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História Diário de um andarilho - Dia 24


Escrita por: Yonov

Notas do Autor


Desculpem a demora, estava com bloqueio criativo, mas agora vou ficar mais ativo!

Capítulo 15 - Dia 24


É, o período de descanso acabou e as coisas voltaram a ficar confusas, e dessa vez, acredito no Zero e, infelizmente, no Vlad (não tanto assim). Bem, comecei o dia acordando de um sonho estranho: Eu estava em um lugar escuro, não tinha nada ao meu redor. Quando olhei pra baixo, notei a presença de uma plataforma muito comprida, que por alguma razão, me fez andar para frente. Andei e Andei no vácuo da escuridão até chegar no fim da plataforma, foi quando do nada, o Zero aparaceu, ele era imenso, e da cintura pra baixo era apenas escuridão. Ele moveu uma de suas mãos para cima de mim, e com alguns pequenos movimentos dos dedos, conseguia controlar meus membros, foi bizarro. Logo em seguida, ele tentou me esmagar com sua mão, mas apenas me atravessou, me mandando para uma queda livre enquanto o número 144.75 subia em vermelho, de novo. Acordei pulando, mas conseguir me acalmar rápido. Já era de manhã e todos haviam acordado e estavam conversando na porta, ainda dentro do lugar. Estava chovendo, o que não é difícil de acontecer, ao menos não nessa região. Enfim, me levantei e fui falar com eles. Não demorou muito até tomarmos rumo ao Sudoeste, porque a Alex parecia saber onde ficava esse "refugio" que eu deveria encontrar. Antes de sairmos, o Derslen me chamou pra um canto e me perguntou como eu não confundo as irmãs, acho que ele não notou, mas Sakura tem uma pequena cicatriz na orelha esquerda. Engraçado que ele não notou isso até agora.

Conforme nos aproximávamos do lugar (isso com uma boa aproximação, ainda não conseguindo ver ele no horizonte), percebi algo estranho... Tinha grama em alguns pontos, próximo a rochas, e apareciam cada vez mais focos. Andamos cada vez mais até que chegamos lá, aquela construção massiva de concreto bem parecida com a "casa" das irmãs, mas com uns pontos bem diferentes: Primeiro que o lugar tava uma merda, totalmente fodido, Onde deveria estar aquele portão imenso, era apenas um buraco cheio de pedras, e a porta menor nem estava mais lá. O lugar parecia ter literalmente explodido também, porque tinha pedras, que acho que formavam as paredes, em uma distância considerável do lugar, outro fator é que o lugar estava mais "exposto" e não estava por maior parte enterrado, o que é engraçado, pois só a frente estava completamente detonada, mas o "interior" estava um pouco mais descente. O último fator (que por acaso, é o mais interessante), é que tinha a porra de um lago do lado, a uns 500-600 metros, um lago grande pra caralho, e ao redor havia MUITA grama, aquela área inteira estava viva de novo. Acho que se o céu não estivesse nublado e o mundo por trás não estivesse como está no resto da Zona, a cena pareceria como aqueles livros que eu tenho guardado.  Aquilo chamou a atenção de todo mundo ali, porque não é todo dia que a gente vê vida, afinal, a maioria dos lagos e rios, ou secaram ou estão contaminados com poluição ou radiação ou alguma coisa do gênero, sei lá.

Enfim, fomos lá pra área, e a água estava fresca, não muito limpa, mas bem mais limpa do que aqueles "poços de petróleo" que era chamado de lagos. Foi estranho a princípio, eu já vi grama em outros lugares, mas era tão pouco que nem dei atenção. Bem, a reação de estranheza não foi só minha, todos ficaram espantados, e a Alex se perguntava como não viu esse lugar antes. Sakura adorou a grama, e ficou deitada lá por um bom tempo e a irmã agiu do mesmo jeito. O Derslen parecia uma criança, chegou até a tentar entrar na água, mas como estava gelada pra caralho, logo pulou fora. Eu não "brinquei" lá, estava mais curioso do que com vontade de fazer brincadeiras, tinha outras coisas em mente.

Não demorou muito, até a Alex se despedir da gente. Não é surpresa, ela tem família, uma criança pra cuidar, e mesmo se quisesse, não poderia ficar conosco. Quando ela se afastou, pedi pra que os outros ficassem longe e que me deixassem entrar sozinho, mas eles se recusaram, e mesmo insistindo, a resposta deles não mudou: Não.  É, nem sempre a gente consegue o que quer. 

Enfim,  quando íamos entrando naquele lugar de merda, por alguma razão, senti como se meu corpo tivesse sido puxado pra baixo, e quando me dei conta estava quase de cara no chão. Não me pergunte o que caralhos aconteceu, só sei que eu apaguei por um segundo, acho que eu não comi direito, porque eles me falaram que eu estava pálido e suando. Foi bizarro, porque quando mais me aproximava, mais acelerado meu coração ficava e um frio na espinha subia, isso era medo. Começamos a subir pelos escombros de onde era suposto ser uma entrada, as pedras eram grandes, então muitas vezes precisávamos nos ajudar pra conseguir subir. Em algum momento nós conseguimos subir e vimos um grande buraco que ficava mais escuro, o som dos passos e das pequenas pedras que se soltavam caíam do teto ecoava pelo vazio do lugar. Durante o tempo que cheguei ali em cima, vi uma placa de metal, cuja metade estava esmagada, e lá estava escrito os números ".75", será possível? Resolvi ignorar por hora. Perguntei se alguém tinha um isqueiro ou algo do gênero, e apesar de relutante, o Richard puxou um do bolso e jogou pra mim. Era um isqueiro com entalhes e tinha a foto de uma mulher na parte de trás, nem preciso dizer a que conclusão cheguei, não é? Olhando um pouco pra baixo, percebi que havia um grande container, que havia sido esmagado com muita força por uma pedra, que provavelmente caiu do teto, e ao redor, pude perceber que havia pequenos grãos, com isso, pensei que aquilo aconteceu recentemente e por isso, ninguém notou aquele tapete verde do lado do lago.

Entramos, agora conseguindo enxergar, o interior ainda estava bem acabado, mas a cada metro que entramos nas profundezas daquela construção,  os destroços que antes eram parte do teto, passaram a ser de colunas e vigas, passamos por uma boa parte do tempo caminhando por cima de escombros e se esgueirando por lugares apertados pra tentar ir de uma sala pra outra. 

Conforme ia passando, o lugar ficava mais "limpo", e em compensação, um cheiro forte de carne putrefata tomava conta. Em algum momento, encontrei uma pedra comprida, onde enrolei um pedaço da minha calça na ponta e acendo-a, fiz uma tocha. Devolvi o esqueiro com cuidado, porque mesmo não gostando tanto do dono, reconheço sua importância pra ele. Os escombros nessa área não eram mais antigas partes do teto, mas sim de colunas de sustentação, tanto que algumas salas estavam inacessíveis por estarem completamente bloqueadas. O lugar foi ficando mais.. familiar pra mim, a sensação era a mesma de um Deja vú, e tudo só ficou pior quando entrei em quarto, na área equivalente ao corredor cheio de portas da casa das irmãs (não pense que foi fácil chegar até aqui), não havia porta e não tinha nada de especial à princípio, mas quando entrei, percebi que seu interior estava intacto. e tinha alguns móveis lá, e no chão, estava uma foto meio empoeirada minha quando era criança e da minha mãe e os mesmos móveis no fundo. Nela eu estava completamente neutro, nem feliz, triste, nada, mas minha mãe sorria enquanto colocava suas mãos em meus ombros. Derslen perguntou, de uma forma curiosa, quase infantil:
-Quem são essas pessoas, X?
-Eu e minha mãe, a muito tempo atrás.
-É sério? Deixa eu ver! -Amaterasu pulou em Derslen e tentou enxergar a foto no escuro, então coloquei a tocha improvisada na proximidade pra enxergarem melhor. Sinceramente, eu já vi isso várias vezes, as pessoas se fascinando por fotos dos outros enquanto eles eram crianças, não entendo a importância disso, é pra provar que eu nasci como um ser humano comum? Vai saber... 

Enfim, a foto já havia me deixado em dúvida de se era isso que o Vlad e o Zero queriam que eu encontrasse aqui, o que duvido, porque o que encontrei depois não deixou só a mim perplexo, mas ao Richard também, afinal, só nós dois conhecíamos a lenda do dono. Peguei a foto e coloquei no bolso e investigamos a sala, mas não encontramos nada mais que nos interessasse, então fomos saindo, porém antes, resolvi passar onde supostamente estaria aquela área com as escadarias na casa das irmãs, e chegando lá, percebemos logo de cara que o lugar era diferente, porque não havia uma escadaria, era um salão gigantesco,  e assim como o resto do lugar, completamente fodido. Não demorou muito até notarmos um brilho dourado no chão e quando nos aproximamos, estava lá, a porra de uma pistola dourada, que não estava lá nos melhores estados, estava muito arranhada revelando que não era de ouro. Eu olhei para aquela coisa perplexo e não resistir em chamar os outros pra ver.
-Ei, pessoal, venham dar uma olhada nisso aqui. - O Richard foi o primeiro a ver, e o único a falar "Puta que pariu" e logo perguntou:
-É sério isso? Ou estamos vendo coisas?
-Uma pistola amarela? O que é que tem? -Amaterasu perguntou.
-Isso é... Ouro, não é...? Li sobre isso em um livro... -Sakura disse, timidamente. Não estou relatando aqui, mas ela passou a conversar mais conosco, acho que está se acostumando com a presença de outras pessoas, isso é bom, eu acho.
-Não é totalmente ouro, é só uma camada por cima. -Comentei. Nesse momento o Derslen apontou pra uma pedra que estava do lado, uma pedra bem grande, e em baixo dela, dois pés virados pra nossa direção e uma grande marca de sangue seco, bem negro. A princípio isso explicaria a pistola, mas não chegava nem perto.
-Meu deus... Então o dono está em baixo dessa pedra? -Sakura perguntou.
-Não mesmo, se a arma fosse dele ela teria sido esmagada junto. Ela foi largada aqui. A única coisa que esse infeliz explica é o cheiro ruim do lugar. -Richard explicou.
-Pela falta de surpresa, significa que vocês não conhecem o dono, não é? -Perguntei. Sinalizaram que não (com exceção do Richard), o que não me surpreende, eles passaram muito tempo entocados e fora desse mundo de merda... Sorte a deles- Essa arma era simbolo de um caçador de recompensas lendário apelidado de Juiz. Era um bastardo aleatório que as pessoas desesperadas por justiça corriam atrás pra pedir ajuda, o engraçado que ele não cobrava absolutamente nada fora as provas do ato, as pessoas é que davam coisas para ele por boa vontade. O Infeliz fazia um trabalho muito bem feito, por sinal até levava seus alvos de volta para as vítimas e deixava elas finalizarem se tivessem coragem.
-E foi por isso que se tornou uma lenda?
-Não, ninguém vira a lenda por tão pouco. Sakura conheceu o Sawyer em Shadovisk, hoje é um velho, mas na época de ouro, foi responsável pela captura de 450 alvos de recompensa. O Juiz não ficava pra trás, ele chegou a capturar quase 380 deles, sem falar que o seu maior ato antes de sumir do nada foi ter eliminado uma gangue inteira, contando uns 30 ou 40 integrantes, tudo sozinho, o único sobrevivente foi levado por ele para a cliente, uma jovem de 18 anos que perdeu o pai por causa de dívidas. O cara simplesmente deu a pistola para ela e pediu pra que colocasse uma bala na cabeça do alvo, isso se tivesse coragem "pra sujar suas mãos e carregar o peso de uma alma pelo resto da vida." , como dizem. No fim ela não matou o cara, que fugiu, e o Juiz nunca mais foi visto. -Disse o Richard- Isso já faz uns 7 anos, por aí.
-X, pode olhar pro fundo? Olhe bem., por favor.. - O Derslen disse, praticamente paralisado. E quando olhei, lá estava não um, mas uns 6 ou 7 cadáveres, todos eles soterrados pelas pedras, alguns com membros expostos ou decepados. Todos se assustaram com a surpresa, e logo resolvemos dar o pé dali.

Peguei a pistola (óbvio, não vou deixar aquilo pra trás) e saímos do local, e agora estamos acampando no lado de fora, próximo aquele lago, pegamos os móveis e fizemos uma fogueira bem interessante do lado de fora, então estamos tranquilos por enquanto. Bem, o lugar é estranho pra caralho, tenho que admitir, mas ganhei um souvenir bem legal. Apesar disso, estou quebrando cabeça pra tentar entender o que era pra eu achar (e se não achei, posso ter deixado muita coisa passar, apesar de termos ficado praticamente o dia todo procurando lá) e não estou chegando a conclusão nenhuma, a única opção que tenho é voltar pra aquela maldita prisão e rezar pelo melhor. A coisa que mais me incomoda, é que estou tendo a impressão que esse é o lugar em que passei parte da infância, mas não lembro em nenhum momento daquele ser O lugar, sem falar daquela placa na entrada... Talvez as coisas fiquem mais claras no futuro, e espero que isso aconteça.
 



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