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História Desvio - Do simples ao complexo


Escrita por: choavevo

Notas do Autor


FELIZ ANIVERSÁRIO MINHA LINDA ANJAAAAAAAAAAAAAAA @wonudes !!!!!!!!! ♡♡♡

eu espero que esse dia seja ótimo e que você seja muito muito feliz sempre!! eu sei que não é exatamente o presente perfeito, longe disso (prometo que o físico é bem melhor que o digital) mas eu espero que você goste mesmo assim!!
um pequeno mimo bobo pra essa RAINHA que inventou meanie (comprem cárcere!!), escrever meanie é tão difícil, WHEN WILL I EVER

e esperando além de que essa linda anja jeon miro possa ser feliz sempre, espero que gostem de ler!! ♡

ps: eu juro que em breve vou fazer uma capa de verdade!! designers não sofrerão!!

Capítulo 1 - Do simples ao complexo


 

Desvio

Substantivo masculino

 

1. Ato ou efeito de desviar(-se).

2. Mudança do caminho, da direção ou da posição normal.

 

 

Flashes de câmeras, adrenalina se manifestando em suor por todos os poros, respiração pesada e a necessidade de vitória que acelerava os batimentos cardíacos.

Wonwoo nunca exatamente se importara com o mundo dos esportes. Passou a ter o hábito de folhear o caderno de esportes do jornal que a estagiária deixava sobre a mesa quando saia da sala atrapalhada para correr de um lado para o outro a fim de atender a necessidade dos superiores no escritório. Era apenas uma pequena curiosidade - embora fosse mais casual, era apenas mais uma folheada em meio a tantas outras ao decorrer de seu dia.

    E Wonwoo era um homem ocupado, assim como todo advogado que se mantinha bem na carreira. De hora em hora empurrava os óculos que insistiam em deslizar de seu rosto ao praticar mais uma leitura preparatória.

“Eu não vou me ocupar com caso de fofoca qualquer,” ele diz, apertando os olhos enquanto folheia um documento, um tanto mais ríspido que a intenção, “Eu ainda preciso preparar os documentos da auditoria hoje à tarde. O caso desse Kim Jiwon não vai se resolver do dia pra noite.”

“Eu entendo, mas isso aqui é mais importante,” Hansol, estagiário no escritório, diz exasperado, os dedos deslizando em nervoso sob o controle remoto em constantes tentativas falhas de ligar a televisão, “É um caso daqueles.”

 

Sentindo a mudança no tom de voz do mais novo, Wonwoo deixa os dedos passarem por entre os cabelos negros, ralos do corte recente.

O ambiente do escritório de advocacia nunca fora um dos mais pacíficos. Pelo contrário, lhe causava mais inconveniências do que o esperado, o suficiente para atingir até sua saúde, com crises graves de gastrite.

Já ouvira que precisava descansar, que precisava levar a vida mais levemente. Apesar de ser alguns pares de meses mais velho, Wonwoo não levava muito a sério as coisas que Seungcheol, um dos office boys do escritório, dizia. Ele parecia feliz, isso era verdade, sorridente em sua moto fazendo entregas aqui e ali, mas a felicidade que ele tinha não significava que Wonwoo não era feliz à sua maneira.

Não era felicidade de transbordar os vasos das mais diversas espécies de pequenas plantas e de inundar a biblioteca que tinha em seu apartamento. Mas era felicidade, o suficiente para fazê-lo suavizar a expressão mesmo após um dia cansativo. Encontrava sorrisos nos pequenos gestos de carinho que o acompanhava no caminho de casa e das linhas extensas dos livros que cansavam sua visão.

Em meio a tantos alunos emburrados e desgastados do curso de advocacia que ingressou em seu tempo de universitário, Wonwoo genuinamente gostava dos espessos livros e palavras complicadas. Era um ávido leitor - desde cedo tivera o costume de ler em casa, pontualmente todos os domingos. Gostava da forma das letras impressas, gostava da sensação do papel que já exalava tempo em sua cor amarelada. Gostava dos processos complicados e dos tribunais mais complicados ainda.

 

Justamente por gostar do que era complexo, Wonwoo não gostava de casos como o de Kim Mingyu, a pauta que parecia estar em todos os jornais do meio-dia.

 

Esses, casos que envolviam atletas, principalmente famosos como o ascendente boxeador de peso leve, não lhe atraíam o interesse.

Não eram atraentes porque não eram complexos, e demandavam mais paciência do alarde da mídia do que poderia se dispor a aguentar. Em menos de uma hora já havia recebido cinco ligações de Kwon Soonyoung, um jornalista de esportes que insistia em cobrir as principais intrigas dos atletas em primeira mão, assim como prometia em sua página online.

Wonwoo não havia se formado para se posicionar à favor de famosos que se envolviam e se enroscavam em confusões como escândalos de doping. Casos como o de Kim Jiwon, que estava trabalhando até o interromper das luzes coloridas emitidas pelos pixels da pequena televisão instalada na sala, eram os quais Wonwoo buscava servir. Alternava entre a promotoria e defesa, escolhendo o lado que achava correto. Não se deixava levar pela má índole de clientes de caráter duvidoso - recusava quaisquer propina e não hesitava em largar a verdade em que acreditava até o fim do caso. Não era promotor ou defesa - apenas buscava a verdade, independente de qual lado estivesse.

 

Nesse exato momento, tinha outro caso em mãos. Pediu para o estagiário desviar as ligações da manhã para que pudesse se concentrar na auditoria da tarde.

Não sabia ainda se o alvo dos holofotes era culpado ou não da acusação que lhe era feita, mas no auge de seu profissionalismo, esperaria ouvir o veredito por meio de outro advogado.


 

Quando chega ao escritório no dia seguinte, não espera dar de cara com o objeto de sua recusa no dia anterior.

 

O fato de que Kim Mingyu é mais alto pessoalmente é particularmente a primeira coisa que o advogado nota. É mais alto que ele, inclusive, e acaba sentindo uma ponta de irritação por ter que levantar o rosto levemente para fitá-lo nos olhos. A aparência não é muito apresentável - ambas a calça jeans e o moletom cinza tem cheiro de suor e ginásio, apesar de Wonwoo ter a impressão que é o odor natural do desportista. O cabelo é tingido de um castanho claro, de uma maneira que combina bem com a sua pele dourada e olhos brilhantes.

 

“Você é o Doutor Jeon?” ele pergunta, a voz grossa, não tanto quanto a sua, ecoando pela sala em sua momentânea timidez.

“Em que posso te ajudar?”

 

Mingyu o fita com jeito de cachorro chutado e Wonwoo quase, quase se sente mal. Não que tivesse a intenção de soar ríspido - seria impossível contar nos dedos de ambas as mãos todas as vezes em que passou uma impressão fria e arrogante, sua voz profunda era comumente mal interpretada - mas havia algo nos olhos do mais alto que o fazia amolecer em um instante.

    “Você sabe…” ele começa, quase tímido, fazendo com que Wonwoo se lembrasse quem realmente é o mais velho entre os dois, “E-eu realmente não fiz nada disso. Eu juro, eu não--”

    Wonwoo mal consegue esconder o riso, se divertindo com o jeito que Mingyu se acanha com a reação, completamente diferente da pose que ele tanto mostra para os ringues e câmeras. “Eu sei.”

    “Espera,” Mingyu coloca um dedo entre eles, um jeito estranho de expressar que está pensando, “Você acredita mesmo?”

    “Você vai ser meu cliente, pelo jeito.” é difícil conter o riso quando o boxeador tem atitudes tão bobas, “Digamos que eu tenho uma intuição.”

 

De intuição Wonwoo entendia.

Realmente tinha boa intuição, uma espécie de sexto sentido que só ele acreditava ter. Sabia dizer quando iria chover, mesmo quando o dia estava ensolarado. Quando tinha alguma sensação, boa ou ruim, era definitivo que o que ele previa iria acontecer.

Mais do que intuição, confiava no trabalho árduo que depositava em tudo o que fazia.

 

O julgamento havia ocorrido tão bem quanto esperava que seria. O laboratório em que Jihoon, um dos médicos que realizava testes e exames a fim de serem usados como provas nos julgamento, trabalhava era mais do que competente, tanto quanto seus funcionários, entregando os resultados que Wonwoo secretamente já esperava que viriam, de uma maneira rápida e clara.

Ainda assim, podia ver com o canto dos olhos Mingyu se remexendo na cadeira. Apesar de ter plena consciência de que era inocente, podia ver o jeito em que seu corpo tremia de ansiedade e pânico da potência da mancha que poderia estar em sua carreira ascendente. As tantas afirmações do advogado que tudo daria certo não tinham servido para muito.

À medida que o julgamento foi se aproximando do final, repórteres se acalmando, com um resultado óbvio sendo escrito nas linhas das matérias (podia ver à distância Kwon Soonyoung debruçado sobre o pequeno bloco de notas que trazia em mãos)

 

Fora tão rápido quanto prevera: em instantes a sentença de que Mingyu estava livre de todas as acusações que o cercavam já estava publicada em todos os veículos interessados em tal matéria.

 

    Em meio a saída do tribunal, ambos tinham a certeza de uma só coisa: que essa parte da história teve um desfecho feliz.

 

--

 

    A primeira vez que sua intuição falhou foi quando imaginara que não encontraria com Mingyu novamente.

O breve, ínfimo contato que deveria ter com Kim Mingyu deveria ter parado a partir do momento em que o exame foi retirado e o atleta pôde ser capaz de provar que de fato, jamais havia inserido uma substância ilícita que fosse. Mingyu seguiria lutando e Wonwoo seguiria apurando exames, assim como sempre o fez.

No entanto, o furacão que era a existência de Mingyu não se deteve com um resultado. Wonwoo o olhou, arqueando uma sobrancelha ao encarar o boxeador, alguns centímetros mais alto que ele, percebera, segurando uma caixa decorada com um sorriso estampado no rosto.

“Doutor Jeon?” perguntara com a voz grossa, não tanto quanto a sua, mas o suficiente para estremecer estranhamente da cabeça aos pés.

“Eu mesmo,” se permitiu a brincadeira, que conseguiu, de alguma forma, alargar o sorriso de Mingyu ainda mais, “Posso ajudar em alguma coisa?”

“É exatamente por isso que eu vim aqui!” riu consigo mesmo, depois de levemente se acanhar, “Eu queria agradecer.”

“Por...?”

“Por salvar a minha carreira!”

“Eu te disse,” ele suspira, um tanto exasperado com o entusiasmo, “Você não precisa me agradecer pela sua própria honestidade.”

“Você foi a única pessoa que não se recusou a me defender,” Mingyu confessou, um tanto desapontado, “Ninguém parecia querer se envolver com um caso grande.”

Isso fazia um tanto de sentido, agora que o atleta havia adicionado uma explicação. No entanto, achava exagerado de Mingyu pessoalmente se dar ao trabalho de procurar por ele para formalmente agradecer.

 

    “De qualquer forma,” continuou, “Isso é pra você. Em agradecimento, sabe?”

    Wonwoo murmurou um baixo, “obrigado” e abriu a caixa. Deparou-se com um bolo - tinha um certo quê de refinaria. Seu formato era perfeitamente redondo, polvorado com açúcar e com alguns morangos no topo. Se o sabor fosse tão bom quanto a aparência, então seria incrível.  

    “Fui eu quem fez,” comentou alegremente, como se estivesse esperando por um elogio ou algo do tipo.

    Não queria alimentar do ego do mais novo, porém teria sido impossível esconder a surpresa. Via os dedos grossos e machucados de Mingyu, envoltos por linhas de gaze e curativos, e perguntou-se por alguns segundos como que ele era capaz de ter tal aptidão para culinária. Wonwoo fitou para seus próprios dedos, longos e finos, recordando-se de que apresentava um risco para si mesmo quando tentava cozinhar, o tipo de pessoa capaz de queimar algo como macarrão instantâneo e passar horas tentando recuperar a panela dos restos de macarrão queimado ao fundo.

Os pensamentos se esvaíram no segundo em que sentiu o açúcar na boca - não muito enjoativo mas sem perder a característica adocicada. Era a medida ideal, o perfeito equilíbrio da massa com o recheio, o fascinando de modo em que seus olhos brilhavam com a súbita explosão de sabores.

Mingyu sorria com sua reação, contente, como se fosse o seu default natural. Wonwoo não gostava da atenção exagerada que o mais novo lhe dava.

Levando o garfo à boca mais uma vez, entrou de acordo consigo mesmo ao sentir o desmanchar do doce que não teria problema se fosse só um mimo.

 

--

 

O problema estava exatamente aí.

 

O mimo de um agradecimento desnecessário além do pagamento acabara gradualmente se desenvolvendo e tornando-se um hábito à beira do ridículo. Yewon, uma superior do advogado, deixava cair um leve suspiro enquanto afastava uma mecha do cabelo para atrás de sua orelha quando via Wonwoo receber mais um presente de um admirador que de secreto não tinha nada.

Incomodava Wonwoo que Mingyu não tinha a decência de se fazer menos óbvio de suas intenções. Os pequenos agrados que lhe eram enviados sem data estipulada haviam se materializado como uma piada no escritório. Até de Seungcheol, a última pessoa do mundo que teria credibilidade para criticar presentes bregas quando ele mesmo insistia nesse mesmo conceito quando (sem sucesso) tentava cortejar Jihoon, tirava alguns minutos para rir de suas expressões exasperadas, dizendo com uma piscadela exagerada que estaria deixando em cima de sua mesa a “entrega do seu pretendente”.

Incomodava Wonwoo também que ele não tinha coragem de se desfazer dos bolos e doces que lhe eram entregues.

Mais do que gostasse ou conviesse a ele admitir, Mingyu realmente tinha um talento no departamento da confeitaria. Mais do que gostasse ou conviesse a ele admitir, Mingyu era muito mais que seu exterior indicava.

 

A maneira em que tratava com uma delicadeza diferente seus assuntos quando se referiam a Mingyu eram diferentes e tal cuidado não passara despercebido por seus “colegas” de trabalho.

Wonwoo não tinha o costume dele mesmo ir visitar o laboratório para buscar documentos de seu interesse, mas se arrependeu no instante em que colocou os pés no local.

Prezava a amizade que tinha com o médico de baixa estatura, mas certamente um desses momentos de afeto não era esse.

 

“Não acredito,” Jihoon começou a rir descontroladamente, do jeito em que fazia com que suas palmas batessem enquanto lhe faltava ar, “Você realmente se apaixonou por ele? O boxeador com jeito de filhote?”

Durante o mero segundo em que tardou para responder, Jihoon seguiu com seu riso. “Isso é tão recompensante,” ele disse, limpando as lágrimas dos olhos que se formaram com seu riso exagerado, “Você realmente é um homem mudado, hyung.”

Estaria ele apaixonado por Mingyu? Não, não fazia sentido. Mingyu tinha cheiro de desodorante vencido. Mingyu era carente, demandava constante atenção. Mingyu era um tanto estabanado e irritadiço. Deus, como que Wonwoo poderia ter algum tipo de afinidade séria de algum perímetro romântico com um ariano como Mingyu.

Ao mesmo tempo, mesmo com uma personalidade difícil, Mingyu era dócil, ainda que por vezes exageradamente. Tinha um jeito gentil, um despertar meio juvenil, de sorrisos calorosos. Tinha um jeito meio bobo, mas que não era ruim, apenas irradiava sua personalidade leve. Wonwoo gostava de pessoas que lessem à beira da janela. Era mais fácil ver Mingyu lendo as instruções de um jogo novo de aplicativo de celular à beira da janela do que efetivamente ler, mas alguma coisa lhe dizia que não precisaria se importar.

Se deixou levar pelo romantismo - um impulso fez com que imaginasse um cenário que só existia em sua cabeça. Mingyu ficaria bonito com a pele dourada iluminada pelo crepúsculo de uma tarde de fim de semana sentado à beira da janela de seu apartamento, com as delicadas plantas o cercando.

 

Deixou os pensamentos de lado, na esperança de os esquecê-los.

Não obteve sucesso.

 

“Esses dias você vive olhando o caderno de esportes,” Junhui sorri de canto, removendo seus óculos de proteção, “Tanto quanto você fica se escondendo por aqui.”

Wonwoo retruca, fingindo se ocupar com algo no computador, “Agora ler é crime?”

“De jeito nenhum,” Junhui respondeu entre o sorriso que Wonwoo já conhecia, o de quando sabia que estava em vantagem, “Só quero dizer, tem outros lugares mais atualizados que o jornal da manhã passada. Tipo o blog do tal Soonyoung. Existem outros jeitos de acompanhar o que acontece na vida profissional do seu namoradinho.”

Era possível se ouvir o riso abafado de Jihoon à distância, como quem se sente finalmente vingado das piadas até então dirigidas a ele. Porém Wonwoo procura se manter profissional, não perder o controle. Profissional e discretamente, abre uma guia anônima e procura Kim Mingyu na caixa de pesquisa como quem não quer nada.

E é exatamente isso, Wonwoo age como quem não quer nada, ele pensa enquanto passeia pelas páginas do blog, lendo notícias com um traço de sensacionalismo sobre o boxeador. O jeito em que fica envergonhado é apenas um reflexo do que sente, embora ele não saiba disso ainda.

Acaba culpando o leve rubor em suas orelhas pela maneira em que é provocado, não pela curiosidade em forma de afeto florescendo lentamente em seu peito.

 

Assim que o sol se põe e o relógio determina que seu expediente já se encerrou, Wonwoo pretende seguir seu caminho normalmente para casa, mas se depara com uma figura ligeiramente mais alta que ele o esperando na entrada do prédio.

Sorri, os caninos à mostra, “Oi.”

“Oi,” repete bobamente, inconscientemente imitando o mesmo tom, “...Você pretende deixar eu subir ou vai ficar aí plantado até o fim do dia?”

“Não!” Rapidamente o mais novo ajeita sua postura, “Quer dizer... Eu precisava falar com você.”

“Estou ouvindo,” Wonwoo deixa a bolsa cair ao chão, levando uma mão à cintura como quem espera.

“Não desse jeito!” Mingyu bufa, frustrado, “Merda, isso foi bem mais impulsivo do que eu achei que seria...”

O doutor não entende o que se passa no momento, até que Mingyu acaba gritando:

“Eu gosto de você!”

Sólidos segundos passam entre eles. Wonwoo sente o olhar incrédulo de uma senhora que passeia com um cachorro, duas garotas que se encaram com surpresa e os olham de volta com o expectativa e o porteiro do prédio que observa a cena com um olhar de curiosidade. Toda a atenção faz com que Wonwoo queira se enterrar devido a vergonha, mas tudo o que faz é deixar risadas escaparem de seus lábios.

“‘Eu gosto de você?’” ele diz entre risos histéricos, “Quantos anos você tem? Cinco?”

“Para de dar risada!” Mingyu diz, batendo o pé no chão, completamente ofendido, o rosto inteiramente colorido pela luz alaranjada do sol e o vermelho-róseo de sua vergonha, “É sério!”

Wonwoo sente o estômago doer de tanto rir e aos poucos tenta se recompor.

“Sobe,” ele diz enquanto abre o portão, a voz ainda em tom de riso, “Aí você me explica melhor o quanto gosta de mim.”

Mingyu o olha com uma expressão um tanto confusa, alegre e emburrada ao mesmo tempo. Parece que tem vontade de xingar o mais velho pelo jeito em que o provoca, na mesma medida em que gostaria de abraçá-lo e dizer o quanto está feliz, mas decide-se por caminhar até o elevador com as bochechas coradas e os braços cruzados.

 

É o jeito Mingyu e Wonwoo de ser.

 

Wonwoo se sente desviando, mudando da sua rota normal para seguir o caminho que levava a sorrisos de lábios ressecados com a intensidade de seu brilho.

 

E ele deveria estar queimando, ardendo em toda a intensidade solar que era Mingyu. Seus jeitos dóceis, no entanto, faziam com que ele se evaporasse aos poucos, mas certamente se perdendo no que o compunha - desde os cabelos artificialmente castanhos pingados de suor até os músculos das pernas, que de artificial não tinham nada.

Assim, meio sem jeito, responderia a confissão desajeitada e o pedido de namoro mais desajeitado ainda com um, “Só se pagar um hambúrguer antes.”

Iria se perder, dessa mesma forma, no sorriso bobo que Mingyu lhe devolveria com uma resposta que o mais novo aparentemente não esperava - nunca tinha passado do “sim” de forma genuína - pedindo para que Wonwoo esperasse no banco em frente à academia para que pudesse pelo menos tomar uma rápida chuveirada e se aparentar um pouco mais apresentável para aquele encontro com intencionalidade de encontro.

 

Wonwoo já deveria saber que Mingyu só lhe traria problemas. Mingyu já deveria saber que Wonwoo gostava do que era complicado.

 


(Wonwoo gostava de Mingyu.)

 



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