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História Devil Side - Milhas distante.


Escrita por: minesuga

Notas do Autor


Boa leitura ❤
( o "▶" sinaliza uma mensagem de áudio.)

Capítulo 45 - Milhas distante.


“Mesmo quando somos maduros enquanto amamos, nas despedidas somos como crianças.”


Seis meses depois.


▶ “...Ontem eu tive um sonho que me fez permanecer deitado, refletindo sobre isso por algum tempo até decidir me levantar. Nós estávamos nesse lugar que se parecia com um bosque, existiam muitas árvores, e flores sobre o gramado dentre as árvores. Você caminhava a minha frente, enquanto segurava minha mão, como se conhecesse o caminho certo a tomar entre todas àquelas direções existentes ao nosso redor. Por todo o caminho eu permaneci contemplando a trilha de lírios que surgia aos poucos, cada vez que íamos avançando naquela direção que você escolheu por nós dois, hyung… Em algum momento eu pude começar a enxergar o vislumbre daquela silhueta, que deixava de ser um borrão, e começava a se tornar real diante dos meus olhos. Era ela, e eu soube disso porque seu rosto agora não era mais algo preso dentre meus bloqueios, ou uma memória perdida como tantas outras, hyung. Eu me senti muito feliz por reconhecê-la, e quis compartilhar isso com você de imediato, mas… você não estava mais lá comigo, hyung. De repente você tinha sumido novamente, e a felicidade que antes me preenchia já não existia mais… Eu estava em total desespero quando ela disse; “Abra os olhos, Kook. Abra seus lindos olhos, e… Faça com que meu Jiminie também acorde desse pesadelo, pois já é hora de tudo isso terminar.”, e então eu acordei, hyung. E eu procurei você por toda a cidade com essa sensação de que hoje deveria ao menos tentar fazer com que você conseguisse acordar disso tudo… mas eu não consigo te encontrar em lugar algum, hyung. Por favor, por favor não me deixe sozinho mais uma vez…” - Jungkook.



Yerin.


Em silêncio eu encarava minhas mãos sobre o tecido escuro daquele vestido, pensando em como ele era bonito e ao mesmo tempo me fazia sentir tão desconfortável enquanto o vestia. O meu desconforto não era causado pelo tamanho, modelagem, comprimento ou qualquer outro defeito que uma peça como aquela poderia ter. O que me causava desconforto era o fato de que mais uma vez eu estava o vestindo para ir em um funeral, e isso nunca seria uma situação confortável para mim, nunca.


— Você está bem? - era Tae. Ele era quem estava me dando aquela carona até o cemitério.


— Essa não é a melhor pergunta, eu acho…


— Me desculpe, é claro que você não está bem. - eu não estava mesmo, não podia negar.


— Está tudo bem, não precisa se desculpar… - eu suspirei, enquanto sentia meus olhos ficando marejados. - Eu só… eu só não entendo o porquê ele fez isso, quer dizer… ele sequer pensou em mim, antes de…


— Eu tenho certeza de que ele pensou em você, Yerin. - Taehyung comentou, enquanto que sobre minhas mãos a sua direita repousou. - Talvez ele tenha achado que fazendo o que fez poderia cessar toda a…


— Não. Ele não pensou em mim, não pensou em nada a não ser em si mesmo, tudo o que ele queria era se livrar dos problemas… sempre foi egoísta, um mentiroso, não sei porquê esperava algo diferente vindo dele… - esbravejei pouco antes de perder o controle sobre minhas lágrimas. - Ele não tinha o direito de me deixar sozinha, Tae… Eu nunca quis que isso acabasse assim…


Elevei ambas as mãos até a altura do rosto, o escondendo sob as mesmas enquanto tentava controlar de alguma maneira toda a minha mágoa e raiva, as quais pareciam preencher meu coração tanto quanto a dor de mais aquela perda em minha vida. Eu lembrava de todos os momentos pelos quais havíamos passado juntos, e tentava não permitir que os fatos atuais contaminassem a alegria daqueles momentos, mas era difícil.


— Chegamos. - eu pude sentir o carro parar. - Você precisa de um tempo, ou…


— Não. - respondi ainda com o rosto baixo, secando as lágrimas com o dorso de minha direita. - Sabe que não quero prolongar isso.


Ouvindo o som da porta do motorista sendo aberta, eu também abri a do passageiro e assim desci do carro que fôra estacionado bem em frente a entrada do cemitério do outro lado da rua. Eu nem mesmo conseguia encarar o cortejo quase inexistente que nos aguardava para se iniciar. Mas quando Taehyung segurou minha mão, eu senti que ao menos deveria me esforçar para continuar em respeito às pessoas que estavam ali, e até mesmo em respeito a memória daquele que havia decidido me abandonar.



— Eu estou aqui. - Tae disse, dando um leve aperto em minha direita.


— Obrigado. - agradeci com um assentir positivo, ao chegarmos próximo do cortejo.


— Podemos? - um dos agentes funerários me questionou, enquanto eu sentia o olhar de todos ali automaticamente cair sobre mim.


— Por favor. - assenti, tentando não cruzar olhares com ninguém. Eu sabia que parte daqueles que haviam comparecido me julgavam, e até mesmo achavam que eu não deveria estar ali.


Durante todo o tempo em que aquela cerimônia durou, eu me mantive em uma batalha incessante contra meus impulsos que pareciam se intensificar a cada olhar de desprezo os quais eu recebia desde minha chegada àquele cemitério. Dentre todas aquelas pessoas, como eu poderia de alguma maneira ser a escória? Como algumas delas poderiam me julgar de forma tão covarde, quando eu apenas fiz o que deveria ter feito…


— Eu tenho algo há dizer.


Todos os olhares daquele lugar foram guiados até o rapaz que havia se pronunciado segundos antes das homenagens serem iniciadas, pelo padre que ali estava presente. O belo terno preto e a beleza cotidiana do rapaz, nitidamente chamou a atenção de muitos, o que me fez pensar que certamente ninguém o conhecia, ninguém realmente sabia o motivo dele estar entre nós. Talvez os únicos que pudessem imaginar sua motivação fossem eu, e Taehyung. E ainda sim, eu não conseguia ter certeza sobre o que imaginava.


— Você é…? - o padre perguntou, enquanto alguns comentários eram feitos em voz baixa.


— Park Jimin, meu nome é Park Jimin. - ele respondeu, retirando os óculos escuros que até então usava. - Serei breve, eu prometo. - Jimin disse, dirigindo suas palavras a todos nós.


— Ah, Jimin… - Taehyung resmungou em voz baixa, parecia aflito. Acho que ele também não sabia o que estava acontecendo.



— Eu sinto muito por sua perda, Heo Yerin. - ele disse a mim, pouco antes de voltar seu olhar em direção ao caixão que estava a sua frente. - Quanto à todos vocês, eu desejo com o todo o meu coração que um dia cada um queime no inferno, assim como Heo. - Parte dos oficiais presentes não pode conter o choque causado pelas palavras de Jimin.


— Jimin… - Taehyung se interrompeu, quando o mesmo acenou para que ele se calasse.


“Você vai gostar de lá, vai se adaptar rápido, Jiminie.” Foi o que você disse antes de me deixar naquele lugar, lembra? - ele perguntou com um breve riso. - Bem, eu espero que o seu inferno seja tão impiedoso o quanto o meu foi… - ele já se afastava quando pareceu se lembrar de algo. - Ah, e não se esqueça de mandar lembranças ao meu pai, com certeza irão se encontrar.


— Me desculpe…


— Não havia nada que você poderia ter feito. - observei, após ouvir o pedido de Tae.


— Yerin-ah! - ele tentou me manter junto a si, mas eu precisava falar com Jimin antes que ele partisse.


Me afastando a passos apressados do cortejo, eu consegui avistar o moreno seguindo em direção oposta a saída do cemitério, contrariando minhas expectativas. Ele não havia vindo apenas para expor seus “pêsames” referentes ao meu pai, ao que parecia. Tomando o mesmo caminho trilhado por ele, eu o segui sem chamar sua atenção, afinal, ele estava distante e não era educado gritar o nome de alguém em um lugar como aquele. Então, por mais alguns minutos eu caminhei entre  as lápides, até perceber que ele havia parado em frente a uma em especial, a qual eu sabia que não pertencia a sua mãe, e tampouco ao seu pai de criação, o qual para ele sempre seria o mais amado. Acho que para Jimin não importava mais qual sangue corria em suas veias, o que importava era o amor que sentia por aquele homem que o acolheu com a mais pura afeição paterna que ele pudera receber.


— Por que parou bem aqui? - a minha pergunta pareceu o tirar de seus pensamentos, que o mantiveram distante enquanto eu me aproximava.


— Porque está é a última vez a qual passarei por aqui. - ele respondeu, ainda com o olhar fixado ao nome escrito no granito escuro.


— Eu sinto muito.


— Não sinta, eu não perdi nada. - ele relutou.


— Não sinto muito pela morte dele, sinto muito pelas vidas de sua mãe,  do seu pai, de Jungkook e pela sua Jimin. - expliquei, enquanto seu olhar pairava sobre mim. - Você passou por tantas coisas em busca de alguma justiça, e ele simplesmente joga o peso da própria morte sobre seus ombros…


Alguns presos relataram que Jeon gritou em plenos pulmões a frase: “Me perdoe, Jiminie, me perdoe, meu filho.” durante pouco mais de trinta minutos. Depois desse período nada além do silêncio tomou conta dos corredores da carceragem, e eles chegaram a pensar que Jeon apenas havia se cansado de gritar em vão todas aquelas frases sem sentido, e que só perceberam o que havia de fato acontecido, quando o oficial Jung veio checar as celas, e acabou por se deparar com o corpo já sem vida do homem que usou do próprio lençol para fazer a forca que o mataria instantaneamente, sem chance alguma de arrependimentos. Semanas depois o meu pai acabou por optar pela mesma saída, após receber a previsão de sua sentença por tudo de ruim que havia feito… ele preferiu a morte a ter de pagar pelos crimes que vinha cometendo, ele preferiu a morte, e nem mesmo pediu perdão a minha mãe que faleceu sem realmente conhecer o homem com quem havia se casado… E agora eu só conseguia enxergá-lo como um covarde, como alguém que não merecia todo a dor que eu sentia por ter o perdido.


— Entendo o que está dizendo, mas algo que eu percebi há algum tempo, Yerin, é o fato de que não importava quanto tempo Jeon, e o seu pai fossem mantidos presos, o quanto eles sofressem em vida… Nada disso traria os meus pais de volta, ou o tempo que Jungkook, e eu perdemos estando afastados. Nenhuma sentença dada por qualquer juiz poderia compensar o estrago que eles fizeram em nossas vidas, e eu acho que alguém acima de nós também sabia disso, e por isso estamos aqui agora. - ele voltou a mirar a lápide, poucos segundos antes de recolocar seus óculos. - Desde o início eu queria apenas manter o meu dongsaeng à salvo, e agora eu posso respirar aliviado sabendo que o desejo da minha mãe foi cumprido.


— Teria dado a sua vida por ele, não é?


— Assim como você também daria a sua. - ele sorriu ao voltar seu rosto em minha direção. - Desde a primeira vez que se mostrou preocupada com ele, eu senti que você o salvaria de tudo isso, Yerin. Sem você, Jungkook jamais teria suportado metade dos conflitos pelos quais passou desde sua chegada a Busan… - suas palavras me surpreenderam, pois na verdade eu sempre senti como se Jungkook fosse minha fonte de força, e não o contrário.


— Jungkook é mais forte do que você pensa, ele nunca precisou da minha ajuda, na verdade foi ele quem me salvou de tudo…


— Eu sou o irmão dele, Yerin. O conheço muito bem para estar lhe dizendo essas coisas. - suas mãos repousaram sobre meus ombros. -  Você fez dele uma pessoa mais forte, acredite em mim.


— Ainda sim… - eu me interrompi, ao avistar o envelope que Jimin retirava do bolso interno de seu blazer. - O que é isso?


— Chegou está manhã, acredito que seja pra você. - ele respondeu, dando em minhas mãos o envelope.


“Para a mais irritante de todas.” - li em voz alta a frase escrita sobre o verso do envelope. É, aquela era pra mim.


— Eu preciso ir, tenho de buscar a Mizu.


— Realmente vai adotá-la? - Taehyung havia comentado sobre, mas não era uma certeza.


— Sim, ela já está quase com dez anos, não é bom que fique por muito mais tempo esperando por uma família.


— Mas você ainda é tão jovem, e quando se casar, ou…


— Apesar da idade eu acredito que seja maduro o suficiente para cuidar de uma criança como ela, Yerin. Quanto casamento, e uma família… - ele deu de ombros. - Bem, a minha família por este momento será ela, e se alguém desejar se juntar a nós no futuro terá de amá-la tanto quanto eu, entende? - ele jamais permitiria que a história se repetisse, isso era claro.


— Entendo. - eu assenti, enquanto admirava suas atitudes. - Eu desejo que sua família tenha saúde, e muitas felicidades.


— Igualmente.


[...]


Taehyung parou o carro por uma segunda vez desde que havíamos deixado o cemitério, todas as duas paradas haviam sido pedidos meus os quais ele acatou de bom grado, talvez por perceber que assim como uma criança que acabará de receber uma injeção, eu também precisava de alguma recompensa por ter sido tão corajosa.


— Eu vou ficar aqui um pouco, você pode voltar mais tarde? - eu poderia voltar de táxi, ou de ônibus, mas sabia que ele iria insistir em voltar para me buscar.


— Não quer que eu fique com você?


— Eu preciso de um tempo sozinha, mas não se preocupe, eu não vou tentar de matar. - forcei um sorriso percebendo a infelicidade de minha piada.


— Ele não está aqui pra te salvar dessa vez, eu espero que tenha isso em mente…


— Eu tenho, Tae. Obrigado por reforçar isso. - eu disse ríspida ao bater a porta do carro.


Pude vê-lo assentir em negativo no interior do carro, antes de dar partida no mesmo e me deixar a só como eu havia lhe pedido há alguns minutos antes. Talvez ele tivesse se ofendido com minha atitude, mas a forma com a qual ele havia dito aquelas coisas também não foram gentis com o meu coração que já definhava de tantas saudades. Me afastando do meio fio da calçada, eu caminhei em direção ao lugar o qual havíamos dividido em nossos dias mais conturbados, e serenos.  Eu me sentei sobre a beira da plataforma, acomodando ao meu lado a sacola da conveniência pela qual Taehyung, e eu passamos antes de chegar no caís, e então retirei o envelope branco do interior de minha bolsa o olhando mais uma vez antes de violar o lacre do mesmo.


“Eu sinto sua falta. Eu sinto sua falta à toda hora que passo sem poder olhar pra você, à cada minuto que não possuo o seu perfume preso as minhas roupas, à cada segundo que não sinto seus toques, e à cada milésimo de segundo que fico sem ouvir a sua voz me chamando de anjo, ou apenas dizendo que me ama. Yerin, você tem estado viva em minha mente, têm me ajudado a suportar a dor trazida pela distância desses inúmeros quilômetros que nos afastam nesse momento, você tem sido a chama acesa que esteve me aquecendo desde o início desse inverno, e também será o vento que irá me trazer de volta para casa daqui mais alguns meses… Eu espero que de alguma forma as minhas palavras possam lhe trazer algum conforto, espero que você esteja bem e feliz, e desejo com todo o meu coração que você esteja na estação no dia em que eu descer daquele trem… Eu espero que você continue me amando, Yerin, tanto quanto eu amo você agora.

Ass: Jeon Jungkook.”


Ainda com lágrimas enchendo meus olhos, eu enfiei minha direita no interior da sacola ao meu lado tirando de lá o isqueiro que havia comprado, já sabendo que encontraria algo a mais sobre o espaço em branco abaixo de suas palavras. Tinha sido assim nas outras cartas que o mesmo havia me enviado durante os meses passados… Ao aproximar a folha de papel da chama baixa do isqueiro, eu pude presenciar as letras começando a surgir aos poucos.


“PS: Você nunca foi irritante, mas sempre ficou linda estando brava comigo. Me desculpe por ser tão sádico, eu te amo.”  - li em voz alta, com um sorriso se formando sobre meus lábios, enquanto a saudade que sentia dele transbordava dos meus olhos. - Eu também te amo, anjo… 



Notas Finais


Juro que esse foi o penúltimo mesmo, já terminei de escrever a fic, e vou tentar postar o ultimo cap ainda está noite ( o wifi tá ruim, e eu estou revisando o capítulo) por favor tenham paciência 🙏🙏🙏


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