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História Diário de uma fã (versão Luan Santana) - Capítulo trinta e cinco


Escrita por: ThataBernachi

Capítulo 35 - Capítulo trinta e cinco


Já estava com os olhos vendados quando senti o carro parar e ouvi a porta abrir. Então a mão macia de Luan me puxou para fora e me guiou enquanto eu andava devagar, pois estava me sentindo desconfortável por não estar enxergando absolutamente nada. Andamos alguns poucos passos até que ele parou. Levantei a mão tentando tatear algo e o senti na minha frente.
— Chegamos? – Perguntei.
— Chegamos. Só um minuto. – Ouvi ele falar algo provavelmente com o motorista do carro e então ele tirou a venda dos meus olhos, os pisquei algumas vezes e então percebi que estávamos em uma praia. – Bem-vinda a Itatiaia! – Ele disse abrindo os braços.
— Rio de Janeiro? – Perguntei surpresa.
— Sim, é lindo aqui. Pena você não ter visto de dia!
— Mesmo a noite já dá para ter uma ideia. – A vista era linda. A orla da praia, as pessoas caminhando no calçadão, algumas se aventurando na água, o vento roçando de leve a minha pele, tudo na mais perfeita sintonia.
— Vamos. – Luan disse pegando na minha mão e me puxando pela areia, me fazendo arrepender-me de ter posto uma sandália de salto alto.
— A onde vamos?
— Você vai ver. — Ele me levou até um pequeno porto em um canto da praia, onde subimos em um tablado. Luan soltou a minha mão um instante e foi conversar com um senhor que estava parado próximo ao primeiro barco. Não escutei o que eles conversaram, mas o senhor o olhou curioso e depois balançou a cabeça afirmativamente.
— Vem, ele vai nos levar até lá. – Luan disse me puxando novamente pela mão. Andamos pelo tablado até chegar a uma lancha branca estacionada entre dois grandes barcos. Ele agradeceu o senhor e subiu na lancha me ajudando em seguida.
— Uma lancha em Itatiaia. – Eu disse mais para mim mesma do que para ele, ainda sem acreditar em tudo aquilo. Era perfeito demais para a minha realidade.
— Eles alugam.
— E quando você fez isso?
— Eu tive show em Nova Friburgo esses dias, lembra? Então passei aqui e resolvi tudo. Mas isso é o que menos importa agora.
— E você sabe pilotar lanchas? – Perguntei enquanto ele parava em frente ao volante.
— Aprendi no mesmo dia que aluguei, é fácil! – Ele disse ligando-a.
— E eu preciso me segurar? – Zombei.
— Acho que você vai precisar segurar em mim viu. – Ele disse rindo e eu revirei os olhos, morrendo de vontade de realmente precisar segurar. A lancha começou a andar e eu olhei em volta, notando uma mesa baixinha próxima a um alçapão. Nela havia pratos, taças e bandejas, e estava enfeitada com guardanapos pretos e vermelhos e velas brancas e amarelas. De cada lado da mesa havia uma almofada em vez de cadeiras, do qual eu não tinha reparado que Luan havia deixado as sacolas sobre uma delas.
— Que lindo! – Disse me virando para Luan. – É uma mesa japonesa.
— Para isso as sacolas.
— Ah! – Disse surpresa e me abaixei para pegá-las. Ao abrir vi que havia vários tipos de comidas japonesas. Arrumei o sushi em uma bandeja, o arroz e o yakisoba em pequenas tigelas, e Luan veio me ajudar com o sashimi, colocando um líquido escuro de uma pequena garrafinha de vidro.
— O que é isso? – Perguntei.
— Shoyo.
— Ah. – Não estava muito acostumada com comida japonesa, pois não era uma das minhas preferidas. Só então percebi que a lancha havia parado. Olhei para o lado e vi que estávamos a poucos metros da praia. Apesar de as ondas do mar estarem calmas, fiquei feliz por Luan não ter se arriscado em ir mais longe. Me sentei em uma das almofadas enquanto observava Luan tentar ascender as velas, sem obter sucesso por causa do vento.
— Deixa assim, já está lindo. – Sugeri.
— Eu devia ter previsto isso. – Ele disse fazendo uma careta e depositando um palito de fósforo na pilha de palitos já acesos num canto da mesa.
— Está ótimo assim. – Disse sinceramente.
— Mas eu queria que tudo saísse perfeito. – Ele choramingou.
— Você tem razão, não está perfeito. Está melhor, muito melhor! – Eu disse e ele sorriu, fazendo meu coração dar um solavanco. Acho que eu nunca me cansaria de vê-lo sorrir, poderia ficar ali por horas só admirando-o sem que ele precisasse dizer uma única palavra.
— Está com fome?
— Não.
— Mas acho melhor comermos logo, porque já está tudo frio. Na verdade, pedi comida japonesa por causa disso, mas tem o arroz e o yakisoba que não são tão legais frios.
— E vai chegar mais gente?
— Não, somos só nós dois. – Ele disse confuso.
— Porque eu tenho a impressão de que você pediu comida para uma multidão! – Ele sorriu balançando a cabeça.
— Eu pedi só os mais tradicionais, não sabia o que você gostava.
— Gosto do yakisoba. E você?
— Eu gosto de quase tudo. Você devia experimentar o sushi que eles fazem no Pantanal, é muito bom.
— E esse é de onde? – Perguntei enquanto ele colocava alguns no prato.
— De Londrina, tem um ótimo restaurante japonês lá, eu sempre vou quando tenho algum tempo.
— Em Três Lagoas tem um, mas não vou muito lá.
— Eu nunca saí em Três Lagoas nas vezes que fui para fazer shows.
— Não há muito o que se fazer lá. – Disse enquanto pegava um pouco de yakisoba.
— Mas cidade pequena é bom por ser tranquilo.
— Não posso reclamar, pois eu nem saiu de casa. – Dei com os ombros.
— Sou bem caseiro também. Ah, já ia me esquecendo.
— O que?
— Já volto. – Ele disse se levantando e entrando em um alçapão num canto da lancha. Continuei admirando aquela pequena mesa, pensando em como ele conseguia ser tão perfeitamente surpreendente, até ele voltar trazendo uma garrafa.
— Achei que fosse você que não me deixava beber!
— Mas esse vinho praticamente não tem álcool. Ele abriu a garrafa sem muito esforço e serviu pela metade as duas taças que estavam em cima da mesa. – E brindaremos a que?
— A sua imprevisibilidade!
— Não sou tão imprevisível assim. – Ele protestou sorrindo.
— Você com certeza é!
— Estava pensando em brindarmos a luz da lua, que está tão linda hoje. — Olhei para a lua nova que até então havia me passado despercebida, pois o único brilho que me chamava a atenção era o que vinha dos seus olhos.
— A luz da lua então. – Eu disse erguendo a minha taça.
— A luz da lua. – Ele repetiu também erguendo a dele e encostando de leve na minha. – Que ela nos traga cada vez mais surpresas.
— E que sejam boas.
— Se depender de mim serão. – Ele disse olhando dentro dos meus olhos, me fazendo corar levemente.
Voltei a olhar para o meu prato que não havia nem tocado, e peguei os hashís que estavam em cima de mesa e os girei na mão, não gostava de usá-los, pois era desastrada demais.
– Também não gosto disso. – Luan disse percebendo a minha careta.
— É mais fácil com o sushi.
— Eu sei, por isso trouxe dois garfos. – Ele deu com os ombros enquanto abria novamente as sacolas.
— Sério? – Perguntei surpresa. Ele realmente havia pensado em tudo, até na minha falta de habilidade com as coisas.
— Se você não contar, eu também não conto. – Ele disse brincando com a frase que eu havia dito para ele sobre os marshmallows enquanto me passava um pequeno garfo branco. Eu sorri balançando a cabeça, me sentindo bem mais a vontade com a comida. Enquanto comíamos Luan me contava de quando conheceu o Rio e das poucas vezes que pode ir até a praia. E disse que a região dos lagos era magnífica, e que só não me levou até lá porque demoraria mais tempo.
— E por quanto tempo vamos ficar aqui?
— Por quê? Você já quer ir embora? – Ele perguntou intrigado.
— Não, claro que não. – Disse rapidamente. – Na verdade, eu não queria ir embora. – Admiti.
— Então podemos ficar aqui a noite inteira. Só eu, você e a lua. – Senti calafrios com as palavras dele. Apesar de não querer ter que sair dali nunca mais, não era tão simples assim.
— Você não tem juízo. Eu estudo, esqueceu?
— Não esqueci, e tenho muito juízo sim. Prometo que você estará lá amanhã. – Pensei por algum tempo e concluí que cada momento ao lado de Luan era único e eu teria que aproveitá-los ao máximo, pois seriam as melhores lembranças que eu carregaria pela minha vida inteira.
— Só um minuto. – Pedi enquanto procurava meu celular dentro da bolsa e digitava uma mensagem para Cristina.
Cris não vou dormir aí hoje. Por favor, não me faça perguntas e eu te explico tudo amanhã!
E enviei. Não sabia como explicaria, mas não queria pensar nisso agora.
— Pronto. – Disse a Luan que apenas me observava.
— Simples assim?
— Nem tanto, mas não vamos pensar nisso agora.
— OK então. – Ele disse se levantando e me puxando para a proa da lancha, levando o vinho junto. Nos sentamos ali e ficamos por algum tempo em silêncio admirando o céu.
— Uma estrela cadente! – Disse Luan.
— Cadê?
— Ali. – Ele apontou para o meu lado direito.
— Não vi. – Eu disse fazendo bico. – Você fez um pedido?
— Fiz.
— E o que você pediu?
— Não posso te dizer, ou não vai se realizar!
— Dizem que as estrelas cadentes são anjos enviados a Terra.
— Sério?
— Não sei. Dizem que eles se tornam humanos como nós, mas ainda assim diferentes. Pois eles têm a missão de transformar a nossa vida e nos trazer felicidade. Dizem que eles perdem o brilho, mas o brilho interno se mantém eternamente. Penso que foi assim que você nasceu! – Disse olhando para Luan e ele sorriu envergonhado.
— Boba. Eu não sou nenhum anjo.
— Você é. Você é o meu anjo e o de milhões de pessoas espalhadas pelo mundo.
— É tão bom ouvir isso.
— Se há três meses alguém me dissesse que eu estaria aqui agora, olhando esse céu estrelado, com você ao meu lado, eu diria que essa pessoa estava completamente maluca.
— Seria tão irreal assim?
— Seria. – Eu assenti. – Como a vida nos surpreende, não é mesmo? Às vezes eu penso em como será o meu futuro daqui há alguns anos. Eu só espero terminar o Ensino Médio, concluir uma faculdade, e ter o meu próprio consultório.
— Você será uma ótima pediatra!
— Obrigada! E eu quero ser a pediatra dos seus filhos hein!
— Com certeza você será!
— Quando eu tiver filhos, eu quero que seja um casal.
— Eu também, o Breno e a Nicole.
— Bonitos nomes! Então, eu penso em ter primeiro um menino, porque apesar das brigas com o Frederico, ele sempre me protegeu.
— Os homens têm esse instinto protetor com as irmãs.
— Eu espero ser uma boa mãe também.
— Apesar do meu trabalho, eu quero ser um pai participativo. Quero buscar ele na escola sempre que possível, levar para jogar bola, ensinar a pescar, e repassar tudo aquilo que meu pai me ensinou.
— Já pensou que legal, que nem aquelas cenas de filmes, você vai buscar seu menino na escola, e ele vem correndo e pula no seu colo?
— É exatamente assim que eu imagino!
— Eu quero que meus filhos possam se abrir comigo quando tiverem algum problema, e que minha filha me conte quando tiver o primeiro namoradinho.
— Nem me lembra dessa parte. Eu sou tão ciumento que quando nossa menininha arrumar o primeiro namorado, eu vou querer até a ficha criminal do garoto! – Eu sorri. — Não ri, é bem sério!
— Não foi por isso que eu sorri.
— Foi pelo quê?
— Você disse nossa menininha! – Ele sorriu timidamente corando as bochechas.
— O vinho acabou. Espera que eu vou pegar mais lá embaixo. – Ele disse envergonhado enquanto se levantava.
-Tem uma caneta e um pedaço de papel? – Perguntei.
— Acho que sim, vou olhar. – Ele disse indo em direção ao alçapão. Enquanto estava ali sozinha, olhando a lua e ouvindo o barulho das ondas fracas se quebrando contra a lancha, fiquei pensando nas vezes em que sonhei com esse momento. Parecia tão irreal, tão fora da minha realidade. Me lembro das vezes que olhei para essa mesma lua e pedi para que ela me trouxesse ele, para que meu coração parasse de chorar a sua ausência. E a única coisa que me confortava era saber que a onde quer que ele estivesse, estávamos embaixo do mesmo céu, e o brilho da lua que incansáveis vezes me via chorar brilhava para ele também. E enfim a lua havia cumprido a sua promessa de trazê-lo para mim, nos reservando ainda mais um pouco da sua beleza, para tornar esse momento ainda mais perfeito.

 



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