História Diabolik Zombies - Quase

Raito:

Estou mais apavorado do que nunca, é insano, é tudo muito estranho, porra, isso tudo dá um medo incondicional... Os caras que antes seguravam Yuuma, assim que o jogaram para fora, me pegaram e começaram a me tratar como uma espécie de mercadoria, me jogaram para cima de mulheres que me deram banho e me limparam inteiro, até em lugares que eu poderia fazer sozinho. Elas sequer olhavam em minha cara, não falavam comigo, como se fossem robôs.

Depois me jogaram num quarto e aqui estou até agora esperando alguma coisa acontecer.

O quarto é espaçoso, os lençóis da grande cama King Size são vermelhos escuro –não sei se por causa da pouca claridade ou se são assim mesmo-, a claridade do quarto é muito pequena, as luzes dos abajours são minúsculas.

Deixo de olhar o local assim que a porta se abre revelando Shin ali com um sorriso sacana como se realmente gostasse de me ver aqui.

-Olá Ra-i-to. – Ele fala meu nome separadamente num tom infantil. – Espero que tenha gostado da decoração, são escarlate para combinar com o seu cabelo.

Na hora veio uma lembrança de Yuuma na minha cabeça.

             “-Ei, você é ruivo natural?”

Shin se aproxima de mim e começa a mexer em meus cabelo gentilmente, me afasto dele um pouco incomodado com a aproximação rápida.

-É castanho-avermelhado... – Respondo com a voz baixa.

-Ops, mil perdões pelo meu erro. – Shin se desculpa um pouco sem graça. – Realmente parece ruivo.

-Mas não é. – Respondo de uma maneira rude.

-Que estresse...

Lembro que eu tenho que ser uma boneca perfeita para Shin, estou sendo chantageado, se ele não se agradar comigo, irão fazer mal ao Yuuma... Não posso deixar isso acontecer.

-Desculpa. – Forço-me a dizer, mesmo que o que eu realmente quero é dar na cara dele até ele virar carne moída.

-Não tem problema... – Shin diz com a voz gentil ainda, mesmo com toda essa gentileza, eu quero vomitar cada vez que ele abre a boca. – Seus cabelos são o seu charme, sabia?

“Yuuma se aproxima de mim numa velocidade imensa que eu nem consigo recuar e começa a brincar com os meus cabelos, maravilhado”

“[...] o meu único problema é: meus cabelos são sensíveis demais desde que eu nasci [...] porra estou todo submisso a ele”

Quando Yuuma tocou meus cabelos me senti totalmente submisso a ele, senti vergonha, mas era uma vergonha “boa” junto com uma sensação de prazer em meu corpo. Ele nunca precisou de muito para me atiçar.

Agora, com Shin tocando meus cabelos, eu não estou sentindo nada além de nojo e vontade de enterrar meu punho na cara dele, queria poder arrancar suas mãos. Ele não consegue provocar em mim nem metade do que Yuuma consegue apenas com um olhar, um toque.

Shin se aproxima de mim colando nossos lábios, controlei o impulso de socá-lo até matar, como numa tortura tive que ficar imóvel e quando ele começou a querer passar a língua para a minha boca, tive que deixar, sentindo uma imensa vontade de vomitar assim que a sua língua se encontrou com a minha, “Faça o seu melhor! Pelo Yuuma!” penso procurando dentro de mim alguma disposição para retribuir o beijo –isso se posso chamar essa coisa de beijo-. Acabo conseguindo retribuir da melhor maneira que consigo.

Ele começa a acelerar jogando-me na cama e ficando entre as minhas pernas, apesar de que ainda estou de calça e ele também ainda assim consigo sentir algo duro sento pressionado contra mim, separo o beijo querendo um pouco de ar em meio a tanta nojeira.

Mal consigo o tempo necessário para respirar, Shin continua a me beijar colocando a mão por baixo de minha camisa encostando em meu mamilo, sinto meus olhos começarem a lacrimejar, mas não posso deixá-lo ver isso; ele pode ficar com raiva, contar para o Karl e então o Yuuma estaria perdido.

Sentindo um nó na minha garganta me separo do beijo virando a cara, Shin continua a beijar só que é o meu rosto, assim que chega em meu pescoço afasta meu cabelo e para tudo o que está fazendo.

-O que?! – Ele pergunta como se não estivesse acreditando.

Coloco meus braços em frente ao meu rosto soluçando desesperadamente e sentindo as lágrimas saírem sem permissão nenhuma, como uma crise de choro.

-Desculpa... – Falo com voz de choro. – Me desculpa, de verdade, não conta para o Karl...

-O que? – Shin pergunta de novo como se estivesse entendendo menos do que antes.

-Eu vou fazer tudo direito, só me dá um tempo para me preparar...

-Espera, Raito. – Ele se separa de mim ficando em pé, sento-me na cama dessa vez colocando as mãos no rosto tampando o choro. – Se você já tinha alguém, por que diabos aceitou ficar comigo?

-Se eu não ficar, você sabe o que acontece.

-O que acontece?

-Está se fazendo de sonso? – Pergunto irritado dessa vez o olhando nos olhos, ele recua um passo assustado.

-Raito, eu não estou entendendo mais nada.

-Se eu não ficar com você, Karl irá matar Yuuma! – Falo com raiva. – Ele me deu para você e está me chantageando!

-Eu... Eu juro que não sabia, tudo o que me falaram foi que você seria meu e que tinha concordado com isso. – O que não deixa de ser verdade, uma verdade incompleta. – Céus... – Shin coloca uma de suas mãos na cabeça como se estivesse em choque. – O que eu estava fazendo era praticamente um abuso. – Ele se agacha em minha frente me pegando desajeitadamente pelo antebraço. – Me perdoa, eu juro que não sabia, eu não sou assim, posso ser psicopata com os zumbis, mas é só como os zumbis! Eu nunca abusaria de ninguém!

-Por que Karl me deu justo para você? – Pergunto sem entender.

-Enquanto ele estava observando vocês pelo computador gigante que ele tem no escritório dele, eu te vi e comentei que você é bem atraente, aí ele disse que você é inútil e que eu poderia ficar contigo, mas óbvio que eu não concordei em simplesmente “te dar” para mim, eu iria te conquistar quando você chegasse aqui.

Puta que pariu então é tudo um plano daquele maldito cara!

-Ele quer que você tome meu lugar no futuro Conselho que ele quer que lidere a Fortaleza no futuro.

-Mas eu nem aceitei isso!

-Você sabe que não tem escolha. – Falo imitando ele ontem na sala de tiros, quando ele praticamente ditou que eu iria fazer parte de um grupo de buscas e disse que eu não tinha escolha.

Ele solta um rosnado de raiva e vai até a parede socando-a.

-Vem, precisamos salvar seus irmãos e amigos. – Ele diz estendo a mão para mim.