História Devil - HIATUS - Prólogo: Fim

O que um dia era uma casa comum, agora estava em chamas e eu estava dentro. Lembrava-me muito mau o que havia acontecido, mas tinha apenas uma certeza, ele havia me encontrado. Todos esses anos eu tinha lutado, tinha encontrado uma identidade nova e uma vida nova. Tinha reconstruído um novo eu. E agora ele estava solto, e para meu tormento, estava me caçando outra vez.

Eu estava amarrada em uma cadeira e as cordas machucavam meu pulso. Eu tinha que sair dali, precisava sair dali. Tinha que alerta a todos que ele estava de volta e que, mais do que nunca, estava sedento de vingança.

Depois que consegui fugir dele, eu havia entrado em sérios problemas, agora estava sendo acompanhada por uma psicóloga, e para me ajudar a enfrenta-los ela havia me dito para entrar em uma academia de autodefesa. Para me ajudar e me reerguer, me deixar mais no controle e me deixar mais “confiante” em mim mesma. Graças as aulas, de autodefesa,  eu sabia como me livrar daquilo, mas o problema era que o fogo estava se alastrando rápido demais e qualquer passo em falso, eu morreria queimada.

Que ótimo jeito de morre, em Kayla?  Meu subconsciente ironizou.

Eu já respirava com certa dificuldade, precisava ser rápida. Então contei até três e me joguei com tudo no chão. A cadeira, feita de madeira, foi quebrada facilitando minha fuga daquele lugar. Eu estava em pé diante das chamas, meu corpo tremia de medo, quando ouvi uma risada, eu nunca esqueceria aquela risada. Ele estava ali.

Eu olhei para todos os lados tentando o encontra, mas as chamas estavam altas demais para eu pode ver alguma coisa, e ainda tinha a fumaça.
Sua gargalhada soava alta no ambiente. Minha visão estava ficando turva, mas eu tinha que fugir.

Se eu continuasse ali ele me mataria.

— Aonde vai tão cedo Julieta?

Ele se pronunciou, e lá parado em meio ás chamas eu o vi. Seus cabelos negros, sua pela alva, seus olhos azuis e, sua marca registrada, o sorrisinho de lado.
Eu havia mudado de nome e agora me chamava Kayla, mas para ele eu seria sua eterna Julieta.

Eu sentia seu olhar em mim. Minha visão já estava começando a ficar fora de foco, eu não poderia desmaiar me recusava a isso. Eu precisava fugir, precisava ir embora deste lugar e avisar a todos.
Em minha mente a única coisa que passava era que iria morrer e que não poderia avisar a ninguém que aquele monstro estava solto, que ele havia fugido.

Meus braços tentavam, a todo custo, me proteger das chamas. Foi quando criei um pouco coragem o encarei e gritei, em alto e bom som.

— Se querer me matar, mata-me de vez. Vamos, acabe com isso de uma vez, estamos apenas nós dois aqui. Mate-me, Ian.

Fazia sete anos que eu não pronunciava seu nome. Ian Joseph Somerhalder, o dono de meus pesadelos. O homem que destruiu minha vida apenas por puro prazer. A própria personificação do diabo. Ele já havia feito varias vitimas, nenhuma havia sobrevivido, mas eu sobrevivi. E mais que isso, eu o fiz ser trancafiado em um manicômio. A justiça me concedeu a troca de nome para seguir minha vida. 

Mas agora ele estava ali diante de meus olhos, com o mesmo maldito sorriso, os mesmo olhos azuis cortantes. Tudo igual como se não tivesse passado sete anos, como se ele não tivesse ficado preso por sete anos. E agora, por sua culpa, eu me igualava á garotinha de sete anos atrás, assustada e machucada.

Por mais que sete anos houvesse passado e eu tivesse mudado, eu ainda sentia o mesmo medo de Ian como sete anos atrás. Ainda acordava gritando e chorando por te tido mais um pesadelo com o mesmo. Ele havia destruído tudo de bom em mim, e agora que estava me recuperando ele voltou.

Ele deu mais uma de suas gargalhadas malditas e me olhou bem nos olhos, por mais que a fumaça e fogo daquele lugar não me deixasse ver direito, eu podia ver seus olhos azuis queimando de ódio. E, também, podia sentir a raiva que ele exalava, ele nunca foi bom em esconder sua raiva.

Ian deu um passo á frente, ainda sustentando o olhar em mim. Eu dei um passo para trás, com medo do que vi em suas mãos. Ele tinha uma arma e aquele, provavelmente, seria meu fim.

— Não irei matar-te, pelo menos não agora. Eu quero ter o prazer de ver você sofrê. Quero ver você ficar sozinha como sempre deveria ter sido.  Quero ser o causador de sua profunda, e eterna, loucura como você é a minha. Quero fazer você duvidar de sua própria sanidade.  Pois cada Julieta tem o Romeu que merece.

E ele gargalhava dando meia volta e saindo daquele lugar, eu ainda estava estática com o que o mesmo havia dito. Minha mente borbulhava e gritava.

Meus olhos foram ficando sem foco e eu já não conseguia escutar direito o que estava acontecendo ao redor, meu corpo foi tomado por uma fraqueza terrível. Eu sabia o que estava acontecendo, eu estava desmaiando, mas não pela fumaça que me cercava.  E sim, pelo medo que Ian me proporcionava.

Eu senti a dor do baque surdo de meu corpo contra o chão, meus olhos fecharam e a única coisa que eu vi era escuridão. Aquele seria mesmo o meu fim?