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História Diamonds - Lick my pussy and my crack.


Escrita por: ameliat_

Capítulo 3 - Lick my pussy and my crack.


All you ladies pop your pussy like this, shake your body, don't stop, don't miss

— Khia em My Neck, My Back

 

Novembro, 2015.

 

 

Durante a minha infância, eu convivi com um medo constrangedor.

Acreditava, com todas as minhas forças, que o mundo estava acabando.

Meu medo do apocalipse era vergonhoso e esquisito, mas sempre me deixava tão sufocada, que sempre precisava correr, no meio da noite, até o quarto dos meus pais e ouvir a voz carinhosa dos dois me garantindo que o mundo não estava em seus dias finais.

No fim, eu não deixava de acreditar que o mundo estava acabando, mas eu sabia que os dois me amavam tanto, que estariam comigo mesmo no fim de tudo. E aquilo sempre me deixava melhor. Então, quando a sensação de estar sendo sufocada voltava a me atormentar, eu sabia que teria algum conforto.

Era com aquela sensação de estar sufocada que eu tinha acordado naquela manhã. Fazia uma semana desde que eu vira Piper na festa do meu pai, quando ela atravessara o tapete vermelho como se fosse uma rainha, mas a lembrança de seu rosto ainda estava tão forte quanto a sensação de que o mundo acabaria.

Tentei, inutilmente, me distrair. Pintei uma quantidade inacreditável de quadros, tentado aprender zumba no meio da sala, comprado eletrodomésticos em um canal de televisão dos quais eu nem sabia quais eram suas funções, tinha lido mais livros do que lera durante toda a minha vida e, quando nada mais adiantou, comecei a ver os piores realitys shows da história da televisão e nem mesmo o enredo de alguns jovens bebendo e indo para as maiores festas todas as noites sem propósito nenhum, conseguiu me fazer esquecê-la.

Eu estava, definitivamente, na fossa.

Com os cabelos presos em um rabo de cavalo, me deitara no chão, usando uma camiseta velha e rasgada, e passara a ouvir Iris do The Goo Goo Dolls com um pote de sorvete de companhia, ciente do que quanto eu estava parecendo ridícula, mas era mais forte do que eu. Era como se Piper fosse algum vírus que atingisse diretamente meu cérebro e a ciência ainda não tivesse descoberto alguma cura.

Sabia que podia voltar a ser a mulher que eu era antes de conhecê-la. Aquela que se parecia com os jovens do reality show, que estava sempre segurando uma taça de drink, nos melhores lugares, com as pessoas mais badaladas. Mas, eu não tinha mais energia para aquilo.

Ir para a África no último ano me mudara completamente. Eu não via mais sentido em gastar o dinheiro que minha mãe deixara para mim com coisas tão passageiras. Não queria estar com pessoas que me esqueceriam no dia seguinte, apenas porque eram bonitas e eu precisava transar.

Eu queria... Talvez, paz.

Encarei o teto mais um pouco, pensando em como meus posicionamentos mudaram tanto e tão rápido no último ano, quando ouvi o telefone tocando. Lutei contra a preguiça de ir atender, mas quando o barulho se tornou irritante, eu me levantei do chão e fui busca-lo.

 

— Alô – atendi com a voz arrastada, desencorajando quem quer que fosse do outro lado da linha.

 

A pessoa pareceu respirar fundo do outro lado, tomando coragem de prosseguir. Eu devia ter exagerado no meu desânimo.  

 

— Alex?

 

Minha reação ao ouvir meu nome fora a mesma da pessoa, mas não por precisar de coragem para falar, e sim por não acreditar quem estava do outro lado da linha.

 

— Pipes?

 

Notei que tinha começado a tocar My heart will go on da Céline Dion alto e eu desliguei rápido o som, tentando cobrir as pistas da minha fossa.

 

— É... Oi... – ela gaguejou – Eu estava passando pelo seu bairro e estava pensando se... Se talvez você morasse ainda no mesmo lugar.

 

Me endireitei e coloquei o pote de sorvete em cima da bancada da cozinha, me sentindo um pouco constrangida, como se ela pudesse ver onde eu estava.

 

— Mesmo prédio, mesmo andar, mesmo apartamento bagunçado. Inclusive, se conhecer alguém que trabalhe com limpeza... – tentei soar casual.

— Na verdade – ela hesitou e eu quase pude vê-la mordendo o lábio do outro lado da linha – eu estou na recepção, esperando sua autorização para subir.

 

Dei uma gargalhada. Aquilo era tão Piper.

 

— Sobe logo.

— Ótimo! – ela se animou e desligou.

 

Assim que coloquei o telefone sobre a bancada, comecei uma verdadeira maratona. Escovei os dentes em uma velocidade recorde, vesti roupas melhores e que não demonstrassem que eu estava no fundo do poço. Arrumei a sala rapidamente e passei um pouco de perfume no ambiente. Joguei o pote de sorvete no lixo e busquei um dos livros que eu tinha lido naquela semana e coloquei sobre o sofá, tentando demonstrar que eu estava ali apenas lendo, como qualquer pessoa normal.

Quando a campainha tocou, eu estava sem ar, mas tinha disfarçado o ambiente. Suspirei e tentei pedir que todos os santos que me ajudassem naquele momento, só então, abri a porta.

 

— Olá! – ela me cumprimentou animadamente, assim que eu abri a porta.

— Quer entrar? Desculpe a bagunça, eu estava lendo – menti.

 

Ela aceitou e ficou parada na sala, apenas estudando o lugar.

No mínimo, era estranho vê-la ali, parada, depois de tudo o que houvera entre nós duas e a forma com a qual eu a tinha ferido. Eu acreditava que ela jamais voltaria sequer a me olhar, porque eu merecia aquilo. Se fosse qualquer outra pessoa, tinha desistido de mim.

Mas ao mesmo tempo, era reconfortante vê-la ali. Era como se ela tivesse voltado ao lugar que ela pertencia, pelo menos em meu coração.

 

— Continua tudo igual – concluiu ela, no fim.

— Sou uma pessoa de hábitos.

 

Piper achou graça.

 

— Na verdade, estava pensando em te chamar para ir comigo ver uma casa que estou pensando em comprar.

— Eu? Tem certeza que sou eu?

 

Ela riu mais uma vez.

 

— Sim, eu gosto de ter você perto, Al.

 

Funguei, tentando disfarçar minha felicidade.

Avisei que só precisaria tomar um banho e iríamos e ela concordou, dizendo que também precisava fazer algo antes de ir.

Me arrumei em minutos, vesti minha melhor camiseta e meu melhor jeans, sabendo que estava sendo um pouco boba diante da mulher que amava.

Assim que voltei para a sala, Piper estava sentada no sofá, usando um casaco vermelho, uma peruca Chanel preta e lentes de olho castanhas, parecia uma desconhecida.

Imediatamente, arqueei minha sobrancelha para ela e ela sorriu.

 

— Confie em mim.

— Garanto que todas as vítimas de seriais killers ouviram isso antes de morrer.

 

Mas ela não respondeu, apenas manteve o sorriso malicioso.

Entramos em um táxi e terminamos em um bairro distante do lugar que eu morava e totalmente diferente também.

Era um daqueles bairros de típicas famílias americanas, com casas coloniais, casais heterossexuais andando de mãos dadas, velhinhas regando seus jardins. Não parecia o lugar que uma cantora famosa como Piper procuraria uma casa, nem mesmo se parecia com ela.

Naquela altura, eu sabia que ela estava mentindo. Não íamos procurar casas. Mas não disse nada, ao invés disso, tentei entrar em seu jogo.

Descemos de frente a uma casa com placa de venda com uma mulher de terninho rosa, cabelos arrumados e segurando uma bandeja com bolinhos recém-tirados do forno.

Franzi a testa, tentando entender o que Piper estava tentando fazer, mas ela não me enviara nenhum sinal.

 

— Senhorita Andrew! – Piper a cumprimentou assim que descemos

— Senhorita Quintana! – a mulher respondeu em um tom animado – fico tão animada que tenha vindo ver a casa.

 

Olhei mais uma vez para Piper, mas ela sorria para a mulher que era, aparentemente, uma corretora.

A mulher nos conduziu para a casa, um lugar enorme, com cinco quartos, duas salas, quintal, uma varanda no quarto principal. E, quanto mais a corretora tentava elogiar a casa, mais Piper tinha perguntas sobre o lugar. Falava sobre como queria ter filhos, como precisaria de todos aqueles quartos e a corretora só tinha elogios ao bairro, que assim como eu previra, era um típico bairro heterossexual, com uma igreja, uma associação as mulheres, um parque para crianças.

Por alguns segundos, cheguei mesmo a acreditar que Piper estava interessada em comprar a casa com o tamanho da sua curiosidade sobre o lugar, até que ela finalmente soltar o comentário que me fez entender o motivo de eu estar ali.

 

— Oh não, senhorita Andrew – balançou a cabeça – Essa comigo é minha esposa, não minha amiga.

 

Instantaneamente, a mulher pareceu mortificada.

Piper passou os braços pelos meus ombros e lançou para a senhorita Andrew um olhar desafiador.

 

— Nos casamos na semana passada, estamos tão felizes – completei, entrando na brincadeira.

— Entendo – a mulher sorriu de um modo desconfortável – bom, talvez essa não seja a casa ideal para vocês duas.

 

Então, minha companheira pousou sua mão sobre o peito parecendo ofendida.

 

— Por que somos um casal gay? – questionou, na melhor interpretação que eu vira na vida.

— Não! – a mulher disse em um tom mais alto do que deveria.

— Porque se isso for um problema, iremos ficar totalmente ofendidas – emendei – somos um casal como qualquer outro.

— É claro... Mas talvez não seja o bairro ideal.

— Porque somos gay? – Piper repetiu, afetada.

— Não, senhoras... Se acalmem, por favor.

— Chega, vamos embora, amor!

 

Então, Piper me puxou pelo braço e caminhamos até a esquina, na melhor interpretação que fizemos de revolta. Quando finalmente dobramos a rua, caímos na gargalhada.

Apoiei minhas mãos nos meus joelhos e tentei recuperar meu ar, mas não conseguia parar de rir.

 

— Você viu a cara dela? – Piper disse entre risos.

— Por que não me disse que iríamos fazer isso?

— E estragar a mentira? Você é péssima mentindo, Al. Agora vamos ver se esse bairro tradicional tem um bar para um casal não-casal e não-ideal.

 

Concordei e ela passou a mão pelo meu braço, então saímos pelo bairro em busca de um bar.

Não demoramos muito a achar um lugar tão acabado para beber quanto o que Piper costumava a cantar quando nos conhecemos. Era aqueles típicos bares em que os maridos recém-divorciados afundam suas mágoas em copos de whisky e que os jovens tentam comprar bebida porque ninguém vai conferir suas carteiras de motorista.

O sol começava a se por quando entramos, mas já havia algumas pessoas sentadas nas mesas e um homem se aventurava no karaokê cantando um dos clássicos da banda do meu pai, mas a verdade, estava péssimo, e não porque se tratava do meu pai, mas porque o homem mais parecia um pássaro em estágio final.  

Pedi duas jarras grandes de cerveja e já estava na segunda junto com Piper, enquanto observávamos uma garota cantar – um pouco melhor que o homem – Alone do Heart, uma das músicas que eu mais odiava no mundo.

 

— Odeio essa música – comentei.

— Eu também, mas porque ela fica horrível na minha voz.

— Eu duvido que qualquer coisa fique ruim na sua voz.

 

Piper me analisou, arqueando a sobrancelha, com um olhar desafiador. Fiquei observando seus passos seguintes. Ela terminou de beber sua cerveja, parecendo um pouco bêbada e se levantou, arrumando a peruca Chanel na cabeça.

Ela caminhou até o palco e anunciou.

 

— Cantarei uma música especialmente para minha amiga, senhorita Quintana, que acredita que nada fica ruim na minha voz.

 

Ri baixinho enquanto ela falava com a banda que acompanhava o karaokê. Assim que voltou, ela sorriu para mim e começou.

 

All you ladies pop yo pussy like this, shake your body don't stop, don't miss

 

Cuspi a cerveja assim que reconheci a música.

A reação foi igual para todos no bar, mas Piper não se abalou, continuou cantando.

 

My neck, my back. Lick my pussy and my crack.

 

Comecei a rir sem parar e gritar com todos do bar, ajudando Piper a cantar. Tinha que admitir que ela ficava quase sexy cantando aquilo, minha vontade era leva-la ao banheiro e obedecer as ordens da música, mas me controlei. Amigas, Alex. Apenas amigas, disse a mim mesma.

Ela tentava cantar parecendo séria, mas a letra da música não deixava, ela corava e ria com as estrofes. Assim que acabou, todos a aplaudiram de pé e ela agradeceu, voltando a mesa.

 

— Você não devia cantar essas coisas – eu anunciei.

— Eu deveria ter apostado com você.

— Eu teria ganhado, Pipes. Você conseguiu cantar as instruções para o sexo oral tão bem...

 

Ela deu uma gargalhada alta, jogando a cabeça para trás. Era minha gargalhada preferida dela. Ela usava todo o corpo para aquilo.
Depois daquilo, pegamos um táxi de volta para casa.

Conversamos o caminho inteiro sobre tudo, mas nada sobre nossas vidas e eu a agradeci por aquilo, não suportaria saber de nada que envolvesse sua namorada.

No entanto, à medida que nos aproximamos do meu prédio, a conversa foi diminuindo até cessar em um silêncio constrangedor e triste. Assim que o motorista parou, Piper se virou para mim com um sorriso envergonhado nos lábios.

 

— Obrigada por hoje – ela disse.

— Eu que agradeço, é sempre bom te ver.

— É bom sermos amigas, Al.

 

E toda a minha felicidade foi mortificada com aquela frase.

 

 

 

Janeiro, 2013

 

Eu costumava transar com as mulheres que levava para casa.

Costumava ter noites agradáveis com elas, e depois, dar algum jeito de manda-las de volta para as suas casa. Era experiente naquilo.

Mas, contra todas as minhas crenças, eu acordei no meu sofá naquela manhã, com uma dor de cabeça que fazia com que meus olhos quase quisessem saltar e sabendo que eu seria chacota das minhas amigas pelo resto da minha vida.

Tinha uma garota dormindo na minha cama.

Uma garota realmente bonita estava dormindo lá.

E eu não tinha transado com ela.

A verdade era que, Piper tinha ficado realmente bêbada naquela noite. Ela tinha confessado coisas sobre sua vida das quais eu não esperava ouvir e nem sabia como reagir.

Senti-me tão idiota por não saber dizer nada diante daquela situação tão singular que ela vivia, que quando ela desmaiara no meu colo, eu a liguei para o motorista do meu pai e ele me ajudou a trazê-la para minha casa.

A ajudei a tomar banho e lhe ofereci roupas limpas, mas ela estava em um daqueles estágios da bebida no qual, provavelmente, acordaria sem lembrar de nada daquilo, e talvez, eu não quisesse que ela lembrasse de mim daquela forma tão sentimental. Me deixava desconfortável.

Abri os olhos e levantei do sofá, e me surpreendi assim que encontrei Piper, vestida com meu pijama favorito, na cozinha, de frente ao fogão, muito entretida entre as panelas.

Fiquei alguns segundos observando seus movimentos. Eu gostava de como ela movia as mãos, e como cantarolava e dançava animada, com os pés descalços. Havia alguma magia natural nela, algo que somente ela tinha.

Talvez eu estivesse comovida por ela ter me contado que vivia com uma doença com a qual eu não tinha nenhuma familiaridade, talvez a admirasse por parecer tão... Normal, diante de tudo aquilo.

Então eu percebi que era sua normalidade que me fazia gostar dela.

Pigarreei, para que ela notasse minha presença e em resposta, ela virou e seu rosto imediatamente corou.

Talvez ela se lembrasse da noite anterior.

 

— Você está bem? – perguntei, ainda com a voz grogue.

 

Ela soltou as panelas e deu alguns passos em minha direção.

 

— Me desculpa... Eu exagerei um pouco ontem, não foi? Contei coisas que você não precisa saber, eu te enchi com meus problemas, te dei trabalho para dormir...

— Ei! – a interrompi – posso ter uma carinha riquinha, mas tenho coração ainda. – brinquei com o que ela tentara me insultar na noite anterior – eu não ia te deixar na rua no estado que você estava.

 

A loira sorriu e, no mesmo instante, o sol iluminou a janela e refletiu em seu rosto. Ela ficava bonita ali, sorrindo, com meu pijama.

 

— Obrigada. Sobre o que eu contei, você não precisa ter medo...

 

Percebi que ela estava realmente preocupada com o fato de eu saber que ela tinha a doença, então resolvi fazer a única coisa que eu sabia fazer bem. Mudar de assunto.

 

— Tenho um segredo como o seu a contar também – suspirei, tentando fingir algum desespero – pinto quadros horríveis. Eu sei, ninguém aguenta, mas eu não consigo evitar.

 

Ela riu, jogando a cabeça para trás e mexendo os ombros.

Me senti melhor por fazê-la rir.

 

— Espera, você pintou esses girassóis na parede?

— Culpada – confessei.

— Meu Deus! – ela gritou – cale a boca! São ótimos!

 

Daquela vez, eu sorri.

 

— Meu pai gosta – brinquei, dando de ombros.

 

Ela se aproximou mais um pouco do sofá em que eu estava sentada.

 

— Sabe, eu ia embora hoje, envergonhada por tudo. Mas não fui, porque precisava te agradecer por ser tão gentil. Ninguém fica bem comigo depois de saber que sou soropositivo. Geralmente, elas costumam achar coisas sobre mim, as quais não são verdade.

— Como não te ajudar quando você disse tantas vezes que queria quebrar a minha cara riquinha?

 

Piper deu o último passo que nos separava e colocou a mão sobre a minha. Imediatamente, eu senti algo diferente do que eu costumava sentir. Gostava do seu toque, da sua pele macia.

 

— Seremos boas amigas, Alex Vause.



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