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História Devil's Playground - Chapter two: Alone


Escrita por: Badwrolf

Notas do Autor


Bom, como prometi (ou afirmei, não sei) trouxe outro capitulo, mais comprido e mais desenvolvido (espero). Espero que gostem <3

Capítulo 2 - Chapter two: Alone


Mas seu sorriso era triste, quase melancólico. Doía ter de alargar os lábios em um sorriso, por mais que não seja de bom grado. O que via em sua frente era um homem alto e bonito, com os cabelos negros por baixo de seu chapéu estiloso.  Ele vestia preto, seu rosto não mudou desde a ultima vez que Vanessa pôs os olhos nele. Sua pele, antes em um tom levemente bronzeado pelo sol adquiriu o tom gelo. A mulher não sabia como estava fisicamente, porém, duvidava estar pior que ele.

Drácula...

Ele a seduziu para que assim ela fosse sua rainha, após fugir de Lúcifer por tanto tempo, perguntou-se como pôde ser tão boba a ponto de cair nas calunias de Alexander Sweet. Vê-lo não trouxe arrependimento algum, apenas uma fúria oculta que sempre esteve presente em seu peito.

“Você me trouxe de volta?” Vanessa optou por perguntar, odiando seu tom de voz: parecia fraca e amedrontada, mas não sentia medo e muito menos fraqueza. Estava mais forte.  Drácula a encarou com um sorriso medonho, fazendo os pelos na nuca de Vanessa se eriçarem. Lembrou-se de quando estendeu seu pescoço a ele e seus punhos se fecharam imediatamente.  O monstro continuava em silencio, as narinas da mulher se alargaram, alegando sua irritação.

“Não, apenas senti sua presença” ele respondeu com indiferença, sacudindo os ombros de leve “Deixe-me lhe dar as boas vindas... Vanessa, meu eterno amor, creio que este é nosso destino” seu tom mudou, demonstrava sensibilidade ao invés de indiferença. Vanessa franziu o cenho.  “Venha” ele lhe estendeu a mão pálida “Permaneceremos juntos para sempre”. 

Vanessa fitou a mão estendida e seu sorriso aumentou, subiu o olhar até o rosto inexpressível do homem, que sabia muito bem que Vanessa não rejeitaria um convite dele. Porém, ela simplesmente levantou-se sozinha, segurando a saia longa do vestido negro que foi escolhido para o velório, fazia força para ultrapassar a terra que a segurava, por fim, mantendo-se de pé em frente ao vampiro.

“Eu não irei com você, nunca mais” sua voz rouca e forte voltou. A expressão de Drácula mudou novamente, demonstrando o quão surpreso estava pela rejeição “Aquela Vanessa Ives está morta, e eu estou apenas renascendo” ela desviou-lhe o olhar, logo voltando a olhar para ele teatralmente “E você não é bem vindo” terminou elevando sua voz, fazendo com que as sobrancelhas de Drácula se arqueassem e sumissem junto com ele.

Sozinha no cemitério escuro e sombrio, Vanessa segurou a saia do vestido armado com ambas as mãos e pôs-se a caminho do lugar em que realmente pertencia: junto a sua família.

 

...............................

 

O céu permanecia belo e claro. As nuvens formavam desenhos abstratos enquanto o vento e tempo as movimentavam sem pressa. As arvores logo abaixo também sentiam a mesma vibração, aproveitando a brisa que lhes era imposta. O clima não se mantinha completamente quente, porém, o frio não habitava mais Londres. Os bancos do parque afastado da cidade eram firmes e mantinham-se lotados de babás e crianças das mais preguiçosas, enquanto outras se finavam a rir e correr pelo gramado. A criatura, nomeada por si mesmo de John Clare, sentava-se no banco mais afastado do parque, a fim de observar a alegria alheia. Alegria que nunca durava em sua vida.

Após as semanas que passou com o seu filho, seu lado paternal cresceu, assim como a saudade que sentia do mesmo e a culpa por não ter lhe dado tudo o que planejou. O menino certamente estava com os dias contados, gostaria de poder voltar no tempo e passar mais tempo com o filho. Mas sabia que esses dias nunca viriam, infelizmente.

Um choro próximo o fez despertar de seus pensamentos, John Clare olhou para a esquerda e não viu nada, mas ao virar-se para a direita, conseguiu ver uma menina encolhida no banco ao lado, apenas um metro de distancia. Ela vestia belas vestes lilases e inúmeros cachinhos louros caiam em seus ombros – isto o fez lembrar alguém que conheceu um ano atrás e um estranho arrepio lhe percorreu a espinha.

 Sentiu certo impulso, que logo abandonou seu corpo. Confortar a menina certamente era um gesto nobre, mas e se assustasse a criança? Ela era gentil e delicada demais para aquele rosto horrendo que sempre ocultou, poderia fazê-la chorar mais. Porém, ao ouvir outro soluço alto da criança, que estava completamente sozinha, não pensou em mais nada, apenas levantou-se do banco em que estava sentado e aproximou-se do banco em que a menina estava encolhida aos prantos. Ela não pareceu notá-lo, então John Clare sentou-se ao seu lado.

“V-você está bem, menina?” ele perguntou timidamente. A mesma franziu o cenho ao ouvir a voz, em duvida por não reconhecer a voz e virou-se para olhá-lo, arregalando os olhos “Certo... Eu não a incomodarei...”

“Fique”ela sussurrou com sua delicada e chorosa voz, ele, que estava prestes a levantar, parou.

“Como é?” a confusão no rosto dele tornou-se visível.

A menina limpou as lagrimas em seu rosto quente e ruborizado com as costas da própria mão, logo se virando para olhá-lo, curiosa. “Fique” repetiu ela, levemente irritadiça “não me incomodo”.

 John Clare soltou um suspiro de alivio, demonstrando surpresa e felicidade. Um pequeno sorriso iluminou seu estranho rosto. A menina esticou-se, deixando as pernas pendentes e balançantes no ar, já que não alcançava o chão. Passou a mão pelos seus cachinhos para recuperar a postura. Olhou para o céu. John Clare observava discretamente a classe da menina, que voltou a olhá-lo.

“Estou ótima, e o senhor?” ela quebrou o silencio.

“Claro, apenas perguntei pois...”

“Eu estava chorando? Sim, se quer mesmo saber, meu pai me deixou aqui para acompanhar outro homem a um jardim cujo não lembro o nome, contudo, ele não voltou.”

John Clare não fazia ideia do que dizer ou no que pensar. Que tipo de pai abandonaria sua filha? Há quanto tempo a menina estaria sozinha ali? Nenhuma babá como as outras crianças ou até mesmo irmãos, a mãe... Algo certamente estava errado, mas sua convivência com os homens não lhe provava o contrário: os homens abandonam, trocam, eliminam, são cruéis com as criaturas mais belas e principalmente com as que não possuem escolhas. Não havia porque, mas gostaria ajudá-la, porém, não possuía um lar e muito menos algo a oferecer.

Mas conhecia alguém que possuía.

 

....................................

 

O sol entrava com dificuldade, pois a cortina pálida impedia que os raios solares chegassem até o rosto de Ethan Chandler, que se mantinha deitado em sua cama na mansão, porém, não pregava o olho há horas. A madrugada não foi gentil com o homem, que parecia ignorar o sono. Isto era estranho, normalmente chegava cansado pela rotina, mas não naquela noite.

Após o falecimento de Vanessa Ives, ele procurou por cada canto de Londres por algum outro jeito, um jeito de reverter o que já foi feito e do que viria a seguir. Sem sucesso algum. Portanto, o único jeito que encontrou de extravasar sua tristeza foi caçar e aniquilar qualquer criatura da noite que encontrava em seu caminho. Sir Malcolm Murray lhe advertiu inúmeras vezes sobre isto, afirmando que este modo era brutal, compreensivo, porém nada saudável para uma mente humana.

Mas eu não sou completamente humano... Gostaria de rebater, mas engolia as palavras por não saber como elas soariam.  

Uma batida forte foi ouvida na porta principal da mansão, fazendo Ethan Chandler franzir o cenho. Ninguém visitava a mansão sem avisar, os seus conhecidos lhe mandavam uma carta ou não apareciam tão cedo, seja quem fosse, só poderia ser urgente.

Levantou-se rapidamente, apesar de cansado, não queria que Sir Malcolm se incomodasse – este estava velho demais para levantar-se cedo apenas para atender um visitante. Como não haviam contratado um mordomo e companheiro tão fiel como Sembene, eles se encarregavam com a organização e recepção da mansão – tal coisa que Ethan nunca pensou ser tão difícil. Vestiu-se e passou por toda a mansão a passos largos, não estava com raiva, mas sua falta de sono o deixou um tanto perturbado e confuso.

Ao chegar a porta, conteve-se. O escorpião ainda estava ali. Desenhado pelo sangue de sua amada, sentia falta dela, de seu perfume e de sua presença. Faria tudo para vê-la uma ultima vez, mas não apenas em seus sonhos obscuros como sempre ocorria. Os mesmos sonhos que sempre se tornavam pesadelos assim que Vanessa era morta em seus braços... As batidas na porta o despertou de seus pensamentos, fazendo o homem sentir-se um tanto envergonhado e desconfortável. Seu rosto esquentou, ganhando certa cor.  E abriu a porta com um simples puxão. E congelou.

A cor de seu rosto se esvaiu, mas não tinha certeza se era algo bom ou ruim. A surpresa o deixou ainda mais confuso. Sua mente parou, diferente de seu coração, que batia cada vez mais rápido. Vê-la daquele jeito o fez prender a respiração. Estava definitivamente acabada, porém ainda possuía a mesma beleza que sempre ostentou.

“Ethan” ele ouviu a voz dela, rouca e forte, e suspirou pesadamente. Controlou todos os seus músculos para que eles permanecessem onde estavam, não sabia se o que estava em sua frente era um anjo ou um demônio.

“Vanessa...” ele sussurrou, por fim.

 



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