou seis filmes ao mesmo tempo. 

 -Já decidiu? -Perguntei o olhando de cima com um sorriso bobo no rosto. 

 -O primeiro sim, mas é surpresa! E, ah, você nunca olhou, agradeça! Nem sabia que você tinha esse filme aqui, é muito bom. -O olhei surpreso e sorrindo irônico, sempre que olhávamos filmes, eram os mesmos, parecia o Liam com Toy Story. 

 -Oh Deus, que milagre é esse? -Perguntei olhando pra cima, e ele me atirou uma almofada. -Ei, é guerra? -Perguntei ajuntando a almofada do chão e logo depois o olhei. Ele se levantava em movimentos lentos, e eu continuava parado á sua frente. 

 Quando dei por mim, apenas senti o impacto fofo no meu rosto, e ouvi sua risada. 

 -AH ENTÃO É ASSIM? -Perguntei alto, indo pra cima dele com a almofada e ri quando ele cambaleou pra trás. 

 Com a outra mão, ele pegava outra almofada e batia as duas no meu rosto, uma de cada lado, com um sorriso maravilhoso no rosto. 

 A almofada que eu segurava era segurada com minhas duas mãos e jogada com tudo contra seu rosto, e ele caiu no sofá. 

 -ITS OUR PARADISE AND ITS OUR WAR ZONE (...) -Comecei a cantar alto e fazer uma dança desconexa, e Louis riu e me acompanhava.

 -FUCKING YOU, AND FIGHTING ON, ITS OUR PARADISE AND ITS OUR WAR ZONE! -Cantávamos juntos morrendo de rir e caí no sofá ao seu lado. 

 -Essa música é muito boa... -Falei ofegante.

 -Com certeza. -Concordou, já se levantando novamente. -To com fome, busca as coisas que eu vou colocar o filme. -Ordenou Vossa Alteza, e assim fiz. 

 Quando voltei á sala, não sei como, mas tinha um colchão ali. 

 -Quando você buscou esse colchão? -Perguntei colocando um dos potes com a pipoca sobre o sofá, e ele se sentou no colchão apontando o controle pra TV, ligando o DVD, eu suponho. 

 -Você que não viu. -Foi o que ele respondeu, se escorando no sofá e puxando o cobertor por cima de suas pernas, com o prato de brigadeiro em seu colo. 

 -Que filme é esse? -Perguntei me sentando ao seu lado. 

 -Armageddon. 

 -O que? -O olhei. -Que diabos é isso, Louis? -Perguntei o olhando confuso e ele riu. 

 -O nome é Armageddon, Hazz. -Falou ele, com os olhos grudados na TV, e o filme começava com uma cena da Terra. 

 -Sobre o que conta? -Perguntei. 

 -Presta atenção que você vai entender, Harold! -Ele sorriu mais uma vez enquanto falava, e deu pra ver que era apenas brincadeira.

 -Vai pegar costume de me chamar de Harold agora, é? -Perguntei e assentiu colocando umas cinco pipocas na boca, ainda sem me olhar. Decidi então prestar atenção no filme, que pelo que entendi, tinha um nome em alguma língua que eu desconhecia. 

 -Fala sobre um asteroide que vai entrar em colisão com a Terra e vai matar todo mundo, tipo como aconteceu com os dinossauros, e os cara da Nasa vão chamar o Harry pra subir lá no asteroide pra impedir que ele bata na Terra. -Louis disse. 

 -Nossa, que interessante. Não pera, Harry? -Perguntei irônico. 

 -É, tem um Harry no filme. -Respondeu. -É legal, tá? Você vai ver. 

 -Agora fica quieto que eu quero olhar o filme, Tommo. -Falei e ele novamente jogou uma almofada na minha cara. -AGORA NÃO! -Exclamei alto e voltei minha atenção para o filme. 

 Eu achei que ele estava brincando quando disse do que o filme se tratava, mas de verdade, falava de um asteroide que mataria tudo e todos, e o cara ia mesmo lá em cima, partir o asteroide em dois. 

 O filme estava justamente na parte em que o noivo da filha do tal de Harry iria colocar a bomba no asteroide. Eu estava vidrado, não poderia acontecer o que Deveria acontecer, justo naquela parte. 

 -Ele não vai morrer né? -Perguntei me aproximando de lado de Louis, que deu de ombros, ele estava tão concentrado quanto eu. 

 -Sei de nada. -Respondeu ele. 

 Do nada, o tal do Harry tirou o noivo da filha dele de dentro do elevador, e foi pra dentro dele, deixando o cara chorando sozinho no chão da nave. 

 Esse filme é daquele tipo de filme que primeiro você chora de tristeza absoluta, e depois de felicidade. 

 Sim, eu chorei, me julguem. Louis também, e no final, estávamos os dois chorando. 

 -Isso foi maldade... -Louis disse vendo os créditos finais subirem pela tela escura. 

 -Certamente, mas pelo menos no final... -Parei de falar ao vê-lo ir novamente até os filmes e pegar outro. 

 -Esse é bom também. -Falou.

 -Nome? -Perguntei bocejando. 

 -AH VOCÊ NÃO VI DORMIR, NÃO MESMO! NESSE FILME NÃO! -Ele disse alto e arregalei meus olhos. 

 -Ok, calma homem! Qual é o nome da porra do filme? -Eu e minha delicadeza. 

 -Simplesmente acontece. -Respondeu colocando o filme pra rodar e voltou ao meu lado, escorando sua cabeça no meu ombro, e comecei a fazer cafuné em seu cabelo, antes deixando um beijo ali. 

 Era realmente bom também, e no meio do terceiro filme, adormeci sem querer, e imagino que ele não tenha ficado muito acordado, pois não me acordou. Até porque ele sempre faz isso...

 Estava tudo estranhamente bem, tudo calmo, depois da discussão de hoje tudo havia se ajeitado de uma forma extremamente estranha e fácil, e isso me assustava. 

 No meu entender, a vida consiste em: Quanto mais feliz e bem você está, é pra compensar uma tristeza grandiosa futura, e eu penso assim porque sempre foi assim. Mas obviamente, a vida não é só assim, isso eu tenho bem claro, mas do jeito que as coisas sempre foram pra mim e pro Louis, era bom eu me preocupar. 

 E me preocupar muito...