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História Diário de Helena - Sexta, 8 de Abril


Escrita por: AlaskaYoung814

Capítulo 28 - Sexta, 8 de Abril


Ele me puxa para atrás da escola enquanto todos estão na quadra assistindo à gincana de torta na cara. O som cheio de hormônios das pessoas gritando quando alguém com a cara cheia de chantilly sai da quadra é alto o suficiente para que as pessoas que estão a uma quadra da escola pudessem ouvir. Enquanto isso, ele me prende na parede, encostando seu corpo no meu. Eu estou surpresa, porque desta vez eu não fui atrás dele. Foi ele quem veio. E agora ele está com suas mãos segurando a região abaixo das minhas costelas, e sua boca encostando suavemente na minha testa.

-Eu te amo. - Natan finalmente fala.

Eu não digo nada, estou ocupada demais pensando em como ele estava diferente. Ele beija meu pescoço e em seguida, beija meus lábios. Ele me puxa mais para perto dele, e assim, eu consigo sentir as batidas aceleradas de seu coração. Termino de beijar e apoio minha cabeça em seu ombro, com os olhos fechados. Seu perfume era torturante e sexy. Mesmo sendo a milésima vez que o sentia, ainda pirava.

Ele descola meu corpo do seu, e segura a minha mão, me guiando até a quadra. Desta vez, só está as pessoas da nossa sala lá, o que é estranho. Cadê o resto da escola? O professor de Educação Física então chama Ana Flávia Montes e ela pega a bola de basquete e a lança em direção à cesta. Não estou entendendo nada, até que olho para o lado e Natan está sentado com outros meninos. Me olha, sorri e dá uma piscadinha. Sorrio também, só que começo a ouvir uma voz familiar e irritante me chamando.

Algo me empurra, e rolo na cama.

-Helena, você não vai para a escola não? - Mamãe está parada diante da minha cama, com uma cara sonolenta e uma voz rouca.

Imediatamente pego meu celular e checo as horas. CARAMBA!

06:13

Quase desmaio. Estou super atrasada. Papai está no banheiro, e enquanto me xingo mentalmente corro até a varanda dos fundos para buscar minhas sapatilhas. Correndo, entro no meu quarto e coloco-as em cima da cama. Abro a gaveta do meu guarda-roupa feito uma louca e pego uma calcinha rosa cheia de bolinhas que eu inclusive acho ridícula mas isso não importa agora. Abro a outra gaveta, sorteio um short de lá e a última, tirando um dos três uniformes que eu tinha. Penteio meu cabelo e quando finalmente papai sai do banheiro, pego minhas roupas, minha toalha e corro pro banheiro.


Quando finalmente chego na escola, percebo que não sou só eu que estou no bad hair day. Na quarta e na terça eu havia feito chapinha, e por isso tinha ficado perfeito. Só que naquela sexta eu estava pagando o preço. Laura chega com o cabelo molhado e todo regaçado. A franja de Anna estava puro frizz. Giovana, namorada de Daniel, que estava no terceiro ano do ensino médio, estava com o cabelo molhado e frizzado também.

Anna e eu nos sentamos fora da sala, no banco, quando Karina chega, sem dar oi e pergunta:

-Meu cabelo tá feio?

Anna e eu caímos na gargalhada.

-Seu cabelo está ótimo, Karina. O nosso é que está horrível. - Anna diz, correndo os dedos pelos fios castanhos do cabelo de Karina.

-Exatamente. -Eu digo, enquanto vejo Natan se aproximar.

Nossa conversa na quinta no Whatsapp foi meio tensa. Mandei áudios, chorei, ele também mandou áudios com a voz mais triste que já ouvi. "Decidi esperar", lembro dele falando. Também decidi esperar por ele. Esperar? Esperar meus pais deixarem eu namorá-lo.

Entro na sala, e começo a conversar com Daniel. Ele não foi embora como achamos que ia, não. Nem me pergunte, porque eu não sei como ele ainda está aqui. Só sei que estou feliz mesmo assim.

Depois da aula de Física, que inclusive teve prova, fomos para a quadra. Teria a continuação da comemoração do aniversário da escola. Ficamos um tempo lá até que fomos liberados para lanchar e depois voltar para a quadra. Eu não lanchei, fiquei dentro da sala enquanto Daniel ficava com Giovana, e algumas pessoas faziam baderna.

Fui beber água um tempo depois, quando alguns amigos de Guilherme e o próprio Guilherme me seguiam. Guilherme estava gostando de mim, mas eu não gostava dele tanto assim. Natan era o dono do meu coração, não importava o que acontecesse. Mas ainda assim Guilherme me fazia suspirar.
Me sentei no banco, o Henrique, aquele que eu achava que gostava da Anna, sentou do meu lado e perguntou o porquê de eu estar ali.
"Eles estão fazendo bagunça, se a diretora entrar lá, vai achar que eu também estou no meio disso."

O amigo da Anna, aquele Mathias Arruda, estava estudando na nossa sala desde terça. E assim como os outros meninos novos, me olhava com cara de nojo. Tantas vezes cheguei em casa chorando por ser tão rejeitada. Mas quero que esses pensamentos deles sobre minha aparência se danem.

Quando o Jose, primo de Alex, e meu amigo Victor estavam sentados embaixo do ventilador na sala de aula assistindo ao Daniel beijar Giovana loucamente, eu chego neles e apenas digo:

-Quero pega o Natan.

Eles morrem de rir e eu rio junto. Eles acharam engraçado o jeitinho que eu falei aquilo. Enquanto ria, escrevia com meu marca-texto rosa na porta, o que eu tinha acabado de dizer, fazendo os dois rirem mais. Depois que toda aquela festa acaba, às onze e vinte da manhã, o professor Vinicius me vê na quadra e me chama para ajudar a carregar as caixas de som de volta para a diretoria. Quando termino, volto para a sala e todos já estão lá, preparados para a prova de Matemática.

DROGA!

Me esqueci da prova de Matemática. Não sabia de nada. Absolutamente nada. Fiz apenas uma questão, que inclusive chutei, e no final da aula entreguei ao professor.

-Vou tentar me esforçar mais da próxima vez. - murmurei.

-Tá bom. - ele respondeu.

Quando todos terminaram, ficamos de bobeira esperando o sino bater. Depois de um tempo, Natan me olha. Não é mais aquelas olhadas de um segundo que ele sempre dá. O olhar dele permanece em mim a mais de dois segundos, o que faz ter uma pequena festinha dentro de mim. Sinto meu rosto corar, e sorrindo, abaixo a cabeça. No dia anterior eu tinha dito a ele que tinha escrito várias coisas num papel, mas achei melhor não entregar a ele. Decido pegar a folha e ler. Vários versos de música. Dentre eles:

Como cortar pela raiz se já deu flor?

Como inventar um adeus se já é amor?

Não quero reescrever as nossas linhas que se não fossem tortas não teriam se encontrado

Não quero redescobrir a minha verdade se ela me parece tão mais minha quando é nossa

Não me deixe preencher com vazios o espaço que é só teu

Não se encante em outro canto se aqui comigo você já fez morada

E várias outras coisas. Lucas, que sentava atrás de Natan, correu os olhos pela sala, e quando me viu acenando para ele, eu apontei o dedo para Natan, e sussurrei "chama ele". Lucas era muito bom de leitura labial à distância, por sorte. Ele cutucou Natan, enquanto o professor chamava atenção da sala e João Victor dizia:

-Pô, Helena, sua bagunceira, pare de conversar!

Eu rio, e quando olho para a direção de Natan novamente, ele e Lucas estão me olhando. Amasso o papel e miro na direção dele. Por sorte, o papel cai em cima da mesa dele e eu faço uma pequena comemoração enquanto minha amiga Luanna, atrás de mim, falava:

-Êh, Helena... Você já está de rolo com o Natan de novo?!

Eu começo a gargalhar baixinho. Luanna era como uma mãe para mim e para Anna na escola. Ela sempre nos cuidava, para ver o que estávamos fazendo. E quando eu estava mal, ela sempre me ouvia. Não é atoa que eu a adoooro <3. Enquanto Natan lê a folha toda, eu caminho para o fundão para conversar com Daniel. O professor e mais umas pessoas conversam na porta da sala, até que ele diz:

-Estão querendo te bater, Natan!

-Quê?

-Ué, tá escrito aqui na porta, "Quero pegar o Natan"...

Arregalo os olhos. Algumas pessoas gritam "Foi a Helena, professor!", e Victor me olha rindo. Natan se vira de novo para a folha, rindo. Depois que bate o sinal, caminho em direção à porta. Estou tremendo porque sei o que vai acontecer. Natan vai falar comigo. Provavelmente. Mas ele é o último a sair da sala. Quando já estou no portão, ele ainda está passando na frente dos banheiros, e ainda para para falar com um professor. Que saco. Não vai dar para falar com ele hoje, papai já deve estar me esperando. Mas corro os olhos pela rua, e nenhum sinal do nosso carro. Eitaaaaaaa

Passa um tempinho e a maioria das pessoas já foram embora. Lá fora ficam apenas eu, Anna, Natan, Elias e a irmã dele, Eliana. Anna vai embora de moto, e eu fico sozinha, já que Elias está sentado ao lado de sua irmã e de Natan. Ligo para a minha mãe, e ela diz que vai vir me buscar. Tenho apenas dez minutos. O carro dos pais de Elias chega, e ele e a irmã vão embora. Natan entra dentro da escola em direção ao pátio, criando uma pequena confusão em mim. Por fim, largo toda a insegurança, deixando apenas o nervosismo e a timidez comigo e o sigo. Enquanto caminho, observo João Victor ver Natan passar, e em seguida me ver, e soltar um sorrisinho malicioso.

Naquele momento eu estava caminhando devagar. Não havia nenhum Guilherme e nenhuma Anna mais para me impedir de caminhar em direção ao Natan. Eu estava quase livre. Quando enfim dá para ver Natan, ele já está chegando perto do bebedouro. Por um instante, ele olha para trás. E eu era a única em seu campo de visão. A menininha que ele amava demais no ano anterior, com o cabelinho preso, umas franjinhas soltas, uniforme da escola todo frouxo em seu corpo, andava vagarosamente, com um sorrisinho tímido. Ele olhou para a frente, sorrindo. Seus passos desaceleraram timidamente. Chegou no bebedouro e abriu a torneira com cuidado. Me aproximei.

-Olá. - é tudo o que ele diz.

Eu sorrio mais. Me aproximo dele, trêmula, toco seu braço e o coloco em minha volta. Encosto minha testa em seu peito, e sinto seu cheiro um pouco apagado.

-O que você está fazendo?

Eu rio. Eu estava o cheirando. O perfume dele era o meu cheiro favorito, sinceramente. Eu me afasto. Ele troca de lugar, desta vez ficando no meu lado direito. Me inclino para beber água.

-Você está tremendo. - Ele diz, olhando para as minhas mãos.

Termino de beber água e faço que sim com a cabeça. Andamos em direção ao portão novamente, e percebo que ele está me olhando. Eu sorrio ao olhar pra ele, e ele faz o mesmo, colocando seu braço ao redor de meu pescoço. Ele está beijando a minha cabeça, que pega na altura de sua boca. Quando chegamos em frente ao banco da sala 1, ele me para, segurando minha mão.

-O que foi? - Eu pergunto.

Ele me puxa para perto, beijando minha testa e me abraçando. Ouço o coração dele, acelerado como todas as vezes que eu estava por perto. Ele abaixa a cabeça, procurando minha boca. E quando ele tentou encostar seus lábios nos meus, eu abaixei a cabeça. Por mais que eu quisesse aquilo, ele não merecia. Mas por um instante, mudei de ideia e procurei a boca dele, que estava chegando perto de meu pescoço.

Nossos lábios se reencontraram, finalmente, depois de três meses e trinta dias longe um do outro. Mas foi bem rápido. Foi só um pouco mais que um selinho. Andamos para fora da escola. Os meninos dessa vez foram embora e a prima de Natan chegou de moto.

-Por que seu pai demorou hoje? - ele se volta para mim.

-Sei lá... foi destino. - ao ouvir as palavras, ele sorri. - Tchau.

-Tchau.

E ando em direção à esquina, sorrindo, como no dia nove de dezembro do ano passado. A mesma brisa que tocava meus cabelos, os tocava novamente. O mesmo sorriso que eu tinha dado, eu dei.

Mas me lembrei que naquele dia, tudo ficou bem comigo, mas ficou ruim em casa. Me preparei. Só que nada tirou meu sorriso naquele instante. Pude perceber, através do seu capacete, que Natan também sorria.














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