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História Diário de um andarilho - Dia 10


Escrita por: Yonov

Capítulo 7 - Dia 10


Ficamos na casa das gêmeas durante o dia 9 só para garantir que elas estariam seguras caso os desgraçados voltassem, mas nada aconteceu de muito interessante, então não resolvi relatar.

Apesar de eu gostar da companhia delas (especialmente da Amaterasu, pois eu até gosto do jeito "provocador" e  cínico dela), não tenho saco pra ficar esperando coisas acontecerem, eu sou o típico de pessoa que precisa de estímulos o tempo inteiro e isso não é novidade para as poucas pessoas que me conhecem (na verdade, essa é uma das principais razões que me tornam um andarilho), então, hoje durante a manhã resolvi ir embora, perguntei para Richard e Derslen se eles queriam ficar com elas, mas Richard negou e disse que queria vir comigo. Sinceramente, ir sozinho estava nos meus planos, mas achei que eu poderia incluir ele em meu objetivo e no final, não estava errado. Dei uma pistola para Derslen para caso eles voltassem enquanto eu estivesse fora e me despedi deles, provavelmente eu nunca mais iria ver eles de novo, não sou o tipo de humano que gosta de manter relações com outros, fora alguns poucos amigos que tenho.

Saímos mais ou menos durante as 7:00 da manhã, andamos e andamos em silêncio por "lugar nenhum", olhando para a pouca vegetação rasteira que sobrou e que consegue se sustentar com água que não sei de onde vem, e enquanto éramos banhados pela luz quente e amarelada do Sol da manhã, Richard em algum momento me perguntou:
-E pra onde nós vamos?
-Por que a pergunta?
-Até agora você está me arrastando pra lugar nenhum, acredito que você tenha algum objetivo em mente.
-Você que quis vir comigo, eu não lhe devo explicações - Respondi com um tom de cinismo .
-O que custa dizer?
-Você está certo em dizer que eu tenho um objetivo em mente, mas nós de qualquer jeito não vamos chegar ao nosso destino, dizendo eu ou não?
-Sim, mas... -O som da voz dele foi desaparecendo, tentando elaborar uma resposta.
-Ah! Tudo bem! -gritei enquanto meu dedão e meu dedo médio massageavam minhas têmporas-  Nós vamos em uma boate!
-Em uma boate? Pra que diabos você iria em uma boate? -Perguntou surpreso.
-A muito tempo atrás, em uma das 5 mega-cidades, mais especificamente Motherland, vi uma das maiores traficantes da região, Raven, ela é uma prostituta ninfomaníaca e sanguinária, mas meu interesse não é nela, é em uma joia que ela tem. Nesse dia, ela roubou uma espécie de brinco que brilhava da mesma maneira que os pingentes e o anel, mas não sabia que a Irmandade precisava dessas joias, então agora, eu vou recuperar e manter essa coisa bem longe deles. Explicado? -Expliquei com MUITA má vontade
-Sim... Mas por que uma boate?
-Porque eu tenho certeza que ela vai estar nesse lugar. Não me diga que nunca ouviu falar da New wave? -Questionei.
-Não, eu não ando muito nas mega-cidades...
-New Wave seria uma "boate eterna", mas parece mais um prostíbulo, tanto que as lendas dizem que existem dezenas de quartos só para isso. Nunca visitei o lugar e preferiria ficar longe.
-Entendo a preocupação. Vai demorar muito até chegarmos lá?
-Mais ou menos, acho que iremos chegar daqui a 2 ou 3 horas, não é lá muito longe.

Continuamos andando até chegarmos em uma estrutura relativamente grande, uma grande porta dupla de madeira bem desgastada, ouvíamos um som tão alto que podíamos escutar o barulho do lado de fora e sentíamos a vibração, as poucas janelas que tinham pareciam ter sido cobertas com um pano preto pelo lado de dentro. Depois de um tempo parados, resolvemos entrar.

O salão principal era escuro com diversas luzes coloridas indo pra lá e pra cá, o som parecia ter aumentado umas 10 vezes e agora podia ser reconhecido como uma "Música" repleta de batidas altas. No meio da sala  estava uma grande passarela com um cara mexendo em alguns discos, parece que ele era quem controlava a música e no lado esquerdo, havia um corredor com algumas portas, não consegui ver quantas no começo. Haviam uma quantidade massiva de pessoas naquela sala, era complicado de andar entre elas sem ser empurrado. Uma mulher quase seminua pulou em mim e me abraçou, me encarou enquanto passava o dedo indicador pelo meu peito, logo eu entendi o objetivo dela e puxei minha adaga, fazendo um sinal de "não" com a cabeça e soltei a arma dentro da minha manga e logo a empurrei para longe, ela fez uma cara de decepção e logo pulou em outro. Avisei a Richard para tomar cuidado e observar os arredores, pois parecia que todo mundo queria roubar algumas coisa do outro. logo avistei a mulher que procurávamos, recuamos para o lado de fora do lugar e eu disse:
-É o seguinte, já que você está aqui, tenho um plano.
-E qual é o plano?
-Eu vou voltar primeiro e ver o que são as portas no corredor na esquerda, provavelmente são quartos, então vou procurar algum quarto vazio e quando encontrar, vou voltar e te avisar. Depois disso, vou voltar ao quarto e me esconder, você vai falar com Raven e vai arranjar um jeito de leva-la para o quarto que eu escolhi.
-Eu preciso fazer isso mesmo? -Disse, meio constrangido.
-Não, mas ai vamos deixar o brinco na mão dela, e se essas joias forem realmente algo importante, então a Irmandade vai pega-las primeiro.
-Droga... Você está certo... Então vá logo e vamos acabar isso.

Entrei novamente mas dessa vez fui mais rápido, empurrei aqueles idiotas para saírem da minha frente e quando cheguei no corredor, percebi que aquela era a parte mais vazia do lugar. fui andando e pude contar umas 35 portas, algumas abertas e outras fechadas, era até mesmo possível escutar alguns gemidos. No meio do caminho alguém me agarrou por trás e colocou uma pistola nas minhas costas, olhei para trás e era um homem, ele havia visto a minha adaga e queria que eu a entregasse. Rapidamente bati meu braço na pistola enquanto girei meu corpo para sair da frente da arma, agarrei o ferrolho da pistola e puxei com força para trás, quebrando-o, segurei o braço dele e o imobilizei com um "mata-leão", e  quando finalmente o arrastei para um quarto vazio no final do corredor na parte direita, ele desmaiou. Quando fui esconde-lo no armário, uma escopeta caiu de lá, achei estranho, e resolvi colocar a arma debaixo da cama.

Voltei rapidamente e avisei Richard que iriamos executarmos o plano, disse qual quarto seria (o mesmo quarto onde escondi o cara) e também para tomar cuidado pois parecia que uma boa parte das pessoas lá dentro são bandidos ou mercenários, e que agora tinha confirmação. Nós entramos e fui diretamente para o quarto e sentei em uma cadeira no canto direito, próximo a porta. Eu não sei o que Richard fez ou falou, mas deu certo, logo eu ouvi passos e vi ele e a Raven entrando no quarto, ela foi até o meio e eu tranquei a porta. Ela olhou pra mim, e em seguida, para o Richard disse:
-Então esse é seu amigo? 
-Mais ou menos -Ele respondeu.
-Tanto faz, então, quando vamos começar?  -Ela me olhou com um olhar cheio de luxúria, porém, incrivelmente falso.
-Não vamos começar nada aqui, fora uma pequena negociação. -Disse, com um olhar sério.
-Negociação? Pensei que vocês queria se divertir um pouco.
-Você não vai se divertir enquanto estiver morta, acredito. -Sorri.
-O que você quer dizer com isso? -O olhar dela mudou pra algo mais confuso, mas ela não parecia estar com medo da situação, apenas... curiosa.
-Sabe esse brinco que você está usando agora? Ele vai te tornar um alvo em potencial da irmandade. -Richard explicou, parece que esclarecer a situação para ele não foi algo tão ruim. 
-E por que? O que diabos eles querem fazer com isso?
-Nós sabemos tanto quanto você, mas sabemos também que a Irmandade quer essas jóias, e pela filosofia que eles seguem, achamos que não é uma boa ideia deixar isso nas mãos deles.
-E você acha que eu não consigo me defender?  Você sabe quem eu sou? -Ela começou a andar lentamente em direção ao guarda-roupa. As intenções dela eram óbvias, mas eu tinha me precavido inconscientemente.
-Ninguém disse isso, nós só queremos entender o porqu- Richard foi interrompido por Raven, quando ela abriu o guarda-roupa subitamente, procurando pela arma, mas nem chegou a se assustar quando o corpo do cara caiu no chão.
-Espera um segundo... JOHN?! -Demorou um pouco, mas ela passou a se importar com o cara, ela agachou e tentou levanta-lo - O QUE VOCÊS FIZERAM?!
-Pois é... Conhecido seu? -Dei um olhar cínico.
-ELE É MEU AMIGO DE INFÂNCIA SEUS IMBECIS! -Gritou enquanto o colocava em cima da cama.
-Pois saiba que seu amigo de infância tentou me roubar,  e tentou roubar algo que não deveria. E além do mais, a Irmandade vai fazer pior do que isso até conseguir essa joia, porque convenhamos... Eu só nocauteei ele... - Cruzei meus braços.

Não demorou quase nada, começamos a ouvir gritos e em seguida, vários disparos rápidos de alguma arma pesada. Richard perguntou o que caralhos estava acontecendo, rapidamente eu pedi pra ele pegar a escopeta que estava debaixo da cama e eu destranquei a porta e espiei por fora, no meio do salão principal (por onde entramos) estava um cara MUITO forte com uma m60 em mãos, no braço direito eu vi a caveira da Irmandade, ele atirava quase sem parar pra recarregar, afinal, um cinto de munição gigantesco estava sendo arrastado pelo chão, ele matava as pessoas sem piedades, um massacre gigantesco. Quando eu olhei por mais ou menos 3 ou 4 minutos, percebi que o cano da arma estava brilhando em vermelho, e por causa disso eu tive uma ideia. Fechei a porta rapidamente gritei:
-RAVEN! QUAL O COMBUSTÍVEL DO GERADOR DAQUI?!
-É gás natural -Respondeu, meio surpresa com o grito repentino- Mas por que?
-Venha aqui agora, se quiser viver! - Ordenei, ela se levantou e andou até a porta- Me mostre se algum cano passa por esse corredor!

Eu abri a porta e ela apontou ao longo do teto do corredor. Mandei eles ficarem no fundo do quarto, saquei meus dois revolveres e pulei pra fora, comecei a atirar rapidamente contra o cara, errando de propósito e no penúltimo tiro, levantei uma das armas demais, atirando onde Raven mostrou e voltei para o quarto, logo escutei o som de gás vazando. Comecei a rir, admito, ninguém entendeu o porquê, mas pedi pra ficarem atentos. O homem começou a andar em minha direção, fuzilando todo mundo que estava dentro dos quartos, olhei rapidamente para ele e notei que o cano ainda estava sobreaquecido e chegava a pegar fogo. Bem... gás natural... Inflamável... Sem cheiro... Barulho pra caralho... arma pegando fogo... É. Ele passou pelo jato de gás e acendeu as chamas, foi queimado vivo. Raven gritou:
-E agora?! Como vamos sair daqui?!
-De onde vem o fluxo de gás natural? -De novo, Richard foi mais rápido. Desgraçado, parece que ele já sabe o que eu vou falar.
-Dali -Raven saiu do quarto e apontou para o outro lado do salão principal. Vou dizer, o lugar estava CHEIO de cadáveres.

Richard, com a escopeta, mirou naquela posição em deu uns 3 ou 4 disparos seguidos e depois de alguns segundos, logo percebi sua intenção: Cortar o suprimento de gás e extinguir o fogo. Funcionou a princípio, mas Raven disse que o gás iria se acumular e detonar o lugar, a Raven não queria abandonar o seu "amigo" e implorou por minha ajuda, só queria sair daquele lugar, então concordei. Corremos o mais rápido que conseguímos e saímos. Tudo foi aos ares quando estávamos a uns 800 metros de distância.

Raven nos agradeceu e resolveu entregar o brinco, mas disse também que isso não significaria nada depois. Respondi que tanto faz e fomos embora, logo, vários homens armados chegaram ao lugar, mas parecia que eles eram "subordinados" dela, pois eles quase iriam nos executar, se não fosse por ela. Agora, eu e Richard estamos acampados em lugar nenhum, acho que amanhã nós voltaremos para ver como Derslen e as irmãs estão. Então, até mais.



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