História Devilish Angel - It's our paradise and it's our war zone

B R I A N

O corpo colado ao meu subia e descia sem parar, em uma respiração calma, serena. Eu não havia conseguido pregar os olhos desde que Summer tinha pego no sono, eu apenas fiquei ali, observando-a dormir com toda sua fragilidade de menina mulher.

Eu havia feito amor com ela.

Não era apenas sexo, não era como se eu tivesse mil e uma opções na minha cabeça e só ela pudesse dar o que eu queria. Eu quis. Ela quis. E por mais que nosso jeito fosse torto, eu fosse um canalha filho da puta, eu não podia deixar de mentir, eu havia sido o primeiro homem em sua vida. Eu poderia levar para a vida inteira o que houve aqui e dizer daqui cinquenta anos que eu havia sido o primeiro homem a dormir com Summer Davis.

As máscaras haviam caído. Mas não só a dela, a minha também e por tudo o que eu lutei para não acontecer, aconteceu. Era um caminho sem volta, eu tinha que assumir para mim e o mundo inteiro: eu estava fodidamente apaixonado por ela. Nunca, na minha vida inteira, eu senti algo como eu sinto por ela. As garotas que passaram em minha vida – e cama – eram apenas curtição, fodas para uma noite. Quando amanhecia, eu sempre dava um jeito de mandá-las embora e nunca passava meu número para elas. Em Londres, devo ter deixado pelo menos Liverpool inteira de coração partido. E isso não era uma coisa da qual eu devia me gabar, ainda mais agora, considerando onde eu estava.

Abraçado com uma garota depois de transar.

E essa garota valia ouro. Não só para mim, mas, por incrível que pareça, seus pais também achavam isso, Gabbe e Max.

Karman.

Ao visualizar o homem de faceta sombria em meus pensamentos, senti um gelo tomar meu corpo. Eu não poderia fazer nada daquilo. Nada. Acomodei-me de modo que Summer não acordasse com meus movimentos e pulei para fora da cama, a morena se mexeu, mas logo voltou a mergulhar em seus sonhos. Ela era tão linda. O corpo apenas estava coberto pela calcinha, ela dormia de barriga para baixo, onde seus cabelos escorregavam pelo travesseiro.

Louco para fumar um cigarro, peguei meu celular no criado-mudo e cacei meu maço de cigarros no bolso da calça que estava jogada de qualquer forma no quarto de Summer. Sem me preocupar em me vestir completamente, já que eu estava apenas de cueca, rumei até a janela de madeira da casa e a abri, deixando que a brisa marítima invadisse o pequeno cômodo junto com o barulho do mar. Disquei os números.

- Ora ora, a que devo a honra da ligação essa hora da noite, Haner? – A voz retumbou através do celular. – Sentiu saudades?

- Eu desisto. Estou caindo fora. – Falei sem pestanejar.

- Como é? – A grossa voz pareceu surpresa. – Caindo fora? Brian, você sabe que quando se entra em um digno acordo com Frank Karman, você nunca pode cair fora.

- Sinto muito te dizer, Karman. Mas eu estou fora!

- Você tem certeza? Não se esqueça das consequências, meu caro.

- Você não teria a…

- Pague para ver. – Ralhou. – Temos um acordo, Brian Haner.

- Tínhamos um acordo, Karman. Eu estou desistindo. E estou lhe avisando numa boa sobre isso. – A voz saiu séria, eu não tinha medo dele. – E digo uma coisa, por bem de tudo, deixe Summer fora disso.

Antes que eu pudesse esperar uma resposta, o telefone foi desligado e só o que eu ouvi foi o barulho de ocupado, denunciando que a linha havia caído.

Mil vezes merda.

Era a minha decisão, eu não ousaria fazer o que fiz, mas eu havia decidido aquilo e não tinha nada que pudesse mudar a minha real decisão. O fato que me levou a fazer isso estava deitada na cama, ressonando calmamente. Observei a imensidão escura, onde havia apenas o barulho do mar, debruçado sobre a janela, enquanto a nicotina fazia seu trabalho.

- O que tanto você pensa, Haner? – Senti um beijo na omoplata e sorri, virando-me e encontrando uma Summer sonolenta me observando. Sorri com o cigarro preso entre os lábios. – Feliz por finalmente ter me comido e não consegue dormir de felicidade?

- Você é muito idiota, sabia? – Rimos e recebi um soquinho no peito esquerdo. – Vá dormir, ainda não é nem cinco da manhã. – Ela sorriu pra mim e negou com a cabeça, observei-a e notei que ela vestia minha camiseta branca. Não pude deixar de ressaltar mentalmente o quanto ela estava gostosa pra caralho. – Você definitivamente fica gostosa demais com a minha camiseta. Se quiser usar mais vezes, estamos ai.

- Você diz isso pra todas ou você tá tentando me ganhar? – Ela arqueou as sobrancelhas como se duvidasse de mim.

- Eu digo isso apenas pra você porque estou ressaltando um fato. Eu não saio dizendo isso para qualquer uma.

- É, você tá tentando me ganhar. – Ouvi sua doce voz em uma gargalhada baixa, senti os pelos da minha nuca se eriçarem e abri meus braços, esperando recebê-la. – Mas tudo bem, eu vou fazer de conta que não.

- Como se sente?

- Estranha. Mas não sei explicar esse fato. É como se eu me sentisse nova, como se eu habitasse um corpo novo. – Ela entrelaçou suas mãos em meu pescoço e eu apertei sua cintura. A vi tomar meu cigarro e o arremessar para longe. – Mas lá em baixo está um pouco incômodo.

- Tudo bem, isso depois passa. – Sorri. – Posso fazer alguma coisa para melhorar isso para a senhorita?

- Até que não é uma má ideia…

Ela sorriu e colou nossos lábios de forma avassaladora, enquanto eu era arrastado novamente para a cama, junto de Summer. Para um mundo somente nosso.

Para uma realidade só nossa.

Naquela noite, nós não nos importamos com mais nada. Apenas com nosso mundo. Apenas com nós dois. E o único som a ser emitido era os sussurros de Summer implorando por mais, implorando por mim, enquanto eu dava o que ela tanto queria, o que ela tanto ansiava. E eu… Me satisfazia cada vez mais ao ouvir a garota me chamando entre seus gemidos.