História Diário de um Babaca Inseguro - Hyung.

E depois de eu começar a dar uma bronca enorme no gatinho, ele começou a escalar minha blusa e se aninhar no meu pescoço. Ele não é nem um pouquinho bipolar. Eu o segurei em meus braços e comecei a sair correndo de casa, aliás, hoje era o dia de me encontrar com o Daniel. Eu disse "me encontrar" porque, para mim, aquilo seria um encontro.

E, cara, a rua da casa do garoto nunca me pareceu tão assustadora. Ele disse que precisava conversar comigo, mas eu não sei qual o conteúdo da conversa, primeiramente. Aliás, é claro, eu não sou vidente pra saber o que ele vai me dizer.

Eu só não sabia se seria uma conversa amigável; ou se eu tinha feito algo de errado, algo que dê um motivo para uma pequena reunião. E se ele começasse a falar do jeito que eu fico estranho perto dele? E se ele começasse a falar sobre sentimentos, e eu desse uma opinião?

Olha, porque eu sou um mestre em acabar com assuntos. Porque quando eu 'tô em grupinhos, eu falo alguma coisa, e todo mundo cala a boca, será que eu sou tão desinteressante assim?

Ah, eu só sei que eu tô nervoso demais e o gatinho não para de arranhar minhas costas, eu quero matar Im Youngmin por ter encontrado esse gato.

E aqui estava eu, na frente da casa de Kang Daniel. A casa tinha um enorme gramado na frente, possivelmente eu teria que passar pelo cantinho e o encontrar lá atrás. Eu não soltaria esse gatinho no chão de jeito nenhum! Nem que eu tenha que chegar lá com os pulsos tudo arranhado por segurar essa peste nas mãos.

Eu comecei a circular a casa, e por incrível que pareça, atrás da casa dele havia um córrego, e uma pontezinha. Ele estava sentado lá, as pernas cruzadas e seus gatos correndo para lá e pra cá.

- Seongwoo! - Se pronunciou assim que percebeu que eu estava no local, o que fez meu coração disparar por perceber que seu cabelo estava agora, loiro. Ele deu dois tapinhas no gramado ao lado dele, presumo que eu tenho que me sentar.

Deixei meu gatinho no chão - torcendo para que ele fuja, eu não aguento mais. - e andei até ele, me sentando ao seu lado.

Sério, por que esse menino tem que ser tão cheiroso? só de me sentar ao lado dele eu sinto o cheiro forte de perfume. Calma, ele tomou banho e fez escova no cabelo só pra encontrar?

- Seongwoo-hyung, eu não achei que você vinha. - começou, eu senti o tom nervoso na voz dele, o que 'tá acontecendo? - Nem que você traria mesmo seu gato!

Riu, observando "meu" gatinho correr dos gatinhos dele.

- Por que me chamou aqui? - Eu não quis soar tão grosso, estraguei tudo, quero me enterrar num buraco. - Não que eu não queira estar aqui!

- Ah, eu só queria te perguntar se você lembra mesmo do que aconteceu naquela festa, você estava sóbrio, não estava?

Foi ai que meu coração gelou, será que eu dancei mesmo Me Gustas Tu?

- Eu não lembro de tudo, eu lembro um 75% - Pensei. - Olha, fazia tempo que eu não bebia.

- Então quer dizer que você já bebeu e mentiu pra mim? - Perguntou arqueando uma sombrancelha, eu só abaixei a cabeça, eu sou burro? - Mas não tem problema. Você quer que eu te diga exatamente o que aconteceu?

Na verdade não, eu não tô preparado pra você me dizer que eu matei alguém. Mentira, eu sou curioso demais pra brincar num momento crucial desses. Eu assenti, e ele começou.

- Depois de eu fazer sei lá o quê, eu fiquei meio tonto e me joguei na cama, a partir daí eu fiquei sóbrio, e você começou a beber mais. Depois de um tempinho, você começou a fazer pirraça por sei lá o quê, eu comecei a te olhar e você começou a falar coisas sem sentido.

Me desculpa, mas eu soltei uma risadinha. Será que eu sou tão retardado assim?

- E nessas coisas sem sentido, você disse algumas coisas que fizeram sentido, até. - Ele deu um sorrisinho. - Tipo, "Ah Daniel eu gosto demais de você, será que tem como esbarrar em mim de novo pra eu te beijar dessa vez?"

A ideia de me enterrar aqui nesse gramado tá de pé. Meu rosto começou a queimar, e minha única opção foi me esconder atrás das minhas mãos.

- E não não! Aqui ainda vem a melhor parte, ó: "Daniel, eu preciso escrever mais de você no meu diário porque se eu não escrever nele a minha mamãe vai me bater e dizer que eu não dou valor as coisas que ela me dá."

Eu comecei a rir de nervoso, ele percebeu isso e começou a rir também. E depois de parar de rir, ele puxou minhas duas mãos.

- Seongwoo, você acha que eu sou lerdo assim, é?

Ele apertou minhas duas mãos nas dele, e as entrelaçou. Eu estava vermelho demais, igual a um tomate ou uma maçã - maçã do amor, a. - e eu sentia se meu coração acelerasse mais um pouquinho, eu teria de ir para o hospital. Era claro que ele estava falando sobre eu estar apaixonado por ele, era claro no seu tom de voz que nosso assunto era esse.

- Você acha que eu não percebia você olhando pra mim no intervalo, quando eu ia pra biblioteca?

Ele se aproximou mais um pouquinho de mim, nossos joelhos se tocando e eu conseguia sentir seu hálito - droga, era bala de menta, você obviamente sabe o ritual da bala de menta.

- Você acha que eu te chamei para me acompanhar até minha casa aquele dia pra que, Seongwoo? - E suas mãos foram subindo para meus ombros, logo alcançando meu queixo, e o levantando para o encarar nos olhos. - E como você acha que eu sabia seu nome? E como você acha que eu sei que aquele gatinho não é seu?

Eu abri levemente minha boca, como se fosse protestar algo. Eu queria apenas me defender, aquele gatinho era meu sim! Mas fui interrompido por sua boca.

Eu nunca vou saber explicar a sensação de ter os lábios de Kang Daniel em meus lábios; são extremamente macios e carnudinhos, e o gostinho da bala de menta estava presente ali, eu conseguia sentir. Sua língua entrou na minha boca gentilmente, e eu a deixei entrar, ele executou cada simples movimento com leveza; e até mesmo a mão dele deslizando até meu rosto, me deixou completamente atordoado.

O sentimento de beijar a pessoa que eu sou completamente apaixonado a séculos é maravilhoso, e eu jamais, jamais vou saber escrever tudo que eu senti em uma folha de diário.

E apenas quando nós dois perdemos o fôlego, ele separou nossas bocas. Estava ofegante, assim como eu, puxou o fôlego suficiente para sussurrar aquelas palavrinhas, apenas para que eu ouvisse.

- É porque eu sou completamente apaixonado por você, hyung.