História Diário de um andarilho - Dia 8

Ontem a noite aconteceu algo interessante: eu acabei acordando durante a madrugada e depois de ter "recuperado a minha consciência" , notei que o Derslen estava conversando com o Richard em cima de uma pedra, eles estavam longe, então não consegui ouvi-los, mas percebi que em algum momento o Richard parou e olhou fixamente para a Sakura, que estava dormindo próxima a fogueira, e depois voltou a conversar. Eu não me importo com sobre o que eles estavam conversando, mas admito que foi um comportamento interessante.

Quando eu acordei (no horário certo dessa vez), Derslen e o Richard não estava entre nós, nem uma de minhas pistolas. Sakura se preocupou bastante, mas não demorou muito até eles aparecerem. Perguntei porque diabos eles haviam roubado minha pistola, e o Richard simplesmente disse que estava treinando com o seu novo amigo. Eu desconfiei, mas não encontrei nenhum motivo para me preocupar, afinal, eles não foram matar alguém... Certo?

Depois desse pequeno "problema" ter sido resolvido, Nós seguimos rumo em direção a "casa" da Sakura, que mais parecia com uma fortaleza, por isso tive um pequeno Déjà vu quando conhecemos o Derslen, pois era um lugar relativamente parecido em questão de arquitetura (só que o portão maior não é alto, ele é largo), apesar de que a habitação dele era bem mais bagunçada que a casa dela, se é que você me entende.

No momento em que chegamos naquela estrutura imensa, percebemos logo de cara que a situação estava um pouco complicada. A primeira coisa que notamos foi dois guardas posicionados na frente da menor entrada, armados com apenas uma pistola no coldre. Sakura olhou para mim e para o Richard com um olhar de preocupada, e ela estava certíssima, pois tinha dois malditos guardas que ela nunca viu em sua vida na frente de sua casa. Derslen percebeu que havia um grande monte de terra do lado deles, onde nós poderíamos nos esconder caso fossemos cuidadosos o bastante, concordei e tomamos uma certa distância para tentar chegar atrás daquele monte. Nós conseguimos e o Derslen não perdeu tempo, ele correu e pulou do topo do monte em direção aos guardas, nós só ouvimos alguns gemidos antes dele voltar segurando os corpos pela cabeça como se fosse papel. A primeira coisa que passou pela minha cabeça quando eu vi aquilo foi "ah, então foi com essa força que ele matou aquelas pessoas antes?". Pedi para o Richard vir comigo e o Derslen proteger a Sakura enquanto eles continuavam escondidos, disse também que nós não poderíamos fazer muita bagunça, pois isso acabaria matando Amaterasu se ela estivesse lá. Richard veio comigo e fomos em direção a porta.

Digitei a senha " 9-6-3-2-1-4-7-8" no painel que ficava do lado e abri a porta. Quando fui tentar olhar lá dentro pra ver se tinha alguém, quase fui avistado por um guarda que estava patrulhando um corredor que passava na frente da entrada, eu pulei para trás e suspirei, mas ele soltou um "olá?" bem baixo e começou a se aproximar da porta, me escondi os lados e saquei a minha fiel adaga, quando ele chegou perto o suficiente, eu o esfaqueei no pescoço e movi um pouco a adaga para os lados, cortando as cordas vocais e tampando um pouco a traqueia, impedindo que ele grite ou emita algum som alto. Eu puxei o cadáver para fora e o joguei em algum canto, e logo em seguida entramos na estrutura.

No final daquele corredor, chegamos a uma espécie de encruzilhada, eu dei uma pistola para o Richard caso ele precise de um último recurso e nos dividimos. Cada caminho dessa encruzilhada levava a uma porta que dava a mesma sala, que era grande e possuía alguma mobília de madeira, e do lado dessas portas estava um guarda em cada, dessa vez armados com Ak-47s. Voltamos o caminho de volta ao encontro da encruzilhada e pedi a Richard que quando ele chegasse até a porta, contasse até três, colocasse uma de suas mãos na boca do guarda, tampando seu nariz e outra no pescoço, depois puxasse ele e quebrasse seu pescoço. Nós voltamos para as portas e contamos até três e seguimos o plano, ocorreu tudo bem, apesar de que o Richard demorou para conseguir matar o guarda. Nós avançamos e demos de cara com um deles, por sorte fui rápido e esfaqueei ele no coração.

Depois de um tempo andando por aquele lugar, decidimos nos dividir para conquistar. Começamos a procurar por todas as salas que encontramos, matando diversos inimigos, até chegarmos em uma única sala no final de um corredor. Nós pensamos muito antes de entrarmos naquela sala, e quando abrimos a porta lentamente, encontramos uma garota com um saco na cabeça e amarrada  a uma cadeira e um guarda apontando uma arma para a cabeça dela. Ele tremia muito, suava bastante e estava tão inseguro em relação a essa situação que não teve tempo de reagir quando rapidamente atirei na cabeça dele.

Tirei o saco da cabeça da garota, e lá estava Amaterasu, a aparência é literalmente IDÊNTICA a Sakura, mas o olhar e personalidade dela é totalmente diferente dela. O olhar é firme e determinado, como a de um predador, mas também possui um charme que eu não consigo descrever. Ela se levantou e eu perguntei:
-O que diabos aconteceu aqui?!
-Não é óbvio? Eles vieram me caçar.
-Mas espera um segundo, Quem são e o que eles querem com você?! -Richard gritou, tão confuso quanto eu. Afinal, quando nos conhecemos, não tive tempo de perguntar nada.
-Eles são uns imbecis da Irmandade, eles queriam o anel, que pertencia ao meu pai, e uma de nós. Eu tentei proteger a Sakura, mas ela acabou sendo levada por esses idiotas. Por sorte eu encontrei o Andarilho -Ela aponta pra mim- e pude pedir por ajuda.
-Mas por que eles estavam atras de vocês, especificamente? -Perguntei.
-Você já deve ter ouvido falar de Arcadia, não ouviu? 
-Arcadia? -Richard não conhecia os boatos.
-Reza a lenda que Arcadia é o último lugar verdadeiramente desenvolvido na Terra, dizem que é como se a explosão não tivesse atingido o lugar. -Expliquei.
-Eu não me referia a ESSA Arcadia, me refira ao reator nuclear. -Amaterasu disse.
-Tal reator que dizem que está nessa cidade futurista. -Completei.
-Sim, meu pai trabalhou nesse projeto antes da grande explosão, eu acho que a Irmandade acredita que nós sabemos como funciona, mas parece que eles ainda não entenderam que nós não somos nosso pai! -Ela explicou, será que ela conhece NEXUS?
-Olha, acabou. Vamos sair daqui, Sakura e um amigo meu estão esperando do lado de fora. Depois vamos ter que arrumar essa bagunça. - Eu disse - Ah, não me chame mais de andarilho, me chame de X.
-haha, certo então... X -Ela disse, abrindo um sorriso meio cínico -E obrigada a vocês dois por terem me salvado.
-Poupe seus agradecimentos para quando estivermos todos juntos, Derslen também ajudou. -Richard disse.
-Como você quiser. -Ela ironizou.

Enquanto saíamos, observávamos a quantidade de corpos que deixamos largados no chão, mas ninguém comentou nada, fora Amaterasu ter feito uma piada sobre estarmos dando uma festa sem ela. Quando finalmente saímos, notamos que existiam mais corpos do que o esperado, uns 5 a mais. Nós procuramos Derslen e Sakura um pouco, e os encontramos escondidos atrás da estrutura. Amaterasu brincou um pouco sobre a aparência de Derslen, mas não demonstrou medo ou nojo, e parece que isso deixou ele mais seguro em relação a presença dela. Ela também não poupou tempo e abraçou Sakura, ambas pareciam se amar muito ou algo assim. Depois dela ter conhecido melhor todo mundo, fomos para a parte chata: Arrumar a bagunça e nos livrar dos corpos.

Estamos na casa dela agora, provavelmente eu, Derslen e o Richard vamos embora ao amanhecer. De certa forma estou satisfeito de ter reunido as duas irmãs, mas ainda estou um pouco preocupado em relação a Irmandade, afinal, é bem provável que eles acabem voltando para cá de novo. Todos já estão dormindo e não os culpo, o dia foi longo para todos, só espero que nada de ruim aconteça amanhã...