História Detalhes - Capítulo Único

Yoon Jeonghan tinha muito mais peculiaridades do que uma vagina entre as pernas. 

Ele era muito mais do que aquilo: era cheio de pequenos detalhes, como uma pintura. E ninguém conhecia seus detalhes como Kim Taehyung conhecia.

O namorado de Jeonghan era mesmo obcecado com todas as coisas boas transpirando pela pele do Yoon, por cada partícula de energia positiva (ou negativa), até mesmo as mais escondidas. Ele sabia de tudo que o menino de cabelo platinado possuía, e vice-versa.

Yoon Jeonghan amava tons de marrom que se alastravam até o verde musgo e estava sempre por aí com uma blusa de lã marrom, alguns números maiores do que o seu, enquanto esvaziava seus pensamentos sobre o céu em uma caneca transbordando chá de hortelã em um verde estranho. 

Kim Taehyung adorava o cheirinho bom de hortelã que vinha do mais velho.

Jeonghan trocava a noite pelo dia. Escutava músicas agitadas e pesadas para pensamentos simples –como qual moletom usaria no dia seguinte–, e as mais calmas e simples melodias guardavam, em segredo, suas lágrimas e soluços de tristeza. 

O Yoon se perdia em pensamentos, e quando se dava conta disso estava a observar o peito desnudo do namorado subir e descer lentamente quando estava em seu mais profundo sono e acabava por julgar os olhinhos fechados e a boca entreaberta do Kim a coisa mais linda que já vira. 

Para Yoon Jeonghan, o mais novo era uma das pessoas mais adoráveis do mundo.

Aquele "loirinho" ocupava noventa e cinco por cento dos pensamentos do Kim sem nem perceber e, por fim, acabava se achando insuficiente para o namorado; já Taehyung, se possível, enrolaria o outro em uma daquelas cobertas felpudas e bonitinhas, faria seu chá preferido e o envolveria em um abraço sem fim enquanto assistiam uma maratona de séries policiais –as preferidas de Jeonghan–, ou até mesmo todas as temporadas de Doctor Who –o xodó de Taehyung, apenas para desfrutar de todo o amor que compartilhavam entre si.

Ah, Jeonghan amava aquelas séries policiais, o mais velho amava intrigas. Mas amava mais ainda quando Taehyung fazia uma piadinha idiota que arrancava sorrisos maravilhosos do mais velho e, logo em seguida, lhe roubava um selinho, vendo Jeonghan corar da cabeça aos pés pelo susto. 

Kim Taehyung adorava as reações previsiveis aos seus atos mais previsiveis ainda, e se surpreendia quando o Yoon se mostrava imprevisível de vez em quando.

Yoon Jeonghan sentia-se extremamente envergonhado por ser o mais velho e nem saber em que rua Taehyung morava, enquanto o mais novo sabia de cor o caminho para o apartamento do outro, para a casa dos sogros, o local de trabalho do namorado... Também se sentia envergonhado por ganhar belos presentes e declarações de amor vindas do castanho, enquanto o mínimo que podia lhe dar era sua comida preferida –feita com bastante amor e carinho, só para constar– ou bilhetes com seus garranchos dizendo que o amor que sentia pelo mais novo era muito maior do que o tamanho e brilho da UY Scuti, o que acabava confundindo Taehyung. 

“O que diabos é UY Scuti?”, pensava o Kim.

Além disso, Jeonghan também lhe dava suas mais sinceras e bonitas poesias, cheias de dedicatórias especiais e românticas, e Taehyung se sentia extremamente agradecido por ter uma pessoa tão incrível ao seu lado. 

Tudo em Jeonghan era incrível, desde suas manias, considerações e até suas manhas de prazer; Tae adorava ouvir os murmúrios carinhosos do mais velho assim como o mesmo gostava de quando se entregavam um ao outro.

Gostava de como os corpos suados se esfregavam com certa violência e de quando os peitos desnudos subiam e desciam vagarosa ou rapidamente, da maneira que palavras desconexas saiam dos lábios vermelhos pelo atrito ou nas vezes em que as bochechas eram as que tomavam uma coloração avermelhada de vergonha. E nada mais importava se os murmurios confusos de Taehyung completassem aquela bagunça.

Ambos se redescobriam apaixonados nas noites em que, com um bom vinho e comentários bobos que faziam uma cosquinha divertida no estômago, a pele queimava e o coração batia mais forte; logo, estavam se amando da forma mais pura e impura.

Para Yoon Jeonghan, ele ainda acreditava que nunca seria bom o suficiente para Kim Taehyung. Já o outro ficava admirado com o que exalava pelos poros e fios de cabelo do platinado e como isso o deixava com uma sensação estranha no peito.

Kim Taehyung gostava de imaginar borboletas cor-de-rosa claro desesperadas em seu estômago e borboletas azuis no estômago de Jeonghan e, quando se beijavam, borboletas liláses saiam de suas bocas em meio a diversas declarações de amor e sorrisos involuntários. O Yoon achava lindo como Tae gostava de colorir aquela relação com tantas metáforas e sua imaginação fértil de criança (mesmo que já tivesse seus vinte e dois anos).

—Jeonghannie? — naquela manhã preguiçosa de sábado, abraçado a cintura do namorado, Taehyung listou todos os pequenos detalhes e peculiaridades do platinado.

—Hm? — resmungou Jeonghan vendo os dedos da mão esquerda de Taehyung percorrendo suas cicatrizes abaixo dos mamilos em um carinho singelo e peculiar que ele adorava e fazia ele se lembrar de um dias mais felizes de sua vida quando, pouco mais de uma hora após sua cirurgia de retirada dos seios, Kim Taehyung aparecia com um buquê de flores roxas lhe pedindo em namoro.

 —Eu amo o seu corpo. — o platinando corou pelo inesperado enquanto Tae dava um de seus sorrisos retangulares.

—Idiota...— foi o que se limitou a dizer, internamente aliviado.

Os olhos brilhantes de Taehyung diziam muita coisa, e o olhar era retribuído por Jeonghan com amor e singularidade. Ambos sentindo-se seguros enquanto estivessem um nos braços do outro.

—Eu te amo muito, Jeong.— falou baixo como se fosse segredo. Jeonghan plantou um selinho em seus lábios avermelhados.

—Eu também te amo muito, Tae. 

Yoon Jeonghan definitivamente tinha muito mais detalhes do que uma vagina entre as pernas e Kim Taehyung amava cada um deles, assim como Jeonghan amava cada um dos seus.