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História Devilian: O Conflito - Interativa - Tic-tac


Escrita por: UnicJohn013

Notas do Autor


Primeira fic postada por aqui, espero que gostem... fichas nas notas finais...

Capítulo 1 - Tic-tac


  Devilian: O Conflito 


 […]Não somos nada além de poeira estelar, a morte é apenas o regresso ao estado do qual surgimos: O pó[…]


    Alvoreceu… o brilho intenso do sol luzia trazendo consigo um novo dia, ou, se pensarmos bem, menos um dia, pois há cada mísero segundo passado estamos mais perto da morte, vivemos numa contagem regressiva, para alguns maior e, infelizmente (ou não), menor para outros. Triste realidade. 

    O despertador soou seu nada sutil alarme assim que o horário programado surgiu no visor, Pontualmente 7:00h, na cama ao lado do criado-mudo onde repousava o aparelho ainda dormia quem deveria estar acordado, o som ensurdecedor continuava a ecoar e nenhuma reação era percebida. Sono pesado? Possivelmente não. A porta do quarto foi aberta bruscamente, dela veio a grandes passadas alguém, uma mulher afeiçoadamente irritada, nas mãos levava consigo uma arma mortífera, na verdade, era apenas o cinto do marido. O movimento tão rápido do braço de cima para baixo trazendo o açoite, quase inesquivável. Quase. Debaixo das cobertas deslizou o jovem rapaz rolando pelo chão azulejado até a porta de onde partiu correndo, sem responder aos gritos da mulher que mal podia ouvir corretamente. Entrou no lavabo como os raios emergentes em dias nublados, veloz. Na maciça porta amadeirada violentos golpes eram absorvidos e ecoavam de forma igual aos trovões vindos junto aos raios na tempestade. Lá de fora a mulher exigia:

—Apronta-te em tempo, moleque. Desta vez não faltarás ao colégio!

    O barulho da água caindo do chuveiro acalmou-a, mas não receberá resposta a ordem imperial. Do outro lado do portão a janela estava aberta, o vento ascendente entrava e balançava as cortinas de linho tingidas de branco, alí não se via ninguém. Fato constatado pela mulher que adentrou o lavabo desconfiada e dando razão para a desconfiança. 

—Mytorch Sebah!— berrou a mulher —, dá-me calma, Sephirota. Ou ainda esganarei este meu filho.

    Mytorch Sebah odiava o colégio, não porquê sofria bullying ou algo do gênero, ao contrário, era, até de certa forma, considerado popular. A verdade era que odiava locais fechados. Claustrofobia? Não. Sentia-se preso, ainda mais pelo aglomerado de adolescentes eufóricos disputando o lugar de mais irritante do universo, detestava aquilo e fazia o possível para escapar, a balbúrdia impedia-o de raciocinar. Passava então as manhãs de aula escondido em seu refúgio pessoal, local conhecido exclusivamente por ele, um oásis, repleto de piscinas naturais e adornado pelo verdor acalentável das belas plantas e árvores, local sossegado, longe da confusão da vila onde residia, dos gritos estridentes da mãe, dos colegas de classe insuportáveis, um silêncio absoluto, perfeito para o rapaz. Submerso nas águas de temperatura agradável permaneceu pensativo, logo o ár lhe faltou, não queria emergir, no entanto, a situação estava sufocante e insustentável, relutante emergiu. Os longos fios do cabelo ruivo alaranjado cobriam os olhos, num movimento de jogar a cabeça para trás os retirou de vez, apoiou os braços na margem, olhava para a relva ao redor e aos mesmo tempo para o nada.

—Oxigênio, sem ele não podemos viver. Engraçado. Não posso tocá-lo, nem mesmo vê-lo, mas sei que ele existe, pois sem ele não posso viver. Engraçado. Uma forma de vida tão evoluída quanto a minha depender de algo que não podemos ver. De tão engraçado chega a ser ridículo— refletiu Mytorch —,oxigênio, sua semelhança com o zax me entristece, ambos não consigo ver, ambos fluem dentro de mim e ambos não consigo controlar. Lastimável.

    Permaneceu alí, fitando o nada por um bom tempo, até o instante em que o organismo clamou por alimentação. Adentrou a floresta buscando por frutas, a algazarra dos animais era notável, alguns saltando de galho em galho como vultos entre as folhas, outros apenas recolhiam frutas caídas no solo úmido do bioma. Mytorch Sebah avistou a árvore originária do seu fruto predileto: A mágiora. Auxiliado por uma galha quebrada longa o suficiente para alcançar as melhores e mais suculentas mágioras florescidas no alto da árvore, recolheu dezenas.

    O sol estava no ápice do brilho, meio-dia, hora de regressar ao lar, por infortúnio teria que escutar as broncas exaltadas da mãe e aquele velho sermão sobre não faltar ao colégio que lhe garantiria futuro melhor, que isso e aquilo, baboseira. Mas já acostumara, não mais dava ouvidos, somente ignorava. Após a morte do pai ainda na primeira infância sua mãe assumira as despesas da casa, sendo obrigada a desdobrar-se no papel de do lar e chefe de família, costurava roupas e tecidos em tempo integral para quitar as dívidas inacabáveis e no tempo livre cuidava da casa, cozinhando e lavando, mal tinha tempo para o filho. Mytorch Sebah cresceu sem atenção fraterna, basicamente desconhecia o conceito de sentimentos, e, sem um pai, não havia quem o ensinasse a controlar seu zax. Provavelmente o único adolescente da vila a não invocar o poder elemental, esse então o motivo da sua popularidade: nunca fez necessário o uso de poder elemental para ensinar uma boa lição aos colegas encrenqueiros. Porém, aquilo era incômodo, sentia-se obsoleto. Anseiava o controle do zax, tinha curiosidade por qual elemento dominava, tinha ciência de que, talvez, o único local em que aprenderia isso seria o colégio. Resolveu encarar seus martírios, já passara da hora de encarar a aflição por uma boa causa, estava decidido. Na volta para casa evitou a extensa alameda cujo caminho encontrava a fachada da instituição de ensino onde fora matriculado, seguiu pelo arvoredo adjacente, alongaria a jornada, não importava, somente não queria ír por aquela alameda, algo no interior de sua mente dizia-lhe para seguir pelo caminho diferente. O brilho do sol era ofuscado pela tamanha altura dos galhos sem folhas, enegrecendo a paisagem de modo sombrio. "Tic-tac, tic-tac". Ruídos similares ao som de relógios antigos repetiam cada vez mais contíguos, Mytorch percebera, subitamente saltou sobre uma moita, de onde vinha o som, posição de combate, atacaria no menor sinal de oposição. O que não ocorreu. Sob a vegetação descansava um homem idoso, face coberta por seu chapéu aparentemente tão velho quanto sí mesmo, continuava repetindo o ruído, mexendo os lábios finos e enrugados numa cena no mínimo digna de risadas. Mytorch não riu. Dirigiu-se ao anônimo indagando-o:

—Ei, velho. Pq escolheu lugar tão inóspito para cochilar?

    O idoso cessou o barulho. Silêncio pairou por instantes. Não respondeu a simples pergunta. Nem ao menos se deu o trabalho de ver quem perguntava. Retornou a emitir o ruído incessantemente. Mytorch Sebah olhou para ele de soslaio virando as costas e dando início aos passos novamente. Outra vez o idoso parou de imitar relógios antigos, dessa vez para falar, a voz fraca chegou com dificuldade aos ouvidos do rapaz, dizia algo como "o tempo está acabando, jovem. apressa-te" e nada mais disse, nem emitiu.

    Mytorch Sebah avistou a cancela de madeira que servia de entrada para o lote de sua residência, mal entrou e foi recebido com o arremesso de um projétil: a sandália de sua genitora. Esquivou e viu o calçado voar há centímetros da face, por pouco não fora atingido. 

—Onde estavas, moleque fujão? Por acaso já não alertei-te de vossas obrigações? Oh, minha amada Sephirota, faças este garoto tomar consciência de seus atos…

    O rapaz adentrou a casa, deixando sozinha a mulher que conversava aos ventos com a Deusa Sephirota, para quem rogava sempre nos momentos de dificuldade, o que muito repetia naqueles tempos intempestivos, as vezes solitária questionava a sí própria se poderia realmente ser ouvida pela entidade citada ou qualquer outra das demais, vivia terrível situação financeira e não notava mudanças após as inúmeras preces. Sucedendo os questionamentos voltava ao típico sorriso fácil para não deixar transparecer a tristeza ao filho, pensava que devia aguardar, pois os Deuses sabiam o momento certo de agir. Haz Sebah, a mãe de Mytorch, regressou ao salão de corte, parte da humilde residência destinada ao trabalho de costura, sem pelo menos constatar se algo havera acontecido ao filho, tinha que cumprir com o prazo de entrega das poucas, porém indubitavelmente importantes, encomendas. Queria ela ter mais tempo para o unigênito, mas o esforço dobrado afetava o subconsciente.

    Mytorch não almoçou, satisfeito estava após cear o grande número de suculentas mágioras na floresta. Ele então designou-se ao quintal de terra batida, onde várias árvores faziam sombra em toda sua extensão, em muitos galhos haviam sido amarrados sacos recheados de areia densa, cada um mais pesado que o anterior, enfileirados. Mytorch empurrou um a um criando efeito de pêndulo, o balançar dos sacos moldaram um delgado corredor que expandia e afinava gradativamente, sua intenção era atravessar para o lado oposto sem ser atingido. Esperou o melhor instante. Avançou. Passou pelo primeiro, segundo, e terceiro velozmente, no quarto fora alvejado com violência, caiu. Ergueu-se. Tentou novamente. Caiu. Incontáveis vezes caiu. Levantou-se uma vez além. Persistiu enquanto houvera forças em seu corpo. O pôr-do-sol trouxe brilho alaranjado além do horizonte dando espaço a contrastes escuros ao longo do fim da tarde. Mytorch Sebah desabou, dessa vez não restara forças para continuar. Deitado imóvel acima do solo terroso observou as estrelas, pareciam intocáveis, e mesmo de tão longe compartilhavam seu brilho com o mundo.

—Estrelas. Pontos pequeninos acima das nuvens. Intocadas. Parecem tão delicadas. Com certeza uma obra de arte dos Deuses. Talvez o universo seja sua tela e nós sua obra prima. Eu sou uma pintura incompleta e inexpressiva, provavelmente não terei valor algum em vossa galeria divina...

    Adormeceu mediante devaneios, divagou mediante o sono profundo. Sonhou. E nos sonhos expressou o desejo-mor. No capricho da imaginação era envolvido por todos os cinco elementos primários — Água, chama, raio, rocha e vento —, dos quais foram utilizados em favor dos Deuses para a criação do Planeta Devilian, onde residia junto a todos os outros de sua raça: Os elementais. O frio da noite não incomodou-o e nem diminuiu o sono, estava exausto e necessitava do justo descanso. Quando o sonho chegava ao clímax e Mytorch descobriria o elemento cujo controlaria tudo pareceu distorcer e a "realidade" daquela dimensão era alterada, fora transportado para um lugar desconhecido, tinha plena sapiência de nunca ter estado alí, a localização desconhecida era um catastrófico palco de guerra onde duas raças distintas batalhavam brutalmente por algo não se sabe o quê, portavam armas metálicas de tecnologia avançada demais para a compreensão de um simples elemental. Aquela altura Mytorch não sentia mais sua raça tão evoluída quanto antes. Tiros eram disparados, corpos sem vida decaíam, explosões gigantescas aconteciam, mas nada podia ser ouvido pelo rapaz. Somente um ruído peculiar se ouvia vindo de lugar algum e de todas as direções ao mesmo tempo. "Tic-tac, tic-tac". Repentinamente o idoso que Mytorch encontrara no bosque surgiu num flash e logo desapareceu, sua voz fraca ecoou no ar "O tempo está acabando, jovem. Apressa-te!" e, em seguida, uma explosão de proporções imensuráveis destruiu tudo. Mytorch Sebah despertou aterrorizado, averiguando as adjacências para conferir se a detonação havia ocorrido alí também, felizmente (ou não) nada mudara. Ainda o céu era escuridão, e ele estava recuperado do cansaço, foi direto ao lavabo banhar-se, pois o suor em seu corpo o deixara encharcado. Deitou na cama de solteiro e lembrou de programar o despertador para 7:00h, fechou os olhos, mas não conseguiu dormir, as imagens do sonho anterior vinham a mente e perturbava-o, varou a madrugada pensativo, perdido em reflexões. O alarme soou enlouquecido e Haz Sebah não tardou a adentrar o quarto como um raio empunhando o cinto do falecido esposo, pronta para o ataque, não se fez preciso, não encontrou o filho presente, ulterior a ela Mytorch Sebah caminhou para a saída vestido do uniforme do colégio, despedindo-se da mãe com um singelo "até mais ver" pela primeira vez há tantos anos Haz sorriu sinceramente. Um pequeno alento na existência sofrida da viúva. Era hora de evoluir.


Notas Finais


Lido o capítulo, vamos a ficha de inscrição. Responda todos os quesitos e eu selecionarei as melhores.

Ficha.

Nome: (do personagem, claro)
Idade: 14~18
Elemento: (um dos cinco)
Aparência: (fisionomia e vestimenta, preferível descrição)
Personalidade:
História: (breve resumo, max 5linhas)

É é isso, galera. Espero suas fichas e comentários sobre o capítulo. Obg pela atenção...

Obs: Após selecionar um bom número de fichas começarei a postar os demais capítulos, sempre terça e sexta.


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