- Summer, preciso falar com você.
- Sério? Porque eu não…
Antes eu tivesse acreditado que ele não me procuraria mais depois do que tinha acontecido no feriado. Antes eu tivesse escutado Gabbe e Maxine quando contei a história aos dois. Mas não foi bem assim, como eu imaginava. A volta do feriado foi estranha demais, tanto para mim, quanto para ele, acredito eu. Na manhã seguinte, a cama estava vazia, sem um sinal de Brian ali. Achei que tivesse sido algum tipo de sonho estranho, mas não foi, já que eu estava nua, apenas enrolada pelo lençol da cama onde havia dormido. A janela estava aberta, deixando que um vento fresco entrasse em meu quarto, enquanto minha cabeça rodava estranhamente ao pensar naquilo tudo. Eu havia transado mesmo com Brian Haner. Então, não havia mais motivos para que ele me procurasse, já que eu tinha lhe dado o que ele tanto queria, certo?
Errado.
Quando as aulas voltaram, achei que meu sossego seria garantido, já que Brian havia sumido e nem dado sinais de vida. Até aquele momento. Eu estava atrasada para as aulas do coral, senhor Burks já estava na sala, acomodando-se e esperando seus alunos, quando eu, feito um furacão, tentei atravessar a porta, mas fui impedida por uma mão puxando meu braço e me arrastando pra longe da sala. Bufei, pois já sabia de quem se tratava.
Era ele.
- Nem parece que viveu uma aventura comigo, Summer. – Ele sorriu. – Qual é? Ciúmes de novo? Dessa vez eu nem fiz nada.
- O que você quer, Haner?
- Você. – Ele tentou me puxar, mas eu me esquivei. – O que foi, saco?
- Brian, você já conseguiu tudo o que você queria, por que você não me deixa em paz?
- Porque você ainda não é minha. Então, teoricamente, eu não consegui nada do que eu quero. – O sorriso torto cruzou seu rosto presunçoso. – Você só se entregou pra mim.
- Exatamente. Uma transa não foi suficiente? Você já me comeu, foi o primeiro cara com quem eu deitei. O que mais você quer. – Cruzei os braços e o encarei com as sobrancelhas arqueadas.
Brian me olhou sério após o que eu disse e foi se aproximando cada vez mais, me encurralando na parede do corredor vazio do North West. Os únicos ruídos que se ouviam, vinham da sala de coral quase que no fim do corredor, já que eu e o moreno havíamos nos afastado significativamente do local para ninguém nos interromper. Seus braços malhados encurralaram-me na parede, deixando meu corpo sem escapatória, minha respiração começava a ficar falha, conforme a aproximação de Brian se fazia cada vez mais próxima. As terminações nervosas do meu corpo se eletrizavam ao ver o desejo no rosto do moreno, que estava cada vez mais próximo de mim. Senti o farfalhar de seus lábios em contato com os meus, enquanto ele abria um sorriso sacana e tentava, com sucesso, me seduzir.
- Então quer dizer que pra você foi isso? Apenas uma transa? – Brian puxou meu lábio inferior e sorriu ao soltá-lo. – Você acha que foi assim? Uma foda qualquer e pronto? – Juntei o resto das minhas forças para respondê-lo, mas o máximo que consegui fazer foi afirmar com a cabeça. – Tolinha. Você não entende, não é Davis?
- O q-que?
- Você não entende que eu quero você. O que aconteceu no feriado não foi uma simples forma de tentar fazer ceder a mim. Eu realmente quero você. Eu quero te ensinar coisas que nenhum homem vai ser capaz de te ensinar, eu quero fazer você gemer meu nome que nem você fez naquela casa de veraneio. Eu quero sentir seu corpo se chocar ao meu cada vez que eu entrar em você. Eu quero ter você na minha cama todos os dias da minha vida. E o mais importante… – Ele fez uma pausa e depositou um selinho em mim. – Eu quero que você seja minha como eu nunca quis alguém.
Ele sorriu e atacou meus lábios sem pudor, enquanto suas mãos se embrenhavam em meu corpo, fazendo com que eu sorrisse enquanto o beijava daquela forma. Era excitante o fato de estar com Brian, no meio do corredor, enquanto a alguns metros dali, havia uma sala cheia de alunos que acreditavam no quanto eu era uma vadia e ele um santo.
Todos acreditavam em algo que os papéis eram totalmente invertidos.
Ouvimos o barulho de um salto ecoando pelo corredor e logo nos separamos. Brian correu para a direção da sala enquanto eu tentava me recompor, notando os lábios vermelhos do garoto. Ele sorriu e me estendeu a mão enquanto corria.
- Você não vem, Summer?
♦ ♦ ♦
- Por que você quis me trazer aqui hoje?
Entrei primeiro que o garoto no quarto dele. Fazia tempos que eu não colocava os meus pés ali, desde a vez em que ele fez de tudo para me atingir e usou a história de Nate como o pontapé inicial. Ele me seguiu e fechou a porta, naquela tarde, os pais de Brian haviam saído para irem a cidade vizinha fazer algum tipo de convenção da igreja deles. Meus pais trabalhavam, mas desde que voltamos de viagem, meu pai parecia muito estranho, agitado talvez. Eu sempre perguntava o que havia de errado e sempre ouvia a mesma resposta: “Não é nada querida, está tudo bem”, mesmo sabendo que não estava nada bem. Brian, estava mais sério e sempre atento, custei a acreditar quando ele disse que estava preocupado com Derek me rondando, mesmo achando fofo um pouco da crise de um possível ciúmes dele.
- Senta ai. – Ele apontou com a cabeça para a cama e desabotoou a camisa azul royal que continha o símbolo da escola. – Queria ficar um pouco com você.
- Sem Devilish hoje?
- Depois do que aconteceu, eu não voltei lá, Sum. – Confessou. – E eu sei que se eu for lá, vou acabar arrumando confusão com Derek por sua causa. – Eu fiz uma cara de surpresa e ele riu. – Brincadeira.
- Tudo bem, Brian Elwin Haner Júnior. O que você quer da minha pobre alma?
- Nunca imaginei o quão sexy você fica falando meu nome completo. – Ele mordeu o lábio e eu caí na gargalhada.
- Larga de ser tarado menino! O que você quer? – Riamos divertidamente até ele se sentar ao meu lado e virar de frente pra mim.
- Que tal uma rendição de ambas as partes? – Sorriu e me estendeu a mão. – Sem provocações, birrinhas ou qualquer outro tipo de coisa que possa nos afetar. Que tal?
Olhei para a mão do moreno e notei algumas letras rabiscadas ali, na parte de seus dedos, o nome do cigarro favorito dele estava escrito. Uma tatuagem bonita e que parecia reluzir a luz da lâmpada do quarto de Brian. Pelo jeito, era nova. Acho que alguém estava começando a desafiar o próprio pai.
- Eu… Não posso, Brian. – Suspirei e vi os olhos de chocolate se tornarem mais escuros. – Eu me entreguei demais, eu me afundei demais. Não sei se seria capaz de seguir assim.
- É justamente por isso que eu estou te falando, Summer. Porque eu quero tentar. Eu quero estar com você e te proteger de tudo o que eu puder. Davis. Olha... Pode ser a coisa mais idiota do mundo, ou precipitada e até mesmo, babaca em se dizer, mas eu quero mudar esse meu lado filho da puta. E isso tudo é por você. Deixa eu tentar… Esse demônio que existe em mim precisa ir embora, ele precisa ser adormecido, ser vencido. Eu sei que a única pessoa capaz disso tudo é você.
Eu o olhei incrédula, enquanto via Brian Haner dizer coisas absurdamente insanas e loucas para a minha pessoa. Eu não podia admitir a ele, mas podia admitir a mim mesma: eu o queria tanto quanto qualquer coisa no mundo. Isso era um grande fato, um grande passo pra aceitação que eu tinha enfiado na minha cabeça com a finalidade de seguir a vida em frente.
Mas a vida não deixava.
Ele não deixava.
E se fosse pra ser assim, que o mundo se explodisse. Brian já errou tantas vezes, mas eu também errei diversas vezes. Somos humanos, não somos? As consequências dos nossos atos são o que pode nos mudar, sejam elas boas ou ruins. Eu não queria me afastar. Eu não queria perdê-lo. E se para isso eu tivesse que enfrentar mil demônios para tê-lo comigo, assim seria. Ele me fez uma pessoa pior e melhor ao mesmo tempo, me ensinou o caminho para tantas coisas. E eu tinha certeza que eu o amava, mesmo tendo apenas dezoito anos e sem saber o que era o amor. Eu o amava.
Não adiantava ser mais a garota rebelde ao lado dele, porque ele a conhecia como a palma de sua mão. Não adiantava se esquivar cada vez mais, quando ele sabia exatamente o que fazer para se aproximar mais de mim. Não adiantar ser quem eu não era, porque ele sabia quem eu realmente era. E isso só fazia Brian ser a peça principal de um quebra-cabeças confuso que se chamava Summer Aleena Davis. Ele era tudo o que faltava em mim. A pessoa que me levava da escuridão a luz em questão de segundos e vice-versa. Eu era dele sem nem antes de imaginar que seria assim. Todo esse mistério que rondava a vida de Brian. Toda essa confusão que ele podia causar em mim. Todas pessoas que eu enfrentaria para estar com ele.
E lutaria contra tudo e todos para ficar ao lado dele, custe o que custasse.
Inclusive a minha vida.
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