Revisitando o Velho Mundo, em uma pinacoteca famosa, arrodeado de obras ainda mais famosas, crianças estimuladas rabiscavam Cavaraggio, Picasso, Da Vinci; artistas plásticos, bailarinos, músicos jovens formandos comemoravam suas vitórias... O menino com olhar distante e introspectivo observava. E tanto quanto emocionado com tamanha riqueza, lembrara dos hematomas em seu corpo deixados por seu pai quando ainda criança foi primeiro lugar em um insignificante concurso de dança, lembrara do medo, da dor d'alma, da violenta retaliação do querer. Ele não teve a mesma sorte daquelas crianças, muito menos a satisfação daqueles jovens.
Prendeu a respiração e invisível caminhou devagar p o austero jardim, sentou no banco mais distante, e mesmo chovendo forte, não abriu o guarda-chuva que segurava - as gotas seriam seu disfarce. E então chorou, chorou, chorou...
Perdeu-se no tempo e em suas pueris memórias tristes.
Num instante, viu seu reflexo em uma poça d'água decorada como num encanto pelo vento, como que para si, com pétalas de flores amarelas, e se reconheceu; respirou como se não tivesse fundo, deixou a chuva lavar até um riso leve brotar de onde antes era só aridez; e ainda mais vivo, seguiu seu nobre caminho.
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