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História Devil Side - Conte suas mentiras.


Escrita por: minesuga

Notas do Autor


Boa leitura ❤

Capítulo 17 - Conte suas mentiras.


“Obscurecendo, e confundindo a verdade e as mentiras, para que eu não saiba o que é real e o que não é.”

 

Jungkook. 

 

Eu caminhava de volta para casa quando avistei um carro estacionado em frente à mesma, com o porta-malas aberto, o quê me causou estranheza até vê-lo voltando ao carro para retirar o restante de suas malas. 

 

— Pai? - o chamei fazendo-o olhar para trás. O quê ele estava fazendo aqui? 

 

Ele colocou sua mala sobre a calçada, abrindo os braços à mim, que já estava próximo o suficiente para ser puxado para um abraço. 

 

— Me desculpe por ter deixado você sozinho. - ele pediu ao afagar brevemente o meu cabelo antes de se afastar. 

 

— Por que está aqui? 

 

— Isso é jeito de receber o seu pai? Até parece que eu preciso de motivos para vir visitar o meu único filho. - único. 

 

— Não veio me visitar, deve existir um motivo para não ter voltado à Seul…

 

— Parece ter herdado toda a desconfiança de sua mãe. - ele comentou ao me interromper. - Ande, me ajude com as malas. 

 

— Jungkook? - ouvi o chamado após retirar a última mala do porta-malas. 

 

— Os conhece? - meu pai perguntou se referindo à Johyun, e Namjoon, o qual havia chamado por meu nome. 

 

— Sim. - respondi enquando os dois se aproximavam

 

— Estávamos indo até o mercado, e estranhamos o carro. - Namjoon contou observando o veículo. 

 

— Eu também tive uma surpresa. - confessei. - Esse é o meu pai. - eu disse ao dar um breve toque sobre seu ombro. - Pai, esses são os irmãos Kim. Namjoon, e Johyun. - conclui os apresentando. 

 

— É um prazer conhecer os novos amigos do, Kook. - meu pai dizia ao cumprimentar, Namjoon.

 

— O senhor é canhoto? - Johyun perguntou observando à mão que meu pai havia o estendido. 

 

— Não. - meu pai respondeu parecendo achar graça. 

 

— Oferecer a mão esquerda quando não se é canhoto, é um sinal de alerta. - Johyun comentou mantendo ambas as suas mãos nos bolsos frontais de sua calça. - Chama-se “O aperto de mãos dos falsos”. 

 

— Eu não fazia ideia… - meu pai dizia ameaçando estender sua direita. 

 

— Imagine. - Johyun o interrompeu ao cumprimenta-lo com sua esquerda. - Sei que o senhor é um bom homem, têm um filho que o respeita muito, e só pessoas dignas recebem respeito. 

 

— Obrigado, vejo que são garotos de boa família, bem educados. 

 

— O senhor, e Jungkook precisam de ajuda? - Namjoon perguntou. 

 

— Não se incomodem, só trouxe algumas malas…

 

— Fazemos questão de ajudar. - Johyun o interrompeu tomando de sua mão as alças da mala que carregava. 

 

— Ele é bem insistente. - Namjoon comentou dando de ombros. 

 

— Percebi. 

 

[...] 

 

Eu observava ele cozinhar, enquanto esperava por um momento adequado para esclarecer todas as dúvidas que existiam em minha mente, eu queria saber o motivo de suas mentiras. 

 

— Você pediu transferência de sua universidade? 

 

— Sim, eu não sabia quanto tempo precisaria ficar aqui, então resolvi pedir transferência. 

 

— Espero que essa universidade seja tão boa quanto a outra, afinal você se empenhou muito para conseguir entrar na antiga. 

 

— Tirando as pessoas que encontro pelos corredores, e com quem divido as salas, ela parece ser exatamente como a antiga. - contei percebendo que o jantar estava pronto. 

 

— Isso é bom, não terá de mudar sua rotina. Quer que eu o sirva? - ele perguntou ao abrir o armário onde a louça era guardada. 

 

— Não, obrigado. Não estou com fome. 

 

— Sei que a minha comida não é tão boa quanto à sua, mas dá pra comer. - ele comentou me tirando um riso. 

 

— Eu só estou sem fome mesmo. - insisti enquanto ele se dirigia até a ilha da cozinha, de onde até então eu o observava. 

 

— Você quem sabe. - ele disse dando de ombros. 

 

— Soube o quê aconteceu com a vizinha? 

 

— Sim, Heo me contou tudo quando foi me buscar no aeroporto. 

 

— Eu poderia ter ido buscar o senhor…

 

— Não, eu precisava conversar com ele, e não queria incomodar você. - ele contou ao me interromper. - De qualquer forma, se você tivesse matado aquela velha teria feito uma gentileza ao mundo. 

 

— Eu não a matei. 

 

— Você nunca foi o violento, Kook. 

 

— Chim, era o violento? - perguntei, já imaginando que Heo o havia contado sobre o meu interesse em relação ao meu hyung. 

 

— Quem é…

 

— Por que o senhor nunca disse que eu tive um irmão? Por que deixou eu quase acreditar que ele não existia? 

 

— Você não iria entender, filho. - ele respondeu, parecendo desistir de manter toda aquela mentira. 

 

— Por que não? 

 

— Porque você era uma criança, como poderíamos conseguir fazer você entender? - ele perguntou afastando o prato com sua refeição. 

 

— Entender o quê? - era visível como ele parecia ficar nervoso à cada segundo que passava. 

 

— A condição de Jimin. - Jimin… 

 

— Condição? Ele era normal… - eu me baseava nas poucas lembranças que haviam vindo juntas com os flashes. 

 

— Fisicamente ele era perfeito, ele jamais aparentou ter qualquer problema até… 

 

— Até? 

 

— Até você nascer, Jungkook. Não consegue lembrar de como ele tratava você? O chamava de: “Monstro”. - “Porque você é um monstro como ele.” - No começo sua mãe, e eu achávamos que era um ciúmes inofensivo, como esses que existem entre todos os irmãos, mas com o passar do tempo vimos que ele sentia verdadeiro ódio de você. - ódio? 

 

— Não faz… não faz sentido. 

 

— Quando ele começou à se tornar agressivo, quando começou à tentar machucar você fisicamente, nós buscamos ajuda médica. Visitamos inúmeros consultórios psiquiátricos, mas todos os médicos diziam que ele era muito novo para receber um diagnóstico, que poderia ser uma fase, apenas um problema de comportamento… - ele se interrompeu ao se aproximar de mim. - A sua cicatriz é prova do dia em que você quase morreu… 

 

Eu possuía uma cicatriz na lateral da cabeça, a qual eu conseguia sentir toda vez que lavava o cabelo, ou apenas adentrava os dedos entre as mechas. Eu sempre acreditei que aquela cicatriz havia sido consequência de um acidente que sofri na casa dos meus avós já falecidos, meu pai havia contado que eu bati a cabeça na borda da piscina após escorregar… 

 

— O senhor disse que eu escorreguei… - eu sentia a cicatriz com as pontas dos dedos, enquanto tentava sair de toda a confusão em minha mente. 

 

— Não foi um acidente, Jungkook. - os olhos dele pareciam marejar. - E por esse motivo decidimos levar o seu irmão para uma clínica onde poderia ter o acompanhamento, e tratamento, necessário ao distúrbio que possuía.  

 

— Por que disse que havia sido um acidente? Por que ele tentaria me machucar, ele era o meu hyung…

 

— Você parecia ter criado um bloqueio à existência de Jimin, após ele ter ido para a clínica. E sua mãe achou que faria mal à você, saber a verdade sobre seu acidente. Eu contei que havia sido apenas um acidente, para que você não revivesse aqueles momentos, para que não tivesse mágoas do seu irmão. 

 

— Ele realmente me odiava? - perguntei segurando as lágrimas que se acumulavam sobre as bordas dos meus olhos. 

 

— Quando sua mãe faleceu, e eu fui busca-lo na clínica para que pudéssemos nos mudar para Seul… - ele hesitou desviando o olhar. 

 

— Diga! - exclamei ao levantar pela primeira vez a voz para o meu pai. 

 

— Ele pediu para que eu levasse você, e que jamais voltasse para vê-lo. 

 

— Onde ele está? Não pode ser verdade, não é assim que eu me lembro dele… 

 

— Você tem uma memória seletiva, Kook. Não suporta a dor dos próprios traumas, então os tranca há sete chaves. Só consegue se recordar dos dias bons… 

 

— Onde ele está?! 

 

— Jimin cometeu suicídio quando tinha 15 anos, Jungkook. 

 

— Não…

 

— Eu sinto muito por ter escondido isso, me perdoe… - ele dizia quando tentou me abraçar. 

 

— Deixou ele fazer isso, é sua culpa. - rebati ao afasta-lo. 

 

— Mesmo que ele estivesse aqui, ele jamais amaria você como deveria. Você jamais teria o hyung que desejou…

 

— Ainda sim ele estaria vivo, me odiando ou não, ele estaria vivo.  



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