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História Devil Side - O amigo do cara que tinha tudo.


Escrita por: minesuga

Notas do Autor


Boa leitura ❤ (notas finais 👍)

Capítulo 43 - O amigo do cara que tinha tudo.


“Sim, eu poderia cortar os pulsos, mas isso realmente não ajudaria, não iria resolver meus problemas.”


Semanas depois.


Jimin.  


Após me sentar em uma das mesas vagas daquela cafeteria, com uma boa caneca de café em mãos, eu retirei de minha pasta o diário que havia me ocupado durante as noites, e qualquer outro horário livre que possuí durante aqueles dias. Ao abri-lo, acabei o folheando até encontrar as páginas onde minha leitura da noite passada havia terminado, e naquele mesmo instante a retomei, em esperanças de encontrar o motivo de Jungkook ter dito aquelas coisas para mim no hospital dias à trás.


“Desde as primeiras páginas desse diário, eu me permiti escrever apenas os momentos felizes que me trouxeram até aqui. As minhas palavras começaram a preencher as linhas em branco durante o tempo de serviço militar obrigatório do seu pai, quando eu sentia tanto a falta dele que minha única maneira de expressar isso era escrevendo horas à fio em busca de algum consolo em meus próprios devaneios poéticos. Depois disso você leu sobre como foi o nosso reencontro, de como esse homem tão maravilhoso a quem devoto tanto amor me pediu em casamento, você leu sobre como ele reagiu ao saber que eu estava te esperando, aqui dentro de mim. Ah, meu amor, eu queria tanto poder dizer à você que nossas vidas foram feitas apenas de momentos felizes, de dias ensolarados, e noites tranquilas. Eu queria poder dizer à você que eu jamais errei, e que fui digna de gerar um ser tão puro, e perfeito como você, meu Jiminie. Mas há um trecho de nossa história que não foi escrita aqui, esse trecho compõe o meu único, e maior erro. Ele corrompe toda minha dignidade, e me envergonha mais do que qualquer outra coisa, e por esse motivo até hoje eu pensava se deveria um dia escrever esse capítulo, ou simplesmente continuar o enterrando sob nossas alegrias. Mas eu não tenho o direito de fazer isso com a sua vida, isso lhe diz respeito muito mais do que a mim, e por esse motivo é meu dever deixar ao menos isso registrado nesse diário para que um dia você possa ter conhecimento sobre isso o que tenho escondido de todos. Talvez, eu nunca tenha coragem para lhe contar isso, mas eu irei escrever por você…”


Os meus olhos seguiram as linhas, mas a minha mente começava a oscilar por entre diversas sensações desagradáveis. E o que eu estava lendo aos poucos começou a refletir em mim fisicamente, de início foi como levar um soco direto na boca do estômago, depois o sabor amargo do café que normalmente me agradava, passou a ser um atenuante ao enjôo que se instalava aos poucos, quase me fazendo pensar em seguir para o banheiro para que assim pudesse me livrar do almoço que havia ingerido horas atrás. Era esse o motivo no fim, aquelas últimas páginas eram a razão para que Jungkook tivesse me dito para não odiar ela.


“...Eu espero que você seja capaz de me perdoar, Jimin.”


Era essa a última frase escrita, depois de tudo ela tinha esperança de que eu fosse capaz de perdoá-la. Mas naquele momento eu não era capaz de absolutamente nada, era como se o meu cérebro tentasse rejeitar cada palavra mesmo sabendo que nenhuma delas poderia ser mentira. Aquela era a minha vida, muito pior do que eu poderia supor que havia sido.


[...]


Eu conheci Yoongi em Seul, quando meu pai adotivo defendeu a família dele em uma causa jurídica há anos atrás. Depois disso nossas famílias se tornaram amigas, e a casa dos Min começou a ser parada obrigatória para nós a cada viagem feita até a capital. Com a aproximação entre os mais velhos, não levou tempo até que Namjoon, e eu acabassemos fazendo amizade com o garoto ranzinza, e por suas vezes preguiçoso, Min Yoongi. Mas durante os últimos anos, Yoongi acabou por ter mais contato comigo, já que Namjoon nunca foi muito de manter amizades antigas, e assim como Taehyung, ele também foi posto  a par do que realmente acontecia em minha vida, pois eu sabia que sua ajuda seria importante, como realmente foi.


— É bom ver você inteiro novamente. - Yoongi comentou, e com um breve riso seguiu até sua mesa provisória que antes pertencia à Heo.


— Fisicamente sim. - rebati, ao me sentar em uma das cadeiras frente a sua mesa.


A expressão de Yoongi se tornou séria, e então ele assentiu positivamente como se entendesse, mesmo sem saber sobre os últimos golpes os quais eu havia recebido antes de chegar naquela delegacia.


— Se as feridas que carregamos em nosso peito, curassem tão rapidamente quanto um hematoma em nosso corpo, a vida seria mesmo ótima. - ele disse pensativo.


— Quero falar com ele, hyung. - Yoongi me encarou inexpressivo, após ouvir o que eu acabará de dizer.


— Já fez sua parte, não precisa mais ter contato com ele…


— Hyung…


— Me escuta, ok? - ele suspirou, desviando o olhar. - Não há mais nada que possa fazer, ele está preso agora, e daqui há algum tempo ele vai ser julgado por tudo o que fez… - eu sabia de tudo aquilo, mas aquele não era o ponto. - Você precisa confiar em mim quando digo que não vou permitir que ele saía dessa impune, eu prometi isso a você antes mesmo de me tornar um policial, lembra? - eu assenti, pois ele realmente havia prometido. - Eu entendo que talvez sinta que precisa falar com ele, dizer tudo o que veio guardando até hoje, mas você não precisa, Jimin. Ele não é mais um problema pelo qual tenha de tomar responsabilidade, não esta mais nas suas mãos o dever de fazer ele pagar pelo o que fez. Sou eu quem assume isso à partir de agora, entende?


— Eu entendo tudo o que está dizendo, mas eu preciso sim falar com ele, hyung. E eu prefiro que você autorize isso, do contrário eu vou ter de desacatar a sua autoridade como responsável temporário por essa delegacia, e você sabe que eu sou capaz disso.


Ele franziu o cenho como se não conseguisse sequer imaginar o motivo de tamanha insistência vinda de minha parte, mas os meus motivos eram incontestáveis, e se ao menos ele soubesse disso, com toda a certeza iria entender o meu comportamento naquele instante.


— Não quero ter de prender você, então… - ele dizia ao alcançar o telefone sobre sua mesa. - Mas depois eu vou querer explicações. - Yoongi concluiu, pressionando uma das teclas do aparelho. - Encontre o Jung, e peça pra ele levar o Jeon pra sala de interrogatório, por favor. - ele pediu, após ser atendido. - Certo, obrigada.


— Sala de interrogatório? - o questionei, enquanto o mesmo se recostava contra sua cadeira.


— Eu não sei o que você veio fazer aqui, mas caso ele diga algo em meio a conversa que irão ter, eu preciso ter isso gravado, e monitorado. Tudo bem?


— Sim, eu entendo.


— Só temos… - ele se interrompeu quando o telefone começou a tocar. - Já? - ele perguntou após atender. - Ok, eu estou indo até lá, obrigada novamente.


Após o fim da breve conversa Yoongi se levantou, e então seguiu até a porta de sua sala onde sinalizou com sua direita para que eu o acompanhasse à partir dali. O caminho que fizemos naqueles poucos segundos, não era desconhecido por mim, afinal, não era a primeira vez em que eu estava percorrendo os corredores daquela delegacia rumo aquela sala de interrogatório.


— Eu estava indo almoçar, sabia? - disse o rapaz que agora,  cumprimentava Yoongi.


Jung Hoseok, me foi apresentado no dia em que me encontrei com Yoongi, para acertar todos os detalhes do plano que traçamos em intenção de levar Jeon para atrás das grades. Sim, apesar de eu ter quase perdido minha vida, grande parte daquela noite havia sido planejada. Não foi um milagre que fez com que Yoongi, e Hoseok, invadissem a casa exatamente no momento em que Jeon estava prestes a puxar aquele gatilho. Ele precisava cometer algum crime para ser preso, e uma tentativa de homicídio era a ideia perfeita que o colocaria nas mãos da justiça, e assim trazendo a tona seus demais crimes…


— Não, eu não sabia. - Yoongi respondeu dando de ombros, enquanto olhava para Jeon através do espelho dupla face no lado externo da sala.


— Você nunca sabe de nada, impressionante. - Hoseok rebateu, usando um tom sarcástico. - Mas enfim, o que querem com esse aí? - ele se referia a Jeon.


— Sei tanto quanto você. - Yoongi respondeu.


— Eu posso entrar? - perguntei, desabotoando meu blazer.


— Pode. - Yoongi autorizou, enquanto Hoseok parecia confuso.


Eu entrei naquela sala com a mesma tranquilidade de sempre, apesar de trazer comigo tanta perturbação e desequilíbrio causado por aquele diário. Ainda sim, eu estava agindo como sempre, racional, e nenhum pouco vulnerável a qualquer palavra que me fosse dita por ele. O qual tinha os pulsos presos um ao outro pelo par de algemas, que parecia apertar sua pele, quase ao ponto de prender sua circulação.


— Vejo que está se adaptando bem a sua atual realidade. - comentei, ao me sentar a mesa em frente a ele.


— Isso? - ele perguntou, elevando brevemente os pulsos. - Isso não é nada, logo, logo não terei nem mesmo de usar isso.


— É claro, não precisa de algemas dentro da cela. - sorri, percebendo seu humor desaparecer.


— Eu deveria ter matado você quando pude, bastardo.


— Bastardo. - repeti, desviando o olhar até o espelho da sala. - Você sempre foi um merda em tudo o que fez, não foi? Colégio, trabalho, família… Devia ser difícil estar próximo de alguém com uma vida tão melhor que a sua, quer dizer, ele tinha tudo e você era só: “O amigo do cara que tinha tudo”. - eu sentia seu olhar sobre mim, mas isso não me ameaçava. - Na verdade, você nunca foi amigo dele, a inveja que sentia nunca permitiu que você o visse de um modo diferente se não, como um advesário. Ele foi o melhor no treinamento, era admirado por todos que o cercavam, ele era um homem correto, e altruísta, e sobre tudo, tinha a mulher mais encantadora que o mundo pode conhecer… - eu voltei a encará-lo. - Eu posso entender, qualquer um sentiria inveja de alguém com uma vida tão perfeita assim.


— O seu pai não passava de um verme, e ninguém sente inveja de vermes, garoto.


— Você sentia. - afirmei, ignorando a tentativa de ofensa. - Queria tudo o que ele tinha, começando por ela. - o seu olhar recuou, dando a mim ainda mais certeza sobre as palavras dela. - Você premeditou tudo, ou foi apenas uma sequência de coincidências?


— Não sei do que está falando…


— O marido é enviado para investigar um caso em uma cidade vizinha, e então o melhor amigo do casal se oferece para levá-la para sair, diz que não quer que ela fique sozinha. O melhor amigo a convence de que jantar com ele naquela noite é uma boa ideia, de que a fará bem, já que facilmente ela se sente solitária quando é forçada a ficar afastada de seu marido. É, ela aceita o convite. - meus olhos se mantinham sobre um ponto da mesa de metal da sala, enquanto novamente eu sentia meu estômago embrulhar. - Ela vai até o apartamento desse melhor amigo, por voltas das oito da noite, e então eles pedem por delivery algo para comer, e após o jantar começam a conversar sobre diversos assuntos enquanto bebem… - faço uma pausa, e respiro profundamente antes de retomar minha fala. - Ela bebe mais do que provavelmente deveria, fica vulnerável de uma maneira que jamais deveria ter ficado estando próxima à uma pessoa tão doente como você…


— Você não sab…


— Cale a boca! - exclamei, ao acertar a mesa com meu punho direito, enquanto me colocava de pé.


— Não sei de onde tirou essas coisas… - ele dizia, enquanto sendo tomado pela raiva, eu andava de um lado para o outro. - Provavelmente quer me prejudicar ainda mais, afinal, sempre fez isso. - pude ouvir o som da cadeira deslizar sobre o piso. Ele estava se levantando. - Não sou obrigado a ouvir alusões, de um bastardo como você.


— Você sempre me odiou… - iniciei minha fala, ainda de costas para ele. - Eu não consigo me lembrar de um dia em que você não tenha me odiado… e isso por quê?


— Porque você era uma parte dele, e ela jamais conseguiria esquecê-lo tendo você por perto.


— Eu sou um Park. - eu disse com a voz embargada, e então me voltei em sua direção.


— Por isso eu o odeio, você é exatamente como ele. Presa pela justiça, e quer saber, eu teria acabado com você assim como fiz com ele quando o maldito disse que iria me denunciar para a corregedoria. - eu assenti, enquanto ele sorria.


— Você me odeia por eu ter sido filho dele… - eu me aproximei, mesmo sabendo que estava ultrapassando meu próprio limite de tolerância. - … e ele me amou sem saber que em minhas veias corriam o seu sangue, ao invés do dele. - eu sorri à encruzilhada em que a vida havia me colocado, mesmo sentindo vontade apenas de nunca ter existido. - Tem razão, eu sou um bastardo, mas foi você quem fez de mim isso quando se aproveitou da falta de consciência dela naquela noite…


— N-Não pode ser… Está mentindo, você está mentindo! - mesmo com os pulsos algemados, ele agarrou as lapelas do meu blazer, e me levou contra a parede atrás de mim. - Ela jamais iria esconder isso… - ele se interrompeu ao finalmente me olhar nos olhos, como deveria ter feito desde o primeiro dia.


— É tarde demais… - eu disse, enquanto que segurando suas mãos, eu o afastei de mim.


Ele se afastou sem mais relutância, era como se estivesse em choque com tudo o que deveria estar passando em sua mente agora. E eu não acho que deveria ser diferente, ele merecia saber de tudo apenas pra que isso o perturbasse até os últimos dias em que ele vivesse na prisão. Eu sentia repulsa de minha própria existência, mas ele também merecia sofrer com isso, era justo.


— Jimin-ah! - Yoongi exclamou meu nome, enquanto eu seguia de volta pelos corredores que havíamos percorrido para chegar naquela sala. - Jimin-ah!


Dessa vez, o chamado foi acompanhado de um brusco puxão contra meu ombro direito. Yoongi me empurrou contra a parede, na tentativa de me fazer parar para ouvi-lo, mas eu relutei o obrigando a usar sua força física ao me manter contra a parede com seu antebraço esquerdo pressionando meu peito. Eu não queria ouvir mais nada, não havia mais espaço para nada na minha cabeça.



Me solte!


— Não posso deixar você sair daqui assim, droga. - ele me deu mais um solavanco, para que eu cessasse a força que impunha contra ele.


— Hyung… - o nó em minha garganta começou a se desfazer, e eu não pude terminar aquela frase.


— O que você disse pra ele… é verdade? - ele perguntou, enquanto que com o rosto baixo eu sentia as lágrimas despencarem dos meus olhos.


— Eu jamais deveria ter existido, hyung…


— Não foi uma escolha sua, Jimin, não diga algo assim.


— Nunca nada foi minha escolha, hyung, e ainda sim eu sempre tenho de sofrer as consequências disso… Eu nunca conheci o homem o qual eu julgava ser o meu pai, porque alguém decidiu acabar com a vida dele. Eu cresci sem mãe, porque alguém assassinou ela. Eu fui afastado do meu irmão durante anos, porque alguém me internou na droga daquela clínica… - cada soluço, entre cada meia dúzia de palavras parecia ser outro golpe contra meu peito. Eu sentia muita dor, e era tão física, quanto emocional. - O que supostamente eu deveria dizer, sabendo que esse alguém que sempre me privou de todas as coisas as quais eu sinto falta é meu pai?  O que eu deveria sentir sabendo que fui resultado de uma violência contra a minha mãe? Me diz, hyung, porque no momento eu não consigo enxergar nenhum motivo para desejar continuar aqui.


— Jungkook. - Yoongi disse, em seguida me livrando de seu antebraço. - Ele é o único motivo que obriga você a permanecer aqui, Jimin. Mas se o seu dongsaeng não é motivo suficiente, se a única pessoa que você consegue amar não é o suficiente… então nada vai ser.



Notas Finais


Oi, pessoas. Sei que faz um bom tempo que não falo com vocês, e também não atualizava a fic. Bem, eu estive esse tempo sem acesso a internet, não havia parado de escrever, mas acaba dando na mesma quando não consigo atualizar a fic, eu sei. Peço desculpas pela demora, e agradeço vocês por continuarem esperando o desfecho da fic, por favor não desistam, acho que praticamente faltam mais 2 capítulos, ou até mesmo o próximo pode ser o último pois ainda não decidi exatamente o que vai ser postado.

Eu pretendo terminar Devil side ainda essa semana, e espero que eu consiga entregar um bom final a vocês mesmo estando com a minha cabeça tão perturbada com alguns assuntos pessoais como tenho estado ultimamente. #Fighting

Bem, mais uma vez eu agradeço pelos favoritos, e por cada comentário que vocês tem deixado aqui. Isso sempre dá uma força quando um bloqueio aparece, vocês também me trazem muita inspiração com o incentivo, e eu sou muito grata por ter vocês como leitoras. ❤

Até a próxima atualização ❤


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