História Devils and Angels - Scream

POV. Lauren

Pude jurar que meu coração parou no instante em que aquela maçaneta foi girada e então eu desci o restante dos degraus com pressa, mas antes de eu chegar até Camila pude ver o instante em que a mesma foi segurada pelos braços fortes de um dos guardas e então outros dois vieram até mim enquanto eu lutava para desviar dos mesmos.

-ME SOLTA...POR FAVOR -Camila gritava nos braços do enorme homem vestido com um terno preto.

-SOLTA ELA SEU VERME -gritei acertando um golpe com a parte inferior da palma de minha mão no nariz de um dos homens que tentava me segurar e no outro, acertei um chute com meu bico fino no seu órgão entre as pernas.

Corri em direção a Camila e então minhas mãos foram ágeis em segurar o homem pelo casaco do smoking e colocar força no ato de jogar ele para longe de minha amada.

O mesmo caiu por cima de um dos seus colegas, foi ai que eu fui ate ele acertando um chute com meu bico fino, no rosto do homem antes de me virar e sair correndo pela porta puxando Camila pelo pulso.

-Para onde vamos? -Camila perguntou um pouco ofegante enquanto descíamos as escadas.

-Eu não sei, mas não vou aceitar acabar assim -eu disse segurando firmemente em sua mão.

Antes de Camila responder eu vi outros dois homens subir as escadas e então eu parei, me virando para subir, mas outros dois vinham da parte de cima e mais atrás um terceiro, com o rosto ensanguentado.

O desespero tomou meu corpo e eu escondi Camila atrás de mim antes de encarar os dois lado pensando em uma saída, ate sentir a mão de Camila se entrelaçar na minha comigo a olhando por cima do ombro vendo um sorriso triste em seu rosto por trás das lágrimas que desciam seu rosto.

-Acabou! -Ela disse comigo me virando para ela, agora sentindo o desespero e a dor daquele momento.

No mundo, eu jamais havia sentido tamanha dor e desespero como eu sentia naquele momento! Meu corpo todo tremia, meu coração batia sem ritmo e eu sentia minhas mãos tremerem, eu estava nervosa, sentia que teria um infarto a qualquer segundo.

Meus braços tomaram o corpo de Camila para si no abraço mais desesperado que eu já havia dado e o mesmo foi retribuído por braços carregados de insegurança e medo que eram acompanhados dos soluços violentos e desesperados de minha amada.

-Eu amo você, Lauren! -Camila sussurrou baixo e eu apertei ela contra mim sentindo a primeira lágrima descer por meu rosto.

Naquele instante eu senti meu coração parar por segundos, o ar parecia me faltar e apesar de eu continuar respirando, parecia que não era o suficiente para mim.

Um velho sentimento me tomava agora, algo que eu não sentia faziam alguns bons anos.

Medo!

Lauren Jauregui estava com medo outra vez.

-Eu amo você, Camila! -eu disse com total sinceridade e então ela foi separada de mim com violência, agora eu vendo os braços nada delicados daquele soldado amordaçar Camila.

Foi então que senti o primeiro golpe.

-NÃO -Camila gritou ao fundo.

Fui segurada por dois homens de forma que ficasse imóvel e então o terceiro deixou um soco muito bem dado em meu abdômen, comigo me curvando soltando um riso acompanhado de uma tosse.

-É isso que consegue fazer? -perguntei rindo e então tentei acertar um chute nele, mas minha perna foi segurada e um golpe com seu cotovelo foi dado em meu joelho comigo sentindo a dor daquele momento.

-É isso que posso fazer -ele disse rindo e me puxou pelos cabelos me fazendo o encarar- a ordem era que eu levasse as duas vivas e bem -ele disse rindo e então eu cuspi em sua cara fazendo o mesmo acertar um belo tapa em meu rosto.

-Você falhou -eu disse rindo e então, com um gesto, ele ordenou que levassem eu e Camila.

Por alguns segundos eu pude encarrar Camila, mas então um punhal acertou a cabeça de minha morena fazendo a mesma desmaiar no mesmo segundo e antes que eu pudesse contestar, vi o mesmo cara se aproximar, sorrindo, antes de acertar minha cabeça uma vez, mas eu não apaguei.

-Você é um fracasso -eu disse zombando dele e então outro golpe veio.

Agora eu havia apagado.

[...]

7 horas desde a prisão

[...]

Uma fisgada em minha têmpora me fez gemer de dor.

Abri meus olhos lentamente, coçando os mesmos antes de olhar em volta de forma desconfiada.

O local onde eu estava era iluminado por uma lâmpada que pendia do teto, esta que piscava vez ou outra; o local onde eu estava contava com uma cama, que estava a minha frente e apenas uma janela no alto da parede, visto que a cela tinha mais ou menos 5 metros ate o teto, fazendo dela, um lugar frio.

Eu reconhecia aquele lugar.

Encarei meu pulso vendo que eu me encontrava acorrentada, como se eu realmente conseguisse derrubar uma porta feita de ferro maciço.

Idiotas.

No final, eu era filha de Lucifer, esperavam que eu fosse literalmente um demônio e que eu destruiria o local onde eu fosse colocada.

A luz piscou pela segunda vez.

Caminhei ate a porta, vendo a pequena janela aberta, mas não havia ninguém no corredor, o que me deixou um pouco duvidosa.

-HEY -gritei na porta ouvindo o eco soar longe e não obter resposta alguma.

Deixei um soco na porta antes de dar as coatas para a mesma e caminha ate a cama calmamente, me sentando ali.

Camila provavelmente estava assustada, machucada, com dor ou frio; a ideia de ela estar assim, tão frágil e machucada sem que eu pudesse lhe ajudar me deixava em pânico.

Eu e Camila esperávamos por tal momento, sabíamos que seríamos pegas e que seríamos julgadas, mas jamais eu havia pensado como seria, como seria quando o momento chegasse, talvez porque com o tempo eu e ela simplesmente fugimos da realidade e vivemos.

A dor e o medo tomavam meu peito cada segundo mais e mais.

Eu estava ali agora, sentada em uma cela em algum lugar, a espera da minha morte, não sabia a hora, nem o que acontecia la fora, tudo que eu sabia era que a qualquer momento viriam me buscar para que fôssemos julgadas e condenadas.

Eu estava sentada aguardando a morte vir me buscar.

POV. Katherine

Em toda minha vida eu jamais imaginei que planejar um casamento seria tão complicado e cansativo!

Lauren e Camila não faziam questão de uma festa enorme e luxuosa, pelo contrário, queriam algo pacato e simples, mas fazer uma festa simples e pacata para quase mil pessoas e sendo uma pessoa pública era complicado, visto que, Camila queria usar um vestido simples, mas não deveria ser tão simples ou tão sem graça, deveria ser algo luxuoso, mas simples; assim como a decoração, ambas queriam algo pequeno, mas não poderia ser algo simples, deveria ter sua dose certa de luxo e simplicidade.

Estava sendo uma dor de cabeça.

No final daquele dia eu havia encerrado o trabalho com uma dor de cabeça bônus, Ally estava sumida haviam alguns dias e eu quem estava cuidando de toda festa era eu, o que me dava uma sobrecarga um pouco maior.

Desci as escadas do apartamento de Lauren prendendo meus cabelos, usava meu pijama e pantufas já que eu havia acabado de sair do banho e pretendia dormir depois de comer. Segui ate a cozinha em silêncio, caminhei ate a geladeira e abri a mesma, pegando a caixa do suco enquanto pensava no que iria comer.

Meus pensamentos foram cortados quando ouvi a porta da frente abrir com violência e passos fortes correram pela casa, eu peguei um cutelo que estava perto de mim e esperei por quem quer que fosse, foi então que Ally apareceu ali, correndo, com seu rosto pálido e sem expressão, ela parecia assustada e em choque.

-Senhor, o que foi? -eu disse largando o cutelo e indo ate ela lhe colocando sentada em uma cadeira antes de ir servir um copo de água.

Ally estava ofegante, seu olhar se fixava no nada e ela parecia querer falar, mas não saber formar uma frase.

-Camila e Lauren -ela sussurrou enquanto eu enchia o copo com água, bastou que eu ouvisse o nome delas para que eu também paralisasse no local.

Eu sabia o que havia acontecido.

Virei-me lentamente, ainda segurando o copo de agua em minhas mãos, meus olhos se focaram em Ally e esperei por uma continuação de sua parte.

-Elas foram pegas...estão sob posse do conselho -Ally fraquejou a primeira vez e foi quando meu cérebro assimilou a ideia que então senti que nada no meu corpo fazia sentido, não senti mais nada e pude ouvir o vidro do copo se chocar com o chão e explodir.

Por alguns segundos o mundo todo parou, tudo saiu de seu eixo e meu ar faltou, senti tudo parar por alguns segundos, inclusive meu coração, senti minha boca secar e minhas pernas tremerem, mas isso tudo durou apenas alguns segundos.

Eu não demorei em sair da cozinha caminhando rápido na direção da escada, tentando não perder mais tempo do que já havia sido gasto, afinal, a partir do momento em que Camila e Lauren haviam sido presas, todo segundo poderia ser o último.

-Onde você esta indo? -Ally perguntou vindo atrás de mim, comigo ouvindo o som de seus sapatos enquanto ela subia as escadas correndo atrás de mim.

-Vou salvar minha filha e minha nora -Eu disse indo ate meu quarto rapidamente, a esta altura já me despindo de minhas roupas e seguindo ate meu closet com certa ânsia.

-Mas...como? Não tem como -Ally ainda me seguia, agora a confusão era presente em sua voz.

-É minha filha, minha última filha viva -eu parei e encarei Ally com fúria e determinação- eu não vou deixar que Lauren e Camila sejam presas por simplesmente amar -sorri fraco voltando a procurar minhas roupas pelo closet- quando você tiver um filho vai entender que sempre há como para uma mãe desesperada

E então se fez silêncio ali, um silêncio carregado de tensão e confusão, obviamente eu não sabia como reagir, nunca havia saído em busca de uma luta com o conselho.

Para tudo tinha uma primeira vez, afinal.

-Eu vou junto! -a determinação na voz da baixinha me fez rir, ela parecia disposta a lutar contra o mundo para salvar Lauren e Camila.

Era obvio que eu não deixaria.

-Não, você vai ficar aqui e esperar que nós voltemos...ou vai planejar um bom funeral -eu disse seria enquanto fechava os botões da camisa social preta que eu vestia.

-Eu vou junto! Lauren me odiou por muitos anos, nós tivemos muitos conflitos, mas nós duas sabemos que uma morreria pela outra -ela disse com seu peito estufado e então passou a tirar o short que ela usava comigo a encarando- eu vou com você!

Dei de ombros apenas, não contestei ou briguei com ela, porque eu sabia que aquilo era real, que o sentimento que ambas compartilhavam era real, que elas eram mais do que duas amigas, que eram duas guerreiras que lutariam juntas ate o fim dos dias.

Que assim fosse então.

POV. Camila

Minha cabeça latejou e eu senti meu joelho fisgar, aquilo foi o que senti quando despertei e então uma dor inimaginável na minha cabeça tomou meu ser comigo soltando um choramingo baixo antes de virar na cama e me contorcer, foi então que meu corpo foi levado de encontro ao chão em um tombo ridículo, foi então que abri os olhos e notei que ainda estava tudo escuro e apenas uma já ela pequena era fonte de luz.

Apoiei-me na cama onde eu estava deitada e me levantei sentindo meus pés se molharem, só agora notando que eu estava descalça. O chão estava completamente molhado, o que me causou frio.

Segurei nas pequenas grades da porta e então forcei as mesmas, notando que eu não teria força para mover nada ali. Coloquei meu rosto entre as grades na tentativa de ver algo, mas tudo que eu pude ver foi mais celas e um corredor imenso e silencioso.

O suspiro que rompeu meus lábios foi profundo e veio acompanhado de uma dor forte no meu peito, esta que me fez resmungar e então eu encarei a porta de novo.

Eu não tinha medo, nada de medo, mas eu estava nervosa; Lauren estava sei la eu onde, aquele lugar tinha cheiro de morte, literalmente.

-LAUREN -gritei de forma impulsiva, sem de fato esperar uma resposta, o que aconteceu.

Suspirei fundo e encarei a parede do corredor torcendo a boca antes de suspirar fundo e desistir de ficar ali. Virei-me e voltei, em passos lentos e sem energia, para a cama onde eu havia acordado.

Meu corpo doía, mas a dor em minha cabeça era mais forte, doía profundamente e rasgava minha alma.

Minhas lágrimas vieram e não por causa da dor em meu corpo, mas pela dor em meu coração, a dor na alma, a dor da morte; eu sentia que Lauren podia já não estar mais viva. A dor do pecado inundava meu ser e me deixava desesperada, neste segundo eu me sentia dilacerada.

[...]

09 horas desde a prisão

[...]

POV. Ally

Em toda minha vida, Lauren havia sido a pessoa que me salvava quando eu me metia em confusão, ela brigava comigo logo depois e ate me dava alguns cascudos, mas acredito que eu ainda devia minha vida a ela, mas agora, era eu quem estava indo salva-la.

Katherine e eu estávamos a caminho da majestosa catedral de Milão, uma construção magnífica, em estilo gótico, esta sendo um exemplo de obra arquitetônica, era la onde, cerca de 1km abaixo do altar magnífico, encontrava-se a sede do conselho.

Lauren e Camila encontravam-se presas la.

Katherine estava quieta, não havia expressado pânico ou medo, permanecia plena, como se tivesse todo seu plano em mente e apenas fosse executa-lo e eu realmente esperava que fosse apenas isso, porque eu não fazia ideia de como lutar com o conselho.

Seres nascidos para trabalhar no conselho eram diferente dos arcanjos, dos demônios e qualquer outro ser celestial, eles eram especialmente fortes e resistentes, não era facil de conseguir machuca-los seriamente, o que não nos ajudava.

Diferente de Katherine, eu me encontrava em um abismo, prestes a sofrer algum tipo de surto psicótico, ou qualquer coisa parecida. Só agora eu havia notado a fragilidade humana e só agora entendia o que era sentir medo.

Era apavorante.

Lauren sempre foi um pilar, tanto para mim, quanto para Katherine, para Camila, para Annelize, para a empresa, ate mesmo para ela mesma e naquele momento, tudo estava caindo, porque o pilar de sustentação havia caído também.

Nem eu, nem katherine havíamos tido coragem de dizer a Annelize que Lauren havia sido pega, avisar a ela que a chefe, amiga e paixão adolescente estava no corredor da morte seria doloroso demais, tanto pra mim quanto para ela.

Era um adeus que ninguém queria dar.

-Qual é o plano? -perguntei depois de tempo demais quieta e angustiada.

Katherine apenas estava ali, sentada, olhando pela janela do avião, com seu cabelo longo marcado pelas ondas, completamente majestosa e calma, como se sua filha estivesse bem e não prestes a morrer.

-Matar! -a frieza em sua voz me fez mudar de ideia naquele instante.

Katherine não estava calma, ela estava apenas nutrindo seu ódio e canalizando energia para o ataque.

-Mas precisamos de uma estratégia...precisamos de algo mais do que matar -eu disse um tanto quanto apavorada com a ideia.

Eu não era uma lutadora, não havia sido treinada para guerras, eu abastecia as tropas com almas, mas não lutava, não era uma guerreira.

-Eu vou entrar la e matar quem estiver na minha frente, você vai atrás de Lauren e Camila -só então ela virou seu olhar pra mim.

Katherine usava um óculos escuro grande, mas era possível ver que a mesma chorava, ou havia chorado, suas bochechas estavam húmidas e vermelhas, seu nariz também estava vermelho e a mesma tentava manter um riso no canto dos lábios.

-Não precisa fingir, eu também estou sentindo a dor -sorri fraco segurando sua mão e a mesma encarou nossas mãos antes de leva-la ate seus lábios e deixar um beijo na minha mão e então sorriu fraco.

Doía saber que Lauren seria morta por amar Camila, assim como Camila poderia ser morta por amar Lauren e Katherine poderia morrer por amar a filha.

Todas morreríamos em nome do amor.