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História Devilian: O Conflito - Interativa - Um dia no colégio!


Escrita por: UnicJohn013

Notas do Autor


E lá vamos nós

Capítulo 2 - Um dia no colégio!


[…]Moribundo descansarei sob sete palmos de terra alocado em minha merecida cova, quando, enfim, chegar o momento de minha partida, mas, antes, devo a meu povo cada gota de suor e sangue em prol de sua causa. Enquanto houver batalhas para lutar estarei de pé, honrando a memória dos meus semelhantes e a grandeza da minha raça[…]

    Mytorch Sebah caminhava lentamente, os pés pareciam duas pilastras de concreto e na cintura arrastava amarrada à correntes toneladas de chumbo, sua consciência demonstrava interesse, contudo, o corpo não respondia, transformando a breve caminhada numa verdadeira jornada desbravadora. Travado o embate 'corpo Vs. mente' a consciência triunfou assim que o pé direito do rapaz cruzou o batente do largo portão de entrada, seguido pelo restante do corpo. A presença de Mytorch no pátio da instituição surpreendera a todos os incontáveis estudantes e funcionários que alí aguardavam o sinal para iniciarem os trabalhos do dia, há semanas ele não pisava no solo de concreto e azulejo daquele lugar, e seu último ato recordado não fora boa-ação, havia espancado um colega da mesma classe que zombou da sua "deficiência", Mytorch odiava quando lhe recordavam que era leigo perante o controle do zax. Olhares curiosos cercavam-no numa circunferência completa, estava no centro de um círculo de observação silenciosa, contemplação, ignorou avançando rumo à sala de estudo habitual da classe dele, infortúnio, era a penúltima do corredor, continuaria o desconforto por mais algum tempo, o corredor era assimétrico, constituído de parede em apenas um dos lados, o outro era exposto ao pátio em sua sequência, exceto nas poucas partes onde ficavam colunas de sustentação, não tardou a entrar na sala, aquela altura seus passos estavam em muito acelerados. No interior das quatro paredes encontrou mais silêncio, não do tipo que queria, era diferente, um silêncio perplexo, lá o número de pessoas era menor, pouco mais de uma dezena, mas aumentaria ao tocar do sinal. Mytorch Sebah parecia atração circense e os espectadores esperavam pelo próximo espetáculo. Da parte dele não ocorreria. Três garotas sentadas em cadeiras situadas no canto direito da porta trocavam cochichos enquanto observavam os passos do rapaz que escolhera o último assento da fileira do meio para repousar-se e acomodar a pequena mochila que carregava consigo, sussurravam entre sí a possível atitude tomada pelo rapaz a seguir, quieta no seu canto uma quarta moça escutava as bobagens proferidas pelas outras três amigas, dona de uma bela cabeleira azulada em tom bem escuro, seguido por mechas prateadas na parte de baixo,  que cobria o lado esquerdo do rosto numa longa franja, relativamente alta, no pescoço levava uma gargantilha preta com pingente de estrela cujo vivia segurando entre os dedos, parecia não se importar com a conversa que se estendia agora para o assunto de moda, estava pensativa, não ouviu da primeira vez que chamaram seu nome, despertou do "transe" após levar um esbarrão da garota ao lado, suficiente para atraír-lhe sua atenção:

—Dinagre! Estou falando com você há séculos e não me responde.

—Ah, desculpe-me. O que dizia mesmo?— Dinagre Mi-han perguntou, voltando o olhar para a garota.

—Hmm... Aposto minha mesada da semana que estavas à pensar em algum garoto— articulou outra das amigas.

—Não deixa de ser uma hipótese— considerou Dinagre, sorrindo.

    7:45h. O sinal soou e a multidão de estudantes eufóricos moveram-se às respectivas salas, a desordem começara, gritaria e bagunça por todos os cantos, caos total, Mytorch lembrou o porquê de odiar aquele lugar, bolas de papel amassado eram arremessadas em chamas, colegas afogavam-se um aos outros com jatos d'água, rajadas de vento visavam erguer as saias das meninas, fagulhas ascendiam ouriçando os fios de cabelo, pequenos tremores eram sentidos deslocando do lugar cadeiras inutilizadas, nem mesmo as advertências da professora recém-chegada acalmaram a balbúrdia, assim continuou até o término da primeira aula, na segunda os alunos acomodaram, permanecendo quietos em seus lugares enquanto aguardavam o segundo professor, aparentavam temor, não era para menos, adentrou o compartimento colegial um homem de proporções avantajadas, alto como uma torre e robusto com um guarda-roupas antigo, no rosto trazia várias cicatrizes, marcas de lutas sangrentas quando ainda era jovem, Mytorch Sebah não conhecia-o, sua chegada ainda recente, pelo visto, transformou o comportamento da turma, pelo menos enquanto lecionava. Com voz rouca e potente saudou os jovens, logo assinalando para seguirem-no ao campo de treinamento, era professor de combate elemental, naquela manhã testaria os limites de cada um.

—Vosso objetivo será alvejar o recorte de tecido colocado por mim no alto daquele galho usando o elemento que controlam— informou, direcionando o dedo indicador para uma árvore há centenas de passos dalí. 

—Mestre Vocsethul, mal podemos ver o alvo. Como poderemos acertá-lo?— indagou uma aluna, destacada das demais.

    O imponente homem olhou para a questionante de soslaio, evitando contato direto, sua sombra projetada sobre a jovem cobria-a por inteiro. Era uma obscura pessoa cujo passado nem os próprios contratantes obtinham conhecimento tão pouco os alunos, seu gélido olhar, mesmo que oblíquo, causava calafrios na espinha de quem ousasse encará-lo. 

—Ao menos tente antes de perguntar-me se pode ou não conseguir— Retrucou Vocsethul, e concluiu: —Fadwa Nuriya, comece!

    À frente do mestre cruzou a adolescente citada, dona de um par de olhos amarelos semelhantes aos de uma águia, pele morena caramelizada num belo tom de cor igualmente seus cabelos presos em trança, pendente no pescoço estava seu estimado colar com o símbolo de Ying. Fadwa Nuriya ergueu os punhos diante do corpo, visível nos pulsos eram os longos braceletes vermelhos que sempre usava, pequenos feixes flamejantes circundavam os braços numa dança exuberante, estava altamente concentrada a moça, focada, logo bradou, disparando o elemento:

—Lança-chamas! 

    O feixe percorreu a distância rapidamente, mas passou há alguns palmos de distância do alvo, lamentou-se Fadwa retornando ao grupo de alunos, ouviu quase num sussurro algo como "Vinda de família terrorista deveria saber explodir ao menos um pedaço de pano" e subsequente gargalhadas foram cedidas, por mais que tenha ficado irritada resolveu ignorar, tomou sábia decisão.

—Silêncio, moleques!— exigiu o mestre, exaltado —Próximo.

    Em sequência os alunos dispararam contra o alvo sem nenhum êxito, então chegara a vez de Mytorch Sebah, o último. Silêncio. O jovem tomou frente de punhos cerrados, observado atentamente, os segundos passavam e atitude alguma era iniciada, Mestre Vocsethul berrou impaciente:

—Anda logo, inútil. Não temos o dia inteiro!

—Eu não sei como fazê-lo…— balbuciou Mytorch.

—Como? Repita de forma que possa escutar.

—Eu não tenho controle do meu zax!– gritou enfurecido Mytorch. 

—Hahaha! Não creio no que minhas orelhas detectaram, está gozando de mim, inútil? Por obséquio diga-me que não foi isso que ouvi ou serei forçado a esmurrar vosso pai por não ter ensinado-te a porra do controle do zax, ele é o que? Acaso um vagabundo?— Vociferou Vocsethul, em ironia.

    Mytorch Sebah fechou suas pálpebras e apertou os punhos com ainda mais firmeza, era o auge de sua fúria, naquele momento ficara cego, sedento pela queda de Vocsethul e atacou-o sem pensar duas vezes.

—Meu pai está morto, desgraçado. Não teve a oportunidade de me ensinar. Então não julgue algo que não conhece, pois as consequências podem ser pejorativas em demasia!

    Abastecido pelo poder momentâneo da ira investiu perante Vocsethul visando alvejá-lo com seu soco num ataque veloz, o mestre não moveu-se, somente esperou à sua dianteira acabar de se formar através dos resquícios de rocha do solo um escudo denso intransponível enquanto atacado por mãos nuas, o punho de Mytorch acertou a formação em cheio e retrocedeu numa espécie de refração, interiormente o choque afetou os ossos do pulso, não suficiente para quebrá-lo, porém, tamanho para torcê-lo, e ele caiu remoendo a dor sem nada dizer, de joelhos fitava o pulso retorcido, péssima visão, a sombra imponente de Vocsethul aproximara dele e então as vistas do jovem ficaram turvas e desfaleceu.

    Repentinamente Mytorch Sebah despertou, sentindo na alma uma friagem irredutível, era noite e a sua volta não enxergava nada além de um palmo perante o nariz, o local lhe era familiar, todavia, a penumbra do horário incapacitava-o de distinguí-lo, apreensivo percorreu todo o local com o olhar, algo ruim sucederia, novamente de origem desconhecida veio a onomatopéia "Tic-tac, tic-tac" ecoando repetitivo, então as coisas ficaram um tanto quanto claras para o jovem, estava no interior do bosque obscuro, olhando bem conseguia ver os enormes galhos nus que terminavam onde começavam os galhos seguintes, o que não tinha noção era como havia chegado alí, ergueu-se em seguida e procurou pela saída, adjacente a ele o estalo de graveto rompido chamou-o a atenção, aguardou imóvel o desenrolar do ato, por alívio era apenas um cutovil — roedor de pequeno porte encontrado em grande número na região —, continuou os passos cuidadosos, pois deveriam rastejar por ali muitos animais peçonhentos e venenosos, mas o real perigo não estava na fauna, e, sim, na sociedade secreta habitando as árvores ocultos sobre a altura dos galhos, em formação coordenada e num silêncio religioso moveram-se rumo a Mytorch Sebah empunhando armas tão modernas similares aos trajes negros que usavam como uma extensão do próprio corpo, em incrível rapidez cercaram o jovem por todas as partes mantendo-o sempre na mira das armas letais.

—Quem sois vós?— indagou Mytorch, desconhecendo a tecnologia dos forasteiros.

—Os invasores!

    Saraivadas de energia cintilante cobriram Mytorch Sebah num apertar de gatilho, impossível sobreviver à chuva de tiros disparados contra ele, felizmente não passou de sonho e o adolescente despertou (de verdade) num leito da enfermaria do colégio em que estudava, aparentou estar confuso, a cabeça doía e o pulso muito mais, o último enfaixado por ataduras e impossibilitado de mover, sentou-se e viu a enfermeira chegar até ele trazendo nas mãos consigo cápsulas de remédio para dor.

—Toma isto e tua dor passarás— disse, entregando as cápsulas junto a um copo d'água —, corajoso, ahn?! Por enfrentar Mestre Vocsethul, teve sorte de sofrer apenas este ferimento.

—Hmpf…— suspirou Mytorch, engolindo o remédio.

—Descanse, logo terás que ir de encontro ao mestre outra vez.

    A enfermeira então voltou a cuidar dos demais enfermos enviados por Vocsethul, alguns graves ferimentos, piores que uma simples torção no pulso, ele era mestre rígido e não aceitava nada menos que a perfeição. Mytorch via os colegas machucados e sua ira pelo mestre crescia em escala avassaladora, planejava no subconsciente a queda do tirano, mas ele era muito forte para alguém que não tem poderes enfrentá-lo.

—Hei, amigo. Esqueça. Não há nada que possa fazer contra ele. Mestre Vocsethul é uma força além da nossa e, por mais que odiemos vossos métodos, ele visa somente nossa evolução— Declarou o jovem do leito anterior ao de Mytorch.

–Está defendendo o desgraçado? É o que, o puxa-sacos número um dele? Poupa-me, tu e eu sabemos que o prazer dele é causar-nos dor, mestre uma ova, está mais para carrasco.

—Quanta raiva— sussurrou para sí —Alimentando sentimento tão destrutivo assim nunca será capaz de enxergar os verdadeiros motivos de Mestre Vocsethul— concluiu, dessa vez para Mytorch.

—Deves mesmo de ser o puxa-sacos dele, ahn. Defendendo-o de tal forma.

—Hehe, claro, devo defender meu pai sempre, enquanto certo estiver ele.

—Pai?— Mytorch ficou surpreso —Não noto semelhança alguma entre vós.

—Bom, não é meu genitor biológica, contudo, me criou e educou a partir de seus princípios, então tenho ele como pai, pois pai verdadeiro é quem cuida e não quem faz e abandona— refutou o outro jovem.

    O garoto que conversava com Mytorch levantou e caminhou direção à porta de saída, tinha estatura média para baixa e magro, portava fios brancos ondulados pela cuca culminando numa franja bagunçada, era possível notar sardas espalhadas pelas partes visíveis da pele alva, antes que saísse virou-se para o colega ainda sentado no leito encarando-o com os grandes glóbulos prateados, em seguida, proferiu:

—Me chamo Mithos Yggdra. Prazer em conhecê-lo, Mytorch Sebah!— e sumiu pelos corredores.

    O último sinal soou, hora de ir embora, 12:45h, o estômago de Mytorch contorcia na barriga clamando por comida, decidiu caminhar até a floresta adjacente ao seu oásis pessoal para comer as suculentas mágioras que tanto gostava, eram melhores e mais saborosas que o almoço feito pela mãe Haz Sebah, a caminhada seguiu pela alameda que Mytorch ignorara anteriormente e encerrou quando o jovem avistou a entrada do bosque onde encontrou o misterioso idoso, parecia atraído por uma curiosidade inquietante de constatar se o velho ainda estaria lá, mas o pesadelo que teve na enfermaria assombrava sua mente. O que fazer? 


Notas Finais


Está aí outro capítulo. Comentem o que acharam. Críticas construtivas são aceitas.


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