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História Devil's Kiss - Book One: Blood, Sweat and Tears


Escrita por: KiitaT

Notas do Autor


Olá~! Sejam bem-vindos a mais uma história dessa ilustre autora que vos fala. (tá, até parece) Pra aqueles que acompanham HMT, peço mil desculpas; prometo que o atraso na atualização não foi culpa disso aqui (ok, talvez um pouco), mas é que acabou rolando umas coisas que eu prefiro explicar quando for postar o próximo capítulo. Não temam, ele virá! Eu não abandonei a fic, e não pretendo abandonar jamais.
Por outro lado, WINGS aconteceu. Depois de assistir o MV de Blood, Sweat and Tears e ver todos aqueles momentos sugestivos do otp, além de ler a letra claramente sexual da música, não teve jeito: tive que dar luz a mais um plot. Confesso que já tava surtando desde o teaser, quando aquela cena do Yoongi de pé atrás do Jimin e cobrindo os olhos dele com a mão (vocês sabem qual eu tô falando) me lembrou imediatamente um anime que assistia nos meus tempos de juventude chamado Kuroshitsuji. Pra quem não conhece, vale a pena assistir; a história é ótima. ( ͡° ͜ʖ ͡°)
Baseado nessa puta vibe de butler/prince que os dois me deram no teaser e somado com o tiro no rabo que tomei quando ouvi a música, vi o vídeo e li a letra (além da má influência de certas pessoas), nasceu isso aqui. Mas já vou logo avisando, não esperem atualizações frequentes dessa fic. lol Primeiramente, eu pretendo finalizá-la com 4 capítulos. Mas peço que não os encarem como capítulos de uma fic normal, mas sim 4 oneshots que pertencem à mesma história e não seguem uma ordem cronológica necessariamente. Esse primeiro capítulo serve apenas pra situar vocês na AU e dar um gostinho do que está por vir; por enquanto é só yoonmin, mas outros personagens vão aparecer nos capítulos futuros. Ah, e levem muito a sério a classificação de 18 anos e a tag "porn with plot", com ênfase no porn, por favor. HUASUHASUHASUHAS Quem lê HMT e conhece meu jeito de escrever lemon, já aviso: isso aqui é muito pior. q
Enfim, agora que já os alertei sobre os perigos de continuar a ler essa história, só me resta desejá-los boa sorte. Espero que continuem vivos até o final. q
Obrigada pela atenção, e boa leitura! ♥

Capítulo 1 - Book One: Blood, Sweat and Tears


Fanfic / Fanfiction Devil's Kiss - Book One: Blood, Sweat and Tears

- Bom dia, Vossa Alteza. Está na hora de acordar.

Como era de costume, Jimin despertara de imediato com o timbre grave e tranquilizador do mordomo chamando seu nome enquanto se ocupava com a tarefa diária de abrir as pesadas cortinas que cobriam as janelas do quarto do príncipe, permitindo que os raios de sol adentrassem o ambiente e o banhassem com sua luz cálida. Como era de costume, ele manteve os olhos fechados e a respiração regulada, controlando suas feições e lutando para não demonstrar reação alguma ao chamado, na esperança de fazer o outro acreditar que ainda dormia e convencê-lo a deixar o quarto sem mais uma palavra. Como era de costume, Yoongi não se deixava enganar tão facilmente.

Aproximando-se da cama para pairar sobre a figura aparentemente adormecida de seu amo, o mordomo soltou um longo suspiro e cruzou os braços na altura do peito, tentando manter o tom calmo na voz ainda que estivesse cansado de repetir os mesmos joguinhos toda maldita manhã. – Príncipe Jimin, guarde seus esforços pra algo que realmente valha a pena. Eu sei que está só fingindo dormir.

Com isso o mordomo finalmente conseguiu uma reação. Yoongi assistiu com uma sobrancelha erguida e lábios levemente puxados pra cima em divertimento o príncipe contorcer-se na cama, grunhindo com irritação e se enroscando ainda mais sob os lençóis ao virar-se de lado e cobrir também a cabeça, efetivamente criando um casulo ao redor de si. – Não me obrigue a repetir o pedido, Vossa Alteza. O senhor sabe que não temos tempo pra enrolação hoje. – avisou Yoongi, recebendo um resmungo abafado em resposta.

- Só mais cinco minutos. Venha deitar-se comigo. – pediu o príncipe com voz manhosa. Jimin sabia muito bem que Yoongi não podia resistir aquele tom em particular. Certamente ele acabaria cedendo aos seus desejos... quem sabe, eles até poderiam fazer algo mais divertido do que apenas deitar sob os lençóis.

- Por mais que eu queira te encher de mimos e beijos pelo corpo, meu trabalho ainda exige que me certifique de que o senhor cumprirá seus deveres a tempo, meu príncipe. – repreendeu Yoongi naquele tom que Jimin tanto odiava, como se ele ainda fosse uma criança. O príncipe resmungou algo sobre Yoongi acabar com toda a diversão, notando que sua voz também não estava tão próxima quanto antes e presumindo que o mordomo agora se dirigia ao grande armário onde guardava suas roupas, enquanto prosseguia com as pequenas tarefas diárias que seu trabalho lhe exigia. De fato, quando espiou por baixo das cobertas Jimin encontrou Yoongi de costas pra si, parado diante das portas abertas do móvel, tão antigo e único com seus detalhes miúdos e delicados esculpidos em ouro na madeira, formando uma perfeita combinação com o restante do mobiliário no quarto principesco.

Enquanto Yoongi murmurava algo ininteligível pra si mesmo ao avaliar as diferentes opções de vestimenta para seu príncipe usar naquele dia, Jimin decidiu que seria melhor se ele apenas parasse de agir como um fedelho mimado e dificultar seu trabalho. Grunhindo e soltando um gemido longo e manhoso ao se espreguiçar na cama como um felino, alongando os músculos doloridos e sentindo as juntas rígidas estalarem, o príncipe livrou-se das cobertas com certa dificuldade e colocou-se numa posição sentada, escondendo um bocejo atrás do punho e usando-o para coçar os olhos logo em seguida, tentando livrar-se de qualquer resquício de sono que pudesse ter acumulado ali. Quando os abriu novamente Yoongi já fazia o caminho de volta pra cama, com um pequeno sorriso puxando-lhe os lábios naturalmente rosados e uma muda de roupas separada em seus braços. Jimin nunca falhava em corar quando era pego em situações assim, pois sua mente adorava fornecê-lo com imagens depravadas sem sua permissão, lembranças que eram a prova de como Yoongi ficava louco quando Jimin fazia algo que ele considerava adorável – às vezes ele o chamava de meu pequeno príncipe enquanto o penetrava num ritmo forte e impiedoso, banhando-o em elogios ao murmurar o quão lindo ficava gemendo seu nome com lágrimas escapando dos olhos. Yoongi pareceu perceber seu embaraço, mas felizmente para Jimin o mordomo optou por não apontar o fato de que sua excitação estava começando a se mostrar um pouco óbvia demais.

Após deixar a roupa escolhida cuidadosamente esticada no pé da cama, Yoongi fez um gesto um tanto sugestivo com os dedos para que o príncipe se aproximasse; um pedido silencioso que Jimin não demorou para atender, arrastando o traseiro no colchão de forma preguiçosa até que suas pernas ficassem penduradas pelo lado do mesmo, seus pequenos pés descalços encontrando o carpete no chão do quarto. Com outro sinal de Yoongi, Jimin ergueu os braços acima da cabeça e deixou o mordomo despi-lo, sentindo arrepios lhe percorrer a pele conforme a ponta dos dedos gélidos alisavam a lateral do seu corpo ao puxar a camisola que usava para cima. Depois de anos onde Yoongi repetia a mesma tarefa todo santo dia, a nudez do príncipe já não era algo que o envergonhava, mas a intimidade do processo ainda fazia Jimin engolir em seco toda vez. O príncipe não podia evitar que sua mente vagasse por conta própria, pensando na forma como aqueles mesmos dedos pálidos acariciaram sua pele e apertaram sua carne na noite anterior. Pelo sorriso felino que encontrara nos lábios do mordomo, Yoongi podia ver exatamente em que direção seus pensamentos o tinham levado; Jimin sempre podia contar com seu corpo para traí-lo e reagir nos momentos mais inoportunos.

Descartando a camisola da mais fina seda de qualquer maneira no chão atrás de si, Yoongi deixou-se admirar o corpo lindamente esculpido do príncipe por alguns segundos, apreciando o contraste da constelação de pontos purpúreos e rubros que seus lábios marcaram na pele macia antes de realizar a entediante tarefa de vesti-lo novamente. Jimin notara que o mordomo havia escolhido uma de suas combinações favoritas: calças justas e camisa de botão com gola alta, acompanhada por uma cinta que cobria sua cintura e uma jaqueta na cor preta como todo o resto das peças, feita do mais nobre material e cujos bordados prateados complementavam bem a cor em seus cabelos. Yoongi o vestia em silêncio, concentrado unicamente em sua tarefa como sempre fazia. Apesar de ser uma criatura falante por natureza, pela primeira vez Jimin realmente apreciava a quietude; pelo menos agora ele tinha um momento para tentar acalmar seu coração e seu corpo tão responsivo.

Uma vez vestido e de pé Jimin caminhara até uma bacia de metal, grande e redonda, que ficava apoiada sobre um pedestal no canto do quarto. A bacia estava cheia até a metade com água pura e cristalina, água essa que Jimin usara para lavar o rosto e enxaguar a boca, secando a face e as mãos com a toalha felpuda que Yoongi lhe entregou logo depois. Então chegara a hora mais divertida da sua rotina matinal, onde Yoongi realmente mostrava suas habilidades e destreza com as mãos ao se certificar de que o rosto do príncipe estava perfeito, livre de pelos indesejados, espinhas ou manchas; sua pele deveria estar sempre lisa e imaculada, como a de um bebê.

Guiado por seu mordomo, Jimin sentou-se diante da majestosa penteadeira que ocupava o espaço ao lado do guarda-roupas e deixou que ele girasse o banquinho sobre o qual estava sentado de modo que ficasse de costas para o espelho e cara-a-cara consigo. Abrindo uma das gavetas Yoongi pegou uma navalha e um pote que continha creme de barbear, juntamente com um pincel pequeno e grosso cujas cerdas macias eram perfeitas para aplicá-lo no rosto do príncipe. A sensação era engraçada e o pincel lhe fazia cócegas ao aplicar o creme sob o nariz, mas felizmente Jimin conseguira conter o espirro dessa vez. Entretanto a navalha ainda o deixava nervoso; por isso, quando Yoongi aproximou a lâmina afiada de seu rosto para barbeá-lo, Jimin pôs-se a tagarelar sobre todo e qualquer assunto que lhe passava à mente, apenas pra ter algo com o que se distrair.

- Fique quieto, príncipe Jimin. Se continuar se contorcendo desse jeito, eu posso cortá-lo por acidente. – o mordomo repreendeu naquela sua voz paciente de sempre, mas Jimin ainda podia ouvir a ameaça travessa sob o tom de falsa calma enquanto Yoongi movia a navalha com cuidado em seu pescoço, movimentos lentos e determinados enquanto terminava o serviço. Foi muito difícil pra Jimin conter a vontade de rir em deboche, achando a mera ideia de que seu mordomo pudesse deliberadamente machucá-lo deveras hilária.

- Você não se atreveria. Eu sou muito precioso pra sequer pensar em fazer algo do tip—ah! – Jimin chiou assim que sentiu a lâmina fisgar sua pele com uma dor aguda, deixando uma ardência insuportável pra trás quando o resíduo de creme entrou em contato com a ferida. – Tome cuidado com isso! – ralhou com irritação evidente no rosto e tom de voz, virando-se em direção ao espelho para avaliar o dano. Havia um pequeno corte na parte de baixo do seu maxilar, com uma única gota de sangue aflorando da pele. Definitivamente Yoongi o cortara de propósito, um aviso para que Jimin jamais duvidasse do que o mordomo era capaz de fazer.

- Eu avisei que isso poderia acontecer caso não ficasse quieto. – foi a primeira coisa que Yoongi lhe disse, sem um pingo de remorso no tom de voz. Jimin ergueu sobrancelhas incrédulas em resposta, encarando os olhos frios do mordomo pelo seu reflexo no espelho. – Me perdoe, meu príncipe. Prometo que não irá se repetir. – o sorriso que Yoongi abrira contradizia completamente a fachada apologética que tentava construir, por isso Jimin não acreditava nem um pouco em suas palavras. Rindo, provavelmente se deleitando com a expressão emburrada do outro, Yoongi abaixou o rosto até a altura dos olhos de seu príncipe, hálito quente soprando em seu ouvido a cada respiração. Jimin prendeu a sua própria, antecipando o que ele faria a seguir.

- Vou tomar mais cuidado da próxima vez, sim? – o timbre de Yoongi alcançara uma nota tão grave e rouca ao sussurrar que Jimin podia sentir as vibrações que vinham do peito colado às suas costas, incapaz de desviar o olhar do reflexo que formavam no espelho. Jimin assistia com olhos famintos Yoongi segurar sua cabeça pelo queixo e a inclinar delicadamente para trás, o suficiente para selar os lábios sobre a ferida e provar o sangue com a língua mas não para quebrar o contato visual que Jimin tinha com suas figuras. O contato do músculo úmido e quente sobre sua pele fazia o pulso do príncipe acelerar e seu sangue ferver dentro das veias. Jimin se esforçou muito, mas não conseguiu conter um arrepio que lhe percorrera toda a espinha e deixara seus pelos em pé.

- O que... o que está fazendo? – o príncipe indagou com a voz fraca, engolindo em seco ao redor do nó que ameaçava obstruir sua garganta, mas já se dava por satisfeito apenas por não ter gaguejado. Quando Yoongi ergueu os olhos para encontrar os seus, ele podia jurar que vira as orbes negras do mordomo brilhar num forte tom de rubro ao sustentar seu olhar através do espelho, porém a cor sumira no instante seguinte.

- Estou limpando a ferida, é claro. – Yoongi disse como se a resposta fosse óbvia, deixando que a ponta da língua escapasse mais uma vez de seus lábios para lamber a pele do príncipe numa longa e deliberada pincelada como forma de demonstração. – Dizem que minha saliva é muito boa pra cicatrizar ferimentos.

- Oh, é mesmo? – o príncipe revidou num repentino ato de ousadia, sua própria voz alcançando uma nota mais baixa que o normal pelo desejo que ameaçava consumi-lo enquanto se recuperava o bastante do efeito que o mordomo tinha sobre si para virar o rosto em sua direção, encontrando orbes escuras e vazias que pareciam querer sugar sua alma. – E o que mais sua saliva pode fazer?

- Gostaria de descobrir, Vossa Alteza? – Yoongi sorria de forma predatória, ciente que sua pergunta estava carregada com as mais diversas sugestões, essas que não passaram despercebidas pelo príncipe; ele só estava ocupado demais tentando não derreter com o timbre sensual que a voz de Yoongi assumira, tentando não pensar em quão próximos seus lábios estavam e no quão fácil seria eliminar a pequena distância por completo, no quanto ele queria que Yoongi tomasse seu corpo ali mesmo no chão do quarto, naquele exato momento. O príncipe nem sequer reparou no formigamento suave em seu queixo, um sinal de que a ferida de fato começara a cicatrizar, provando a veracidade das palavras do mordomo. Jimin estava prestes a responder uma afirmativa quando foi rudemente interrompido por um fraco e quase imperceptível ruído de dedos batendo na madeira da porta. Se não fosse pela tensão sexual no quarto tornando o ambiente quase insurportavelmente quieto, Jimin tinha certeza que sequer teria escutado.

Entretanto, pra sua infelicidade e decepção, Yoongi tinha uma audição muito superior à sua, e um senso de responsabilidade ainda maior. Ao invés de ignorar a interrupção e demonstrar exatamente o que ele queria dizer com o bendito comentário sobre sua saliva como Jimin esperava – não, ansiava –, o mordomo aprumou as costas numa posição perfeitamente ereta, dessa forma arruinando a proximidade que tinham a poucos segundos atrás. Jimin quase chorou em extrema frustração quando o outro se botou a trabalhar novamente, eliminando o resquício de creme que ficara no rosto do príncipe com uma toalha úmida – essa que fora buscar próxima da bacia com água – e certificando-se de que sua face estava excepcionalmente imaculada antes de se mover para abrir a porta.

Como era o esperado, o responsável pela interrupção não ficou atrás da porta esperando que a abrissem, deixando apenas um carrinho que continha um pequeno banquete como café-da-manhã em seu lugar. Yoongi puxou o carrinho pra dentro do quarto, fechando a porta com um clique atrás de si. Em seguida, se direcionou à pequena mesa redonda de dois lugares disposta no canto mais distante da cama, próxima de uma das janelas que davam para a varanda com vista para os jardins logo abaixo. Sem dizer uma palavra o mordomo começou a arrumar a mesa para que o príncipe pudesse fazer sua refeição, colocando sobre o tampo de madeira pintado de branco e coberto com uma toalha rendada os mais diversos tipos de iguarias, desde frutas até pães e tortas. A realeza precisava se alimentar com uma dieta balanceada, afinal de contas.

Ao receber o sinal de que a mesa estava pronta e aguardando sua presença, Jimin deixara a penteadeira para sentar-se à mesma sentindo-se faminto, seu poderoso apetite desperto pela mistura de deliciosos aromas que invadia suas narinas, mas paciente o bastante pra permitir que Yoongi lhe servisse uma xícara de chá e um pedaço generoso da torta de limão, sua favorita. O mordomo o assistira em suas refeições por tempo o suficiente pra saber exatamente o que Jimin gostava ou não gostava de comer, sendo capaz de servi-lo sem precisar perguntar a opinião de seu senhor. Entretanto, mesmo depois de tanto tempo, Jimin jamais se acostumaria com a sensação formigante de ter olhos grudados em sua nuca enquanto Yoongi aguardava o príncipe terminar sua refeição de pé atrás da cadeira que ocupava, respeitando sua privacidade mas atento a qualquer desejo ou exigência que o garoto pudesse ter. O príncipe tentava se distrair com olhos voltados para a janela, observando os vastos jardins que tomavam a propriedade e a floresta que a cercava, complementados pela imensidão azul do mar que se estendia no horizonte logo abaixo da colina onde o castelo estava implantado, com suas ondas quebrando constantemente nas rochas e criando uma melodia rítmica e familiar, mas nada parecia amenizar aquela sensação angustiante.

- Gostaria que abrisse uma das janelas para permitir que a brisa entre, meu senhor? – Yoongi sugeriu de repente, parecendo perceber seu incômodo, ou apenas notar seu grande interesse no mundo lá fora. Jimin balançou a cabeça, declinando a oferta.

- Não. Preferia que aproveitasse a refeição comigo. Por que não se senta? – ofereceu em troca, gesticulando para a cadeira vaga diante de si. Yoongi soltou uma risada baixa e repentina, como se tivesse sido pego de surpresa pela sugestão.

- Sabe que não me alimento da mesma forma, não sabe? – o mordomo indagou com divertimento evidente na voz, achando a situação estranhamente adorável. Ele jamais deixaria de sentir uma pontada de emoção no peito cada vez que o príncipe demonstrava alguma preocupação com seu bem-estar, mesmo que soubesse que o corpo do mordomo não era tão frágil e nem precisava de tantos cuidados quanto o seu.

- Sei, mas sentir sua presença aí parada atrás de mim sem fazer nada me incomoda. Vamos, sente-se. Pegue uma maçã, pelo menos. – Jimin insistira mais uma vez, seu tom de voz quase um comando ao virar o rosto pra encontrar os olhos do mordomo por cima do ombro. Yoongi assentiu uma vez, convencido, movendo-se para tomar o lugar vago de frente para o príncipe na mesa e adotando uma postura relaxada quase instantaneamente. Esticando o braço para pegar uma das facas de prata que não estava sendo utilizada e uma maçã de aparência suculenta, redonda e incrivelmente vermelha, Yoongi começou a cortar a fruta em pequenas tiras de maneira lenta e deliberada, postergando o ato de comer apenas para poder observar seu príncipe comendo. Jimin, por outro lado, já não sabia o que era pior: ter aquelas orbes negras e profundas cavando buracos na parte de trás da sua cabeça ou em seu rosto, ao invés.

O príncipe quase abriu a boca pra perguntar o porquê de Yoongi gostar tanto de encará-lo tão descaradamente e deixá-lo sem graça, mas ele já tinha uma vaga ideia da resposta. Ao invés de perder tempo com perguntas retóricas Jimin aproveitou o momento pra encarar seu mordomo de volta, com olhos claros apresentando igual intensidade aos seus, se não superior. Agora que havia parado para reparar e apreciar sua aparência, Jimin percebeu com divertimento no olhar que Yoongi mais uma vez se vestia de uma maneira desnecessariamente ostensiva, uma vez que eles não esperavam nenhuma visita ou reunião oficial aquele dia; sapatos lustrosos, calças de boa qualidade, camisa na cor azul da realeza adornada por uma série de bordados dourados sobre o peito que contrastava lindamente com sua pele clara e cabelos escuros e uma faixa no mesmo tom negro da calça ao redor da cintura que mantinha tudo no lugar. Seu hábito de vestir-se além do que a ocasião pedia chegava a ser hilário, mas não deixava de ter um bom motivo por trás: Yoongi acreditava que sempre deveria estar pronto pra qualquer situação, até mesmo aquelas não esperadas, e o mordomo responsável pelo príncipe não podia ser visto andando com roupas simples por aí.

Era realmente um milagre Yoongi preferir não comentar sobre o modo faminto como Jimin o olhava e aproveitar para apontar o óbvio desejo de despi-lo que estampava sua face, optando por iniciar uma conversa casual sobre assuntos diversos e desimportantes; o mordomo sabia que se começassem a trilhar esse caminho todos os seus esforços pra tirar Jimin da cama teriam sido em vão, e ele não seria capaz de deixar o príncipe sair do quarto pelo dia inteiro. Felizmente a conversa fiada servira como uma perfeita distração, conseguindo arrancar do príncipe uma série de risadinhas escondidas por trás dos dedos pequenos com a última fofoca que os criados do castelo estavam espalhando sobre um dos nobres da cidade. Entretanto o mordomo não o deixaria sair da mesa até que comesse outro pedaço de torta, um pão e uma tigela inteira de morangos que ele mesmo banhara em chocolate e os dera na boca, deixando que Jimin chupasse o restante da calda que grudara em seus dedos com avidez enquanto mantinha olhos cheios de desejo fixos no ato, sua única maçã esquecida na mesa. Se não fosse pela prática constante de exercícios físicos na forma de esgrima e hipismo, o príncipe tinha certeza que jamais conseguiria superar as bochechas fartas e silhueta arredondada – seus dedos já eram um caso perdido – que tinha quando criança, não com Yoongi sempre o mimando dessa maneira.

Foi com muita dificuldade que Jimin tirou aqueles dedos finos e pálidos da boca, obrigado por Yoongi que gentilmente os puxara pra si uma vez que o príncipe começara a se empolgar demais, encenando com os dedos o que ele na verdade gostaria de fazer com seu falo. Usando um guardanapo de tecido pra limpar a saliva que recobria seus dedos e lambuzava os lábios carnudos de seu príncipe, Yoongi o repreendeu sem reais ressentimentos por ser um garoto guloso que não sabia a hora de parar e esperar pelo momento certo pra ter o que queria, enquanto tentava reprimir um sorriso. Prometendo que seria um bom menino e que se comportaria dali em diante, Jimin moveu-se para lavar a boca mais um vez e depois sentou-se novamente na banqueta da penteadeira, tentando se mover o mínimo possível e não atrapalhar enquanto Yoongi terminava de prepará-lo para um novo dia. O mordomo se manteve ocupado ao abrir a pesada caixa de joias do príncipe, ponderando diversas opções e pedindo sua opinião sobre quais brincos e anéis ele gostaria de usar daquela vez. Feita a escolha, Yoongi se dispôs a colocar as argolas de prata com uma pequena cruz pendurada em cada orelha de seu príncipe, seguidas pelas pedras preciosas que agora adornavam seus dedos juntamente com o indispensável selo da realeza, um pesado anel de ouro que tomava seu lugar de costume no dedo mindinho do seu soberano. Mas seu trabalho não havia acabado, pois ainda faltava o cabelo e a maquiagem: Yoongi tinha mãos firmes e dedos ágeis, por isso não era nenhum desafio pra si pintar os olhos do príncipe com fortes linhas negras ao redor dos cílios, ou aplicar um pouco de cor em suas bochechas e brilho em suas pálpebras, dando ao seu olhar um grau a mais de imponência. O mordomo era cuidadoso quando penteava os fios prateados de seu príncipe, uma clara evidência do sangue nobre que tinha correndo nas veias, estilizando-os com uma pasta para cabelos de modo que boa parte dos fios caíssem numa suave onda sobre seu olho esquerdo, deixando sua testa e sobrancelhas à mostra. Pra finalizar, um pouco de brilho labial: se não por motivos estéticos, pelo menos para manter os lábios do príncipe sempre hidratados e irresistíveis.

Antes que pudessem sair, Yoongi ajudou-o a trocar as pantufas felpudas por um par de sapatos lustrosos e dignos de um verdadeiro membro da realeza, e só depois que o considerou pronto pra começar um novo dia foi que deixaram o quarto juntos; Jimin liderava o caminho até a sala de estudos com passos decididos e postura régia enquanto Yoongi o seguia diligentemente a alguns poucos e respeitosos passos de distância, como era esperado de um mordomo. No caminho Yoongi parou uma das criadas que passava por ali para lhe informar que o quarto do príncipe precisava de cuidados – havia restos de café-da-manhã pra retirar, bacia com água pra trocar, roupas de cama pra dobrar; Jimin assistiu a breve interação com interesse, vendo a garota cujo nome e rosto ele jamais recordaria assentir com ombros rígidos e olhos fixos no chão, claramente nervosa sob a atenção de Yoongi. Ao que parecia todos os servos do castelo se sentiam intimidados pela forte presença do mordomo. Alguns até o temiam – e com razão.

Jimin achava curioso como o medo funcionava. O príncipe era o único que sabia exatamente porque seu mordomo deveria ser temido. Apenas ele sabia quem Yoongi era, e o que era capaz de fazer.  Entretanto, mesmo com todo esse conhecimento que apenas ele possuía, o príncipe também era o único que não o temia dentre todos os habitantes do castelo. O medo era um sentimento muito curioso, de fato.

Assim que fora dispensada com um gesto simples da mão do mordomo, a jovem criada se curvou desajeitadamente em respeito ao príncipe e praticamente desapareceu de suas vistas, andando o mais rápido que podia para o mais longe possível. Jimin pôde ouvir Yoongi rindo baixo pra si mesmo, claramente se divertindo com o terror que instigava nos servos mais novos ao passo que resumiam o trajeto para a sala de estudos, onde o príncipe teria seu longo e entediante compromisso matinal com pilhas e mais pilhas de livros. Como era esperado de um importante membro da realeza, Jimin deveria sempre se manter muito bem versado em diversos campos do conhecimento, assim como matemática, literatura, história e política. Um príncipe sem conhecimento era o mesmo que um soldado sem espada, ou pelo menos era isso que Yoongi sempre lhe dizia para motivá-lo a estudar mais, visto que Jimin nunca fora o tipo estudioso. Desde pequeno o príncipe preferia as horas que passava treinando suas habilidades na esgrima, brincando nos jardins, ou cavalgando nos campos ao redor da propriedade e sentindo o vento em seus cabelos; sua única motivação para o estudo era a esperança de que até o momento que ficasse mais velho ele já teria acabado de ler todos os livros presentes na biblioteca e portanto não haveria mais nada pra estudar. Contudo, anos se passaram e hoje parece que ele estuda mais do que nunca.

A sala de estudos ficava localizada no primeiro andar do castelo, e um tanto distante do quarto do príncipe: para chegar até ela, eles deveriam atravessar um labirinto de corredores, descer as suntuosas escadas do hall principal e dirigir-se para a ala leste do mesmo. O cômodo era espaçoso e aconchegante, com ligação direta para os jardins do lado de fora, e servia não só como sala de estudos e biblioteca mas também para receber visitas que não eram exatamente formais, porém tampouco íntimas. A sala era mobiliada e decorada com muito requinte, tomada de estantes com intermináveis fileiras de livros que cobriam qualquer pedaço de parede que não tivesse abertura para janelas e portas, uma pesada mesa de mogno repleta de papéis e tinta que o príncipe usava em suas sessões de estudo, uma pequena mesa redonda com duas cadeiras semelhante àquela que tinha em seu quarto, um conjunto de sofá e poltronas luxuosas disposto no meio da sala para momentos de descanso – onde Yoongi geralmente passava as horas em que seu príncipe estava muito ocupado estudando – e uma lareira que mantinha o ambiente sempre aquecido e confortável. Se não fosse o seu desprezo pela atividade que exercia ali, Jimin poderia dizer que aquele era o seu lugar favorito no castelo inteiro.

Sempre que Jimin tinha compromissos a atender Yoongi o fazia companhia, sua presença reconfortante e silenciosa. Claro que ao fazê-lo ele só estava cumprindo seu dever como mordomo, já que seu trabalho exigia que Yoongi estivesse ao lado de seu príncipe a todo instante, salvo pelos pequenos momentos de privacidade onde um deles ia ao banheiro se aliviar ou então durante à noite, quando o príncipe dormia, mas Jimin não podia deixar de apreciá-lo ainda mais pelo esforço.

Enquanto Jimin se afogava em meio a livros e anotações na pesada escrivaninha, Yoongi se fazia confortável em um dos sofás com um novo romance no colo. O leve ruído que fazia ao folhear as páginas era estranhamente calmante para o príncipe, talvez por fazê-lo perceber que não estava sozinho para enfrentar a tarefa extenuante que era aprender os nomes de todos os seus ancestrais e as leis e costumes de reinos vizinhos, podendo sempre recorrer a seu mordomo por ajuda, se precisasse; ele também não iria negar que a distração era muito bem-vinda. Com mais frequência do que gostaria de admitir, Jimin pegava-se ignorando o livro em suas mãos para encarar o mordomo com olhos fixos, parecendo em transe com tamanha beleza. Apenas quando o outro erguia o olhar das páginas que estava lendo com um sorriso sabido era que o príncipe caía por si e retornava ao seu próprio trabalho, o rosto vermelho e em brasa. Essa era uma rotina que ambos aperfeiçoaram com anos de prática, e com certeza hoje não seria diferente.

Quando sua cabeça parecia que ia explodir com a quantidade absurda de informações que lhe era dada à força, Jimin achou que seria uma boa ideia se distrair um pouco, quebrando o confortável silêncio que envolvia o ambiente. – Alguma notícia da condição de meu pai? – Jimin disse a primeira coisa que viera à cabeça, e a natureza curiosa de sua pergunta atraiu a atenção imediata do mordomo.

Yoongi levou alguns segundos pra responder, aproveitando esse tempo pra estudar a expressão do outro com uma sobrancelha levemente erguida. Claro, não era incomum para o príncipe perguntar vez ou outra sobre seu pai. Yoongi nunca compreendeu o motivo, mas Jimin às vezes gostava de fingir que se importava com seu bem-estar. Às vezes ele gostava de fingir não saber que era Yoongi o motivo de sua doença pra começo de conversa. – O rei continua de cama, Vossa Alteza.

- Ainda doente? Nenhum médico conseguiu curá-lo? – Jimin tentava soar casual e genuíno, mas a audição apurada de Yoongi não o deixava ignorar a apreensão que envolvia cada sílaba. O príncipe tinha medo do que poderia ouvir. Não sobre o até então fracasso dos maiores especialistas do reino, mas sobre seu possível sucesso.

- E o senhor acha que eu permitiria uma coisa dessas? – o mordomo rebateu de imediato, sua expressão confiante e sorriso ameaçador. A ideia de que algum mortal sequer pudesse descobrir que tipo de doença terrível caíra sobre o querido e amado rei, quem dirá curá-lo, parecia o divertir tremendamente. O sorriso no rosto do príncipe era pequeno, mas estava lá: agradecido e cúmplice. Uma terrível vontade de beijar-lhe os lábios o tomou de repente.

Mas é claro, seu mordomo nunca falhava em cumprir seus deveres.

O assunto pareceu morrer depois que o príncipe fora assegurado de que tudo corria como deveria, e provavelmente era pra melhor: os criados mais antigos costumavam dizer que as paredes do castelo possuíam olhos e ouvidos por todo lugar. Mais uma vez Jimin não teve outra opção senão retornar aos estudos, mas sua mente estava inquieta demais pra se concentrar por mais de alguns poucos minutos; frequentemente o garoto se via com o rosto voltado para a sua direita, olhos distantes no cenário para além da janela observando o modo como as copas das árvores dançavam com o vento, ou fixos na figura relaxada de seu mordomo, deitado confortavelmente no sofá de veludo vermelho e lendo atentamente o livro que tinha em mãos. Durante esses momentos, geralmente sua cabeça ficava serena e vazia, quieta, dando-lhe um momento de paz em meio ao caos de cada dia. Entretanto hoje sua mente parecia mais barulhenta que o normal, cheia de pensamentos e desejos urgentes que o príncipe não podia ignorar. Desde o momento que acordara ele queria botar suas mãos em Yoongi e ter o corpo do mordomo sobre o seu, pressionando-o contra o colchão, e isso estava levando-o à loucura. Jimin suspirou profundamente, apoiando os cotovelos sobre a mesa e pressionando as têmporas com os dedos numa massagem circular, sabendo que seria inútil insistir em tentar aprender alguma coisa; ele se sentia carente, exausto e estranhamente excitado, e a pior parte disso tudo era saber que o dia mal começara. Tudo que Jimin queria agora era estar de volta ao seu quarto, Yoongi pairando sobre si na cama com a lua banhando seus corpos nus, as mãos pálidas e firmes do outro ao redor da sua garganta, pressionando forte o suficiente pra interromper o livre fluxo de ar para seus pulmões, ouvir seus próprios gemidos fracos, entrecortados e patéticos ecoando nas paredes conforme o mordomo o fodia com olhos escarlate brilhando na escuridão—

Beije-me os lábios, será nosso pequeno segredo

Não me importa se irá machucar, se apresse e me sufoque

De forma que não possa mais ser machucado

Não me importa se irá doer, se apresse e me amarre

De forma que não possa mais fugir

Como se atendesse às suas preces, uma leve batida na porta anunciou o almoço – uma hora mais próxima do anoitecer, Jimin não pôde deixar de notar com um sorriso. Exatamente como na refeição anterior, não havia ninguém atrás da porta quando Yoongi se levantou para atendê-la. O mordomo então se pôs a arrumar sua segunda refeição do dia sobre a pequena mesa redonda que havia na sala, uma cópia exata da mesa que tinha em seu quarto. Naquele dia o chef do castelo lhe preparara leitão ao molho de maçãs e especiarias, acompanhado por batatas assadas e uma jarra do vinho mais doce que tinham na adega. Como sempre o príncipe comeu tudo com um bom apetite, e como sempre o mordomo não tocou em nada, optando por apenas observá-lo em silêncio.

Após o almoço Jimin tinha algum tempo de descanso antes do próximo compromisso, tempo esse que passara caminhando pelos jardins do castelo acompanhado por seu fiel mordomo, apenas aproveitando o tempo bom e a brisa marítima, que mantinha o clima ameno mesmo que o sol estivesse alto no céu. Ainda assim, a caminhada não fizera nada pra clarear a luxúria em sua mente, e foi muito difícil para o príncipe não implorar Yoongi para que simplesmente o tomasse ali mesmo, em meio às arvores. Sua última esperança agora jazia na esgrima – certamente um pouco de exercício o faria bem, liberando toda a frustração sexual e energia acumulada com horas de extenuante esforço físico.

Foi com esse pensamento em mente que Jimin se dirigiu à ala oeste do castelo com passos decididos, seguido de perto por seu mordomo no caminho para o salão que lhe servia de campo de treinamento. Lá Yoongi o ajudou a se preparar para o treino como era esperado de si, vestindo-o com roupas próprias para o esporte e colocando todos os equipamentos de proteção em seu príncipe antes de fazer o mesmo consigo, já que era seu parceiro desde que o pequeno Jimin descobrira seu gosto pela esgrima.

Logo os dois estavam andando em círculos ao redor um do outro, florete em mãos, ambos analisando cada mínimo movimento que o outro fazia enquanto aguardavam pelo melhor momento pra atacar. Depois do que pareceu uma eternidade de pura tensão finalmente o som característico das finas lâminas se chocando ecoou pelas paredes. Yoongi costumava pegar leve no começo, contentando-se em desviar das investidas do príncipe na intenção de dá-lo alguma vantagem na partida, mas Jimin estava tão distraído que isso começou a afetar seu desempenho. Quando Yoongi conseguiu espetar a ponta aguda de seu florete na proteção de peito do seu amo pela terceira vez consecutiva, ele já não podia mais se manter calado sobre o assunto.

- O que está havendo, Vossa Alteza? Por acaso desaprendeu a lutar? – o mordomo indagou em tom de provocação, incapaz de manter a zombaria contida na voz. Um sorriso predador puxava seus lábios enquanto os floretes se chocavam sem parar entre eles; era uma pena que seu príncipe não pudesse vê-lo. Entretanto Yoongi tinha plena consciência de que aquele comportamento incomum poderia ser uma farsa, um ato de distração para pegá-lo de surpresa, mas pra sua decepção Jimin não encontrou nenhuma brecha em sua defesa.

- Cale a boca. Estou só... só cansado. – rebateu o príncipe com certa dureza na voz, parecendo genuinamente ofendido, sua respiração soando pesada e ofegante por trás da máscara. – Além do mais, não é justo que eu seja comparado a você. Suas habilidades não são desse mundo. Você sempre parece saber onde vou atacar em seguida. – resmungou indignado, pontuando cada palavra com um golpe de sua espada.

- Tudo que ouço são desculpas baratas, meu senhor. – caçoou, efetivamente bloqueando outro óbvio ataque de Jimin e devolvendo um rápido contra-ataque em resposta, desferindo uma série de golpes seguidos que o desarmou, deixando-o à sua completa mercê. Yoongi ainda sorria sob a máscara que usava quando pressionou a ponta do florete contra o peito do príncipe, obrigando-o a cair de joelhos e se render, deixando que a lâmina pousasse bem no ponto onde podia ouvir seu coração bater desgovernado. – Eu sei onde vai atacar porque o senhor pensa alto demais, e se move de forma muito lenta. Vamos tentar não repetir o mesmo erro amanhã, sim?

- Ah, a audácia dessas pessoas... Você não acha que fala de forma muito insolente para um mordomo? – Jimin ralhou, estalando a língua contra os dentes da frente em reprovação enquanto tirava a máscara com um gesto brusco. Sua expressão poderia ser de pura irritação e amargura, mas Yoongi sabia que não havia nenhuma ameaça por trás daquelas palavras; evidência disso era a tonalidade rubra que sua face tomara, e Yoongi tinha um palpite de que a extenuação física não era o único motivo por trás da cor. Como era mesmo o ditado? Cão que ladra não morde? Yoongi achava que os humanos tinham os ditados mais peculiares, e esse certamente se adequava à situação.

- Oh, mas eu não sou um mordomo qualquer, e nós dois sabemos disso. – respondeu com divertimento na voz, deixando um timbre sugestivo infiltrar-se no tom de brincadeira enquanto revelava o sorriso felino que tinha nos lábios ao tirar a máscara, sorriso esse que combinava perfeitamente com seus olhos escuros e penetrantes.

Jimin não sabia como responder, pois não havia como negar a verdade: havia algo na forma como Yoongi o dominava no esporte que se assemelhava terrivelmente a maneira como Jimin gostava de ser dominado na cama, despertando algo dentro do príncipe que ele não era capaz de conter. Portanto ele apenas se deixou ser erguido pelo mordomo quando este lhe estendeu a mão, passando-lhe uma toalha pra secar o suor logo em seguida, para só então trocar a vestimenta do príncipe para as roupas casuais que usava antes de trocar a sua própria. Jimin estava dolorido e exausto, mas não da forma como gostaria; a esgrima fizera muito pouco pra esvaziar sua mente, e ainda faltava um último compromisso a atender antes que o príncipe pudesse ter o que realmente queria: Yoongi, completamente nu em seus lençóis, todo pra si.

Pra sua alegria já era fim de tarde; a hora do crepúsculo se aproximava a passos largos e constantes, de modo que Jimin encontrava candelabros e arandelas iluminando seu caminho conforme retornava para a sala de estudos, onde trataria de algumas pendências políticas. Como príncipe e único governante capacitado, Jimin frequentemente tinha que lidar com assuntos pertinentes ao reino e às pessoas que nele viviam, mesmo que a tarefa nem sempre fosse agradável. Responder cartas, aprovar ou recusar novos decretos, analisar cuidadosamente cada relatório que os conselheiros do rei deixavam em sua mesa: eram essas tarefas que resumiam seu último compromisso do dia, e Jimin acreditava que podiam ser ainda mais entediantes que a sessão de estudos pela manhã.

- Eu juro que se ler mais uma reclamação sobre a falta de comida nessa estação entrarei em combustão espontânea. – o príncipe choramingou pateticamente com ar de pura derrota, suspirando com a face escondida nas palmas pequenas. Não era justo que o peso de um reino inteiro tivesse caído sobre seus ombros, obrigando-o a tomar responsabilidade por milhares de vidas mesmo sendo tão jovem. Jimin era um maldito príncipe, e como tal ele deveria poder aproveitar a boa vida que tem e fazer o que bem entendesse com seu tempo. Como por exemplo gastá-lo todo na cama brincando com seu mordomo. Exatamente o que preferia estar fazendo, tipo, agora mesmo. Yoongi, sendo o mordomo atencioso que era, pôde sentir o real desespero do outro mesmo que nenhum de seus pensamentos inquietos fossem ditos em voz alta. Mas também não havia necessidade para tal; Yoongi o conhecia bem o bastante pra saber exatamente do que seu príncipe precisava. Suspirando, o mordomo resolveu finalmente tomar a atitude que deveria ter tomado há horas atrás, desde que Jimin começara a apresentar sinais de fraqueza.

- Mas é claro que há reclamações. O povo se preocupa, Vossa Alteza. – disse naquele mesmo tom apaziguador de sempre, levantando-se do sofá e se colocando atrás da cadeira que o príncipe ocupava com passos decididos e seguros de si, mãos pálidas encontrando ombros tensos e rígidos. – Não há chuva, por isso as colheitas são arruinadas e falta comida. Os mais pobres não tem dinheiro pra acompanhar o aumento dos preços, e famílias passam fome. Esse é um problema que todo governante tem que enfrentar em algum momento.

- Sei muito bem de tudo isso, mas o que posso fazer? Eu não posso controlar a chuva. – Jimin rebateu, sentindo-se cansado e irritado. Mais do que isso, sexualmente frustrado. Nada parecia tirar sua mente dos toques íntimos de Yoongi, e qualquer coisa que ficasse no caminho para seu prazer o irritava mais que o normal. Contudo ele já podia sentir um pouco da sobrecarga em seus ombros desaparecer conforme os dedos de Yoongi massageavam os pontos mais tensos em seus músculos, arrancando de si um grunhido baixo e arrastado; não demorou muito para que o príncipe fechasse os olhos e se entregasse completamente em suas mãos. – Você pode fazer chover, Yoongi?

- Não, me desculpe. Eu não sou Deus. Na verdade, sou o completo oposto disso. – Yoongi respondeu com uma risada baixa, achando graça do seu próprio senso de humor negro. Jimin não podia fazer nada senão rir junto, pois a forma crua como seu mordomo falava a verdade tornava a afirmação um pouco engraçada, estranhamente.

Era engraçado porque de fato, Yoongi não era Deus. Jimin também não, mas enquanto ele era um simples e frágil humano, não importava o quão nobre era o sangue que corria em suas veias, Yoongi era algo mais. Yoongi era uma força maior, algo maligno, algo que não devia andar nesse mundo, mas aqui estava ele: um demônio. Um demônio cujo contrato Jimin selara com um beijo nos lábios, há tantos anos atrás. Um demônio que Jimin invocara com o desejo de matar o rei – seu próprio pai. Um demônio que era a causa da doença do mesmo, e o motivo de Jimin agora ser obrigado a suportar o peso de um reino inteiro nas costas, sozinho.

Estou profundamente viciado na prisão que é você

Eu não posso mais servir ninguém que não seja você

Mas suas asas são as asas de um demônio

Eu conscientemente bebi do cálice envenenado

De fato, toda a situação era deveras engraçada.

- Gostaria dos meus serviços esta noite, meu príncipe? – Yoongi sugeriu ao pé de seu ouvido com voz grave, sussurrante e transbordando sedução. A proximidade repentina o sobressaltou num primeiro momento, mas Jimin já sabia a resposta antes mesmo de abrir a boca pra responder.

- Sim. – se o príncipe não estivesse tão excitado e igualmente frustrado desde que começara o dia, talvez ele encontrasse forças pra sentir vergonha pela forma quase gemida como a palavra lhe escapara. Na verdade, só o fato dele ter se controlado a tempo pra não soltar mais alguns gemidos e palavras embaraçosas que certamente se arrependeria depois já podia ser contado como uma pequena vitória. Jimin queria fazer mais do que apenas aceitar a oferta, ele queria chorar, queria implorar pelos serviços excepcionais de seu mordomo. Só de pensar em todas as coisas que Yoongi poderia fazer consigo... a mera ideia trazia-lhe arrepios na espinha. Porém, ao invés de se humilhar, o príncipe preferiu se recompor e formular uma frase não tão comprometedora. – E-eu... eu acho que estou muito estressado hoje. Seria bom ter algo para... p-pra esvaziar a mente.

- Seu desejo é uma ordem, Vossa Alteza. Será um prazer servi-lo. – disse Yoongi com um sorriso predador, seu hálito fazendo cócegas no ouvido do príncipe e deixando os pelos de sua nuca em pé. Seria tão fácil eliminar a curta distância que seus lábios tinham da orelha delicada e mordiscar a cartilagem, se ao menos ele assim desejasse. Mas se tinha algo que excitava Yoongi tremendamente era provocar seu príncipe, deixando-o necessitado e carente de atenção ao ponto de chorar. – Mas antes o senhor precisa de um jantar e um banho, sim?

Por muito pouco Jimin não choramingou de maneira frustrada, irritado com seu mordomo por saber exatamente as intenções do outro. Mas ele acabou concordando, pois sabia que Yoongi sempre conseguia fazer as coisas à sua maneira de qualquer forma. Após escrever uma curta resposta para as últimas cartas que lera e dar seus compromissos principescos por encerrados – finalmente – Jimin deixou-se ser escoltado para um cômodo adjacente, onde o jantar seria servido em breve.

A sala de jantar talvez fosse o segundo cômodo mais importante do castelo inteiro, salvo apenas pela sala do trono obviamente – porém essa última raramente era usada, ainda mais depois que o rei ficou enfermo. Era lá que seu pai costumava dividir seu pão e vinho com convidados mais importantes, como os nobres da mais alta escala social, impressionando-os com um verdadeiro banquete real antes de tratar de negócios. Jimin precisava admitir: ele não gostava muito de utilizar a sala. Talvez pela decoração extravagante ou pelo fato da mesa ser tão grande, capaz de acomodar cerca de vinte pessoas com folga, que parecia estúpido sentar-se sozinho. Apesar de tudo, o príncipe gostava de coisas simples: ele gostava de fazer suas refeições nas pequenas mesas redondas feitas exclusivamente pra ele, seja em seu quarto ou na sala de estudos. Dessa maneira, o simples ato de comer não parecia um evento pomposo que deveria ser ostentado para que todos pudessem ver.

Contudo, por insistência de seu mordomo, o príncipe concordara em ao menos aproveitar cada jantar na sala que fora projetada exatamente pra isso. Apesar do seu corpo imortal não precisar dos nutrientes do alimento humano, Yoongi ainda prezava imensamente questões como costume e tradição. Ele entendia a importância de ter uma refeição compartilhada com a família, e qual seria a mais adequada senão o jantar? Essa também era a única refeição onde o mordomo realmente sentava-se para comer com seu amo sem que o outro precisasse pedir, visto que o príncipe não tinha mais ninguém além de si para fazê-lo – sem irmãos, seu pai estava muito doente para sequer levantar da cama e sua mãe há muito falecida. O jantar era o único momento onde mordomo e príncipe sentavam-se à mesa como iguais, seja engajados numa conversa casual sobre assuntos diversos ou apenas apreciando o banquete que outros criados lhes serviam em silêncio.

Hoje era uma daquelas noites silenciosas, talvez até demais; não de um modo ruim, pois o silêncio que compartilhavam raramente era desconfortável. Mas Jimin podia sentir a intensidade do olhar do outro sobre si, olhos escuros encarando fixamente como se pudesse ver sua alma, e isso tornava a tarefa de se concentrar exclusivamente no prato à sua frente extremamente difícil. Jimin sabia que o mordomo fazia de propósito, ciente do efeito que apenas seu olhar tinha sobre o príncipe, e o outro não tinha o menor pudor em usar esse conhecimento a seu favor. Jimin também sabia que os olhares acalorados sobre a mesa de jantar era apenas o começo do serviço que Yoongi oferecera momentos atrás, uma espécie de preparação para o que viria a seguir. Afinal o mordomo amava provocar seu príncipe, e o fato de que poderia fazer isso apenas com os olhos tornava tudo mais interessante.

- Há algo de errado, meu senhor? Por acaso está sem apetite? – indagou ao ver que Jimin mal tocara na comida. O tom de Yoongi tentava passar preocupação, mas havia um pequeno sorriso sabido em seus lábios e um brilho de travessura nos olhos negros. Ao perceber que estava sendo mais uma vez provocado, o príncipe o respondeu com um único olhar, afiado como navalha. A mensagem que transmitia era clara: diga mais uma palavra e dê adeus à sua língua. – Quem sabe o senhor não prefira banhar-se e se retirar para seus aposentos mais cedo?

Agora sim o mordomo disse exatamente o que Jimin queria ouvir. Um bom banho quente parecia uma ideia esplêndida nesse momento, mais ainda porque o príncipe teria Yoongi lá consigo para lavar sua pele sensível e massagear seus músculos doloridos. Pela primeira vez naquele dia Yoongi não insistiu para que Jimin terminasse a refeição antes de deixar a mesa e largar os restos de um delicioso jantar para algum criado limpar, rindo baixo para si mesmo enquanto seguia seu amo até o segundo andar do castelo, este que caminhava apressado em direção ao cômodo adjacente ao seu quarto, mais especificamente onde ficava seu suntuoso banheiro.

Como era de se esperar, no centro do cômodo os dois encontraram uma larga banheira de porcelana branca e torneiras de ouro, cheia até a borda com água perfumada e fumegante. Preparar o banho do príncipe era a única tarefa que Yoongi não precisava fazer, pois a essa altura os demais criados do castelo estavam acostumados com os hábitos de seu soberano, cientes da preferência que Jimin tinha por um longo e relaxante banho quente após o jantar, assim poupando-lhe tempo e esforço. Na verdade parecia que o banho acabara de ficar pronto, se a leve fumaça branca que emergia da superfície da água em correntes constantes poderia servir de indicação; o que era perfeito, visto que Jimin estranhamente adorava a sensação da água quente queimando sua pele – ele dizia que o relaxava como poucas coisas podiam.

Arregaçando as mangas da camisa até a altura dos cotovelos para evitar de molhá-las com a água do banho, Yoongi mergulhou a ponta dos dedos de uma das mãos para testar a temperatura da mesma e voltou-se para Jimin assim que a considerara quente o bastante para seu príncipe. O mordomo encontrou-o de costas para si, com as palmas apoiadas sobre o mármore da extensa bancada que apoiava a pia e com olhos fixos na sua figura pelo reflexo do majestoso espelho pendurado na parede. Yoongi diminuiu a distância entre eles em poucos passos, forçando-se a conter um sorriso presunçoso pela intensidade que encontrara nos olhos claros de seu amo. Naquele momento, mais nenhuma palavra precisava ser dita: Yoongi prometera um serviço a seu príncipe, e estava mais do que pronto para entregá-lo.

Jimin estava imerso demais em seus próprios pensamentos, hipnotizado pelos olhares que trocava com o mordomo por meio do espelho para perceber o momento exato em que Yoongi começara a despi-lo. A primeira peça a ser retirada foi sua jaqueta, atirada ao chão como se não passasse de um trapo velho, afinal o mordomo nunca cuidou muito bem das suas roupas – Jimin já perdeu as contas de quantas peças foram perdidas por causa de Yoongi e sua impaciência para tirá-las do corpo do príncipe. Entretanto seus dedos eram ágeis e leves ao desfazer os laços da cinta que usava na cintura, mais ainda quando moveu-os para desabotoar a camisa fina com movimentos deliberadamente calmos. Jimin podia ver seus olhos famintos atrás de si no espelho, orbes negras brilhando de desejo conforme o peito do príncipe era aos poucos revelado – na expansão de pele dourada e macia, havia uma trilha de marcas roxas que o mordomo plantara com seus beijos na noite anterior.

Yoongi conseguiu desfazer todos os botões da camisa sem dificuldades, mas resolveu deixar a peça sobre os ombros do príncipe enquanto o virava de frente pra si com mãos firmes em sua cintura fina. A resposta imediata de Jimin foi envolver os braços ao redor do pescoço de seu mordomo, um ato tão natural que já era quase involuntário. O garoto não podia deixar de notar que Yoongi tinha os olhos fixos em seus lábios – tão macios e oh, tão convidativos –conforme uma língua rosa escapava brevemente pra umedecer os seus próprios; as mãos que tinha na cintura de repente aumentaram a intensidade com a qual seguravam-na. Jimin sentia o rosto queimar sob toda aquela atenção enquanto sustentava o olhar acalorado de Yoongi, mas o calor rapidamente se espalhou pro restante do seu corpo quando este moveu as mãos, deslizando-as até suas nádegas e apertando a carne firme com gosto.

O gesto lhe rendeu um delicioso ruído em troca, um gemido baixo e suave que escapara dos lábios do príncipe quando este engasgou com a própria surpresa, um ruído que Yoongi gostaria muito de ter abafado com um beijo. Entretanto, o mordomo não seria ele mesmo se não o provocasse ao ponto de quebrá-lo, buscando mil maneiras de transformá-lo numa criatura carente e necessitada que implorava por misericórdia enquanto derramava lágrimas de desejo e puro êxtase. Essa era a imagem que Yoongi mais gostava de ver em seu príncipe, afinal ele ficava simplesmente divino com bochechas coradas e olhos cheios d’água.

Desviando a atenção da boca carnuda de Jimin antes que pudesse ceder ao ímpeto de beijá-lo e estragar a diversão, Yoongi se pôs a desafivelar o cinto do outro com movimentos lentos e provocantes, divertindo-se com a expressão impaciente que o príncipe tinha no rosto: cenho franzido e lábio inferior preso entre os dentes, provavelmente para impedi-lo de soltar alguma ordem ou até mesmo um choramingo indignado. A calça foi o próximo item a se livrar, seguida de perto pela roupa de baixo – ambas as peças agora jaziam numa poça de tecido aos pés do príncipe; Yoongi não demorou para se agachar diante de seu soberano a fim de remover seus sapatos, e com eles as peças que ainda estavam presas por seus calcanhares. Todos os pelos do braço e nuca de Jimin se eriçaram quando o garoto sentiu as palmas geladas de Yoongi em seu abdômen quando este ficou novamente de pé, dando-lhe uma estranha sensação de formigamento no baixo vente com o contato repentino; o mordomo não mostrou nenhum sinal de hesitação ao deslizá-las lentamente por toda a extensão de pele até encontrar seu peito e agarrar seus ombros, fazendo o caminho inverso agora por seus braços e tirando a camisa que vestia no processo, deixando-o nu como viera ao mundo.

Sendo alguém que estava acostumado a encontrar-se em situações semelhantes a essa numa frequência diária por anos, Jimin não se sentia incomodado pela própria nudez; entretanto havia algo na forma como Yoongi ainda estava completamente vestido e calmo enquanto ele mesmo se via frágil e vulnerável que o excitava tremendamente. A aura que Yoongi impunha era tão imponente que chegava a ser quase intimidadora. Em momentos como esse Jimin tinha vontade de ajoelhar-se diante dele e jurá-lo servidão eterna, como se os papéis fossem trocados de repente.

Permitindo-se mais alguns segundos em silêncio para venerar o corpo escultural de seu amo, Yoongi pegou em sua mão e o guiou gentilmente para o banho que o aguardava no centro do cômodo, mal podendo esperar pelo momento em que o teria completamente à sua mercê. Mantendo sua pequena mão segura na palma maior do mordomo, Jimin usou o suporte que oferecia para equilibrar-se ao passar uma perna pela lateral da banheira, suspirando contente quando sua pele entrou em contato com a água. Uma vez que se encontrava sentado no fundo da mesma com o corpo submerso até o pescoço numa água deliciosamente escaldante, o príncipe fechou os olhos e deixou-se ser mimado pelo mordomo, que o banhava com a mesma delicadeza e atenção de todas as noites.

- Gosta disso, meu senhor? – Yoongi perguntou ao ouvir os pequenos grunhidos e gemidos que Jimin emitia enquanto massageava seus ombros e pescoço, observando a postura do príncipe ficar completamente relaxada em suas mãos. Antes disso seus dedos habilidosos haviam massageado sua cabeça e couro cabeludo, lavando os cabelos do príncipe com o xampu favorito do garoto, aquele que tinha um cheiro adocicado de coco e baunilha. Como sempre o mordomo tomara o maior cuidado para que a espuma não irritasse os olhos de Jimin ao enxaguá-la com o auxílio de uma jarra dourada, deixando que a água caísse sobre a cabeça do príncipe numa corrente suave e constante.

- Você sabe que sim. Não há nada melhor do que ser paparicado no banho por seu mordomo favorito. – respondeu sem traços de hesitação na voz, apoiando a parte de trás da cabeça na porcelana da banheira e inclinando o rosto a fim de dirigir um sorriso preguiçoso e contente para Yoongi, este que encontrava-se ajoelhado no chão atrás de si. Suas mãos agora alisavam-no o peito suavemente, lavando a pele com a ajuda de uma esponja macia e encharcada pela água do banho.

- Oh, é mesmo? Sendo assim, acho que preciso me empenhar ainda mais pra deixar meu amo satisfeito. – o mordomo disse num tom sugestivo enquanto lhe retribuía o sorriso, voz grave e hálito quente fazendo cócegas no ouvido do príncipe e enviando-lhe arrepios pela espinha conforme suas mãos mergulhavam mais profundamente na água, deslizando em direção à sua virilha. A água da banheira estava turva e leitosa devido aos sais usados no banho e à espuma do xampu, mas ainda clara o bastante para que Yoongi visse a excitação de Jimin, evidente na forma como sua ereção recém-formada respondia aos seus toques cada vez mais próximos.

Jimin engasgou-se ao emitir um gemido surpreso quando sentiu a esponja que Yoongi tinha em mãos entrar em contato com seu pênis, deslizando pela extensão do mesmo de forma suave e deliberada. Em pouco tempo o mordomo resolveu abdicar do acessório, tirando sua mão de dentro da água brevemente pra jogar a esponja de qualquer jeito no chão ao seu lado e criando uma verdadeira bagunça. Porém, ao mergulhar a mão novamente, ele não foi direto ao ponto como Jimin queria; primeiro o mordomo deslizou dedos leves por sua clavícula e peito, estimulando seus mamilos rijos entre a ponta do indicador e dedão e arrancando-lhe um pesado suspiro em resposta. Depois Yoongi deixou que seus dedos passeassem pela extensão plana do seu abdômen, acariciando a cintura e quadril até encontrar as coxas musculosas de seu príncipe: foi nesse momento que sua mão livre juntou-se à primeira, ambas as palmas pálidas contrastando lindamente com a pele dourada do outro ao lhe massagear as coxas, de modo que o mordomo quase o abraçava por trás enquanto mordiscava sua orelha e distribuía beijos leves por seu pescoço e ombro. Quando Jimin começou a demonstrar impaciência, contorcendo-se em seus braços conforme ruídos baixos e choramingados escapavam de seus lábios com maior frequência, Yoongi resolveu finalmente tomar pena de seu príncipe e envolver uma das palmas ao redor do falo que ansiava por atenção, bombeando-o num ritmo que certamente o deixaria louco se não apressasse o passo e o estimulasse como queria.

Os gemidos arrastados e chorosos de Jimin ecoavam desimpedidos pelas paredes do banheiro enquanto Yoongi continuava a masturbá-lo com movimentos lentos que não chegavam perto de ser o suficiente, dando-lhe um magnífico estímulo auditivo além do belo visual que tinha diante de si, com seu amo completamente reclinado contra a porcelana da banheira, cabelos molhados encharcando o nobre tecido da sua camisa na altura do ombro, mãos pequeninas agarrando a borda da mesma como se sua vida dependesse daquilo e pernas abertas num ângulo que beirava o obsceno, a fim de lhe dar mais acesso ao seu membro. A imagem que Jimin lhe proporcionava era tão deleitosa que Yoongi não conseguiu se policiar a tempo antes de bombeá-lo com mais rapidez, mesmo que apenas por alguns segundos; meros segundos era tudo que Jimin precisava pra entregar-se por completo à luxúria, ignorando coisas como pudor ao se contorcer mais uma vez nos braços do mordomo, virando o corpo de modo que pudesse encará-lo com olhos cheios de súplica.

- Por que—ah—por que não se junta a mim? Faz tanto tempo que não nos banhamos juntos. – sugeriu com voz manhosa, umedecendo os lábios com a língua enquanto se concentrava na tarefa árdua de desabotoar a camisa do mordomo com dedos trêmulos, tentando não se deixar distrair pelo modo como ele apertava sua glande deliciosamente antes de descer por seu falo mais uma vez numa lenta tortura. Talvez o príncipe tenha conseguido desfazer um total de três botões, revelando um pedaço de pele clara e encharcando completamente a frente da camisa azul real do mordomo no processo com seus dedos molhados antes que Yoongi o impedisse de desfazer o resto, segurando seu pulso com a mão livre num aperto firme enquanto a mão ocupada de repente se tornara imóvel.

- Quem sabe na próxima vez. – assegurou-lhe, sorrindo apologético quando viu a expressão decepcionada no rosto do outro. – Me perdoe meu príncipe, mas temo que seu banho chegou ao fim. A água já está quase fria, e acho que agora seria uma boa hora para retirar-se para a cama, não concorda? – o sorriso no rosto do mordomo tomou uma forma completamente diferente ao dizer tais palavras, transformando-o a tal ponto que ele parecia quase perigoso com a forma predadora que sorria. Jimin sequer podia queixar-se, não com a promessa que aquelas orbes negras lhe faziam. Yoongi sempre parecia saber o que seu príncipe mais ansiava, e Jimin não tinha dúvidas de que passaria a noite inteira lhe dando exatamente isso.

No tempo que Jimin levou para murmurar algo ininteligível em concordância, levantar-se com pernas bambas e sair da banheira com água pingando do corpo e formando poças no chão aos seus pés, Yoongi já o esperava com um roupão feito da mais fina seda e bordado com filetes de ouro em mãos, erguendo-o na frente do peito para que seu príncipe pudesse vesti-lo. Jimin diminuiu a distância até seu mordomo e virou-se de costas, passando os braços pelos buracos correspondentes no tecido e deixando que ele o virasse de frente novamente a fim de amarrar a fita que a peça tinha na altura da cintura. Depois de atar o laço cuidadosamente de modo a manter o roupão bem seguro ao redor do corpo do príncipe, Yoongi levou as mãos para seu rosto e segurou suas bochechas de forma afetuosa, beijando-lhe os lábios com uma ternura que não lhe era comum. Jimin era sempre pego de surpresa quando seu mordomo agia assim, não importava o quão bem o conhecesse; mesmo com todos os anos em que o mordomo estivera ao seu lado ele nunca parara de o impressionar.

Jimin tentou segurar suas mãos no lugar na esperança de prolongar o beijo por mais alguns segundos, porém Yoongi era um ser cruel que gostava de brincar com suas vítimas, dando-lhes uma sensação de falsa segurança antes de atacar. Interrompendo o beijo depois de muito custo e afastando-se com um sorriso muito mal contido no rosto, Yoongi manteve um braço apoiado nas costas do príncipe ao se abaixar para encaixar o outro atrás dos seus joelhos, deixando o mesmo confuso por um instante até sentir os pés deixando o frio chão de mármore e perceber que estava sendo carregado em direção ao cômodo ao lado pelo mordomo que agora atravessava uma segunda porta que conectava o banheiro ao quarto. 

Yoongi o carregava no colo sem dificuldade alguma, como se Jimin não pesasse nada, o que fazia sentido se o príncipe parasse pra pensar no assunto – ele era um demônio com poderes sobrenaturais, afinal de contas. O mordomo atravessou o quarto com passos calmos até a larga cama de dossel no centro do mesmo, depositando seu amo sobre o colchão com gentileza antes de buscar uma toalha pra secá-lo. Essa era mais uma das tarefas que Yoongi estava habituado a realizar, e como todas as noites ele a cumpria com maestria. Porém Jimin ainda estava evidentemente excitado depois de todas as provocações que sofrera no banho, e sua paciência já se encontrava no fim.

- Yoongi... – o príncipe chamou seu nome com um gemido manhoso, apresentando uma expressão digna de pena no rosto belo, com olhos pedintes e lábios projetados num leve bico. – Eu não vou conseguir me segurar por muito tempo. Por favor, Yoongi. Apenas me toque logo.

- Não se preocupe, meu príncipe. Eu prometo cuidar muito bem do senhor. – Yoongi o assegurou cheio de sugestão na voz, certificando-se de que havia secado bem seus cabelos prateados com a toalha antes de lhe secar o resto do corpo, sorrindo com a visão adorável que o agraciava: o príncipe encontrava-se completamente nu com o roupão esquecido no chão ao pé da cama, um bico irritado nos lábios, bochechas coradas e cabelos bagunçados que lhe davam uma aura infantil e quase inocente, se não fosse pela visível ereção entre as pernas. Yoongi não tinha forças pra resisti-lo quando fazia expressões tão fofas, e o mordomo desconfiava que seu amo sabia disso e tirava proveito do conhecimento. Se fosse esse o caso, muito em breve Jimin iria se arrepender por ter brincado com fogo dessa maneira; Yoongi pretendia fazê-lo chorar esta noite. – Agora, suba na cama. De joelhos.

A mudança no tom de voz do mordomo nunca falhava em arrancar uma reação positiva e quase desesperada do príncipe, ainda mais quando o garoto ansiava por ouvir aquelas palavras o dia inteiro. O tom de comando era sutil, mas estava lá, fazendo Jimin arrepiar-se por inteiro; de repente era como se lava corresse em suas veias ao invés de sangue. Yoongi não precisou dizer duas vezes para que Jimin entendesse o recado, colocando-se de joelhos no largo colchão completamente despido, já que o mordomo não se dera ao trabalho de vesti-lo antes de mover-se até a penteadeira com uma postura relaxada – não que a tarefa fosse necessária, visto que nenhum dos dois tinha utilidade para roupas no momento.

Jimin observou-o vasculhar as gavetas da penteadeira com impaciência, mas o sentimento logo foi substituído por entusiasmo quando viu o que tirava de lá: em suas mãos estavam quatro fitas de tecido na cor negra – três mais longas e grossas, uma mais curta e fina – e um pequeno frasco de vidro que continha um líquido viscoso e cristalino. O príncipe já estava habituado com tais itens, por isso não lhe restava a menor dúvida sobre as intenções do mordomo ao se reaproximar da cama com passos confiantes e olhos predadores.

Ele também não podia evitar de ficar impressionado com a força da própria ansiedade enquanto Yoongi se colocava calmamente atrás de si na cama, sentindo um nó se formar em seu estômago e um calor indescritível no baixo ventre. Jimin sequer tentou resistir quando a palma fria do mordomo fechou-se ao redor do seu pulso direito, atando ali a ponta de uma das fitas maiores antes de se voltar para o outro pulso, repetindo o processo. Yoongi certificou-se de que ambos os nós estavam firmes o bastante antes de mover-se para prender a ponta oposta de cada fita nas hastes de madeira que conectavam o dossel da cama à cabeceira da mesma, de modo que os braços do príncipe ficavam esticados atrás de si numa posição ligeiramente desconfortável e seus movimentos restringidos pela rigidez do tecido.

O príncipe jamais admitiria caso perguntassem, mas seu mordomo sabia o quanto gostava de ser amarrado à cama nos seus momentos de prazer. Houve uma época onde Jimin, inocente e inexperiente como era, temia revelar seus mais profundos desejos e ser visto como um depravado. Talvez ele assim o fosse, aos olhos das demais pessoas. Porém Yoongi não era uma delas, não era apenas um mordomo qualquer: ele era um anjo caído, um demônio, um ser criado a partir do pecado. Que serventia tinha ele como um ser demoníaco se não pudesse sequer satisfazer os desejos mais carnais de seu soberano?

Além das restrições, Jimin também gostava de perder um dos sentidos durante o sexo: o seu preferido e frequentemente escolhido era o da visão. Havia algo sobre não ser capaz de enxergar o que acontecia ao seu redor, a expressão que o outro tinha ao fodê-lo ou o que faria consigo a seguir, um forte apelo que fazia sua mente girar só por pensar no assunto. Como esperado, seu mordomo estava mais do que ciente sobre sua pequena perversão, por isso a próxima faixa serviria a este propósito em específico. Yoongi notou com um sorriso sabido o modo como a respiração do príncipe entalara na garganta ao sentir o tecido acetinado da fita entrar em contato com a pele do rosto, cobrindo seus olhos delicadamente. O mordomo fazia tudo de forma lenta e deliberada, regozijando-se com a reação do outro ao vendá-lo. Enquanto Jimin tinha muita pressa, Yoongi não tinha nenhuma; afinal a noite era longa e mal começara.

Satisfeito com seu trabalho, Yoongi segurou a ponta da fita que sobrou da amarração que fez na parte de trás da cabeça do príncipe e ergueu-se na cama, ficando de pé sobre o colchão para alcançar as barras que formavam o dossel da mesma, prendendo-a naquela que ficava diretamente sobre a cabeceira de modo a transformar a venda em mais uma amarra. Agora o príncipe não estava preso apenas pelos braços, mas também pela cabeça, como uma linda marionete. Jimin já tinha a respiração ofegante no tempo que levou pra Yoongi acrescentar o toque final: a última e menor das quatro fitas, tão suave ao toque quanto as demais, também possuía um propósito. Ela agora jazia ao redor da garganta do príncipe, presa por um laço na parte de trás do seu pescoço, folgada o suficiente para que o mordomo pudesse enfiar os dedos entre o tecido e a pele de seu amo em algum momento oportuno.

No instante em que Jimin sentiu o colchão deformar-se sob o peso de Yoongi, indicando que o mordomo estava mais uma vez de joelhos atrás de si, ele sabia que finalmente chegara a hora que passara o dia todo ansiando. Para Yoongi aquilo poderia ser apenas mais um serviço prestado a seu amo e senhor, mas para o príncipe seus toques tinham um peso muito maior do que o simples prazer carnal: aquele era o único momento em que Jimin deixava de ser o príncipe e passava a ser apenas ele mesmo, o único momento em que ele podia esquecer da responsabilidade e confiança que milhares de pessoas depositavam em seus ombros, entregar o controle nas mãos de outra pessoa e apenas se afogar no mais puro e genuíno desejo.

Mesmo amarrado e sem enxergar nada além de escuridão a sua frente, aquele era o único momento em que Jimin se sentia realmente vivo.

Me mate suavemente

Cubra meus olhos com suas mãos

Eu não posso sequer rejeitá-lo

Eu não posso sequer fugir

Porque você é muito doce

Mais doce que o doce

Por mais que estivesse habituado à mudança de comportamento do seu mordomo na cama – por mais que ansiasse por isso – Jimin não pôde deixar de ficar sobressaltado quando o outro apoiou uma das palmas no centro das suas costas nuas e o empurrou pra frente sem cuidado algum. O rosto do príncipe só não se chocou contra o colchão porque as amarras o seguravam, mantendo a parte superior do seu corpo suspensa no ar enquanto seu quadril apontava para o alto, expondo sua intimidade para o deleite de Yoongi. A risada baixa e rouca que o outro soltou foi o suficiente para tirar-lhe todo o ar dos pulmões, deixando-o mais excitado do que pensava ser possível.

- Olhe só pra você, Vossa Alteza. Ainda nem começamos, mas o senhor já está perdendo o controle. Quem diria que gostava tanto assim de ajoelhar-se diante de um reles mordomo, não é mesmo? – as palavras de Yoongi eram feitas pra humilhar, proferidas num tom de puro sarcasmo e zombaria, mas o único efeito que surtia sobre o príncipe era ainda mais excitamento. Quando o mordomo correu dedos suaves pela parte de trás da sua coxa, subindo vagarosamente em direção às nádegas, o coração de Jimin já batia desenfreado dentro do peito, tão forte que chegava a ecoar nos ouvidos; sem dúvidas Yoongi era capaz de ouvi-lo também.

A única resposta de Jimin veio na forma de um fraco ruído choroso que deixara escapar quando Yoongi arranhou a pele delicada de suas nádegas com as unhas, mãos grandes segurando os globos e apertando a carne com força. O fato de não poder enxergar um palmo diante do nariz tornava todo e qualquer contato mil vezes mais intenso do que o normal, e Jimin teve que se conter muito para não soltar um gemido precoce ao sentir a virilha do mordomo pressionando contra sua bunda quando este se inclinou para sussurrar algo em seu ouvido; o tecido nobre da calça que usava de nada adiantava para esconder a ereção já formada. – Meu príncipe reage tão lindamente aos meus toques. E seu coração também, está batendo tão rápido... O senhor gosta mesmo disso, não gosta?  – comentou com a voz carregada de lascívia, confirmando as suspeitas do príncipe. Jimin concordou da melhor maneira que podia, visto que não tinha muita liberdade para mover a cabeça nem capacidade pra usar a própria voz no momento. – Diga-me, amo. O que o senhor deseja? Como devo iniciar meus serviços?

- Sua—s-sua língua... – Jimin se sentia patético por estar tão afetado quando o outro mal o tocara, porém não era algo que podia evitar. Seja culpa do seu charme demoníaco ou não, o mordomo sempre soubera como seduzi-lo da melhor maneira. Além do mais, não era como se Yoongi não o tivesse visto de formas piores.

- Oh? O senhor quer minha língua dentro de si, é isso? Quer ser fodido por ela antes de tomar meu pau? – sua voz era como mel para o príncipe, entrando em seus ouvidos e enviando-lhe arrepios pela espinha. Jimin queria gritar, queria dizer que essa era apenas a primeira de muitas coisas que ele desejava, ansiava, precisava. Entretanto o único som que saiu de seus lábios foi mais um choramingo manhoso; para Yoongi, aquilo era resposta o bastante.

Depositando um beijo entre suas escápulas, o mordomo começou um trilha de muitos outros que descia por sua coluna, pousando o último deles bem acima do osso do cóccix. Como Jimin não podia ver nada, ele podia apenas antecipar: o príncipe se mantinha atento a qualquer mudança no ar, qualquer deformação no colchão ou respiração sobre a pele que pudesse alertá-lo para o próximo passo de Yoongi. Mas de alguma maneira ele foi pego de surpresa quando Yoongi usou os dedões para afastar suas nádegas e expô-lo ainda mais, soprando o hálito quente sobre sua entrada logo em seguida.

- Y-Yoongi! Ah—porra! – não importava quantos anos se passassem, ou quantas vezes eles repetissem a mesma rotina todas as noites, Jimin nunca se cansaria do prazer que Yoongi o fazia sentir. Se ele não estivesse amarrado certamente seu rosto estaria afundado no colchão agora, com gemidos obscenos escapando-lhe dos lábios enquanto o mordomo o lambia de forma provocativa, dando-lhe pinceladas curtas e quase felinas na entrada exposta.

Esse foi o momento que Yoongi escolheu pra selar os lábios sobre o orifício de seu amo, usando a língua propriamente para prová-lo enquanto murmurava de forma apreciativa para as reações que recebia do mesmo. As vibrações que emitia na garganta de alguma forma reverberavam na pele do príncipe, arrancando de si ainda mais gemidos lascivos. Isso só o incitou a chupá-lo mais, rodeando a entrada com a ponta da língua antes de penetrá-la por completo. Jimin podia sentir as pernas tremerem enquanto Yoongi fazia exatamente o que disse que faria, fodendo-o com a língua numa clara imitação de seu pênis. O príncipe tinha que admitir: seu mordomo era muito bom com o que fazia com ela. Talvez ele pudesse gozar apenas com a sensação do músculo firme entrando e saindo de dentro de si em movimentos ligeiros, mas Jimin sempre fora um príncipe guloso e mimado desde o nascimento; ele ia precisar de algo mais para satisfazê-lo por completo.

- P-pare—espere um pouco. – o príncipe pediu com voz falha, já desgastada pelos gemidos que emitia sem pudor há momentos atrás. Se o mordomo continuasse nesse ritmo, Jimin iria durar bem menos do que gostaria, com toda certeza.

- Hm? O que deseja, meu príncipe? – Yoongi parou no meio do ato de chupá-lo por tempo suficiente pra descobrir o que queria mas não afastou o rosto de onde estava, seu hálito soprando sobre a entrada úmida enquanto falava, causando-lhe arrepios. De repente Jimin desejava muitas coisas, e era difícil escolher apenas uma delas.

- Eu quero prová-lo. Quero sentir seu gosto na minha língua. – foi o que acabou por decidir. Até mesmo Jimin se impressionara com a sua capacidade de formar uma frase coerente a essa altura, mas ele aceitaria pequenas vitórias como essa de bom grado a qualquer momento. Yoongi apenas sorriu de maneira enigmática, pensando que teria que se esforçar ainda mais pra ver seu soberano completamente arruinado, do jeito que gostava.

Para a sua sorte, fora o próprio príncipe quem lhe ofereceu a oportunidade perfeita pra isso.

- Mas é claro, Vossa Alteza. Seu desejo é uma ordem. – disse, imediatamente se afastando do corpo do outro, saindo da cama e botando-se em pé. Ao rodear o colchão e colocar-se de frente para o príncipe no pé da cama, Yoongi se permitiu alguns segundos para apenas apreciá-lo em silêncio. Jimin parecia uma verdadeira obra de arte, uma escultura feita por mãos celestiais, tamanha sua perfeição. Completamente nu e amarrado à cama em ângulos estranhos, bochechas coradas sob a venda que cobria seus olhos, lábios umedecidos e entreabertos que soltavam uma respiração cada vez mais pesada, peito e pescoço cobertos por uma trilha de hematomas no formato de seus lábios, costas arqueadas e pernas levemente afastadas, evidenciando o falo ereto que pendia pesado entre elas. Era exatamente assim que o mordomo mais gostava de ver seu príncipe, como o achava mais bonito. Carente e vulnerável, todo para si. Enquanto tomava um bom tempo apenas apreciando tal beleza, Yoongi teve uma ideia que o fez sorrir.

Jimin estava quase arrependido por ter pedido para o mordomo parar o que estava fazendo anteriormente, porque ele deveria imaginar que Yoongi se aproveitaria desse momento para provocá-lo mais uma vez. O fato de Jimin não poder ver o que estava acontecendo nem sentir a presença do outro o incomodava tremendamente; tudo que podia fazer era tentar ouvir algo além da sua própria respiração pesada, seus ouvidos logo captando um ruído suave que parecia o farfalhar de tecidos, como roupas sendo despidas. Mesmo assim, o príncipe achava que as mãos de Yoongi não trabalhavam tão rápido quanto poderiam.

- Yoongi, onde está você? O que está fazendo? Por que demora tanto? – o garoto tinha plena ciência de que soava exatamente como o príncipe mimado que era, impaciente e exigente. Não era sua intenção soar tão necessitado, mas a verdade nua e crua era que ele realmente precisava das mãos de Yoongi novamente sobre si, tipo, agora mesmo. Mais do que isso, ele precisava sentir seu membro quente e pesado na boca, seu gosto forte e masculino na língua, impregnando suas papilas gustativas ao ponto de Jimin não saber mais distinguir sabor algum a não ser o de Yoongi.

- Tenha calma, meu príncipe. Estou só me despindo. – respondeu com uma risada baixa, como se achasse graça do seu estado deplorável. Muito provavelmente achava mesmo. Afinal Yoongi amava fazê-lo implorar pelo que mais desejava, amava vê-lo chorar e se humilhar. Não era à toa que era um demônio.

Quando Jimin finalmente sentiu o colchão deformar-se diante de si, sinalizando a aproximação do mordomo, sua boca já salivava por antecipação. Se ele se concentrasse o bastante, poderia até mesmo sentir o cheiro da pele do outro, um perfume másculo e dominante que o fazia curvar-se em submissão sem esforço. Tudo que ele precisava fazer era segurar Jimin pelos cabelos como fazia agora e—

- Abra a boca. – o comando era claro, mas o que realmente o pegara desprevenido foi a sensação de pele quente e rígida em seus lábios quando Yoongi bateu a lateral do pênis em sua boca num golpe que não era forte o bastante pra machucar, mas foi o suficiente pra fazê-lo obedecer de imediato, apenas pelo susto que tomara. Assim que sentiu a glande inchada do outro pressionando seu lábio inferior de maneira provocativa, Jimin deixou que sua língua escapasse para encontrá-la no meio do caminho, dando pequenas lambidas felinas antes de pressionar a ponta da mesma na fenda, sentindo seu gosto.

Guloso como era, Yoongi nem precisou dizer nada para que Jimin envolvesse seus lábios carnudos em torno da glande, sugando-a suavemente enquanto se acostumava com o sabor e a sensação. Havia poucas coisas que Jimin gostava mais do que ter o membro de Yoongi em sua boca. O ângulo em que estava era desconfortável, e os músculos dos seus braços protestavam pelo esforço que faziam contra a tração nas fitas que os amarravam, mas mesmo assim o príncipe deixava-se ser guiado pelos cabelos conforme o mordomo o puxava pra baixo, obrigando-o a engolir cada vez mais de seu falo. Jimin fazia o melhor que podia para receber tudo em sua boca pequena sem o auxílio das mãos, tentando respirar pelo nariz e manter a calma. Porém o príncipe estava fadado a engasgar eventualmente, e quando isso aconteceu um ruído engraçado lhe escapou da garganta ao mesmo tempo em que um filete de saliva escorreu pelo canto dos lábios.

- Shhh, está tudo bem, meu senhor. Respire fundo. Isso, assim mesmo. – Yoongi incentivou-o de forma afetuosa, confortando-o com um breve cafuné na nuca antes de forçá-lo a engolir seu falo novamente. Dessa vez o ruído que Jimin emitira era um de puro deleite, um choramingo necessitado que expressava o quanto gostava de ser usado daquela maneira enquanto engolia a ereção do outro avidamente. – Bom menino. Seus lábios são tão macios, Vossa Alteza. Perfeitos para dar prazer oral. Diga-me o que o senhor quer. Quer que foda sua linda boca?

Sem ter como mover a cabeça, Jimin fez o melhor que podia para lhe responder com a boca cheia como estava, emitindo ruídos chorosos no fundo da garganta e murmurando afirmativas desesperadas. Ele sentia-se patético por demonstrar tamanha fraqueza frente ao mordomo, sentia-se humilhado por precisar tanto do seu pênis batendo num ritmo constante contra sua garganta, sentir a ardência que ficava pra trás após ter a mesma abusada repetidas vezes, ouvir a própria voz falhar e alcançar um timbre rouco que não lhe era natural devido às cordas vocais magoadas. O príncipe odiava tudo isso, odiava o fato de que um simples mordomo o tinha na palma das mãos, mas ao mesmo tempo a vergonha e humilhação só serviam para aumentar o prazer que sentia no processo.

Com dedos presos na franja de fios prateados que caía sobre a testa do príncipe, Yoongi segurou firmemente a cabeça de seu amo onde a queria e deixou seu quadril fazer todo o trabalho, estocando seus lábios com movimentos rítmicos e lentos a princípio, mas que logo se tornavam fortes e furiosos. Tudo que Jimin podia fazer era manter a respiração o mais regulada possível e a língua pressionada na parte inferior do pênis do mordomo, tentando deixar o caminho pra sua garganta desimpedido para evitar de engasgar toda vez que a glande inchada batia contra ela; ele já podia sentir saliva escorrendo pelo canto dos lábios e lágrimas escapando pelo canto dos olhos com o ritmo brutal que Yoongi havia estabelecido. Contudo em nenhum momento o príncipe pensou em parar, mesmo sabendo que o mordomo cessaria tudo caso pedisse, pois era exatamente disso que precisava para tirar sua mente de assuntos do reino que ameaçavam esmagá-lo sob seu peso todos os dias: Yoongi usando seu corpo como bem entendesse e apresentando-lhe prazeres que Jimin jamais imaginou que fosse conhecer igual. O fato de que o mordomo gemia seu nome com voz rouca e o banhava em elogios só contribuíam para o seu delírio.

Por mais que Yoongi gostasse de ver seu príncipe completamente entregue ao prazer, engasgando ao redor do seu membro com lágrimas correndo pelas bochechas sob a venda, ele sabia que não duraria muito caso permanecesse no mesmo ritmo e seria realmente uma pena se a diversão acabasse antes do tempo. Deste modo, depois de dar mais algumas estocadas profundas na garganta do príncipe, Yoongi o soltou de maneira repentina, sobressaltando-o; a súbita lufada de ar que encheu seus pulmões parecia mais uma tortura do que um alívio, dando-lhe uma crise de tosse nervosa que foi impossível controlar. Saliva continuava a escapar-lhe dos lábios em longos filetes que se rompiam e pingavam na forma de gotas enquanto tossia descontroladamente, sem dúvidas encharcando o lençol branco abaixo de si. Todo o seu corpo tremia, não só pela força da crise mas também pela extenuação de seus membros restringidos. Enquanto isso Yoongi lhe acariciava os cabelos e as costas com dedos frios e suaves, esperando a crise passar ao passo que murmurava elogios e palavras de adoração em seus ouvidos.

Oh, como o mordomo adorava vê-lo arruinado.

Levou um tempo para Jimin recuperar o fôlego, mas quando o fez, a respiração pesada e a rouquidão em sua voz eram as únicas provas do abuso que sua garganta sofrera; o príncipe não parecia irritado com o descuido que o mordomo tinha com seu corpo, mas sim ansioso pelo que o outro ainda poderia fazer consigo, entusiasmado até.

- Mais. Yoongi, me dê mais. Quero sentir seu gozo na minha língua. – pediu enquanto ainda lutava para controlar a respiração, pouco se importando com o quão quebrada sua voz soava. Se Jimin era um viciado o sabor de Yoongi era sua droga, e o mordomo ainda não havia lhe dado o que mais ansiava.

- Oh, não. Alguém está sendo um garoto guloso de novo, não está? – Yoongi repreendeu de forma zombeteira, estalando a língua nos dentes da frente para enfatizar a reprimenda. Jimin não podia ver seu rosto, mas tinha certeza que o mordomo apresentava um sorriso diabólico no rosto ao soltar uma breve risada. – Se eu lhe der o que deseja agora, como ficarão as demais necessidades e urgências? Como terei forças para fodê-lo como um príncipe deve ser fodido?

Isso foi o suficiente pra fazer Jimin repensar suas demandas, incapaz de decidir o que desejava mais: sentir o produto do orgasmo de Yoongi em seus lábios ou preenchendo sua entrada ao ponto de lhe escorrer pelas pernas, daquela maneira suja e obscena que tanto gostava. Entretanto, Jimin só precisou de mais dois segundos para tomar sua decisão. – P-por favor, Yoongi... eu quero... – começou, interrompendo a frase abruptamente quando Yoongi começou a provocá-lo ao pressionar a ponta do pênis no canto dos seus lábios, esfregando o membro enrijecido em sua bochecha e sujando a pele com uma mistura de saliva e pré-gozo. Jimin imediatamente virou o rosto para selar os lábios na lateral do falo numa espécie de beijo desengonçado, murmurando algo ininteligível contra o mesmo antes de deslizar a língua por sua extensão. Quando o mordomo pediu para repetir-se em alto e bom tom, Jimin fez o que pôde para transmitir sua irritação mesmo com uma faixa de tecido cobrindo-lhe metade da cara. – Eu disse que quero que me foda.

- Agora sim estamos falando a mesma língua, meu príncipe. O senhor não precisa pedir duas vezes. – o mordomo riu, segurando seu queixo entre os dedos de modo a forçá-lo a olhar pra cima para que pudesse selar seus lábios num beijo curto e casto antes de se mover na cama. Jimin como sempre se mantinha atento à deformação no colchão ao seu redor, tentando rastrear seu mordomo mesmo quando não podia vê-lo; agora Yoongi estava mais uma vez ajoelhado atrás de si, e pela falta de contato em sua pele ele tinha as mãos ocupadas.

Apenas quando sentiu o toque gelado e estranhamente úmido do indicador do mordomo pressionando contra sua entrada foi que Jimin entendeu porque demorara tanto; Yoongi provavelmente tomara seu precioso tempo para lambuzar os dedos com o líquido claro e gelatinoso contido no pequeno frasco que trouxera para a cama juntamente com as fitas, como fazia sempre que queria esgotar a paciência do príncipe. Yoongi tentou provocá-lo ainda mais ao deixar que a ponta do dedo que usava apenas rodeasse seu orifício em círculos lentos e deliberados sem realmente penetrá-lo, mas Jimin não permitiria que fosse desrespeitado dessa maneira tão facilmente; ao empinar mais a bunda e empurrar o quadril pra trás ele conseguiu transmitir o recado com sucesso, e assim finalmente ter o que queria.

Um gemido fraco e arrastado que mais parecia um miado dengoso escapou do príncipe quando o dedo fino de Yoongi ultrapassou o apertado anel de músculos, este que mal dava-lhe tempo para se acostumar com a intrusão antes de começar a penetrá-lo num vai-e-vem vagaroso e constante. Jimin precisava admitir que, embora fosse uma pessoa impaciente por natureza – ainda mais se tratando de sexo – ele apreciava o cuidado que o mordomo tinha ao fazer tudo da maneira que seu amo mais gostava. A sensação de ter dois de seus dedos o penetrando languidamente, o deslizamento facilitado pelo lubrificante que os lambuzava, era tão prazerosa que chegava a ser difícil de descrever. O movimento de tesoura que faziam dentro de si poderia ser o suficiente pra deixá-lo subindo pelas paredes em deleite em qualquer outra ocasião, mas a necessidade do príncipe não o deixava desfrutar o gesto; ao invés, ele preferia que Yoongi se apressasse e apenas o tomasse logo.

- Ande—ah, droga—ande logo com isso. Eu quero senti-lo dentro de mim. – o príncipe pediu em tom de resmungo, uma vez que sua paciência estava chegando ao fim. Por mais que ele apreciasse a boa vontade do mordomo ao se certificar de que não o machucaria ao fodê-lo verdadeiramente, eles não tinham tempo pra isso no momento; além do mais, Jimin sempre gostara de sentir a ardência e a leve dor que o fazia chiar entredentes quando sua entrada não era bem preparada para receber a espessura do membro de Yoongi.

Ele era um completo depravado e isso não era surpresa pra ninguém.

- Impaciente, meu amo? – Yoongi perguntou de forma retórica, completamente ciente da resposta se a risada que deixara escapar podia servir de indicação. – O que faremos se eu acabar te machucando por falta de preparo, hm?

- Apenas cale a boca e me foda logo, Yoongi. Eu não tenho a noite tod—ah! – o tom que Jimin usava era ríspido e irritadiço, mas sua explosão logo fora transformada num gemido obsceno quando a palma do mordomo entrou em contato com a sua nádega esquerda num tapa dolorido. Situações como aquela não eram inéditas, muito menos incomuns; apesar de fazer o papel de servo durante o dia, Yoongi era aquele que tomava as rédeas na cama todas as noites, e se tinha uma coisa que não tolerava era insolência.

- Por acaso se esqueceu quem está nas mãos de quem aqui, Vossa Alteza? Não acho que o senhor esteja em posição de fazer demandas, não todo amarrado dessa maneira. – Yoongi rosnou com a voz baixa e perigosa em seu ouvido, inclinando o corpo sobre o seu como um predador que intimidava sua presa antes de devorá-la; aquele era apenas um aviso, uma cortesia que não se repetiria da próxima vez que Jimin se comportasse mal. Contudo o príncipe quase desejava ter parado de se comportar antes se isso significava ter o que queria mais rápido: ele podia não ter mais os dedos de Yoongi dentro de si, já que o mordomo os removera na sua raiva e pressa para repreendê-lo, mas a proximidade de ambos os corpos fazia com que sua evidente ereção deslizasse contra a fenda entre suas nádegas de uma maneira deliciosa.

Jimin prontamente se pôs a balbuciar pedidos de desculpa inconsistentes, mas seu corpo reagia de uma forma que contradizia completamente suas palavras: o príncipe, sem pudor ou vergonha alguma, começou a rolar os quadris de encontro à virilha do outro num claro convite para penetrá-lo. Yoongi levou ambas as mãos para sua cintura com o intuito de pará-lo, mas ao invés pegou-se repetindo os movimentos com igual intensidade e sentido contrário. Quando o príncipe gemeu seu nome, incentivando-o a continuar, Yoongi aprumou mais uma vez a coluna e moveu as mãos que tinha em sua cintura para a bunda do mesmo, apertando a carne macia e pressionando os globos ao redor de seu membro, este que deslizava facilmente pela lubrificação que havia ali.

- Olhe só pra isso... sua bunda me engole com tanta avidez, e eu sequer estou penetrando-a. Era isso que queria, meu príncipe? Está satisfeito agora? – o mordomo indagou com divertimento estampado na voz, usando a amarra que Jimin tinha na parte de trás da cabeça para puxá-la pra trás, dobrando seu pescoço num ângulo estranho e expondo sua garganta. Yoongi observou com um fascínio doentio o pomo-de-Adão do príncipe subir e descer conforme este engolia em seco e tentava desesperadamente balançar a cabeça em negação, sua voz falhada silenciosamente pedindo por mais. – Mais? Isso ainda não é o suficiente? Tão insaciável... Meu príncipe realmente não se importa de virar uma vadia pelo meu pau, não é?

- P-pare... Pare de me provocar. – Jimin lutava muito para manter o controle das próprias reações, mas ele imediatamente soube que seus esforços foram em vão quando o tom de comando soou mais como uma súplica. Também não era como se pudesse evitar; ele queria, não, precisava de Yoongi dentro de si, e precisava agora. Felizmente o mordomo o achava ainda mais irresistível quando implorava por seus toques. – Por favor, Yoongi... por favor, me foda. Eu realmente preciso que me foda.

- Oh, coitado do pequeno príncipe, tão necessitado dos meus toques. Seria um prazer atender a seus desejos, sob uma condição. – disse Yoongi ao correr dedos suaves por sua pele, inclinando-se para depositar um breve beijo no meio das costas do príncipe antes de esticar-se para sussurrar em seu ouvido. – O senhor promete se comportar?

- Sim—sim, eu prometo, Yoongi, por favor... eu prometo, só por favor me toque. – as palavras já caíam de seus lábios antes que Jimin pudesse reprimi-las, palavras soltas que mal faziam sentido aos seus ouvidos, mas Yoongi parecia extremamente satisfeito em ouvi-las ao emitir um ruído grave na garganta, aproveitando a proximidade de sua orelha pra mordiscar a cartilagem antes de se afastar por completo. Jimin teria reclamado, resmungado algo em indignação pela falta de contato, se não fosse pela cabeça da ereção coberta de lubrificante que sentia pressionar contra sua entrada no segundo seguinte.

Aquele mero segundo fora todo o aviso que Yoongi se permitiu dar ao príncipe antes de penetrá-lo num único movimento fluido, enterrando o membro dentro das paredes anais do outro até que seus pelos pubianos encontrassem pele firme e macia. Jimin não pôde evitar de soltar uma exclamação acalorada, parte pelo prazer e parte pela surpresa; infelizmente a dor que esperava não era tão perceptível, visto que sua entrada ainda se encontrava alargada pelas atividades da noite anterior. Pressentindo a decepção de seu amo, Yoongi não perdeu tempo em iniciar o movimento de vai-e-vem dos quadris, estabelecendo um ritmo forte o suficiente para fazê-lo cerrar os dentes mas longe de ser o bastante para acertá-lo em todos os pontos certos.

Agora que finalmente tinha o que tanto desejava, Jimin deixava seus gemidos escaparem livres e desimpedidos conforme Yoongi o fodia com força suficiente para que o ruído ritmado de pele se chocando contra pele ecoasse pelo quarto, criando assim uma sinfonia erótica e obscena que certamente acordaria o castelo inteiro se as paredes não fossem tão grossas. Súplicas jorravam de seus lábios como água, pedidos que o mordomo prontamente atendia – mais forte, mais rápido, mais, mais, mais. A essa altura Jimin já não tinha mais pudor em implorar pelo que queria, portanto Yoongi não o negava nada. Mesmo depois de anos repetindo aquela mesma dança até aperfeiçoá-la, Jimin jamais deixaria de ficar maravilhado com o quão compatíveis os dois eram no sexo: Yoongi gostava de dominar e Jimin de se submeter, mas tudo que o príncipe pedia o mordomo lhe dava com o maior prazer. Talvez fosse parte de seus poderes demoníacos, saber exatamente o que Jimin gostava e como gostava; porém isso já não importava mais, pois no momento o príncipe não poderia se sentir mais agradecido pelo mordomo que tinha.

O ritmo que Yoongi estabelecera ao fodê-lo era impiedoso e brutal, e Jimin podia sentir os dedos do outro apertando a carne em seus quadris com uma força maior que a necessária, sem dúvida marcando a pele sensível, o que estranhamente o fizera sorrir em meio aos gemidos despudorados que soltava; o príncipe só conseguia imaginar como a adição da nova marca complementaria aquelas que já tinha espalhadas pelo peito e pescoço. Ele mal podia esperar pra ver o conjunto completo depois que Yoongi acabasse consigo.

Entretanto o passo acelerado que lhe enviava deliciosas fagulhas pela espinha a cada estocada somado a seus músculos que já protestavam há algum tempo devido à posição desconfortável era um pouco mais do que o príncipe podia suportar; Jimin sabia que não duraria muito mais tempo se continuasse a ser estimulado dessa forma. – Yoongi—ah—isso já é demais... n-não posso—ngh—não posso aguentar...

- Hm? O que disse, meu amo? Não posso escutá-lo. – Yoongi provocou como o ser diabólico que era, mantendo os movimentos fluidos de sua pélvis sem lhe dar sequer um segundo de descanso para protestar, mas o que fizera a seguir eliminou qualquer pensamento coerente que passara pela mente de Jimin de qualquer forma.

Não era como se fossem estranhos à prática, longe disso, mas Jimin não esperava que Yoongi fosse enforcá-lo naquele momento; entretanto foi exatamente isso que ele fez quando seus dedos entraram em contato com a nuca do príncipe, passando pelo pequeno espaço entre o tecido da fita que adornava seu pescoço e a pele quente e suada do mesmo. Yoongi segurava a fita com o punho fechado, tirando proveito da posição que se encontravam para puxá-la forte o suficiente apenas para interromper o fluxo de ar para seus pulmões de início, mas logo ele a usava também para puxar o corpo do príncipe de encontro ao seu, fazendo com que suas costas se chocassem contra seu peito.

A nova posição permitia mais movimento aos braços de Jimin, e quando ele os moveu para mergulhar os dedos nos fios suados do mordomo atrás de si e agarrar sua nuca, os músculos estremeceram de alívio. Mas não era só isso que a nova posição permitia: o novo ângulo fazia com que Yoongi acertasse aquele pequeno ponto nervurado dentro de si a cada investida para cima, de modo que Jimin se viu rapidamente perdendo a cabeça em deleite, sentindo o mais puro e inalterado prazer consumir seu corpo em ondas de calor. Jimin gritaria em júbilo se pudesse, mas sua voz havia se perdido juntamente com seu oxigênio; ao invés disso, tudo que saía de seus lábios eram ruídos engasgados e patéticos, gemidos fracos e entrecortados com o nome de Yoongi enquanto lutava para respirar.

- Gosta disso, não gosta, meu príncipe? Gosta quando te fodo tão forte que perde até a capacidade de respirar, não é? – o mordomo sussurrou sedutoramente em seu ouvido, agindo como se não fosse a posse da fita que tinha num punho de ferro o motivo para a dificuldade respiratória que o príncipe agora enfrentava, grunhindo de prazer quando as paredes anais do outro se contraíram ao redor do seu membro, como se de alguma forma as reações de seu corpo confirmassem tais palavras. – Quem mais pode te foder assim? Quem mais poderia te fazer sentir um prazer igual a esse, hm?

- N-ninguém. Você é o único, Yoong—ah—só você... – Jimin disse sem hesitação, repetindo o mesmo mantra com voz falhada de novo e de novo, aproveitando que o outro havia diminuído o aperto em seu pescoço a fim de deixá-lo responder para engolir grandes lufadas de ar avidamente, regozijando-se com o alivio que isso trazia para a queimação em seus pulmões. Jimin não cansava de repetir o nome de seu mordomo conforme ele o metia de forma ainda mais feroz, agora beirando o animalesco, acertando sua próstata tão impiedosamente que uma nova onda de lágrimas lhe escapava pelos olhos numa corrente contínua.

Yoongi apreciava tremendamente o som de seu nome jorrando da boca perfeita do príncipe como uma oração proferida num momento de extremo prazer, em meio a súplicas e gemidos vocalizados num tom rouco e completamente destruído. Apreciava tanto que parecia não ter controle sobre suas ações ao mover a fita um pouco mais para cima no pescoço do outro e puxar novamente, de modo que o tecido constringia precisamente o ponto onde o enforcaria mais, logo abaixo do maxilar e acima do pomo-de-Adão. Apreciava tanto que não pôde conter o desejo de adicionar outra marca à coleção de hematomas que o príncipe tinha na pele do pescoço que lhe fora revelada, desejo esse que era apenas inflamado pela forma como o outro persistia em chamar seu nome mesmo com a falta de ar, mesmo que sua voz não passasse de um miado patético e engasgado.

Apreciava tanto que Yoongi deixou seu controle ruir e cravou os dentes na jugular de seu príncipe, aplicando tamanha força por trás da mordida que sentiu o gosto férreo de sangue na língua.

- Oh—Yoongi! N-não—ngh—não mais, por favor, não aguento mais, eu vou—ah, porra—eu vou... – Jimin já nem sabia mais o que dizia, balbuciando coisas incoerentes frente a aproximação iminente de seu orgasmo. O doce alívio estava tão próximo que ele podia quase tocá-lo com as mãos... ou ao menos poderia, se Yoongi não tivesse escolhido justo aquele momento para fechar o punho ao redor da base de seu pênis com a mão livre, efetivamente interrompendo o fluxo da ejaculação. Se o príncipe já chorava antes, agora ele estava aos prantos, soluçando devastado ao cravar as unhas na nuca do mordomo enquanto se contorcia desesperadamente em seus braços, ávido pela sensação de êxtase que ameaçava afogá-lo meros segundos atrás.

- Se pensa que vai gozar antes de mim, está muito enganado. Não terminei com o senhor ainda, meu príncipe. – Yoongi rosnou diretamente em seu canal auditivo, sua voz baixa e perigosamente ameaçadora lhe enviando ondas de choque pela espinha e lhe causando um curto-circuito no cérebro. O soluço engasgado que Jimin soltara em resposta foi sua deixa para começar a fodê-lo de forma frenética, abandonando qualquer cuidado que pudesse ter com seu bem-estar e apenas focando-se na euforia que sentia ao enterrar-se repetidas vezes dentro de seu príncipe. Yoongi continuou a estocar mesmo depois de ser atingido pelo orgasmo, com seu gemido alto abafado na pele do príncipe por ter os lábios selados ao redor da ferida que fizera em seu pescoço, o gosto característico de sangue ainda presente na língua enquanto a lambia com a intenção de cicatrizá-la.

Ele ainda o penetrava mesmo quando sua ejaculação vazava pelo orifício anal e escorria pelas pernas de Jimin, causando um ruído molhado que era em igual parte repulsivo e excitante quando seus corpos se encontravam. Yoongi não deixou de mover sua pélvis nem quando a mão que usava para interromper o gozo do príncipe de repente passou a estimulá-lo com uma masturbação rápida que beirava a violenta, enquanto a que ainda apertava a fita em seu pescoço só liberou o fluxo de oxigênio para seus pulmões quando sentiu o líquido quente e viscoso que Jimin liberou em seus dedos com um gemido arrastado e gutural, arqueando as costas lindamente com a força de seu próprio orgasmo.

Meu sangue, suor e lágrimas

Meu corpo, mente e alma

Pegue tudo

Eu sei que é tudo seu

Pouco a pouco Yoongi diminuiu o ritmo de suas estocadas, essas que ficavam cada vez mais desreguladas e espaçadas até cessarem por completo. Jimin sem querer deixou um soluço fraco escapar quando o mordomo retirou o pênis flácido de dentro de si, deixando que ainda mais fluidos lhe escorressem pelas coxas e pingassem no lençol abaixo. Tudo que se podia ouvir no quarto por um momento eram suas respirações, ambas apresentando um grau semelhante de fraqueza e esgotamento; Jimin tinha a garganta e os pulmões em brasa devido ao longo período de tempo que passara sem conseguir respirar propriamente, e o fato de ter passado esse tempo todo sendo fodido sem dó só contribuía para sua aflição.

Contudo, o príncipe não podia negar que aquela fora a melhor foda da sua vida.

- O senhor está bem, Vossa Alteza? – o mordomo indagou com a voz transbordando afeto e contentamento, sem dúvida ainda imerso nas sensações satisfatórias do pós-orgasmo. Jimin apenas murmurou uma afirmativa em resposta, sentindo-se esgotado demais para usar as palavras. O príncipe tinha a cabeça apoiada no ombro do mordomo, sentindo como se seu corpo inteiro fosse feito de chumbo; se não fosse pelos braços fortes do outro ao seu redor e as amarras em seus pulsos, com certeza ele estaria estirado na cama a essa altura.

Como se lesse seus pensamentos, Yoongi moveu uma das mãos – aquela que antes usava para enforcá-lo como se quisesse realmente extinguir sua vida – para a parte de trás da sua cabeça, acariciando seus cabelos com um gostoso cafuné antes de desatar o nó que prendia a venda em seus olhos. Jimin teve que piscá-los algumas vezes para livrar-se do desconforto que a claridade repentina causava, mas não negaria que era um alívio poder enxergar novamente. A primeira coisa que fez com a visão recobrada foi virar o rosto a fim de ver que tipo de expressão seu mordomo tinha estampada na face, encontrando olhos negros e hipnotizantes fixos nos seus e um sorriso contente nos lábios rosados, tão pequeno e imperceptível que o príncipe teria perdido caso não estivesse procurando-o ativamente.

Jimin tinha que admitir que o próximo gesto do mordomo o pegara desprevenido, não pela estranheza do ato em si, mas sim pelo fato de que Yoongi mantinha a mesma expressão afetuosa ao fazê-lo. Ainda com os olhos negros fixos nos seus acinzentados, Yoongi ergueu a mão suja de gozo em direção aos lábios, limpando o líquido viscoso de sua palma com a língua como se aquilo fosse a melhor das iguarias. Jimin o assistia fazê-lo com grande interesse, até que a vontade de provar fosse maior do que a de ver; nesse momento, o príncipe abriu a boca num pedido silencioso para que o mordomo compartilhasse um pouco consigo, chupando avidamente os dedos que lhe eram oferecidos até limpá-los por completo. Satisfeito, Yoongi tirou os dedos da boca de seu amo apenas para substituí-los com a língua logo em seguida, selando ambos os lábios num beijo ardente onde tudo que se podia sentir era o gosto suave e único do príncipe.

Não restava dúvidas de que Jimin adorava o carinho que trocavam após o sexo, amava ser paparicado com beijos e cafunés, afogando-se na atenção e cuidado com que o mordomo o banhava. Não importava o quão brutal ele fosse durante o ato, Yoongi sempre o surpreendia ao demonstrar tamanho zelo por seu bem-estar, tão grande quanto sua impetuosidade, se não superior, meros segundos depois de usar seu corpo como bem entendia. Esse era apenas mais um item na lista de motivos do porquê Yoongi era o único capaz de satisfazer Jimin como o príncipe gostava; ele gostaria muito de poder se permitir mais alguns segundos para regozijar-se com os beijos e mimos, mas uma leve cãibra em seus músculos o impedia, lembrando-o de que ainda estava muito bem amarrado. – Você pretende desfazer as amarras ainda hoje? – perguntou com um porcamente contido tom de provocação na voz, divertimento evidente no olhar que deixava clara sua satisfação ao ter a oportunidade de vingar-se por tudo que o mordomo dissera e o fizera sofrer durante a noite.

- Oh, é verdade. Me perdoe, meu senhor. Eu acabei me distraindo. – pelo menos Yoongi tinha a decência de parecer envergonhado e apologético ao responder, abrindo um sorriso encantador que mostrava suas gengivas rosadas. Jimin sequer tinha forças pra lhe devolver um comentário igualmente zombeteiro, não quando era presenteado com uma das expressões que mais gostava de ver no rosto do mordomo.

Roubando-lhe mais um beijo nos lábios enquanto deslizava os dedos pela extensão dos braços de seu amo até encontrar seus pulsos atrás da própria cabeça, Yoongi se pôs a desatar os nós que os prendia à cama lentamente, postergando o ato o máximo que podia apenas para ver Jimin fuzilá-lo com um olhar afiado e impaciente. Quando finalmente se viu livre das amarras, o príncipe não perdeu tempo em abaixar os braços ao lado do corpo, suspirando contente pelo alívio que o gesto trazia para seus músculos doloridos. Por mais que gostasse de ter os membros restringidos e seus limites testados, Jimin não podia negar que uma noite extenuante como aquela causava um forte impacto em seu corpo meramente humano.

Mais uma vez Jimin deixou que Yoongi tomasse controle da situação, cansado demais para tentar ajudar quando o mordomo fez menção de remover também a fita em seu pescoço, beijando a marca vermelha e sensível que ficara para trás antes de deitá-lo gentilmente. Mais uma vez Yoongi cumpria suas tarefas como era esperado do mordomo e criado pessoal do príncipe, levantando-se da cama com passos um tanto instáveis – até mesmo demônios eram capazes de sentir a extenuação do sexo – a fim de buscar uma toalha úmida no banheiro conectado ao quarto para limpar a bagunça que fizera no corpo de seu amo. Yoongi alisava sua pele com uma reverência sem igual, livrando-se do suor que banhava seu tronco e do gozo que começava a secar em sua entrada; se Jimin não estivesse pronto para fechar os olhos e se entregar aos braços de Morfeu, ele poderia até apreciar a atenção. Os lençóis seriam trocados depois, visto que o príncipe jamais cogitaria a ideia de levantar-se da cama agora que estava saciado e confortável; a única coisa que aceitava fazer – não sem reclamar, logicamente – era se colocar numa posição sentada para que Yoongi pudesse vesti-lo com uma fina camisola de seda, caindo novamente na cama macia assim que o tecido lhe passou pela cabeça.

Uma vez que estava razoavelmente limpo e vestido com as roupas que deixara espalhadas pelo chão do quarto na sua pressa para atender as necessidades do príncipe, Yoongi se preparava para sair dos aposentos de seu amo a fim de deixá-lo descansar quando sentiu sua palma pequena se fechando ao redor do pulso para impedi-lo. Jimin tinha uma expressão adorável no rosto ao pedir com voz miúda para que passasse a noite, olhos sonolentos porém pedintes e um leve bico projetado nos lábios fartos; definitivamente uma expressão que Yoongi não podia resistir, nem se quisesse – ele jamais seria capaz de negar algo a seu príncipe, não quando ele o olhava daquele jeito.

Foi dessa maneira que Jimin finalmente pegou no sono, todo encolhido nos braços do seu mordomo enquanto este lhe acariciava os cabelos e o observava maravilhado. Dormir era um conceito fascinante pra ele, já que por ser um demônio Yoongi não tinha a menor necessidade de descanso. O mordomo perdeu completamente a noção do tempo enquanto admirava as feições belas e delicadas de seu príncipe ao ponto de gravá-las na memória, sobressaltando-se ao perceber que o sol nasceria a qualquer momento. Soltando um suspiro pesaroso e tomando muito cuidado para não acordar seu amo, Yoongi depositou um beijo suave em sua testa antes de desvencilhar-se de seus braços e sair da cama com o intuito de cumprir seu último dever do dia, e talvez o mais importante de todos.

Afinal Jimin selou o contrato com o demônio não foi à toa.

Com passos calmos e silenciosos na calada da noite, quando todo o castelo dormia e ninguém poderia lhe ver, o mordomo seguiu caminho para os aposentos suntuosos do rei, pairando sobre a forma enferma e decrépita do homem, tão frágil e patética em seu permanente estado de sono profundo antes de inclinar-se sobre o mesmo com um sorriso diabólico nos lábios; os mesmos lábios que usava para dar-lhe a dose diária daquilo que o matava aos poucos, os mesmos lábios que tinham o poder de envenená-lo com o beijo do Diabo. Seus olhos brilhavam rubros em júbilo ao ver a vida do rei se esvair lentamente, sentindo uma satisfação doentia ao vê-lo um pouco mais próximo da morte a cada noite que seus lábios entravam em contato. Após realizar sua última tarefa com maestria, Yoongi deixou os aposentos do rei tão silenciosamente quanto entrara, dirigindo-se à ala que compartilhava com os demais criados do castelo onde passaria o restante do tempo que lhe restava em seus aposentos, banhando-se e se preparando para mais um dia corriqueiro ao lado de seu amado príncipe.

Ele mal podia esperar.

 

Na manhã seguinte, o príncipe não podia dizer que ficara surpreso ao acordar com frio e não encontrar Yoongi na cama ao seu lado, mas também não podia deixar de ficar um pouco decepcionado por esse fato. Ele sabia muito bem porque seu mordomo nunca passava a noite consigo, mas uma parte de si ainda tinha esperanças de que algum dia pudesse despertar com a sensação de lábios pressionando suavemente contra os seus e encontrar orbes negras cheias de afeto como sendo a primeira coisa que o saudaria ao abrir os olhos. Infelizmente esse dia não era hoje, entretanto bastou que Jimin erguesse a cabeça e vasculhasse o quarto distraidamente com olhos semicerrados e sonolentos para encontrar Yoongi parado próximo à porta, vestido de maneira impecável e apresentando um sorriso sabido nos lábios enquanto o observava atentamente.

- Bom dia, Vossa Alteza. Dormiu bem? – o tom que usava era cordial como sempre, mas Jimin estava desperto o suficiente para captar a leve tonalidade de provocação que havia por trás das palavras. O príncipe levou um tempo para dizer alguma coisa, contemplando a resposta enquanto emitia um ruído pensativo no fundo da garganta. Ele tossiu de imediato, notando com uma careta como suas cordas vocais ainda estavam sensíveis depois das atividades da noite anterior.

– Hm... não exatamente. – começou com a voz estranhamente rouca, limpando a garganta para prosseguir em seu tom normal. Yoongi precisaria dar um jeito nisso, se não quisesse que o príncipe tivesse uma inflamação. – Senti muito frio. Creio que precisarei dos seus serviços mais uma vez esta noite, para me manter aquecido.

Sua resposta, dita de maneira tão casual e sem vergonha, foi o suficiente para arrancar uma risada repentina e incrédula do mordomo enquanto este se movia pelo quarto a fim de cumprir mais uma vez a rotina que tinham todas as manhãs: abrir as cortinas, escolher o que seu amo usaria naquele dia, despi-lo, vesti-lo. Contudo, pelo visto não era apenas a rotina matinal que se repetiria aquele dia. Mesmo depois de todos os anos que passara ao lado do ser humano mais fascinante que já conheceu, a cada dia descobrindo novas coisas sobre Jimin que o deixava ainda mais maravilhado do que pensava ser possível, se tinha um aspecto que jamais deixaria de impressionar Yoongi era o tamanho do apetite sexual que seu príncipe possuía.

Com um sorriso felino nos lábios e olhos que brilhavam rubros com a promessa de uma noite inesquecível, o mordomo repetiu as palavras que Jimin nunca se cansaria de ouvir. – Perfeitamente, meu príncipe. Seu desejo é uma ordem. 


Notas Finais


Então é isso, meus queridos. Depois me digam o que acharam dessa loucura. Agora me deem licença, que eu preciso ir ali tomar um banho de água benta rapidinho e já volto. HUASUHAUHSAUHUH


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