— O que diabos você está fazendo aqui? — Matthew pergunta. Mal sabia eu que a merda da escada de emergência dava de frente com a sala de espera da recepção.
— Cameron? — Johnson arregala os olhos.
— É, hmm, oi. — digo, sorrindo nervoso.
— O que está fazendo aqui?
— Eu... eu... bem, eu vim visitar minha tia. — Matthew revira os olhos.
— Tia? — ele ri.
— Sim, Matthew. — provoquei-o com um olhar fulminante. Se Matthew abrisse o bico, eu estaria ferrado. Ele sabia muito bem que eu não estava para a brincadeira, que não vim para ver tia nenhuma, e sim, para ver Mellanie.
— Pensei que sua família estivesse em Chino Hills. — Johnson cruza os braços. — Aaron está procurando você. Por que não avisou que estava em Los Angeles?
— Não estava em Los Angeles. — retruco. — É que, bem... Sierra me avisou que nossa tia estava internada neste hospital e tive que voltar para cá. — enfio as mãos nos bolsos da calça. — Mas, o que vocês estão fazendo aqui? — disfarço, Matthew continua a me encarar com cara de maus amigos.
— Mellanie está internada. — diz Johnson, sentando-se em um dos acentos.
— Oh meu Deus! — finjo espanto. — O que foi que houve? — Matthew revira os olhos novamente.
— Estava com ela em casa, e do nada, ela desmaiou.
— Você estava com ela em casa? Tipo, sozinhos? — rosno.
— Qual é o proble...
— Jack Johnson? — um senhor baixinho se aproximou.
— Sim, doutor. — Johnson levanta-se rapidamente e colocou-se em minha frente.
— Sua namorada acordou. Gostaria de vê-la?
— Claro! — diz animado. Johnson segue o doutor até ao corredor pelo qual eu havia invadido minutos antes e, eu e Matthew permanecemos ali, parados, um olhando para a cara do outro na sala de espera. Alguns segundos passaram-se e Matthew se manifesta.
— Você é um idiota mesmo! — esbraveja. — Qual é o seu problema?
— Obrigado. — digo, ele cruza o cenho. — Obrigado por não ter contado nada à Johnson. — revira os olhos.
— Você sabe mais do que ninguém que não faz diferença nenhuma! — rosna. — Mellanie está com o Johnson agora. Não ouviu? Eles estão juntos. — sorriu sínico. Não! Não é possível! Mellanie não faria isso, não faria isso comigo. Estávamos destinados à ficar juntos para sempre! Nossos destinos foram traçados, nada nem ninguém irá atrapalhar isso, e não será o Johnson que irá acabar.
— ótimo. — digo. — Eu não me importo. — e saio, rumo ao estacionamento do hospital.
Mellanie Waters P.O.V
Minha respiração estava voltando aos poucos. Fios, tubos, aparelhos e enfermeiras estavam me incomodando. Mas, espera aí, enfermeiras? Abri os olhos com uma certa dificuldade e os varri pelo quarto. Cores frias marcavam presença nas paredes mas, o que realmente prevalecia era o branco. Duas enfermeiras, um médico tampinha e um Johnson com grandes olheiras estavam ao meu redor.
— Oi. — Johnson diz, aproximando-se com um sorriso arteiro nos lábios.
— Elizabeth e Caroline, vamos deixar o casal à sós. — o médico sorriu para Johnson e saiu do quarto acompanhado pelas duas enfermeiras.
— Casal? — pergunto com o cenho cruzado e um meio sorriso brotado nos lábios.
— Somos um casal agora. — ele diz, sentando ao meu lado. — Precisei dizer que era o seu namorado, se não eu não teria notícias sua.
— Por que estou em um quarto de hospital?
— Você não lembra? — nego com a cabeça. — Você desmaiou, do nada.
— Por quanto tempo eu dormi?
— Por volta de onze horas. — arregalo os olhos.
— Tudo isso?
— Talvez até um pouco mais, não tenho certeza. É que eu e Matthew revezamos no sono. — deu de ombros, soltado uma risada nasal.
— Matthew está aqui?
— Desde a hora que você entrou no hospital.
— Oh meu Deus! — sussurro. Johnson ri, alisando meus cabelos.
— Quem mais esteve aqui? — pergunto, rezando mentalmente para Johnson não dizer que minha mãe ou meu pai estejam lá embaixo na sala de espera.
— Gilinsky também chegou na mesma hora que você chegou no hospital, mas teve que ir embora para resolver umas coisas com Madison. — revirou os olhos. — Cameron veio visitar uma tia dele e, Nash, Taylor e Mahogany irão vir ver você quando amanhecer.
— Cameron esteve aqui?!
— Sim. — confirma. — Uma das tias dele está sob cuidados neste hospital. Coincidência, não? — aperto os olhos, tentando me lembrar se Cameron realmente tem parentes em Los Angeles, e já como eu imaginava, não senti absolutamente nada, isso quer dizer que, ele não tem nenhum parente em Los Angeles, muito menos uma tia. Era mentira, Cameron veio me ver.
— Como está o Matthew? — mudo de assunto, não querendo que Jack desconfie mais do meu nervosismo.
— Ele está bem. Bem cansado, mas está bem. — sorri. — Ele quer ver você.
— Diga para ele subir. — retribuo o sorriso.
— Tudo bem. — Jack levanta e fita meus olhos, logo segura minha mão e diz: — Fico feliz que está tudo bem. Eu senti sua falta. — suas palavras eram tão verdadeiras, tão cheias de sentimentos, que me assustei com o pequeno choque que nossas mãos sofreram. Puxei meu braço rapidamente e Jack murchou como uma rosa no final da primavera.
— Me desculpe. — digo, sentindo-me pequena, envergonhada e ingrata demais para fitar seus olhos novamente. Jack força um sorriso, deposita um beijo demorado em minha testa, enfia as mãos dentro dos bolsos da calça e sai do quarto com a cabeça baixa. Afundo minha cabeça nos travesseiros e aperto os olhos. Por que diabos isso está acontecendo comigo? Eu choro, irritada e desconfortável com a situação na qual estou vivendo. Fungo o nariz, limpo os olhos com o fino edredom que está sobre mim e aspiro um aroma maravilhoso pelo qual eu não faço ideia do que possa ser. Varro os olhos pelo quarto e nada encontro. Meus olhos pousam na porta, onde Matthew entra cuidadosamente.
— Oi! — sorrio.
— Oi, sua chata. Você quase me matou do coração, sabia? Maluca!
— Chato. — reviro os olhos, Matthew ri.
— Como você está? — pergunta, sentando sob a cama, ao meu lado.
— Estou bem, acho. Pronta para outra.
— Nem brinca! — resmunga. — Não diga isso nem brincando, sua doida!
— Tudo bem, tudo bem. — levanto as mãos em rendição. — Quando irei para casa?
— Provavelmente, logo pela manhã.
— E que horas são?
— Por volta das 7 horas da tarde. — deu de ombros.
— Srta. Waters? — uma enfermeira adentrou o quarto.
— Sim?
— Como se sente?
— Melhor. — sorrio. — Disposta. Honestamente? Escalaria o Monte Everest numa boa. — Matthew revira os olhos, a enfermeira ri.
— Rapaz, o doutor está aguardando você e seu amigo em sua sala no andar térreo.
— Tudo bem. — diz Matthew. — Depois volto aqui. — alisa meus cabelos. — Venho fofocar. — dá um piscadela e sai do quarto, deixando apenas eu e a enfermeira.
— Está com fome? — pergunta, checando os aparelhos. — Você não ingeriu nenhum alimento desde quando entrou aqui.
— Não estou com fome. Obrigado. — forço um sorriso. Odeio enfermeiras.
— Tudo bem, irei providenciar uma deliciosa sopa de legumes. Você precisa se manter hidratada. Parar de comer só irá piorar o ritmo de seu organismo.
— Quando irei para minha casa?
— O doutor está conversando com seus amigos. Você respondeu muito bem aos medicamentos e realmente aparenta estar bastante disposta. Provavelmente, ganhará alta logo pela manha. — sorri.
— Ok. — afundo novamente minha cabeça nos travesseiros. Depois que a enfermeira acaba de organizar alguns fios, desliga aparelhos não mais necessários e guarda lençós limpos dentro da cômoda, vira-se de costas e abre a porta do quarto.
— Caso precise de mim, pode apertar esse botãozinho vermelho ao seu lado que eu venho voando. — assinto. Quando ela está prestes a fechar a porta, a chamo.
— Ei!
— O que foi que houve?
— Hum... bem, você sabe da onde está vindo este cheiro maravilhoso?
— Está se referindo ao delicioso cheiro de sopa vindo da cozinha do hospital? — ri. — Tudo bem, estou só brincando. Bem, um pouco antes de você acordar, alguém deixou um lindo buquê de tulipas vermelhas ao lado de sua cama. — arqueio as sobrancelhas.
— Tulipas vermelhas? — pergunto, observando a enfermeira caminhar até a cômoda e pegar o buquê de cima da mesma.
— Aqui está. — sorriu, entregando-me os lindos botões avermelhados. Como é que eu não as vi ali antes?
— Obrigado. — agradeço, acariciando as pétalas. Tulipas vermelhas. Sete botões de tulipas vermelhas. — Qual é o seu nome?
— Elizabeth. — ela sorri.
— Bom... Elizabeth, poderia me dizer quem as deixou aqui?
— Srta. Waters, você não estava autorizada para receber visitas. Seu estado era crítico, por isso o doutor interrompeu as visitas. Seus amigos, aqueles dois garotos loiros, não subiram em nenhum momento. Quando as vi ao lado de sua cama, fiquei assustada! — cruzo o cenho. — Mas lembrei que havia um garoto aqui no seu quarto, momentos antes de você acordar.
— Um garoto?
— Cabelos castanhos escuros, pele bronzeada, forte... — não havia dúvidas, realmente Cameron esteve aqui. Sorri involuntariamente e afastei as flores, dando-as novamente para Elizabeth. — Então a mocinha tem um admirador secreto?
— Bem, acho que sim. — sorrio, sentindo minhas bochechas queimarem de vergonha.
— Com licença? — Matthew aparece na porta, enfiando sua cabeça para o lado de dentro de meu respectivo quarto. — Atrapalho alguma coisa?
— Entre. — diz Elizabeth. — Você tem dez minutos. Mellanie precisa descansar.
— Tudo bem. — ele concorda. Elizabeth sorri para mim e sai do quarto, deixando Matthew e eu à sós. — Oi — diz, aproximando-se.
— Oi, seu boboca. Quanto tempo, não?
— Você receberá alta amanhã de manhã, está confirmado.
— Graças a Deus! Não aguento mais ficar deitada e sentindo cheiro de sopa.
— Eu no seu lugar, não reclamaria em ficar o dia todo na cama.
— Diz isso porque não é você que está em uma cama de hospital. — reviro os olhos.
— Chata. — estira a língua.
— Ah, olha só quem fala. — cruzo os braços, Matthew se levanta.
— Esse quarto é tão grande... caberia mais cinco camas iguais a essa que você está deitada. — gira nos calcanhares.
— Qual é, Espinosa? Virou arquiteto agora? Engenheiro?
— Cala a boca, fedelha. — gargalho. — De quem são essas flores?
— São minhas, Matthew.
— Suas? — arqueia as sobrancelhas. — Não me recordo de ver Johnson com elas na sala de espera.
— Não foi Johnson que as trouxe. — digo. — Foi Cameron.
— Cameron?! — arregala os olhos, confirmo com a cabeça. — Como que diabos aquele desgraçado conseguiu entrar aqui? Você não podia receber visitas, eu e Johnson já estávamos criando raízes naquela sala.
— Eu também não sei. Não faço a menor ideia de como ele conseguiu. Isso não poderia ter acontecido, e se Jack o visse?
— Por que você está nervosa? Está me escondendo algo?
— Está tudo bem, eu só preciso descansar um pouco.
— Você está mentindo!
— Não estou. — balbucio.
— Amanhã conversaremos sobre isso, você querendo ou não.
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