História Devil's Saints - Sinner - Prologue

     Chapter one - Prologue  

                   Sinner

"Todos os santos têm um passado e todos os pecadores têm um futuro."

Meredith's POV

A sensação do vento bagunçando meus cabelos, o ardor do álcool descendo por minha garganta e os múltiplos corpos suados se movendo ao som de uma música lenta e sensual.

Meu corpo, movido pela música e pelo álcool, se movimentava sensualmente, atraindo todos os olhares para mim. Já estava acostumada com a atenção, com os olhares de desejo, admiração, inveja e até de ódio, que me eram sempre dirigidos.

Cansada de ser abafada pela multidão, subi em uma mesa, erguendo meu copo, contendo uma bebida desconhecida até por mim, e elevei minha voz:

- Último dia de verão, bitches! - Vociferei, recebendo urros de alegria e entusiasmo, assim como palmas, como resposta.

É verdade, este verão estava mesmo acabando, e com ele, a diversão, as viagens, as transas sem compromisso, tudo isso, acabaria hoje. E eu quero ter certeza que aproveitei meu verão até o último segundo.

Desci da mesa e me dirigi até Rosalya, minha melhor amiga. Seus cabelos platinados soltos e seus olhos âmbar me encarando com divertimento. 

- Gostei desse seu showzinho, hein. - Disse ela, gargalhando.

- Vai se foder. - Disse eu, em meio de gargalhadas.

              Ela suspirou.

- Nem posso acreditar que isto tudo acabou, disse ela, olhando para o céu.

O sol estava se  pondo, dando ao céu um tom rosa alaranjado maravilhoso.

Não era só o verão que estava acabando, era também o fim de minha adolescência. Esse seria meu último ano no colégio, depois disso, seguir uma faculdade tediosa, para arranjar um emprego tedioso, nessa merda de vila.

- É, nem eu. - Disse eu.

Eu sempre quis mais do que acabar como toda a mulher aqui em Clovelly, dona de casa, com quatro filhos, gorda e com o dever de realizar todos os caprichos do marido.

Eu quero ser livre, quero me libertar das amarras que esta vila pôs em mim, e nem meu pai, nem ninguém, me vai impedir disso.

Para meus pais, para a igreja e para todo mundo, eu sou uma santa, "A filha do prefeito, um anjinho!". Na escola? Todo mundo sabe das festas secretas que eu e o resto da galera popular organizavamos. 

A verdade, é que nossas festas eram cheias de tentações: bebidas, drogas, álcool, músicas que não deveriamos ouvir, e sobretudo, muita diversão. E onde há tentação... Há pecado.

Pelas leis de Clovelly, até simples coisas como dançar, eram erradas, proibidas, não só por eles, mas também pela bíblia.

Mas não é isso que torna as coisas interessantes? A proibição? Tal como o fruto proibido, eu sempre quis provar a liberdade.

Nossas festas eram exclusivas, e mesmo com todas as crenças e preconceitos, eu sei que todo o mundo mataria para estar em uma delas.

As festas eram, geralmente, nos limites da vila, onde ninguém nos encontraria.

Bufei ao ver a placa que dizia: "Bem vindo a Clovelly"! 

Irritada, me dirigi até à placa, enquanto Rosa me lançava um olhar confuso. Peguei em minha pequena bolsinha e tirei de lá meu baton vermelho, escrevendo em letras vermelhas, grandes e gordas "Inferno" por cima da palavra "Clovelly", e onde outrora estava escrito "Bem vindo a", tratei de escrever, com um sorriso no rosto, "Vamos todos morrer."

Satisfeita, me afastei, para observar melhor minha obra de arte.

- Você é louca, Meredith. - Disse Rosalya, sorrindo.

Retribui o sorriso, só não imaginava que ele me fosse retirado dentro de instantes.

POV Narradora

O dia estava extremamente quente. Talvez fosse o calor do inferno se aproximando. A alguns metros de distância, dentro de um veículo de luxo, estava Bradley, irmão de Meredith, conduzindo a alta velocidade, embriagado.

Meredith não conseguiu ver quem estava dentro do outro veículo, ela apenas se lembrava dos cabelos escarlete voando com o vento, que pertenciam ao condutor.

Aconteceu tudo muito rápido, quando Meredith se apercebeu, o veículo de seu irmão choca com a mesma placa que Meredith tratou de vandalizar com seu baton.

          O inferno chegou.

Uma lágrima escorreu por seu rosto ao ver o corpo morto do irmão e a frase que tinha escrito na placa: "Vamos todos morrer".

Ironia do demônio? Com certeza.

CONTINUA...