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História Diário de um andarilho - Dia 27


Escrita por: Yonov

Notas do Autor


Espero que gostem!

Capítulo 17 - Dia 27


De novo coloquei minha vida em risco, mas dessa vez é diferente. Estou meio aliviado de estar vivo, é uma sensação engraçada, porque nunca me importei muito em morrer ou não, até esperava que alguém fosse colocar logo uma bala no meu cérebro, mas agora não consigo nem pensar nisso que já me sinto incomodado. O que é que está acontecendo comigo?  E aliás, estou muito frustrado, vou explicar o porquê. 

Logo de manha cedo, acordamos e comemos alguma coisa. Nossos suprimentos que colocamos nas nossas mochilas não vão durar pra sempre, obviamente, e por sinal já estão acabando, mas ainda temos o suficiente pra uma última viagem. Notei um pequeno formigamento na região entre o ombro e o peito, em baixo de uma cicatriz na parte esquerda do corpo, acho que não é nada demais. Não demorou muito pra nos prepararmos pra caminhar de novo, estava querendo perguntar algumas coisas ao Corvo, porém ele estava agindo estranho desde ontem queria saber o porquê, e a pergunta foi respondida mais ou menos na metade do trajeto. Ninguém puxava assunto com o Fixer, eles conversam mais entre si, deixando ele de lado, e quando a Amaterasu tentou perguntar alguma coisa, ele colocou um dedo em seus lábios, calando-a, o que me fez olhar pra ele confuso, e logo me mostrou um pequeno dispositivo cilíndrico preso no interior de seu capuz, era prateado, pequeno e estava muito bem escondido, eu não tinha a mínima ideia do que aquilo era ou o que fazia, mas ele fez sinal de silêncio, e não tentamos fazer mais nenhum tipo de contato com ele.

Depois de umas 4 ou 5 horas andando, o tempo fechou, ficou completamente nublado e o clima esfriou bastante, as nuvens negras realmente tomaram cada centímetro daquele céu que antes estava em um tom de azul forte, e logo que o tempo mudou de humor, chegamos na prisão que só me trás más memórias. Agora que eu estava consciente e menos "morto", pude notar melhor nos detalhes, ela não era tão grande como eu lembrava, mas ainda era grande pra caralho, tinha um muro relativamente alto, talvez 4 ou 5 metros de altura e tinha uma espécie de arame farpado em seu topo. Logo de cara tinha uma torre de vigia, mas não tinha ninguém no topo, na verdade, não tinha nem guardas no portão frontal, mas caminhando ao redor do lugar, encontramos a mesma porta que o Corvo e eu usamos pra fugir (que quando estava quase pisando no caixão, nem percebi, talvez porque ela já estava aberta), notamos também algumas construções bem altas, um prédio que provavelmente tinha 5 ou 6 andares. Pedi a todos pra que ficassem aqui, e como já estava esperando, se recusaram, mas dessa vez não ia arriscar, começamos um debate de "sims e nãos", até que perdi um pouco da paciência e disse que quanto mais gente lá dentro, mais fácil fica pra detectarem a gente, e depois de mais uma repetição de "teimosia", finalmente concordaram. Dei uma pistola pra eles, desmontei e afrouxei algumas peças, e pedi pra puxarem o tambor pra entrar a munição e jogarem a arma pra longe e correrem caso alguém estivesse vindo pra prisão, assim quando caísse no chão iria disparar, e dei mais uma por razões óbvias (nem havia pensado no perigo de levar um tiro do Richard pelas costas).

Eu e o Corvo nos aproximamos da porta, ele puxou dois pequenos pedaços de metal de um bolso no interior de seu sobretudo e começou a mexer na fechadura e em questão de segundos a destravou. Entramos em um sala escura e silenciosa, parecia que tinha algumas coisas no chão e precisávamos tomar cuidado pra não tropeçar e cair. Logo encontramos o que parecia ser uma porta, mas que tinha uma fechadura diferente, não sei exatamente o que ele pegou, mas ele fez alguma coisa com algo que parecia um cartão e abriu ela lentamente sem muitas dificuldades. O Fixer espiou pela porta meio aberta e logo a abriu rapidamente. Realmente não tinha quase ninguém naquele lugar, ao menos, não vimos naquele momento. Dei uma olhada naquela pequena sala que estávamos e notei uma série de materiais diferentes, como madeira e placas de metal. Ele perguntou pra mim onde deveríamos ir, e respondi que não tinha a mínima ideia (realmente não tinha), Corvo suspirou e olhou pra uma construção bem alta, o prédio de 5 ou 6 andares que vimos (agora sabendo que eram 6),  e logo olhou ao redor, para algumas estruturas, não tão altas, e também para um grande prédio retangular na esquerda, com poucas janelas de vidro e vários buracos retangulares com grades. Chamei a atenção dele para uma em especial, que ficava praticamente do lado do prédio maior, e logo disse "por que não vamos por cima?" e ele respondeu "Era o que ia sugerir. O espaço entre aquelas construções da direitas é suficiente pra pular, não sei se você consegue, mas posso usar meu gancho pra te ajudar se quiser".

Dali mesmo, ele usou aquele gancho de antes (que olhando melhor, era bem pequeno na verdade) pra escalar até o topo da construção que basicamente estava na frente de nós, e logo foi descendo a garra pro chão, e pediu pra colocar o pé em cima e me segurar na corda, e o mecanismo foi lentamente me puxando pra cima (foi difícil se equilibrar naquela bosta, tive que enrolar o cabo no meu braço pra conseguir segurar com firmeza naquela porcaria,  e ainda sim não foi prazeroso, aquele fio parece ser uma lâmina, tanto que meu braço foi cortado superficialmente em algumas partes). Já lá em cima, percebi um movimento na janela do prédio com o canto da visão, e quando olhei, não era um só movimento, mas dezena deles, eram os guardas, todos eles estavam lá, bem... quase todos. O Corvo olhou rapidamente para onde estávamos antes, talvez porque ouviu algum barulho (o ouvido dele deve ser mais "treinado" que o meu) e lá estava um único infeliz que não notou nossa presença, e logo o Fixer olhou pra mim e depois voltou seus olhos ao coitado.

Corvo posicionou sua garra e pulou dali de cima, e em um movimento rápido de balanço, agarrou o cara e o jogo no chão. A coisa ficou meio brutal a partir daí. O Fixer jogou o cara na parede, o socou e disse alguma coisa que não deu pra escutar, o cara acenou que não e os dois começaram a "conversar". Corvo tirou algum objeto pontiagudo de suas roupas e um que parecia ser um bisturi, e logo ele bateu com uma força imensa a cabeça do guarda na parede, fazendo ele cair no chão indefeso, e logo o Fixer fez alguma coisa com o "objeto pontiagudo" que começou a ficar quente, ficando vermelho e a emitindo brilho, e com o suposto bisturi abriu um corte na perna do sentinela e colocou o objeto que acho que estava quente pra caralho no corte, ele remexia aquilo dentro do corte, o vigia tentava gritar, e fracassava porque o Corvo tampava sua boca com a mão, se contorcia e chorava com a dor. Em um momento, Corvo começou a tentar levantar o instrumento quente de dentro da perna do vigilante, fazendo com que a pele se erguesse e ele tentasse gritar mais, porém não consegui ver exatamente o que estava acontecendo. Ele puxou tanto o instrumento que a pele dele se partiu, junto com a calça, e logo o vigilante não só falou, ele gritou: "SEU FILHO DA PUTA!!! TA, TA!  5º ANDAR, 23º GABINETE DE ARQUIVOS, EU ACHO. A PORRA DA SENHA É 64246547! AGORA PARA COM ISSO, POR FAVOR! PORRA! OLHA O QUE VOCÊ FEZ COM MINHA PERNA! EU NUNCA MAIS VOU ANDAR DE NOVO! CARALHO!", mas você acha que acabou por aí? Nem fodendo, o Corvo jogou a garra por cima de uma pequena barra que estava fincada na lateral da estrutura, pegando-a novamente, e enrolando-a ao redor do pescoço do torturado que perguntava pra ele o que estava fazendo. O assassino, agora torturador também, o ergueu puxando a corda, e com um rápido movimento de soltar e puxar a corda, quebrou o pescoço do coitado, deixando o cadáver suspenso, e logo retirando a ponta do cabo que estava conectada em alguma coisa na sua manga e a prendeu no chão de alguma forma que, depois de ver tudo isso, honestamente não me importa como. Não demorou muito pra ele subir, parece que havia outra garra, dessa vez um pouco menor, que usou pra subir de novo. Perguntei:
-Precisava de tudo isso?
-É a porra do meu trabalho, se está achando ruim, tente sair daqui sem mim. -Disse ele passando a mão na cabeça por cima do capuz. Eu  até pensei "Eita porra".

Pulamos pelas construções, no último pulo quase que morro, porque pisei muito na borda e o pé escorregou, e por muita sorte consegui me segurar na borda. Caminhamos agachados, o movimento estava a uma andar acima de nós, mais especificamente no 4º. Ficamos lá pensando em como conseguiríamos passar, até que fiquei pensando: Será que aquele prédio retangular enorme tem alarme? Porque olhando bem, tinha uma espécie de sirene no outro lado. Pedi pro Corvo pegar alguma coisa pra tentar jogar em uma das janelas, e sem exitar, arremessou com muita força a garra, que perdeu bastante altitude, porém conseguiu quebrar uma das janelas do andar inferior, o que disparou um alarme alto pra caralho. Foi quase que instantâneo, o movimento do 4º andar começou a sumir rapidamente, e o Fixer disse "Vamos logo, não vai demorar muito até encontrarem o corpo". 

Subimos o prédio do mesmo jeito e entramos no 6º andar arrombando uma porta que tinha no terraço e lá era um série de salas com alguns aparelhos retangulares que estavam ligados a um monitor ou algo do tipo. Tinha também uma porta de ferro, sem maçaneta nem nada, apenas com um painel com teclado numérico do lado. Digitamos a senha e a porta se destrancou e finalmente entramos na maldita sala. Era uma sala grande, cheia com grandes fileiras de gabinetes com 4 gavetas cada. Corvo perguntou se sabia o que procurava, e disse que sim, e disse o nome do arquivo: "CNF-O-0102". Procuramos o gabinete e encontramos o que procurava: era uma pasta, mas não tinha praticamente nada dentro, fora uma foto e um único papel escrito "Evacuação de emergência para o refúgio 144.75 - Fundação". Já a foto...  A foto era pra ajudar, mas só fodeu ainda mais todas as teorias que tinha em mente, porque não pode ser real, deve ser algum tipo de montagem. Nela, estavam várias pessoas correndo igual loucas para algum lugar na esquerda durante o dia, porém não estou nem aí pra elas, com exceção de algumas pessoas: Eu, eu e eu. Pois é, querido diário, EU, EU PORRA! EU adulto carregando EU bebê enquanto no fundo, bem no fundo (que só fui perceber com a ajuda do Corvo, que conseguiu notar bem) estava EU ADULTO DE NOVO, meio ocultado pela multidão. PUTA QUE PARIU!

Caralho, isso me deixa puto, mas o dia não acabou por aí. Ficamos tentados a pegar outros, porém percebemos que estavam presos a fios e não nos arriscamos a puar. Quando voltamos para o terraço, ouvimos um tiro e pensei logo que seria o aviso que esperava, só que não, porque logo depois desse tiro veio o alarme novamente e o Fixer até disse "Devem ter encontrado o corpo", e mudamos a nossa opinião quando aconteceu uma explosão, e depois uma troca de tiros. Adiantamos o passo e descemos dali mesmo, e tentávamos andar com cuidado. O Corvo tentou espiar pela quina do prédio, até que do nada a cabeça dele virou e ele recuou. Uma bala perdida tinha passado de raspão no seu pescoço, por muito pouco não o cortou, mas furou o seu capuz e destruiu o aparelho cilíndrico. Ele nem estava assustado, na verdade, suspirou de alívio e disse que aquilo era o que chamavam de "escuta", um pequeno instrumento que captava o som ao seu redor, porque estavam desconfiando que ele estava fazendo outras atividades. Também disse que aproveitaria o fim da situação pra me pedir uma coisa. Depois do susto, fomos passando por trás da grande construção retangular, até que um cara MUITO bem equipado apareceu na nossa frente, apontando uma metralhadora pesada pra nós, porém não fez nada, chegou a nos ameaçar e perguntou quem éramos, respondemos que também invadimos o lugar e que não estávamos com ele (não iríamos mentir pra um cara que estava apontando o cano da arma para nossos rostos, apesar da distância). Demorou um pouco até que ele finalmente foi convencido, mais por causa das nossas roupas serem diferentes das dos guardas do que pelos nossos argumentos, e nos deixou ir.

Saímos daquela merda de lugar o mais rápido possível e perguntei para o Corvo se eram bandidos, porém nem ele sabia do que se tratava, é difícil um grupo de bandidos ou mercenários estar armado daquele jeito, normalmente só facções possuem tanto armamento, e ainda não chegamos a nenhuma conclusão. Encontramos o pessoal bem distante de onde mandei eles esperarem, nos reunimos e fomos embora rapidamente, abandonando a pistola que jogaram de qualquer forma. Eles disseram que quando lançaram ela, um grupo foi atrás deles, mas foram rápidos o suficiente para fugirem sem ser detectados, me fizeram a pergunta quem eram aqueles, e a resposta foi praticamente a mesma, ninguém sabe o quem eram. O Fixer me chamou e disse "Vou te pediu um favor: Não morra, vou realmente precisar de sua ajuda no futuro", disse a ele que já tentaram em matar tantas vezes que a Morte deve ter desistido de me levar, e ele riu. Parece que o dispositivo é que estava limitando esse lado "brincalhão" dele, vai saber.

Voltando a maldita foto, ainda não mostrei a ninguém além do Corvo e bem, não tenho nada a dizer, fora xingar esse pedaço de papel miserável, porque fui atrás dele procurando respostas e só encontrei dúvidas e mais dúvidas! Já estou cansado de tanto mistério, realmente é um porre, primeiro um filho da puta mascarado que parece ser o meu pai aparece e me fala pra procurar respostas, depois um outro filho da puta mascarado me fala que devo escutar o primeiro filho da puta mascarado e ainda me deixa realmente confuso depois de conseguir me fazer perceber que não lembro de praticamente nada, apesar de ainda achar que sei de tudo (paradoxal, eu sei). Agora realmente não sei pra onde ir ou o que fazer, acho que por enquanto vou pra casa, e lá decido qual o próximo a rumo tomar.



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