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História Diário de um Des-relacionamento - Mente de furacão


Escrita por: ValentinaSly

Capítulo 2 - Mente de furacão


Imagino o que as pessoas devem imaginar por DES relacionamento. Pois bem, que se sintam livres para enumerar todas as coisas que não existem ou não devem existir em um relacionamento, provavelmente se eu conseguisse transformar essas listas em cartelas de bingo eu ganharia. Acho que ficou claro.

Não sei o que pensar sobre meu atual des-relacionamento. Ontem eu realmente queria fatiá-la em um milhão de pedaços e hoje eu queria ME fatiar. Sumir comigo, virar cinza.

As vezes acho que minha relação com Ela reflete a minha relação comigo. As vezes acho que meu namoro sofre com a minha Depressão e Borderline mais que qualquer outro campo da minha vida. Minha inconstância tão rotineira, e meu pessimismo torrencial que cai como uma chuva em cima de todos os castelinhos de areia que eu demorei horas, dias, anos pra construir. A chuva sou eu, os castelos são minha vida e eu sempre fodo tudo.

Hoje mais uma fucking vez fui à universidade cedo, tenho aula somente às 18:00 mas, caridosa que sou, resolvi montar um grupo de estudos que só tem me decepcionado. Mais uma vez desmarcam em cima da hora depois de eu ter pego 3 fucking ônibus para chegar.

“Ok, pelo menos posso fumar uns cigarros ouvindo Lana Del Rey”. E foi o que fiz. O fato ruim desta escolha foi que acabei comendo um salgado que não estava nos meus planos, para uma bulímica em tratamento isso pode ser o estopim de uma sequência de ações suicidas. Não foi o caso. Não hoje.

Meu celular não parou de ser bombardeado com mensagens dela. As vezes só queria que ela me esquecesse um pouco. Eu queria me esquecer as vezes. Respondo com respostas vazias enquanto devoro meu cigarro.

Para fugir um pouco da realidade de saber que fui inutilmente para faculdade sabendo que estou cheia de trabalho acumulado que poderiam ser resolvidos naquele momento, resolvi ir ver um filme no Shopping (lado bom de estudar perto de um Shopping é que se tudo estiver dando errado posso ir ao cinema).

O filme salvou a pátria, dei boas risadas. Eu amo tanto meu tempo sozinha. As vezes eu só quero isolar o restante do universo e ME viver intensamente por algumas horas. Quando Renata chegou acho que até ela estranhou meu humor. Fiquei até feliz de vê-la. Talvez eu só precise de um tempo, um espaço. Ela elogiou minha roupa, disse que eu estava muito bonita. Senti uma vontade imensa de chorar, me sinto horrível todos os dias, não consigo me amar, as vezes não quero sair de casa e quando saio ando de cabeça baixa pois tenho vergonha do meu rosto que está gordo como nunca esteve antes.

Sempre que me olho no espelho tenho o impulso de correr no banheiro e santificar meu vaso sanitário com minha dor, com o sangue da minha garganta.

“Obrigada, bê, você também está fofinha” - Não consigo pronunciar a palavra “bonita”, não sei o que há de errado comigo, pra quem mente sobre ser lésbica para uma família inteira o que é falar uma fucking palavra de seis letras, não é mesmo? O fato é que não consegui. Ponto. Acho que projetei nela o que senti. Não me sentia bonita, o máximo que me sentia era fofinha então foi o que consegui externalizar.

Aquele tempo com ela foi muito bom. Por quê meu humor muda tanto? Tomamos milk shake sentadas no chão fumódromo, fumei, compramos algumas cervejas, tomamos.

A very good time toguether posso dizer, mas não a beijei porque estou com toda a mágoa na cabeça e no coração. Me sinto mal por fazer isso mas não consigo simplesmente fingir. Acho que o que estou fazendo é tratando minha namorada como uma melhor amiga sem avisar para ela que não a estou vendo como namorada, assim eu evito todo o choro desnecessário e todas as desculpas que já ouvi e que hoje só me dão repulsa e não me convencem em nada. Espero que ela continue no meu jogo.

Hoje na sala enquanto Gabriela (minha melhor amiga na faculdade) apresentava o trabalho, comecei a viajar no rosto da Fernanda, sua namorada. Como a Fernanda é o meu tipo de mulher. Lembrei da boca da Fernanda na minha e de todas as formas que a fodi no banheiro. Lembrei de como ela falou “eu quero que você me foda nos quatro cantos dessa universidade” enquanto também gemia de prazer no meu ouvido. Ela tem um olhar que me excita e me provoca. Ela namora minha melhor amiga.

Ela olha pra mim. Finjo que estou olhando pro “vácuo” , não pra ela.

Ela também começa a viajar no meu rosto.

“Vamo lá fora, vou te mostrar uma coisa” - pensei desejando que ele lesse pensamentos.

Ela não lê. Ela morde o lábio olhando o “vácuo” que poderia também ser o meu rosto.

Espero que essa troca de olhares não me complique.  



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