História Devils and Angels - No Aconchego do Inferno.

A rosada abriu os olhos e se deparou com o mesmo homem que havia se apresentado como Madara ao seu lado, aparentemente em um sono profundo. Estavam cobertos por um edredom negro e ao que tudo indicava não se localizavam mais no mesmo quarto. Este possuía uma iluminação quase nula e a decoração era extremamente excêntrica. As cores mortas dominavam o ambiente. Nas paredes, diversos quadros com pinturas que retratavam criaturas sobrenaturais entre os candelabros que seguravam velas vermelhas, em sua maioria apagadas. A cama era macia e aconchegante. Mas Sakura não tinha tempo para pensar nisso, já que, poderia ter sido molestada durante seu sono. Virou-se bruscamente afim de escapar dali quando notou que um pano úmido havia caído de sua testa. “Ele cuidou de mim? ” Com isso em mente, a pequena se virou para fitar o rosto do Uchiha mais velho. “Tem muitos estranhos me ajudando ultimamente...”

Uma mecha dos cumpridos fios do moreno caiu sob seu rosto, então a menor como que por instinto a retirou, passando para atrás de sua orelha.

— Acho que é a primeira vez que não sinto ameaça vinda de um toque. — A pequena deu um pequeno pulo pelo susto, mas se recompôs rapidamente. — Continue. — Tudo era dito por Madara ainda com os olhos fechados.

— Claro! Que não. — Afirmou levantando-se.

— Aonde pensa que vai? — Indagou finalmente abrindo os olhos.

— Já estou melhor, vou para casa e.... verei meu irmão

— Não. — O maior puxou Sakura de volta para a cama prendendo-a em seus braços de modo que seu peitoral encostasse nas costas da mesma.

— Me solta! Quem você pensa que é? — Exclamava em protesto ao mesmo tempo que tentava se soltar.

— Quer mesmo saber? — A menor parou com os movimentos abruptos e grosseiros, se deixando levar por aquela voz que sussurrava em seu ouvido e assentiu com a cabeça. — Não posso dizer agora. Preciso esperar meus queridos sobrinhos para conversar com você. — O homem continuava a sussurrar fazendo a menina corar e ficar com a respiração descompensada, parecia estar em estado de hipnose. — E de brinde, contaremos o porquê do infortúnio de seu irmão.

— Onii-san... Eu encontro vocês depois, agora eu realmente preciso ir para casa. — Disse saindo do transe.

— Tsc. Qual foi a parte do “não” que você não entendeu?

— Acho que ainda não devo ter explicado que não recebo ordens de ninguém. — Retrucou tentando se soltar dos braços fortes de Madara.

“Que garotinha atrevida! Interessante...” considerava o maior em seus pensamentos sorrindo.

— Eu devia fazer você desmaiar de novo.

— Eu desmaiei? — Questionou surpresa.

— Assim que eu anunciei a morte desse tal Sasori.

Repentinamente, ouviu-se um conjunto de notas musicais desprovidas de harmonia vindas de um piano próximo da cama. O gato preto que caminhava tranquilamente sobre o objeto, desceu do mesmo tomando forma “humana”. O rapaz estava ensanguentado, sangue que não lhe pertencia, isso – fora o fato da transformação – atemorizou a menina que se encolheu nos braços do maior ao lado. Independentemente desses fatores, aquele de frente a cama era com toda a certeza um jovem belíssimo. Dos três Uchihas, seu cabelo era o mais curto, batendo até o fim do pescoço e também o mais desorganizado, o que dava um charme especial à sua face alva e ao típico par de ônix do clã.

— Deixe ela ir. Aposto que em cinco minutos ela vai voltar correndo para cá. — Declarou friamente abrindo a grande porta do quarto. — Pode ir, Sakura.

“Quando foi que todo mundo descobriu meu nome? ”

— Aposto três. — Respondeu seu tio libertando a garota entre risadas.

— Não podem ao menos me dizer o caminho? — Perguntou recosa pela presença do Uchiha mais novo.

— Não. — Respondeu Sasuke indiferente.

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Após escutar o barulho da porta se fechando, Sakura decidiu caminhar pelo grande corredor úmido e frígido até encontrar a saída. Claramente não obteve sucesso em sua decisão. Parecia ter caminhado por longas horas e suas pernas estavam doloridas por causa do grande percurso feito até então, mas permaneceu em busca de seu objetivo. Mais algumas horas e enfim podia ver um portão. A rosada correu o mais rápido que pôde em sua direção e o abriu, se deparando, não com a saída, mas sim com uma sacada, que dava visão para espécies de cativeiros lotados de pessoas chorando, gritando, implorando por socorro. Essas pessoas estavam envolvidas por chamas negras que eram visivelmente mais quentes que qualquer outra; as peles delas borbulhavam e diversos homens encapuzados chicoteavam a todos dentro do local, fazendo com que algumas dessas bolhas estourassem e a pele magicamente voltasse ao normal, para ser maltratada novamente. A pequena não conseguiu conter as lágrimas enquanto via e escutava tudo aquilo, até que um dos torturadores encapuzados se virou para a sacada e soltou um sorriso psicopata. Seu cérebro, seu coração e todo o restante de seu corpo mandaram-na sair dali, correr e achar um esconderijo o quanto antes. Ela sabia que ele a procuraria, que ela seria pega e torturada junto aos outros, mas precisava tentar, talvez ele desistisse de busca-la. Todas suas expectativas foram massacradas assim que se virou. Como aquele homem podia ser tão ágil?

— Ora, ora, ora. Parece que o torturador Hidan está com sorte hoje. — Articulou batendo palmas freneticamente. — Achar humanos no inferno não é difícil, agora humanos vivos? Deve ter pecado muito para estar aqui. O que você fez, hein? — Interrogou o de cabelos brancos segurando Sakura pelo pescoço e levando-a até a parede do lado de dentro, mantendo-a suspensa. — Quero pensar que você é uma puta. — Admitiu lambendo seu rosto. — Por que não me mostra seus serviços? Quem sabe eu não deixo você? — A menina cuspiu no rosto de Hidan que enfurecido jogou seu corpo contra a parede oposta com toda a força. A rosada cuspiu sangue e sentiu a construção cair sobre si. O homem foi até ela, segurou a gola de sua blusa e preparou-se para um soco, contudo não completou a ação por ter recebido um golpe que quebrou seu maxilar.

— Não me lembro de ter ordenado que machucasse essa moça. — Enfatizou soberano o Uchiha mais novo, pegando a quem se referia em seu colo.

— P-perdão, S-s-asuke-sama. — Suplicava desesperadamente Hidan, se curvando.

— ... Minha Sakura... — Murmurou observando a figura da flor de cerejeira desacordada — Veja o que você fez com a minha Sakura e diga se é digno de perdão! — Gritou em meio à cólera desenfreada.

— E-eu não sabia que essa moça era importante para o senhor! — “Nem eu mesmo sabia” refletiu rapidamente Sasuke. — Tenha misericórdia!

O imperador mais novo riu alto e encarou-o com um olhar maligno.

— Você é a criatura mais patética que já vi.... Conheça a minha misericórdia. — Os olhos do Uchiha haviam mudado de coloração, agora estavam completamente vermelhos e possuíam estranhos pontos pretos envolvidos por vários arcos na mesma cor. No mesmo instante o corpo daquele que agrediu a pequena estava em chamas, chamas tão ou mais negras quanto as que estavam nas jaulas.

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Sakura acordou no mesmo quarto de antes, não havia mais ninguém além dela. Sentou-se melancólica na cama e fechou os olhos tentando conter o choro.

— Onii-san, me desculpe, mas parece que não vamos poder nos despedir apropriadamente... então espero que esteja escutando. Sempre tive vergonha de cantar na sua frente, se lembra? — Uma lágrima caiu dos olhos da menina. — Mas dessa vez, eu vou cantar para você com todo o meu coração. — Assim dizendo, começou a cantar:

Um calor que é transferido para os meus dedos, seu olhar que olha apenas para mim, é como um suéter branco, calorosamente me abraçando.

Nas ruas, as luzes da estação; meu coração está batendo de emoção, pois o inverno que chegou, veio com você.

Você chegou para mim no final de um dia cansativo; é tão quente
Como uma criança esperando a primeira neve.
Nevava em cima do meu coração.

De repente, a neve branca cai abraçando as ruas congeladas, assim como você que encontrou meu coração frio.

Eu vou fazer uma promessa para essa estação voltar com você, no próximo inverno, eu estarei com você.

— Sua voz é linda. — Sasuke escutava a rosada desde o início da canção, mas não queria interromper, estava realmente gostando da performance. — Ele devia ser bem importante para você. Sinto muito.

— Quem é você?

— Uchiha Sasuke. De nada.

— A-ah, obrigada por ontem. — Sakura notou que ele não se parecia nada com o cara assustador coberto de sangue da noite passada, então sentiu-se um pouco mais aliviada. — Isso é um sequestro? Onde estamos? O que eram aquelas jaulas?

— Vamos esclarecer tudo isso agora, Haruno. — Itachi dizia entrando no quarto, seguido por Madara.

— E como prometido, também explicaremos sobre a morte de seu irmão. — Completou Madara.