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História Diário de um andarilho - Dia 5


Escrita por: Yonov

Capítulo 3 - Dia 5


Acordei tranquilamente hoje, o que é meio estranho, afinal eu posso acabar morto se eu abaixar a guarda demais. Eu fiz o que era suposto fazer durante a manhã e não aconteceu nada de muito especial.

Lembra do que eu disse ontem? Bem... aconteceu. Quando eu estava quase saindo de Shadovisk, Richard me chamou e gritou, me pedindo para ir junto comigo. Que droga, no que eu fui me meter? Apesar de que ele pode até ser bem útil. Eu tentei convence-lo a não vir comigo, mas a teimosia dele me venceu e ele logo foi buscar uma mochila com alguns recursos que o velhote resolveu ceder para nós. Sinceramente,  duvido muito que ele aguente me acompanhar, meus objetivos são muito... complicados, se é que eu posso dizer isso.

Ele já estava pronto para vir comigo, eu carreguei meu rifle e o coloquei nas minhas costas. Enquanto nos afastávamos de Shadovisk,  Richard se despedia dos moradores, e na única vez que eu olhei para trás vi aquela mulher de antes, ela estava com uma cara de quem comeu e não gostou, acho que foi pelo jeito que eu a tratei, ou por Richard estar saindo ileso dessa, mas desculpas não funcionam mais hoje em dia e o que aconteceu ontem já passou.

Eu não comentei sobre algumas coisas antes, mas acho que devo algumas explicações: Apesar de eu ter escrito o nome da bomba Nexus na contra-capa do diário, ninguém sabe que a causa de tudo isso foi essa bomba em específico, graças a duas razões: primeiro, Nexus não foi criada por nenhum país, então a bomba não poderia ser usada como ameaças (ou nenhuma informação poderia ter vazado),  e segundo, ela detonou sem aviso prévio, não foi lançada ou transportada e eu não sei dizer exatamente o que aconteceu, mas prefiro acreditar que ela foi montada e detonada no mesmo lugar. Alguns corajosos que viajaram entre continentes, afirmam que a explosão veio da Rússia e que lá, existe a droga de uma cratera de 20 km² de extensão, o que explica o fato de ainda existir algumas construções inteiras, em um estado deplorável aqui, do outro lado do mundo. Se me perguntarem "Como diabos você sabe de tudo isso?", e eu vou simplesmente dizer "Eu sou um andarilho. Já vi muita coisa, incluindo documentos que comprovam a existência de Nexus". Isso tudo o que sei por enquanto, então vou registrar cada descoberta no diário.

De volta ao dia 5: andamos muito, seguindo uma estrada de asfalto, e pelo incrível que pareça não estava nem um pouco quente, na verdade estava frio. A única coisa que podíamos ver era terra, algumas árvores mortas e sem folhas., mas não demorou muito até chegamos nas Dunas invasoras e a partir desse ponto, não tínhamos mais estrada. Essas dunas são feitas de areias vindas da África, ou mais especificamente do Saara, que provavelmente foram levadas pelas ondas de impacto da Nexus. Eu li em algum livro que achei em uma outra cidade que esse fenômeno era comum, porém não ocorria em uma escala tão massiva quanto no dia da explosão. Elas se acumularam aqui, mas não ocupam uma área muito grande, algo em torno de 20 Km. O silêncio só era quebrado pelo som do vento, até que Richard resolveu comentar alguma coisa:
-Então, X... para onde nós vamos?
-Tenho assuntos para resolver.
-Você poderia ao menos me dizer?
-Você escolheu vir comigo, então, eu decido as regras.
-Então vamos apenas andar sem rumo até você decidir que vamos parar?
-Vamos continuar a andar por 24 Km e depois, esperar três horas. Satisfeito? 
-Acho que você não vai me dizer mesmo, vai?
-Mas eu disse a verdade -E sim, eu falei a verdade mesmo-
-Então vamos ver o que acontece.

Richard ficou calado por um bom tempo, até de fato estarmos fora do alcance das Dunas e vermos a estrada e a planície de terra novamente . Já era quase meio-dia, e podíamos dizer isso pela posição do Sol, que estava exatamente no topo do céu, o que era algo relativamente bonito de se ver.
-Nós não deveríamos seguir a estrada? 
-E quem disse que nosso objetivo é a estrada? Você sabe atirar com um rifle? -Estava com alguns planos em mente.
-Eu não sei. Eu já disse antes que nunca atirei.
-Hehe... Então vamos ter que praticar. Temos direito a 35 tiros, e podemos gastar 15 deles e ainda ter alguns disparos para depois. O sol está em uma posição favorável para um treino, pois o seu brilho não vai te cegar quando estiver olhando pelo escopo.
-Certo... Mas vamos atirar no que?
-Nós precisamos nos alimentar, não? Vamos fazer um almoço rápido, e as latas que sobrarem serão nossos alvos.
-Tudo bem.

E assim foi feito.  O almoço foi muito rápido, nós precisávamos do Sol naquela posição. Como o ambiente era um lugar extremamente plano e quase sem obstáculo nenhum (na verdade, haviam apenas algumas pedras relativamente grandes, mas elas estavam bem distantes e podiam até serem usadas como uma plataforma mais elevada), ficava fácil de avistar os alvos.

Eu posicionei três alvos em 50, 160 e 300 metros respectivamente e depois deitei no chão e me posicionei. O rifle consegue suportar 5 tiros em cada carregador (só temos um carregador, então precisamos ficar constantemente repondo a munição). Ajustei o escopo para dar o primeiro tiro no alvo em 50 metros, dei o primeiro disparo e acertei, não é novidade, eu já tenho costume com armas de fogo. Disparei nos outros dois alvos e em seguida, dei o rifle para Richard. Reposicionei as latinhas, voltei para o lado dele e a primeira coisa que eu notei, é que ele estava me copiando até mesmo na forma de deitar e mirar. Pedi para ele tentar dar o primeiro disparo e ele obedeceu. Errou, porém, não foi por uma grande distância.
-Droga!
-Calma, Richard. No momento em que você for atirar, solte vagarosamente a sua respiração. -Ele estava me copiando, mas não notou que eu controlava a respiração... Interessante.
-Certo, dessa vez eu acerto.

Ele se posicionou novamente, dessa vez com mais calma do que antes, soltou a respiração e... BAM! Ele acerta em cheio. Richard olhou para mim com orgulho e eu dei os parabéns, mas ainda sobravam dois alvos. A princípio, ele estava exitante em dar os outros dois disparos, mas calmamente ele mirou, soltou a respiração e BAM! acertou cada um deles. Eu já vi muita coisa, mas aprender a atirar desse jeito com apenas um erro? Isso é impressionante, sim, mas o que realmente é interessante nessa situação, é que ele literalmente me copiou até mesmo na forma de puxar o gatilho.
-Acho que peguei o jeito -Disse ele, orgulhoso  pelo feito.
-Claro que sim. Vamos dar os outros 8 tiros, e dependendo do seu desempenho, vamos continuar até sobrar apenas 10 para depois.

Incrivelmente, ele acertou todos os outros tiros perfeitamente. Eu não vou comentar a respeito disso até amanhã, eu precisava da mente dele limpa de pensamentos para 3 horas depois.

Chegou a hora. Como eu disse antes, o local possuía algumas grandes pedras bem afastadas umas das outras, então eu selecionei duas, que ficavam em cada lado da estrada, uma mais perto e outra bem mais distante (300-400 metros). Eu me posicionei atrás da pedra mais próxima e Richard na mais longe, e saindo de onde estavam as dunas, saiu uma carroça (Sim, existem muitas carroças hoje em dia) que, tinha uma grande caixa retangular de madeira, e estava sendo arrastadas por um cavalo. Sentado no topo dessa caixa, estava um cara que estava guiando o animal, e tinham mais 3 cercando a carroça, um do lado de Richard, e outros dois do meu.

O plano era o seguinte, Richard iria rapidamente nocautear o cara que estava do lado da carroça próximo a ele, no momento em que eles passarem pela pedra onde eu estava me escondendo. O que estava sentado em cima da caixa não teria como reagir imediatamente, então, ele também poderia mata-lo com facilidade. Logo após isso, com minhas duas pistolas, eu mataria os outros dois que estariam se escondendo do sniper. A queda do guia serviria para apontar a direção de onde veio o tiro, alertando os sentinelas que eu precisaria matar. Eu o orientei para ele NÃO atirar na caixa a qualquer custo, pois o que estava lá era importante.

E eles estavam vindo pela estrada e vi Richard sinalizando com o brilho do escopo para mim, eu levantei o polegar, confirmando que aqueles eram os nossos alvos. Eles passaram pela pedra em que eu me escondia e escutei o primeiro tiro. Consegui ver por baixo da carroça, o primeiro homem caiu e como previsto, o cara que guiava o cavalo estava com dificuldades de descer com segurança e no momento em que ele pulou, escutei o segundo tiro. Ver o cadáver dele caindo me mostrou que meu plano estava ocorrendo perfeitamente. Ouvi um dos dois restantes gritar "SNIPER!!" para depois se esconder junto com seu companheiro no lado da carroça. Me levantei e com minhas lindas pistolas, executei os dois com perfeição, apesar de que eu precisei atirar em algumas partes específicas do corpo, para evitar que a bala atravessasse e acertasse a caixa.

Richard saiu correndo de lá e veio na minha direção. Ele estava ofegante e com um sorriso no rosto, parecia que ele realmente estava feliz com aquilo, feliz por ter participado de um plano que deu certo.
-E agora? -me perguntou.
-E agora nós abrimos a caixa.

Eu peguei minha adaga e gravei na parte superior das tábuas que faziam parte dos lados da grande caixa. Arranquei a primeira, depois a segunda e com minhas próprias mãos, arranquei a quarta e a quinta. Foi num piscar de olhos, mas a garota com uma aparência japonesa saltou de dentro da caixa e me abraçou, estava vestida por um vestido feito de um tecido branco, que estava sujo e manchado. Richard se assustou e arregalou os olhos. A garota desmaiou rapidamente.
-Que é ela? -Richard perguntou, meio assustado.
-Era ela quem eu vim buscar. Depois te conto os detalhes, temos que voltar rapidamente para Shadovisk.
-Certo

Pegamos as nossas coisas e corremos de volta. Quando chegamos já era noite, a garota ainda estava viva, e o velhote deu suporte médico para ela. Nesse momento estou de volta a hospedaria, disse a Richard que estava com dor de cabeça e não queria comentar a respeito disso hoje, então, acho melhor eu parar por aqui. Amanhã, provavelmente não vamos sair daqui, mas acredito que a conversa que vamos ter vai ser um tanto... interessante.



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