...
Alisa
O sol voltara a brilhar. Depois de um dia com um clima tão confuso como ontem não sabia o que esperar de hoje.
Acordei devagar, sem muito sono. Fiquei sentada e olhei pela janela, minha mãe estava lá fora... Com um cara?
Foquei meus olhos no cara durante alguns segundos e reconheci, era Willian. Ele e mamãe se conheceram quando meu pai morreu. A esposa dele morreu uma semana antes que meu pai. Trágico. Ela estava em trabalho de parto e tinha dado a luz a um menino, mas não resistiu. O menino Simon, nasceu com problemas respiratórios e teve que ficar internado no hospital. Foi assim que eles se conheceram, Willian ficava quase todo o tempo no hospital e minha mãe também e desde então são amigos... Eu queria que eles fossem mais que amigos.
Depois que meu pai morreu, minha mãe ia para de vez enquando para o hospital para ver o Willian e o Simon. Ela não acreditava que Simon ia sarar, - Ela e os médicos. – mas ele não desistiu, lembro-me de ver ele de joelhos no berçário orando, isso fazia minha mãe ficar mais indignada com Deus. Mais um motivo para apoiar a lei Anti-Deus. Depois de um mês no hospital e com orações para salvar a vida do menino, Simon foi curado. Lembro-me da cara do Willian, nossa nunca tinha visto alguém tão feliz.
Os médicos acharam extraordinário o fato de ele ter sobrevido, mas Willian sabia quem tinha curado o menino. Agora nossas famílias são amigas, ambas sem um membro fundamental nela, mas podíamos fazer uma bela família juntos.
Desci de pijama, sai pela porta e fiquei olhando os dois conversarem. Nem reparei, mas Simon estava entre as pernas do pai se escondendo, ele me viu e veio correndo na minha direção. Eu abri os braços, peguei-o no colo e comecei a beijar aquelas bochechinhas. Minha mãe e o Willian se viram.
- Oi Alisa. – Ele me cumprimentou dando um sorriso.
- Oi. – Respondi indo até ele com Simon no colo. – Caramba, como o Simon está grande.
- É, eu to bem “gande”. – Simon disse fazendo um gesto de “grande” com os braços, abrindo-os o máximo que conseguia.
- É filho, você está. – Disse Willian pegando ele dos meus braços.
Enfiei-me debaixo dos braços da minha mãe.
- Então se quiser ir está convidada. – Disse Willian.
- Ir aonde? – Perguntei curiosa.
- Numa festinha que vou fazer pro Simon...
- É festinha. – Disse Simon empolgado.
- Comemorar o dia que ele saiu do hospital, graças a Deus. – Completou Willian, minha mãe fez uma cara feia. – E mesmo desculpa.
- Tudo bem, é bom ver que o alguém tem com o que se alegrar. – Minha mãe disse com um tom de “você tem sorte”.
- Melissa, - Disse Willian. - Deus não é o culpado pela morte do seu marido. – Ela virou os olhos e ele se sentiu sem jeito, afinal sabia o que era perder alguém importante. – Então até de noite.
- Até. – Ela disse forçando um sorriso.
- Até. – Disse.
- Até. – Ele se despediu e saiu andando de mãos dadas com Simon.
Entramos em casa e senti que ela estava meio afastada.
- Mãe, você está bem?
- Um pouco. – Ela respondeu. – Me sinto deslocada.
- Você gosta dele, não é?
- Alisa! – Ela disse surpresa.
- Mãe é mais do que obvio isso.
- Que?!
- Mãe já faz dois anos, fala logo.
- Não, filha não é certo, nem pro seu pai, nem pra ele.
- Mãe, papai ia querer o seu bem e o Willian... Bem, acho que ele é afim de você.
- Tá, eu faço... E se não der, sei lá... Que seja o que Deus quiser...
- Deus? – Perguntei espantada.
- Não, não... – Ela se confundiu toda.
- Quem sabe não foi Deus que colocou ele na nossa vida, ou melhor, na sua.
- Vai se arrumar, pestinha.
- Mamãe vai namorar. – Subi as escadas cantando. – Mamãe vai namorar...
...
Cheguei à escola e fui à procura dos meus amigos. A primeira que achei foi a Julia, ela estava como sempre feliz e sorridente. Dei um abraço nela e ficamos conversando. Demorou mais um pouco e George também chegou também lhe di um grande abraço, ele estava mais alegre do que ontem.
- E ai como vai Marrie? – Perguntei.
- Bem. – Ele respondeu. - Minha mãe vai sair com ela pra fazer compras sabe coisas de mulher.
- Pessoal. – Interrompeu Julia. – Vocês tiveram alguma noticia do Pedro? Ele não responde minhas ligações, nem por Whatsapp, nem no Facebook, estou preocupada com ele.
- Será que o pai dele fez alguma coisa com ele? – Perguntei.
- Acho que não. – Ela respondeu.
- Tá, vamos deixar isso de lado. – Disse. – Olha vocês querem ir comigo numa festa hoje a noite?
- Nós fomos convidados? – George perguntou.
- A festa é de um amigo da minha mãe, ele me disse que eu podia ir, logo eu convidei vocês.
- Jura que não vai ter problema se nós fomos? – Perguntou Julia.
- Sim, O Willian vai gostar de ter mais gente lá.
- Tá eu vou. – Respondeu Julia. – Mas eu vou na sua casa e você me leva para a festa.
- Ok e você, George?
- Não sei, eu ia ficar com a Marrie hoje.
- Não tem problema leva ela também.
- Ok, Eu vou. – Ele finalmente respondeu.
- Então encontra a gente naquele mesmo parque que ontem.
- Tá. Agora vamos pra aula. – Disse Julia. – A professora já está indo.
- Vamos. – Assenti.
Levantamos-nos e o sinal tocou absurdamente alto nos nossos ouvidos.
Demorei até conseguir ouvir novamente.
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