História Diário de Helena - Terça, 16 de fevereiro

Estou dormindo, com a cabeça nas nuvens, sonhando com pôneis até que...

-Helena...

-hm? - digo, correndo as mãos pelo rosto.

Abro os olhos e minha mãe está logo ao lado da minha cama. 

-Você não vai comprar seus materiais hoje?

-Vou.

Tiro o celular debaixo do travesseiro e olho: são oito horas e dois minutos da manhã. Me lembro que às duas da manhã eu havia definido o celular para despertar às sete e meia, mas dormi tanto que nem ouvi.

Depois de minha mãe e eu nos arrumarmos, fomos.

Quando descemos da moto, já no centro da cidade, me dirijo em direção ao outro lado da rua. 

-Ei, primeiro eu preciso pagar algumas contas.

-Como é que é? Mas a senhora não perde a oportunidade, não é, mãe?

-Eu não tenho um dia livre pra poder vir ao centro a não ser hoje. Minha agenda de trabalho está lotada. - ela diz, enquanto me coloco ao lado direito dela, prontas para atravessarmos a outra rua juntas. 

O sinal fecha, e atravessamos na faixa. Chegamos do outro lado, olho em direção à loja onde eu quero comprar meu iPhone. Mas graças à crise econômica, isso está previsto para outubro. Então até lá vou ficar com meu Galaxy S3 mesmo. Chegamos na calçada da Lotérica e a fila estava enorme. Estávamos na fila, porém ainda não estávamos lá dentro. Suspiro e olho para frente. Eu vim do lado direito da Lotérica. E, do lado esquerdo da mesma, estavam vindo três pessoas em fila, cada uma com mais ou menos três metros de distância da outra. A primeira pessoa que consegui ver era um senhor. Mas eu não consegui ver as outras duas, só identificar o andar delas. Não. Assalto não. Hoje não.

Porém era apenas um garoto que aparentava ter dezessete anos, e a última pessoa passou reto. O garoto se direcionou ao final da fila. Usava uma camiseta laranja e uma bermuda vermelha. Achei muito chamativo. Mas sei lá, garotos não se importam tanto com roupas como nós, garotas. Olhei para trás. Havia um homem atrás de mim e da minha mãe, e logo atrás do homem, lá estava ele. E ele estava olhando para mim. Virei a cabeça para frente imediatamente e a abaixei. Quando enfim eu e minha mãe já havíamos subido no degrau de entrada da casa Lotérica, o garoto ainda estava na calçada. 

Quando a fila diminuiu e chegou a vez da minha mãe, eu me sentei em algumas cadeiras que tinham ao lado onde minha mãe estava. O garoto também estava sendo atendido. Minha mãe demorou mais que ele, e depois que ele terminou, antes de sair ele deu uma rápida olhada beem disfarçada na minha direção e saiu. Eu estava olhando para minha mãe, mas consegui ver graças a minha visão periférica. Deu uma leve risadinha mental quando ele saiu. 

Comprei meus materiais e quando chegamos em casa, Samantha e Davi estavam lá. Alexandre aparentemente estava de plantão.