História Devils and Angels - A Cura.

— Sou o anjo Shino e tenho ordens de leva-la para a sentença de morte no paraíso.

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Shino iniciou diversos golpes no corpo frágil da garota soltando risadas a cada um de seus gemidos de dor. Sakura, que já não aguentava ficar em pé, era chutada com força e seus gritos de aflição ficavam cada vez mais altos.

— Como se atreve a mandar um irmão para aquele lugar horrível? Eu gostaria de te matar aqui e agora, sua imunda! Mas infelizmente as ordens foram alteradas e meu lorde quer fazer isso pessoalmente e publicamente! A verdadeira humilhação que você merece. — Dizia cheio de cólera prosseguindo com os golpes.

Enquanto isso, Madara apenas observava a cena, alimentando seu ódio cada vez mais. “Como esse inseto asqueroso ousa encostar um dedo na minha protegida diante dos meus olhos? ” Pensou com os punhos fortemente fechados; parecia não acreditar em tamanha audácia. Em um piscar de olhos, o homem já estava na frente do indivíduo com seus poderes oculares ativos. Não haviam arcos como nos de Sasuke; sua pupila diminuiu consideravelmente e ao redor da mesma criou-se um círculo negro com três círculos vermelhos menores em seu decorrer. Rapidamente a rosada foi envolvida por um de seus braços e seu agressor foi atirado para o lado oposto com um soco no estômago. Seu corpo, acabou atravessando algumas árvores que haviam no campo.

Em passos lentos, o Imperador mais velho se aproximou de Shino que já dava alguns passos para trás com o intuito de fugir, mesmo que já estivesse agonizando. Madara o alcançou facilmente e o suspendeu com seu braço livre.

— Mande seu superior tentar algo melhor que isso. Tira-la de mim só será possível se eu ceder, se eu quiser. — Anunciou impositivo. — Na verdade, o recado não será entregue, pois o fogo do inferno aguarda a qualquer um que ouse toca-la. — Proclamou com tom de voz tenebroso.

— M-Madara... Não s-se lembra de nossos bons tempos no paraíso? — Tentava persuadi-lo com grande dificuldade, visto que seu pescoço estava sendo vigorosamente pressionado.

— Para mim, o paraíso sempre foi o inferno. — Afirmou imperioso. — Haruno, feche os olhos.

Sakura o obedeceu e afundou seu rosto no peitoral do demônio. No mesmo instante ouviu-se um barulho angustiante. O Uchiha mais velho quebrou a garganta de Shino com a intenção de que seus gritos não fossem escutados.

— Amaterasu. — Com apenas uma palavra proliferada o corpo do anjo foi completamente incendiado por chamas negras. Sua dor era palpável, mas nenhum som saia de seus lábios. — Não vou fazer com que você se torne cinzas, pois quero que sirva de exemplo. — Madara puxou Shino pelo pescoço e o torceu sem hesitar.

— Madara... — Sakura murmurou, ainda com o rosto escondido no corpo do maior.

— Fique assim por enquanto. Preciso limpar a bagunça.

Dizendo isso, fitou para um ponto distante e fora de visão – humana - e fez com que o corpo flutuasse até o local; queria que os anjos viessem busca-lo, para que estivessem conscientes de que haviam libertado a fúria de um Uchiha.

Por mais que arcanjos e o próprio Hashirama Senju negassem, o nome “Uchiha” era temido por uma grande massa em Paradise of Pure Souls, por lá eram conhecidos como “As sombras do Abismo”. Com estalar de dedos, o sangue que tomava conta dali sumiu, como em um passo de mágica.  

O Uchiha observou a menina por algum tempo, acariciou seus fios róseos e com cuidado a segurou em seu colo. Devagar a cerejeira abriu seus olhos que encararam de imediato seus semelhantes um tanto assustadores, o que foi desfeito pouco tempo depois, já que Madara desfez a técnica.

— Você está bem? — Inquiriu encostando suas testas.

— Minha perna.... dói... — Respondeu perdendo-se nas ônix do moreno.

— Qual das duas?

— A esquerda... — Impensadamente, a menina colocou uma das mãos no rosto do homem e o acariciou com o polegar. Parecia estar em transe.

— Os anjos estão cientes de nossa localização, já que usei o mangekyou. Temos que procurar abrigo em outro lugar. — Disse antes de depositar um leve beijo na testa da menor. — Não posso usar meus poderes, se eu não quiser que nos persigam.

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O demônio carregou sua protegida até chegarem a uma caverna úmida e pouco iluminada. Com uma delicadeza incomum até para si mesmo, encostou a mesma em uma das paredes de pedra, observando os hematomas e feridas causadas pela batalha anterior. Sentiu seu coração – O qual nem lembrava da existência -  apertar com tais memórias.

— O que cura as feridas de um corpo humano? — Perguntou aceleradamente, pois claramente sentiu-se torpe por não ter noção alguma sobre o assunto.

— Provavelmente só temos ervas medicinais acessíveis no momento. — Disse displicente.

— E como essas ervas são? — Indagou desviando o olhar. Mesmo que não estivesse vendo menina, ficou atento as descrições das tais ervas que foram detalhadamente ilustradas pela rosada. — Fique aqui, irei busca-las.

— Madara. — Chamou Sakura, aparentemente nublada em pensamentos.

— Diga.

— Você.... precisava mesmo ter matado ele? — “Essa garota é louca? Eu salvei a vida dela e ela se preocupa com quem tentou tirara-la? ” Pensou o Imperador.

— Ou era ele, ou era você. Eu só fiz a minha escolha. — Ponderou saindo da caverna. — E de nada por te salvar.

— Não é como se eu quisesse ser salva. — Murmurou vendo a figura demoníaca desaparecer conforme seus passos.

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Sakura POV’s On

Senti a brisa do vento passando pelas paredes da caverna até chegarem a mim. De onde eu estava era possível deduzir - com algum esforço – que o sol se punha pelos tons alaranjados mais escuros na entrada do ambiente. Continuei a observar esse ponto de luz e percebi uma presença ali... Presença essa que me trazia certa calma... Não era Madara, com certeza; essa aura era branda e cheia de paz.

— Quem está aí? — Perguntei por impulso, como se realmente um invasor fosse responder. — Você... É humano? — Nada me foi falado, entretanto a figura continuava a se aproximar, revelando seu longo cabelo castanho e aparentemente sedoso. Seus olhos se assemelhavam a pérolas e suas vestes largas e claras remetiam mais ainda a ideia de se tratar de alguém que traz consigo muita paz... Era tão belo que eu poderia até comparar com um... — Você é um a-anjo? — Tentei me mover, mas senti uma forte dor nos nervos da minha perna esquerda e inevitavelmente permaneci na mesma posição. E assim fiquei esperando minha merecida morte.

— Hyūga Neji... Eu era um dos arcanjos lendários. — Finalmente apresentou-se, revelando uma voz tão firme quanto serena.

— Pode me mat-

 — Não vou te fazer mal se é o que está pensando... — Cortou-me agachando na minha frente.

Meu corpo tencionou quando vi sua mão vindo na direção do meu rosto, então instintivamente empurrei a mesma para longe. Não sei o motivo, mas me senti mal por ter feito isso tão impensadamente quando vi sua expressão decepcionada. Tendo isto em vista, permiti que o arcanjo terminasse o que planejava em sua segunda tentativa. Uma sensação de aconchego tomou conta de mim... Talvez, no fundo eu me sentisse grata por encontrar um anjo que se parecesse com os anjos que são retratados por aí, e que eu a muito acreditará.

— Minha pequena... A cura está dentro de você. — Afirmou enquanto me olhava com um leve sorriso. — Posso te ajudar a encontrar.

— Não quero mais...

— O que?

— Eu sei o que fiz... Eu tenho a culpa disso tudo... Não tem sentido que eu continue vivendo... Resolvi aceitar o que minha mente me dizia, aceitar meus erros. — O anjo me tomou em um abraço calmo e fez com que minha cabeça repousasse sobre seu ombro.

— Não diga isso pequena... Ninguém pede para amar alguém. Ninguém tem controle sob os sentimentos de uma pessoa. O amor acontece naturalmente e é inevitável, ou você acha que o Sasori escolheu te amar e ser exilado? — Articulou amenamente. — Foi você quem pediu para Sasori te amar?

— N-não. — Afirmei em prantos.

— Viu? Não é uma escolha... Não é uma imposição... Nunca mais pense em se entregar, está ouvindo? — Pediu seriamente enquanto enxugava minhas lágrimas.

— Está bem...

— Agora feche os olhos e se concentre. — Pediu segurando minhas mãos. Eu o obedeci e segui suas instruções — Pense em algo que você realmente queira proteger, em algum objetivo que você deseja alcançar. — Meu corpo ficava mais leve conforme eu desempenhava suas orientações; era como se eu não tivesse mais motivos para me preocupar. Pensei nos meus amigos do Café e continuei escutando. — Isso... Relaxe... Centralize esses pensamentos. Com o seu corpo nesse estado pode proteger alguém? Agora que você está sendo procurada, as pessoas que você ama também se tornaram vulneráveis, Sakura. Você não pode continuar assim. Encontre a cura.

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Sakura POV’s Off

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Madara POV’s On

Esperando que essas sejam as ervas medicinas que a Haruno me indicou, voltava em passos longos para o abrigo. Passos que se transformaram em uma corrida. E a corrida se transformou em um teleport. Tudo por causa de uma nova presença que estava perto da menina, perto demais. Mas ela não estava morta, não poderia, já que as ordens de Hashirama foram alteradas.

Quando entrei na caverna, vi que em quase todo ambiente possuía uma iluminação verde. Era alguma habilidade divina que não apresentava nenhum tipo de ameaça palpável. Ela saia de Sakura: Sua íris não era visível, uma luz rosa primavera estava em seu lugar. E em sua frente um homem... Um desconhecido... Uma ameaça...

— Obrigada Neji-san... Me sinto bem me-

Avancei sem pensar no que poderia ter acontecido e pela primeira vez entendi a autodefesa humana... O medo do desconhecido. Não senti medo por mim, senti medo de que a tirassem de mim, de que a machucassem novamente. Sem ela não poderia alcançar meus objetivos.

Ativei meu magekyou e lancei o amaterasu nesse maldito que desviou com uma rapidez e facilidade irreconhecível. Percebi então que eu estava lidando com um arcanjo e que seria necessário um pouquinho mais de esforço. Tsc... Odeio perder meu tempo com essas baratas.

A barata pulou e aparentemente tentaria um ataque direto com a especialidade do clã divino Hyūga, punho leve. Seria uma tormenta para mim mesmo se eu não conseguisse escapar de um ataque tão fútil como esses.

— Parem! Parem agora! — A rosada gritou corada de raiva. — Madara, ele me ajudou, não é um arcanjo ruim. — Andei até ela e coloquei meu braço sobre seu ombro em gesto de cautela.

— Não confie em demônios e em anjos menos ainda, Haruno. — Alertei-a.

— Na verdade eu não sou mais um arcanjo, minha pequena. — “Minha”? — Sasori não era o único. Eu também não sou.